Vento no Litoral

Capítulo 42 - O fim é apenas o começo




Minha mãe tivera que ir embora, decidira dar uma limpa do seu jeito no apartamento de Edith e Pablo para que quando o bebê voltasse pra casa estivesse tudo ajeitado e arrumado. Eu estava sentada no colo de Igor e Ceci tentava convencer Eduardo a ir embora, coisa que não estava se saindo muito bem. Alexandre sorria paciente para os dois, rindo da discussão silenciosa entre mãe e filho.

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– Vamos dar uma volta? – Igor sussurrou no meu ouvido.

– Nada de planejar bebês, certo? – perguntei.

– Poxa, pelos futuros irmãos do Eduardo... – Ele apertou minha coxa, malicioso.

– Igor... – ralhei, o fazendo rir, sua risada em meu pescoço me fazendo rir.

– Não gosto muito de hospitais. – Ele explicou, erguendo os olhos para mim. – Más lembranças.

– Ninguém vai te obrigar a comer sopa de cebola.

– Vai saber... – Ele fez careta. Ri baixinho.

– Também quero dar uma volta.

– Ótimo. – Ele me deu um selinho e eu me levantei, seus dedos entrelaçados nos meus.

– Estamos indo dar uma volta, Edu. – Igor avisou e Eduardo voltou a prestar atenção em nós.

– Ok.

– E nós vamos pra casa. – Ceci disse, firme. – Hospital não é lugar de criança saudável.

– Só mais um pouco, mãe. – Eduardo choramingou, os olhos dominadores. – Por favoooor.

– Só mais pouco. Bem pouco. – Ceci se sentou, resignada. Alexandre massageou seus ombros.

– Vamos dar umas voltas e tudo mais. Se importa? – Igor perguntou.

– Não, estou ocupado ajudando Pablo. Ele precisa da minha ajuda. – Eduardo disse, sério. Prendi o riso.

– Estamos indo, Edith.

– Ok. Até outra hora. – A abracei levemente e depois Pablo, que me fez cócegas. O olhei nos olhos – Estou orgulhosa de você.

– Obrigado. – Pablo beijou minha testa, dei-lhe um tapinha, sendo puxada pela mão por Igor.

– Certo. Até amanhã. – Eduardo correu e abraçou o pai e depois me puxou para perto, me abaixei, sentindo seus braços pequenos e quentes me envolverem, o cheiro morno de sua pele infantil contra o meu rosto.

– Ainda quero uma irmã ta, tia? – Ele sussurrou, ri baixinho.

– Entendi.

– Te amo. – Ele sussurrou baixinho no meu ouvido e se afastou meio vermelho, voltei a puxá-lo para um abraço, sentindo um nó na garganta.

– Eu também te amo, querido. – O abracei forte e ele correspondeu o abraço. O soltei e ele correu para ver o bebê, Edith e Pablo sorridentes com a atenção de Eduardo, afinal ele recebera o bebê muito bem, mesmo sabendo que agora não teria tanta atenção quanto antes.

Igor andou apressado para sair do hospital, me fazendo rir todo o caminho. No estacionamento diminuiu o passo, seus dedos apertando os meus. Sorrindo, um convite silencioso para um passeio. Nossa comunicação era quase instantânea e eu apreciava isso.

~*~

No final das contas, paramos na praia. Eu deitada entre suas pernas, a areia acariciando com nossos pés descalços, sentindo sua respiração contra meus cabelos. Estava anoitecendo e o sol brincava com o mar fazendo contornos suaves, o cheiro de maresia se misturava com o de Igor. Respirei fundo confortável quando uma brisa suave atingiu meu rosto.

– É diferente ver Pablo e Edith finalmente pais. – Eu disse.

– Sim... – Ele sussurrou, não precisava virar para trás para saber que ele estava sorrindo.

– Mas estou tão feliz por eles. E Pietro é tão... tão lindo! E agora eles definitivamente são uma família.

– Sim. E um dia vai ser a nossa vez. – Igor me cingiu mais forte, seus braços me rodeando. A praia quase deserta. – Vamos ter uma menina... E quem sabe mais um menino.

– Teremos dois meninos e mais uma menina. – Entrei naquela brincadeira de imaginar o futuro. Era gostoso com Igor, interessante pensar em ter duas crianças com ele. Não era tão, tão apavorante assim. Afinal de contas, eu não era tão terrível com crianças assim, a prova disso era Eduardo... Que me amava quase tanto quanto eu aprendi a amá-lo. A possibilidade de ter um bebê com Igor meu enchia meu coração de ternura, algo que nunca acontecera antes.

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– Eu falei um menino e uma menina. – Igor disse, confuso.

– Está esquecendo Eduardo.

– Ele tecnicamente...

– Não é meu filho, mas é um filho seu, ué. – Completei sua frase. Eduardo era parte de mim. Era meu sobrinho, filho do meu namorado e eu conseguia lidar com essa realidade muito bem agora. – Tudo que é seu, é meu.

– Está me pedindo em casamento? – Igor sussurrou, brincalhão.

– Não, não... Ainda não. – Ele riu baixinho.

– Dois meninos pra proteger nossa filha, porque ela sem dúvidas vai ser tão linda quanto você... – Igor disse, sorrindo, beijando minha bochecha.

– Claro, claro. – Acabei rindo.

– E ela só vai namorar depois dos 35. – Ele avisou, o tom sério, olhei para cima, dando de cara com um sorriso de lado.

– Sabia que meu pai falava a mesma coisa? E olha onde estamos!

– É diferente. – Igor fez uma careta.

– Diferente?

– Claro... Não me faça explicar. Me deixa sonhar, por favor. – Ele riu baixinho, sua risada sacudindo meu corpo. Respirei fundo com a sensação de seus dedos brincando com meus braços, fazendo meu coração desacelerar e acelerar, descontrolado e calmo, apaixonado e dominado por amor. – Eu já falei que amo você?

– Já. – sorri.

– Isso te enjoa? – Igor perguntou. – Eu dizer isso tantas vezes?

– Nunca. – Nunca me cansaria da sensação deliciosa de ouvi-lo dizendo que me amava. Da felicidade que isso me trazia.

– Eu te amo. – Ele sussurrou, fazendo meu coração sorrir. Externei meus pensamentos, pensando em sua reação.

– E quem diria que eu iria me casar com meu ex-cunhado?

– Casar? – Igor disse, mais uma vez sério. Ele já havia tentado iniciar esse assunto comigo, mas eu dava um jeito de contornar a situação calmamente e ele paciente, nunca se ofendia. – Está me pedindo em casamento?

– Você está muito apegado a isto. – Não pude controlar o riso, mordendo os lábios. – Desde quando homens querem se amarrar?

– Eu sou diferente, lembra? Faço tudo errado.

– Engraçadinho. – bufei, fazendo graça.

– Então, realmente não foi um pedido. – Ele fez um barulho de decepção. – Tenho que rezar mais pra Santo Antonio me desencalhar.

– Na verdade, Igor... Dessa vez acho que eu to. Santo Antônio finalmente te ouviu! – Acabei rindo ao ouvir minhas palavras. Eu sabia que era isso que eu queria também: desencalhar... com Igor. Casamento não me parecia tão assustador, parecia certo. Nos amávamos, não tínhamos medo de nos assumir para todos ao nosso redor, casamento me parecia isso, não um simples pedaço de papel, mas o voto de que éramos os únicos a quem desejávamos e que não tínhamos medo de mostrar isso ao mundo. Igor se soltou, me virando com habilidade, me fazendo sentar em seu colo. Olhando-me incrédulo. Passei os braços pelo seu pescoço, divertida. – Com medo do casamento?

– Eu é que devia pedir! – Ele quase gritou, indignado. Gargalhei.

– Dessa vez... Acho que não estou te impedindo. – sorri. Ele riu alto, uma risada pura e rouca, fazendo meu coração cânter diante desse som. Me levantando e ficando de pé também.

– Porque eu to tremendo tanto? Eu esperei tanto, tanto por isso. – Ele continuou rindo, a voz meio rouca. Seus olhos vagando pelo meu rosto. – Caramba! Não te comprei uma aliança.

Segurei suas mãos, eu tremia também, controlando as lágrimas.

– Não te avisei afinal de contas. E na verdade, eu não preciso de mais nada... Eu já te tenho. – Apertei suas mãos entre as minhas, beijando cada nó de dedo.

– Vai mesmo se casar comigo?

– Só se nos seus votos você não me chamar de Srta Mc Lanche Feliz. – avisei, fingindo braveza. Ele riu.

– Vai ser muito difícil... Mas eu aceito essa condição. – Ri baixinho, ele segurou meu rosto próximo ao seu. A voz grave, os olhos fitos aos meus. – Um dia quero chegar a te fazer tão feliz quanto você me faz em um único dia. Passarei a vida toda tentando você se sentir tão amada, tão feliz, tão realizada quanto eu me sinto só de olhar em seus olhos e saber que você me ama.

– Você já faz. Eu te amo tanto. Você me fez crescer. Fez tornar o que eu sou. – acariciei seu rosto com amor. Olhando-o, analisando cada traço daquele rosto que eu amava, de poder ver dentro dele por meio de seus olhos castanhos. Amar quem Igor era. – E eu sou tão sortuda por tê-lo. Eu tenho tanto, tanto orgulho de ter você. Igor, você passou de um surfista muito gostosinho pra um homem maravilhoso.

– E gostosão. – Ele completou.

– Só continua o mesmo metido, é claro. – revirei os olhos, colocando minha mão sobre a sua. – Mas não me importa, amo isso em você também. Eu te amo. Nunca me declarei pra você, certo? Nunca disse o quão você me faz feliz e como você me mudou. Como eu sei mais sobre mim agora que te vejo como parte de mim. E quer saber de mais uma coisa? Fui uma tremenda boba em achar que poderia ficar sem você, definitivamente foi muita bobagem minha. Não há ninguém que eu queira tanto quanto quero você e tenho certeza que sempre será assim. Pelo resto da minha vida eu ainda vou querer você como sendo meu melhor amigo, meu amante, meu amor... meu homem. – Ele sorriu, os olhos molhados fazendo meu coração parecer prestes a explodir de felicidade e amor.

Então para minha surpresa ele se ajoelhou a minha frente, me fazendo corar absurdamente. Parecia tão fácil nos filmes, mas agora eu tremia, porque eu sabia o que sua frase seguinte seria. Ela seria a proposta de uma nova vida e ter a certeza da felicidade tão plena assim que chegava a ser assustador, era pura alegria e amor que eu sentia no momento e com certeza eu queria ter aquilo para sempre. Tudo aquilo parecia me preencher, totalmente, mas ao invés de pesada eu me sentia tão leve... Quanto amar verdadeiramente. Igor tossiu levemente:

– Maria de Lourdes, minha Malu... Quer se casar comigo? – Seus olhos úmidos, sua voz rouca e o jeito como eu me olhava. Sabia que podia tê-lo para sempre. Sacudi a cabeça positivamente, a emoção travando minha garganta, meus olhos úmidos, pisquei diversas vezes.

– Sim, Igor. Sim! – Ele riu, se levantando, me beijando delicadamente, seus dedos acariciando meu rosto. Ele se afastou, nossas testas coladas, trocando a aliança de dedo, seus dedos quentes nos meus. A de namoro passando para o dedo de noivado. Sorri enquanto ele me beijava mais uma vez. – Eu te amo tanto, tanto.

– Só isso que importa. – murmurei baixinho.

Ele me beijou, o vento bagunçando meus cabelos, e a areia entre meus dedos. Meu lugar de paz e o amor da minha vida. Não conseguia pensar em ser mais feliz do que isso.