“Bati na porta cautelosamente e esperei, mas nenhum som veio como resposta.”

O tempo pareceu voar. Quando se cria uma criança, os anos não são mais do que flashes que passam tão rápido que logo sua menininha é uma mulher. Ela estudava com minha antiga professora e para sempre amiga, Anastácia. Pelo menos até os 15 anos.

Não devia ser nada demais. Eu me sentia velho e cansado, um homem de mais de 45 anos. Pegara um resfriado. Deitado na cama, não podia fazer praticamente nada sozinho. E tudo o que havia pedido era que ela pegasse este caderno para mim.

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- Onde está, pai? – perguntou e eu apontei a gaveta chaveada e a chave abaixo de uns papeis. Ela apanhou-a e abriu a gaveta. – Onde está? Não consigo achar...

Ela revirava a gaveta à procura do que eu lhe pedia. Um desespero tomou conta de meu peito.

- Pode deixar, Sophie... – disse, mas era tarde demais. Ela parou, estática, e retirou o envelope que estava escondido lá.

- Pai, o que é isso? – perguntou, já abrindo-o.

“Prezada senhorita Sophie Slytherin,

Temos o prazer de informa-la que a senhorita possui uma vaga para matricular-se na Escola de Magia e Bruxaria de... Hogwarts...”

Leu e eu suspirei.

- Desde quando isso está aqui? – perguntou, mas eu não precisei responder. – Você sabe o quanto eu sempre quis ir para lá... Pai, por que escondeu isso?

Senti meus olhos pesarem e fechei-os, cansado.

- É o melhor para você, querida. – respondi. – Gryffindor pode ser... Perigoso para nossa família.

Ela deixou escapar um suspiro sarcástico.

- Você se refere ao homem em quem você acertou um soco? Sabe, pai, pelos poucos momentos em que estive perto daquele homem ele foi mais gentil do que qualquer outro e... E me contou coisas. Como o feitiço de tortura máxima que você criou para faze-lo sofrer . Eu era pequena demais para entender, mas agora que posso ver novamente as coisas, ele tem razão. O senhor é um traidor.

- Sophie?! – chamei, porém ela já saia a passos pesados. Mas Adrianne a segurou pelo ombro.

- Você também sabia disso, mãe? – perguntou minha garotinha.

- Era o melhor para você, querida. – respondeu a mãe, calmamente.

Sophie retirou rudemente sua mão do ombro e saiu.

Apontei para a carta jogada no chão e ela entendeu.

Minha filha não saiu do quarto durante todo o dia. E eu esperei até o dia seguinte até ir falar com ela, após certo esforço para levantar-me. Bati na porta cautelosamente e esperei, mas nenhum som veio como resposta.

- Sophie, querida, – chamei. – deixe-me entrar, por favor...

Mais uma vez ela não me respondeu, então girei a maçaneta. Esperei que a porta estivesse trancada, mas estive errado. E entrei.

A cama estava perfeitamente arrumada. Seu perfume de jasmins preenchia o ar. Os raios de sol penetravam pela janela aberta. Mas não havia ninguém lá. Sobre a cama, haviam duas cartas. Apanhei a que estava por cima, continha o lacre de cera com o brasão de nossa família.

“Não me arrependo do que estou fazendo.

Sr. E Sra. Slytherin, vocês erraram comigo e, com tudo o que já sei, não pude mais suportar. Apenas... Precisava de outro lugar. De alguém em quem confiasse.

Recebi a carta de meu amigo e segundo pai Godric Gryffindor há duas semanas e venho mantendo segredo de sua existência até agora. Mas, se lerem, entenderão que já sei de toda a verdade e não poderia mais viver com um traidor e sua amante substituta como pais.

Não se preocupem, essa função não mais lhes cabe. Hoje sou Sophie Gryffindor, protegida de Godric Gryffindor e afilhada de Rowena Ravenclaw. Sim, eu estou em Hogwarts agora. Não me procurem. É um favor que me fazem.

Simplesmente isso. Espero que me entendam e que o Sr. Slytherin reconheça sua culpa. Apenas.

Só lamento por minha querida tia Anastácia. E a ela minha eterna gratidão.

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Atenciosamente,

Sophie Gryffindor.”

A dor rasgou meu coração. Como poderia ela, depois de tantos anos de convivência harmônica, ter apenas partido? Tomei a carta com o lacre já aberto. A de Godric Gryffindor. Eu não queria ler aquilo. Tia Ana se aproximou e eu lhe entreguei o papel. O grito saiu de minha garganta e eu caí de joelhos. Chorava.

- Queime. – ordenei. – Queime... Queime... Queime... Queime...

Repetia compulsivamente. Nada mais me consolaria.