“- Não vou deixar você morrer...”

Um mês se passou. Dois. Um ano. Eu mandava cartas para minha querida todos os dias pela manhã, mas, todas as tardes, as corujas retornavam com alas nas patas, além da mensagem de que foram recusadas.

De alguns dias para cá, eu havia notado que Adrianne permanecia calada por vários momentos em que normalmente falaria. Evitava ficar perto de mim durante o dia e mal nos falávamos à noite. Aquilo estava me deixando preocupado. Eu sabia que era algo a mais do que Sophie, algo que ela me escondia. E eu devia descobrir o que era.

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Era de noite. As estrelas brilhavam com força no céu. Principalmente aquelas quatro, uma azul, duas brancas e uma amarela. Eu sabia que elas representavam, respectivamente, minha mãe, tia Ana e Marlon e Helga. E eu rezava para elas todos os dias. Assim que entrei novamente no quarto e a vi já deitada, me aproximei. Adrianne estava com os olhos fechado, mas eu sabia que não estava dormindo. Afastei uma mecha de cabelos e dei-lhe um beijo de leve na testa. Uma lágrima rolou pela bochecha pálida.

- Adrianne... – sussurrei. – Me conte, meu amor. Me conte... Confie em mim...

Mais uma lágrima escapou e ela franziu o cenho. Sentia dor.

- Não é nada... – negou, mas eu sabia que era mentira. Deitei-me ao seu lado e abracei-a por trás.

- Você sabe que pode me contar. – insisti e ela levantou o tronco, me encarando com os olhos marejados e tristes.

- Ah, Salazar! – exclamou. – É... Uma doença...

Me levantei também, agora realmente preocupado.

- Doença? – contestei e ela assentiu, tentando em vão conter as lágrimas. A abracei com força.

- É sim... – ela hesitou. – A mesma que matou sua mãe e irmã, Salazar! Tenho Tuberculose!

Minha mente parou por um segundo. Como seria possível? Uma doença maldita estava me tirando, um por um, quem eu mais amava. Minhas lágrimas finalmente caíram e eu apertei mais o abraço.

- Não vou deixar você morrer...