Blasphemy

Infantilidade


Chapter Eight


Abri os olhos não sentindo a claridade que sempre os atingia toda manhã. Então percebi que meu quarto continuava mergulhado na escuridão, as grossas e pesadas cortinas ainda estavam fechadas avisando que Felix, nossa elfa domestica, ainda não entrara no quarto. Olhei para o relógio estranhando ainda mais ao ver que já se passara das 7 da manhã.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Tateei o outro lado da cama sentindo-a vazia, o local em que Draco se deitara estava frio confirmando minhas suspeitas de que toda conversa da noite passada não passara de um sonho. Suspirei cansadamente levantando o meu tronco do colchão apoiando minha cabeça entre as mãos.

– Se você, neste exato momento estiver se perguntando se tudo da noite passada fora apenas um sonho... Olhe para mim... – as palavras saíram rápidas demais para mim, que acabara de acordar e ainda tentava organizar meus pensamentos, em um fôlego só. Atordoada pela repentina voz que soara na escuridão do meu quarto, levantei o rosto para frente. E então, estremeci quando meus olhos se chocaram contra as cores gélidas dos olhos de ninguém menos que Draco Malfoy.

Arfei, me levantando da cama levando o lençol junto, estava frio ali e ainda vestia as roupas do dia anterior. Aproximei-me hesitante dele e um sorriso cínico se abriu em seus lábios. Estava sentado na cadeira de balanço do qual meu pai costumava se sentar para me contar histórias antes de dormir.

Ele me estendeu a mão e eu a toquei, com medo de que ele se desfizesse ao meu toque, com medo de que aquilo fosse apenas um sonho. E repentinamente, ele me puxou para o seu colo aninhando-me em seus braços.

– Bom dia – murmurou frio ainda sem tirar o sorriso cínico dos lábios – Não me olhe com essa cara... Sei que sou bonito – brincou ele rindo com escárnio logo em seguida, sua risada mesmo incômoda me contagiara de uma forma estranha, fazendo uma pequena risada escapar pelos meus lábios.

Evitei seus olhos, sem saber o que dizer.

– Diga alguma coisa – ele deitou a cabeça para o lado fitando-me de uma forma doce e ingênua.

– O que está fazendo aqui? – a pergunta pulara da minha boca e ele logo, fingiu-se de ofendido.

– Tudo bem... – murmurou ofendido de uma forma tão real que me fizera acreditar de que realmente se magoara. Ele fez a menção de se levantar – Se quiser que eu vá embora, era só ter me dito...

– Eu... Eu não... – eu o empurrei de volta para a cadeira, sem novamente encontrar as palavras certas. Ele riu novamente com escárnio ao ver minha expressão confusa.

– Acho que eu entendi – ele falou voltando a se acomodar na cadeira.

E o silêncio voltou, me fazendo ter noção de que eu acabara de acordar e possivelmente, não estava a pessoa mais bonita de todas.

– Seu cabelo é engraçado – ele pareceu dar voz aos meus pensamentos, bagunçando levemente os fios negros do meu cabelo, arrepiando-os ainda mais.

– Por que não me acordou antes? – perguntei afastando suas mãos do meu cabelo, cruzando os braços. Ele revirou os olhos de forma um tanto infantil me acomodando melhor em seu colo.

– Por que... - ele murmurou falsamente pensativo – Você fica melhor quando está dormindo e eu quis ler algum de seus livros – apontou para a pilha de livros na mesinha ao lado da cadeira de balanço, que até então eu não percebera.

– Está muito engraçadinho hoje, Malfoy – falei, desconfiada – Por que toda essa animação?

– Estou imaginando o drama que minha mãe deve estar fazendo neste exato momento em que ver meu quarto vazio – ele riu em deboche e acrescentou em um tom mais baixo – Ela acha que estou usando drogas.

Arregalei os olhos.

– Drogas? – perguntei – Não são aquelas coisas que os trouxas usam?

Ele assentiu com a cabeça, a expressão de desdém estampava seu rosto agora.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– É por isso que ela se desespera ao pensar que posso estar usando coisas como essas – revirou os olhos novamente, com infantilidade – Não por que elas são algo ruim, mas sim por que é uma coisa de trouxas.

Eu ri, ainda um pouco sonolenta e ele limitou-se a apenas abrir um sorriso, o seu habitual sorriso. Ele sempre abria aquele sorriso cínico, mesmo que não estivesse sendo realmente cínico. Era apenas o jeito estranho dele.

– Minha mãe e minha irmã poderiam ter visto você aqui... – murmurei hesitante e ele novamente revirou os olhos, me fazendo crer de que aquela era sua mania irritante.

– Elas saíram... – falou ele – Foram fazer compras, eu as vi aparatarem na rua.

Desviei os olhos rapidamente dos seus e peguei a primeira coisa que vira, um dos livros daquela enorme pilha. Era constrangedor ficar fitando-o. E era estranho eu me constranger olhando para os seus olhos sendo que eu, naquele exato momento, estava sentada em seu colo, aninhada em seus braços.

Tentei me distrair com o livro em minhas mãos, havia uma fina camada de poeira sobre a capa, eu o abri e observei as grandes gravuras em suas páginas envelhecidas.

– A menina que conseguiu roubar a estrela do céu – ele riu ao olhar para as gravuras infantis, embora sua voz estivesse séria como se realmente houvesse lido o livro e o mais estranho... Ter gostado dele.

– Desde quando gosta de livros infantis, Malfoy? – perguntei arqueando a sobrancelha em sua direção.

– Aprendi a gostar, Greengrass – rebateu ele fitando-me com deboche e logo, riu desfazendo a máscara – Por que ainda guarda esses livros?

– Se lembra de quando eu o disse que minha mãe se livrou de todas as coisas que traziam a lembrança de meu pai? – perguntei e ele assentiu, com a expressão de seriedade – Bem... – varri meus olhos pelo meu quarto até parar no meu ursinho sobre a cama – O ursinho e os livros infantis foram às únicas coisas que consegui salvar...

– Senti muita falta dele? – perguntou ele depois de um tempo. Parecia... Hesitante em perguntar, parecia incerto o que aquela pergunta me causaria.

Assenti com a cabeça olhando para o livro ainda em minhas mãos.

– Ele era o único que conseguia me entender... Com um simples olhar, ele já sabia de todos os meus problemas... E com um simples sorriso, ele conseguia tirá-los de mim – sorri com as nítidas lembranças – Ele era alguém único... Nunca existiria outro alguém como ele...

Ainda entorpecida, não sentira as lágrimas rolarem pela minha pele e pingar sobre a capa do livro. As mãos frias de Draco tocaram meu braço puxando-me para mais perto dele, olhei para o seu rosto do qual não expressava nada além de frieza. Aproximei-me de seu rosto e pude ver algo estranho em seus olhos prateados, algo que nunca pensei que poderia existir de dentro daqueles olhos tão frios. Apoiei minha cabeça em seu peito e inspirei seu perfume inebriante, fechei os olhos sentindo seus dedos frios se enroscarem em meus cabelos bagunçando-os ainda mais. Eu não me importava, apenas sentia uma estranha sensação, algo familiar e nostálgico ao mesmo tempo. Eu sentia que finalmente, eu estava em casa.