Charlie

21 - Tudo está dando errado


Hoje, nós teríamos trilha em uma floresta próxima, que nos levaria a uma praia: – Lugares que eu NÃO posso aproveitar, né DANNY. – Grunhi.

Fiquei com aquela minha cara de cu para o mundo depois de levantar e tomar café da manhã sentada na frente daquelas meninas rindo com a piadas sem graça dos meus meninos.

— É tipo, a piada mais engraçada do mundo! - Danny dizia entre as gargalhadas da piada anterior, sentado ao lado da Julia, e eu, na frente dos dois – Foi a minha professora de matemática Leticia que contou, é tipo: quem é o animal d’água que extermina todos os peixes? É o “SEREIAL” KILLER!

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Haha, que graça, batam palmas! Sei lá, deu vontade de vomitar arco-íris com aquela risada tosca e engasgada de ganso que a Julia emitia rindo daquela puta piada sem graça.

Vai rindo... Enquanto você ainda não tem um pescoço decapitado por uma anãzinha maníaca. Minha vida é uma bosta misturada com farofa, porque eu gosto de um garoto que tem um irmão gêmeo que não entra muito nessa história, mas enfim, que está afim de uma vadiazinha rockeira, contando piadas sem-graça e rindo para ela e não para mim. Ela ainda não emitiu uma frase nessa história, mas você já odeia a Julia, não é mesmo? Aqui vai uma frase:

— Charlie, você curte Paramore? – A garoto castanha com metade dos cabelos cor-de-rosa, me perguntou.

— Sim...

— Sabe aquela parte da música Ignorance que ela canta “Ignorance is your new best friend”? É igualzinha a você.

Danny, Gerard, Rocket e Julia riram. VÃO TOMAR NO CU. Aqui vai a minha resposta: – Sabe aquela parte da música Misery Business “Once a whore, you’re nothing more, I’m sorry that will never change”?

Nem completei para dizer que era a parte da música DELA. Não precisei, Lucas e Andrews já estavam se engasgando de rir, além de Danny, aquele burro do Gerard, e a Rocket também. E a Julia ficou com aquela cara de pateta.

***

Vesti shorts e uma camiseta branca meio transparente pelo sutiã de biquíni que eu estava usando por baixo, mesmo sabendo que não iria entrar na água. Vesti minhas sapatilhas douradas.

Saí do quarto junto com Gerard, pois o puto do Danny havia descido mais cedo quando Julia bateu na porta e eu tive que atender.

— Estão batendo na porta! – Gritei, sentada no sofá.

— Abra! – Danny gritou de volta, aparecendo no corredor tentando vestir uma bermuda por cima da sunga (ele vai tomar banho com aquela sunguinha ridícula? Não né?), sem camisa, muito suado por antes eu tê-lo expulsado do elevador e ele subiu de escada, com os fios castanhos grudando no rosto.

Corri até a porta e abri, vendo a cara da mocreia. Ela olhou diretamente para a visão de Danny no corredor sem camisa. Fechei a porta e ouvi-a gritar por eu ter batido com a porta na sua cara;

Então, voltando ao tempo atual, eu saí do flat com Gerard, mas ele pegou a Rocket no flat dela e eu me distanciei dos dois namorando pelo corredor, chutando a porta do quarto de Andrews e Lucas, até arrombar e entrar com meu comum charme de grossa. – Tem vodka nessa porra? – Grunhi.

— Não, Chars, você não pode beber. – Andrews falou do sofá da sala.

— CADE A PRIVACIDADE? – Lucas gritou.

Aí me dei conta de que tinha um Lucas com creme de barbear em todo o rosto, com a toalha do hotel na cintura, segurando uma lamina de barbear.

Então, acima de toda essa confusão em menos de dez minutos, eu desci juto com Andrews, e mesmo chegando lá embaixo brigando e batendo nele, Danny nem tchum pra mim. Estava de costas, conversando com a Julia. Chegou o guia e nos levou para longe do hotel, em uma floresta próxima e paramos em frente.

— Agora todos vocês formem seus pares, vamos em fila, pois a mata, não é fechada, mas é cheia de galhos e preciso que me escutem bem, todos colocaram repelentes e estão usando tênis?

Olhei para os meus pés.

— Eu estou usando sandálias. – Balancei a mão no ar.

— Por que você veio de sandália, Chars?! – Foi Gerard quem perguntou, no lugar do Danny, que era o responsável por mim.

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— Ninguém me avisou que teria mato.

— É uma FLORESTA!

— Podia ser uma floresta coberta de cimento.

O guia me olhou da cabeça aos pés.

— Devo informar que crianças abaixo dos treze anos não podem participar da trilha. Alguém retira essa garota e leva para o hotel. – Disse o guia.

Eles riram. Eu avancei passos e pisei no pé do grandalhão filho da puta.

— Eu tenho dezesseis anos, seu babaca! – Gritei, tentando soca-lo, mas já estava me puxando para longe do guia, que gritava desesperadamente para me tirarem de lá. – Solte-me seu verme!

Joguei meu cotovelo para quem estava me segurando, e ouvi Danny gritar, para me virar e me dar conta de que tinha acertado o olho dele com o cotovelo. Oh, que dó.

— Okay! Entendi que você é maior, mas menor. Então alguém se responsabiliza em levar a menina no colo? Não? Ninguém?

Danny se virou de costas para mim com um dos braços para me ajudar a subir em suas costas. De início, eu fiquei perplexa, mas me adiantei a subir em suas costas, tentando prender um sorriso. Virei a cabeça para dar língua para a puta da Julia, que tinha a testa franzida e a boca entreaberta.

Sim, eu estava subindo a trilha nas costas de Danny, que precisou ficar para trás por eu ser pesada. Mas estava um silêncio entre a gente... Acho que era por causas das coisas que aconteceram ontem à noite.

Apertei mais o braço em volta do seu pescoço e deitei minha cabeça em seu ombro com os olhos fechados e virados para seu pescoço.

— Ai. – Disse ele, meio rindo, meio sério.

Eu continuei de olhos fechados e com a cabeça deitada.

— Ai, Charlie, pare de respirar! – Ele riu.

— Você quer que eu morra sem ar? – Retruquei.

— Pare de respirar no meu pescoço, está fazendo cócegas!

Eu sorri, e fechei os olhos mais uma vez, continuando a respirar rente ao seu pescoço. Ele voltou a reclamar, rindo e se sacudindo.

— Danny, você está triste comigo? – Perguntei baixinho.

Ele demorou para responder.

— Não.

— Você agora só está ficando com a Julia, e não fica mais comigo.

— Eu estou cumprindo o trato. Está tudo bem com você e o Andy?

Eu não respondi essa pergunta, deixei que ela fosse levada pela trilha na floresta de Los Angeles. É a primeira vez que a gente ficava junto dessa forma naquele dia. E eu queria que durasse. De olhos fechados, aproximei minha boca do pescoço de Danny, encostando meus lábios por alguns longos segundos, ao desencostá-los, estalei a boca.

Ele se arrepiou por alguns momentos, sem dizer nada, mas parecia estar fazendo uma careta.

Foram alguns momentos de silêncio, seguindo a concentração de seres humanos estúpidos que conversavam lá na frente, até que Danny enfiou o pé na lama e ficou um tempinho tentando tirá-la. Olhamos em volta. Os seres humanos desapareceram.

— Fodeu.

Foi ele quem disse isso. Colocou-me no chão, segurando minha outra mão e me puxando para correr e procurá-los. Claro que eu gritei dizendo que tinha medo dos insetos e o mato entrando nas minhas sapatilhas douradas, me deixou totalmente horrorizada e amedrontada. Mas a gente não achou o pessoal.

Eu fiz um bico.

— Danny, a gente está perdido! – Falei.

— Eu sei! – Disse ele pegando o celular – Eu vou ligar para o Ge.

Liga para a Julia. – Eu disse baixinho com muito sarcasmo.

— Sim, é uma idéia melhor!

Oh, que arrependimento. Por que eu tenho uma boca ao invés de um zíper?

— Não tem sinal na floresta! – Bufou Danny.

Eu fui capaz de sorrir. Nossa, como eu sou malvada.

— Vamos, precisamos andar. – Disse ele.

— Mas e o meu cavalinho?

Cala a boca, Charlie. Não era para uma coisa dessas acontecer com você e eu, era para eu estar aqui com a Julia, ou você com o Andrews.

— Claro! Com a Julia. – Gritei com raiva. Balancei minha mão até soltar a mão de Danny, enquanto ele ficava meio atordoado pelo que tinha dito.

Me virei para o caminho que tínhamos vindo e corri para longe de Danny, antes que as lágrimas que chegaram tão rápido começassem a escorrer. E eu corri, com ele gritando meu nome atrás de mim. Usei meu pulso engessado para tirar os galhos que machucavam meu rosto e cortavam na maioria das vezes.

Eu não conseguia ouvir mais a voz dele. Meu ouvido zumbia com raiva daquela droga de floresta, aquela droga de hotel e aquela droga da Julia.

E pior que eu não tinha nada a dizer. Dizer que eu aprendi a gostar de alguém? Logo agora que o afastei mais ainda? Não se encaixava. Não tinha nexo.

You know! I love you, I have loved you all along.

Eu vi alguém parado próxima a uma árvore. Uma mulher alta, loira, com olhos verdes e um vestido branco. Eu parei apenas para ter certeza de que estava delirando com a minha mãe novamente. Voltei a correr

— Se mantêm a mesma inútil. – Gritou ela, da árvore, para mim. Sua voz me perseguia.

— Eu não sou inútil, mãe!

— Então volta e aprende a ficar com alguém!

— Não tem sentido agora! – Gritei de volta, ainda correndo.

— Você nunca precisou ter sentido.

Eu esqueci o fantasma da minha mãe, além do mais, ela estava viva, só que bem longe, em um hospício. E eu voltei a ouvir a voz de Danny, correndo atrás de mim. Ele chegou perto o suficiente para agarrar meu braço e me puxar, e eu tentei me soltar dele.

Eu caí, tropeçando em um tronco, e rolei mato abaixo em uma descida estreita, e Danny rolou junto comigo.

Agora eu morro. Tudo que não mata, engorda, mas eu não estava ingerindo nada agora né? Então eu morro.

Fiquei rolando de olhos fechados, esperando pela minha morte, que não veio tão cedo, até que eu parei de rolar, sentindo areia nos meus cabelos e o sol quente em cima das costas de Danny, que parou exatamente em cima de mim. Eu estava cheia de areia já, e ele também. A temperatura alta e estávamos colados.

Os olhos azuis dele, fitavam os minhas órbitas verdes, assim como eu olhava para ele.

Eu te amo. Não, cara, você não ama ninguém.

Danny rolou para a areia, saindo de cima de mim.

Olhei para o lado, um guia turístico e um grupo de pessoas que eu conhecia bem, chegavam do outro lado da praia. Andrews acenou para mim e eu acenei de volta. Julia acenou para cá, e Danny acenou de volta em seguida.

A propósito, e ele não se deu o trabalho de me falar algumas palavras bonitinhas de apoio, ele foi ao encontro dos outros e me deixou ali sentada na areia.

Cruzei as pernas como índio e apodreci na areia enquanto eles curtiam a praia naquele dia alternativo que estava fazendo sol mesmo sendo começo de inverno.

Para completar minha situação, Julia tirou a roupa e tinha um corpo mil vezes melhor do que o meu. Ela tinha curvas e seios grandes. Eu sou uma tábua reta. O biquíni dela era legal, eu não queria tirar a blusa. Ela curtiu na água sentada nos ombros de Danny e brincando com ele daquela briga de galo, eu não podia entrar na água.

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Ou seja, eu fiquei naquela areia-farinha fritando de calor naquele sol dos infernos vendo todos os meus amigos se divertirem com aquelas víboras mortais, na minha vida de merda misturada com farofa, sabe por quê?

Porque eu quero... MORREEEEEEEEEEEER.

***

Ao voltar para o hotel depois daquela tarde entediante, eu era a única que continuava branca que nem vela, enquanto os outros estavam meio bronzeados. Pronto, agora vou ser discriminada.

Está tudo uma grande bosta e tudo só realmente melhora – sinta a ironia – quando eu fico presa no elevador com Danny. A luz do elevador apagou. Eu soltei um grito quando isso aconteceu.

— Charlie, para de ser enjoada, é só escuro!

A luz do elevador ascendeu exatamente quando as primeiras lágrimas do meu choro silencioso derramara. Danny mudou sua expressão para surpresa e tentou se aproximar, mas aí as portas se abriram e saí de perto dele, correndo para as escadas de volta para o flat.

Tudo estava dando errando naquele dia infernal.