Brand New You.

Sala Nove.


Esperei até o intervalo para começar a pensar sobre o bilhete que havia ganho. Mas não deve ser nada, apenas uma brincadeira de algum otário, ou alguma garota que não foi com a minha cara. Esperei ficar a sós com Justin, para então abordá-lo.
- Justin, você colocou um bilhete nas minhas coisas? - perguntei enquanto deslisava a bandeja sobre o balcão e pegava um hambúrguer.
- Não, por quê? - perguntou ele, enquanto distraía-se e pegava uma porção pequena de fritas. Dei de ombros e quando fitou-me, apenas fiz que não com a cabeça, sinalizando para que esquecece.
Fomos para a nossa mesa, e conversamos até o sinal tocar. Despedi-me dos outros e fui acompanhada de Justin para a aula de Espanhol, que para a minha sorte, é uma das minhas matérias favoritas. Novamente, sentamos perto um do outro, Justin estava sendo um bom amigo, fazendo as coisas acontecerem como antigamente, e eu estava feliz com isso, mas aquele maldito bilhete que havia ganho mais cedo não me deixava ficar concentrada no que Justin dizia, e ele havia percebido.
- Alícia, qual é? O que está acontecendo com você?
Não disse nada, apenas tirei o bilhete do meio dos livros e o entreguei para Justin, que o analisou e segundos depois me entregou com um suspiro.
- Não é nada gatinha, você é nova aqui na escola. Só estão te pregando uma peça - sorriu e beijou minha bochecha. Franzi os lábios e o fitei.
- Tudo bem - sorri torto - Agora me diz onde vai me levar. Preciso ver que roupa usar!
- Vá do jeito que achar melhor, mas que esteja confortável. Mas Lícia, esquece, não vou te contar onde vou levá-la.
- Chato - mostrei-lhe a língua e ele pareceu se divertir.
- Buenos días! - disse uma mulher de cabelos alaranjados.
- Buenos días - respondi animadamente e ela me fitou.
- Aluna nova? - ela perguntou e eu assenti - Por favor Justin, levante-se junto da aluna nova e a apresente para a turma.
Assentimos e nos levantamos, com passos preguiçosos fomos até a frente da sala. Justin me fitou, pensando no que iria dizer, apenas suspirei, suplicando para que ele não falasse demais.
- Alícia Griffths nasceu no Brasil, mas mudou-se pra Virgínia aos quatro anos, mudando daqui quando completos dez, devido a - coçou a garganta - problemas pessoais. Estava morando na Espanha, mas voltou para cá também por assuntos pessoais. Ela foi e é minha melhor amiga, então se eu ver um marmanjo babando nela, vou quebrá-lo em dois.
Ri pelo nariz, sentindo o olhar fixo de Justin em mim. A professora fez um sinal para que nos sentassem, para que pudesse continuar a aula.

[...]

Estava terminando de me arrumar quando escutei a campainha, meus sentidos congelaram-se, eu sempre ficava apreensiva antes de um encontro, mesmo que fosse com o meu melhor amigo. Deduzi que Dereck havia atendido a porta, então terminei de fazer minha maquiagem, posteriormente fitando-me novamente no espelho. Meus cabelos estavam soltos e lisos, usava uma camiseta de um ombro só cinza com o estampado do ACDC, uma saia preta, presa por um fino cinto com taxas, uma meia fina e preta e um salto vinho. Suspirei de frente ao espelho e desci as escadas vagarosamente, e como Dereck e Justin estavam de costas, não puderam me ver, sorri com o golpe de sorte e caminhei até os dois cautelosamente, com um sorriso nos lábios beijei o pescoço de Dereck e ele virou-se com um sobressalto, e eu ri.
- Eita irmã gostosa que eu tenho - disse, fazendo Justin virar-se para me fitar. Seus olhos caramelados arregalaram-se ao me ver, quase que hipnotizado, o garoto me olhou de cima a baixo, boquiaberto. Ri baixinho.
- Vamos?
- Hã... Claro, vamos - Justin levantou-se imediatamente, e abraçou-me pela cintura. Eu podia sentir seu perfume exalando suavemente, não era nem doce, nem cítrico, era um misto dos dois, uma delícia de perfume. Fui tirada de meus devaneios ao ver os lábios de Dereck moverem-se.
- ... Juízo - foi a última palavra que escutei, Justin e eu assentimos e saímos de casa. Defronte a ela estava um cadillac preto, fiquei boquiaberta com o carro, mas Justin pareceu não perceber, apenas guiando-me até o banco do passageiro.

[...]

Meus sentidos congelaram-se ao ver Justin parar o carro em frente aquela construção. Não! Não poderia ser... Ele realmente lembrava daquele lugar! Senti-me tonta por alguns seguntos, Justin abriu a porta e estendeu a mão para me ajudar a descer do carro, fitei a construção por mais algum tempo, até uma brisa gelada me "acordar".
- Justin você não... - o garoto interfiriu minha fala, colocando seu dedo indicador sobre meus lábios. Ele não dizia nada, apenas foi guiando-me para dentro da construção, guiando-me galantemente até uma das salas, mas não era uma simples sala, era a sala de número nove. Sala a qual havia acontecido meu primeiro encontro com Justin, quando tínhamos apenas sete anos.
Estava encantada demais para dizer qualquer coisa, mas minhas falas cessaram-se ainda mais quando vi o começo do filme Carros, sendo exibido na tela do cinema. Ele havia feito exatamente como na outra vez, a mesma sala e o mesmo filme e, por alguns milésimos de segundos, jurei que estava completamente apaixonada por ele.
Sentamo-nos nas últimas fileiras do cinema, apoiei minha cabeça em seu ombro, e senti seus músculos relaxarem-se e seu braço abraçar minha cintura, trazendo-me para mais perto dele e sorrir feito uma pateta.
- Justin, isso está perfeito - disse quando finalmente havia conseguido recuperar minha sanidade, ou parte dela.
- Você se lembra Lícia? Se lembra do que aconteceu aqui? Mesmo tento acontecido há nove anos atrás? - Justin sorriu puxando-me para olhar-lhe nos olhos.
- Justin, eu me lembro de cada coisa que me disse, até hoje - sorri, fazendo Justin acompanhar-me. Entrelaçou nossas mãos e eu sorri, aconchegando minha cabeça novamente em seu ombro, mas a mesma não ficou ali por muito mais tempo, Justin moveu-se inquieto, fazendo-me o fitar.
- O que foi Jus?
- Você se lembra de todos os "Eu te amo" que eu disse? - perguntou e eu assenti - Eles sempre foram verdadeiros.
Dito isso, ele colocou sua mão sobre minha nuca e grudou nossos lábios, me fazendo tremer levemente, suavimente, sua língua pediu passagem, mas que não concedi de imediato, eu precisava sentir aqueles lábios macios por muito mais tempo. Quando finalmente dei abertura para ele, o garoto aumentou o ritmo do beijo, mas sem deixar de ser bem romântico. Mordi levemente seu lábio inferior, puxando-o para trás, fazendo um sorriso imergir em meus lábios.
- Isso foi demais.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!