Godric Gryffindor

"...naquela tarde, fui feliz."

Anastácia punha compressas de gelo em meu olho roxo quando o garoto bateu na porta e entrou. Ela se levantou e, com um baixo murmúrio de “com licença”, se retirou. O Gryffindor se aproximou, sem graça.

- Oi... – cumprimentou.

- Oi. – respondi, também tímido.

Apenas olhamos para o chão por alguns segundos.

- Então, - disse o Gryffindor, tomando coragem. – obrigado por hoje cedo...

- Por nada. – respondi. – Era só... Minha obrigação.

- Não, não era. – ele disse. – Te devo uma.

- Que nada... – afirmei, modesto. – Bem... – Estendi a ao. – Salazar Slytherin.

Ele pareceu pensar por uns segundos e abriu um largo sorriso.

- Godric Gryffindor! – respondeu, apertando minha mão e aceitando o cumprimento. – Ei! Quer jogar xadrez bruxo?

Senti minha pele clara corar.

- Eu... – murmurei. – Não sei jogar.

- Bem, -disse Godric. – eu te ensino!

Devo ter corado ainda mais com a proposta, mas assenti e fomos para a biblioteca, sentando-nos um de cada lado do tabuleiro. Por mais incrível, eu fiquei com as peças pretas e ele com as brancas, como todas as vezes depois. Eu devia logo ter notado o significado daquilo, como aprendera quando criança. Mas não percebi.

- O xadrez é um jogo de tabuleiro de natureza recreativa e competitiva para dois jogadores. – disse ele, já me confundindo. – Cada tipo de peça tem um valor e um movimento diferente. O Rei move-se para todas as direções pela vertical, horizontal ou diagonal, mas apenas uma casa por lance. A Dama ou Rainha é a peça mais poderosa do jogo, uma vez que seu movimento combina o da torre e o do bispo, ou seja, pode mover-se pelas colunas, fileiras e diagonal. Em termos de valor, não é comparável a nenhuma outra peça, a não ser a dama adversária. O Bispo move-se pela diagonal, sendo que nunca poderá mudar a cor das casas em que se encontra, uma vez que movendo-se em diagonal, não lhe é permitido passar para uma diagonal de outra cor. O valor do bispo é considerado ligeiramente superior ao do cavalo, todavia, dependendo da posição no tabuleiro, nem sempre será vantajoso trocá-lo por um cavalo oponente. O Cavalo movimenta-se sempre em \\"L\\",ou seja,duas casas para frente e uma para a esquerda ou direita. O cavalo é a única peça que pode pular sobre as outras, tanto as suas quanto as adversárias, como indo, por exemplo, desde a casa g1 para a casa f3 nos primeiro lances. Comumente se diz que o cavalo move-se \\"uma casa como torre e uma casa como bispo\\". A Torre movimenta-se em direção reta pelas colunas ou fileiras. A torre é considerada uma peça forte, tendo mais valor que bispo e cavalo. E o Peão movimenta-se apenas uma casa para frente e captura outros peões e peças em diagonal. Caso uma peça ou peão fique na frente do peão, será impossível movê-lo. Somente se alguma peça adversária fique na sua diagonal acima, ele poderá capturá-la e mudar de coluna. No primeiro movimento de qualquer peão, ele poderá mover-se uma ou duas casas, a critério do enxadrista. Ao contrário das outras peças, o peão não pode mover-se para trás.

O encarei, confuso, e ele percebeu.

- O Rei anda para qualquer lado, mas só uma casa. – simplificou. – A Dama anda o quanto quiser para qualquer direção, desde que não pule por cima de outras peças. O Bispo anda para a diagonal, a Torre para frente, para trás e para os lados, O Cavalo anda em “L” e o Peão anda para frente a come na diagonal, mas no primeiro movimento anda duas casas.

Assenti, apesar de ainda estar confuso. Godric Gryffindor foi paciente e, naquela tarde, fui feliz.