Charlie

Prólogo - Vai ser feliz pra lá.


Férias, doces férias de verão que separavam a escola de mais dias infernais na escola. Joguei minha mochila para cima – que caiu como uma bigorna no chão do segundo andar – e logo em seguida me joguei na minha cama macia como o trono do capeta.

A bagunça do meu quarto era convidativa para uma arrumação, que eu não iria fazer tão cedo, no máximo empurrar algumas meias pra lá e alguns sapatos sem pares pra cá.

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Logo que me deitei na cama senti alguma coisa fora do lugar – além de tudo no quarto – havia uma caixa de sapatos em cima da minha cama. Abri-a, encontrando um par de sapatilhas douradas com um pouquinho de brilho do tamanho dos meus pés. Cabiam perfeitamente, pena que eu odeio brilho; brilho do sol, brilho da luz, brilho do meu cabelo, brilho da purpurina daquela sapatilha. Tinha alguma coisa errada em ganhar presentes fora de época. Mais embaixo encontrei um pedaço de papel rabiscado.

“Jeane comprou-as para você como presente de férias!! Vamos passar as férias na Guiana Francesa, você vai para a casa dos filhos mais velhos dela. Não quebre a casa por isso, conversamos mais tarde, beijinhos, papai (:”

O emoticon no final da mensagem superou o “beijinhos” no quesito bizarro para um pai quarentão que acabou de descobrir o computador pessoal e o MSN.

Eu coloquei as sapatilhas e me deitei novamente na cama, até olhar para o teto se tornava interessante quando você descobre que vai passar três meses na casa de dois malucos gêmeos que superam a estupidez do planeta Terra. Meditava entre a opção fugir e a opção fingir suicídio para que eles me levassem para a Guiana Francesa junto.

Se bem que eu odeio a luz do sol, mas a luz do sol me parece muito convidativa em relação aos gêmeos da gazela da minha madrasta. Eu não os conhecia muito bem, eles passavam por aqui de vez em quando, mas eu ficava no meu quarto. Eu sabia que eles eram gêmeos e três anos mais velhos do que eu. Apenas isso.

Horas mais tarde, meu pai chegou a casa com a gazela e eu continuava meditando no mesmo lugar com as sapatilhas douradas enfeitando os meus pés.

- Filha! Que bom que você gostou das sapatilhas – Ele disse abrindo a porta do quarto e colocando a cabeça para dentro – E o que achou da novidade de passar alguns dias na casa dos meninos?

- Estupidez. – Eu murmurei e virei a cabeça para ele – Que tipo de pai leva uma menina de dezesseis anos pra casa de dois malucos como aqueles dois? Você não tem malícia na cabeça?

Joseph esboçou um sorrisinho educado e a porta se abriu mais, revelando Jeane, a gazela de cabelos dourados com algumas mechas cor de rosa. Ela se acha a adolescente como se tivesse esquecido que tem quase quarenta anos.

- Charlie, eu conheço muito bem os garotos. Gerard e Danny só vão bancar as babás por três meses até nós dois voltarmos. Larga de ser tão anti-social.

- Não sou anti-social! – Eu disse – Sou apenas contrária às idéias e costumes da sociedade.

Observei Jeane segurando um dicionário, ela vagou em silêncio por algumas páginas e depois disse:

- Basicamente isso, tem também o segundo significado que se encaixa perfeitamente com você: patologicamente avesso à vida social. – Ela terminou com um sorriso e balançou o dicionário.

Eu fiz uma careta e apertei meu rosto contra o travesseiro – qual problema nisso? É só me levar junto e esquecer tudo que aconteceu aqui, e se quiser pegar as sandálias também deixo.

- Amanhã de manhã vamos te deixar no aeroporto de Los Angeles, eles vão te pegar lá. – Terminou Joseph. Eu bufei – Eu vou comprar sorvetes e chicletes, quer alguma coisa?

- Uma caixa de pacotes de Ruffles e coca-cola na garrafa de vidro – Balbuciei e logo em seguida ele fechou a porta.

Gerard e Danny. Qual dos dois seria o mais idiota? Voltei a meditar olhando para o teto branco e super interessante que deveria estar lá desde o século passado, parado, olhando para mim.

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