Blasphemy

Contraditório


Chapter Two

Levantei-me da grama fofa e me pus a andar pelo imenso jardim de minha mãe. Não voltaria a aquela festa de jeito nenhum, não suportaria ter de parecer feliz quando o dia já estava completamente arruinado.

O vento fresco continuava a soprar bagunçando levemente meus cabelos e trazendo consigo o perfume das várias flores que havia ali.

Empurrei uns galhos envelhecidos afastando-os e permitindo que eu visse algo no meio daquela pequena clareira que havia ali.

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Era um antigo balanço do qual eu passava tardes inteiras brincando, vivendo em um mundo apenas meu, tentando me levantar ignorando a morte abrupta de meu pai. Dei um passo em sua direção e adentrei na clareira secreta, como eu a chamava.

Sentei-me delicadamente no balanço temendo que ele cedesse, já que eu já não tinha mais 6 anos de idade. E quando soube que estava seguro, agarrei as grades e me balancei levemente.

Fechei os olhos inspirando a fragrância que havia naquele lugar tentando chegar às minhas lembranças mais antigas, no entanto, não consegui. Desde o ano em que meu pai morrerra minhas lembranças pareciam ter sidas bloqueadas.

Suspirei cansadamente soltando-me das grades e olhei para o chão. Finalmente, o tão esperado silêncio se instalou ali se tornando minha única companhia.

– Você não sabe de nada – me cortou ele, rude em um murmúrio entre dentes.

– Eu... - recuei um passo surpresa.

– Esqueça! – ele exclamou virando-se para a saída do jardim – Eu... Vou voltar. Aliás... Feliz aniversário.

Uma única lágrima rolou pelo meu rosto ignorando minhas tentativas de me manter forte, de livrar aquela vontade de chorar... Era o meu aniversário...

Um remexer violento se fez nas folhas que cobriam a saída da pequena clareira fazendo-me fitar o local, assustada. Logo, Draco Malfoy adentrou na clareira visivelmente desconfortável com o ar úmido e a pouca iluminação.

Em suas mãos havia uma rosa vermelha que logo tratou de estendê-la a mim. Ele já estava mais próximo, logo a minha frente me encarando com tédio.

Olhei para a flor em sua mão e voltei meus olhos ao seu rosto. Arqueei as sobrancelhas esperando que ele dissesse algo.

– Eu... – ele pigarreou olhando para os lados desconfortavelmente – vim... Desculpar-me...

– Pelo o quê? – perguntei e ele suspirou cansadamente.

– Quer logo pegar a flor e me perdoar? – voltou com seu tom grosseiro.

– As rosas vermelhas são as preferidas da minha mãe... – murmurei olhando novamente para a flor – E eu... Não vou perdoar você... Foi sua mãe que o mandou aqui, não é mesmo?

– Não – respondeu ele – Eu vim... Por que... Fui injusto...

Olhei para o chão sentindo novamente a vontade de chorar, porém, tentei me controlar.

– É o seu aniversário... Você deveria estar no mínimo feliz e o que eu fiz, com certeza deve ter dizimado as chances de o seu dia ser perfeito – murmurou ele com uma falsa compreensão.

Ele voltou a me estender a rosa, com persistência.

– Eu faço seu dia mais feliz... – murmurou surpreendendo-me. Olhei para cima fitando seus olhos vazios, seu rosto coberto pela máscara impermeável de frieza.

– Meu dia esta arruinado, Malfoy... – falei – Pare com essas brincadeiras. Se queria me ver pra baixo, bom... Você conseguiu!

– Acha mesmo que estou brincando? – perguntou ele em um tom que se assemelhava a indignação – Não sou tão mau a ponto de arruinar ainda mais o seu dia. É o seu...

– Aniversário – completei monotonamente – E isso muda algo? Muda algo em minha mãe e minha irmã?

Ele me estendeu com mais persistência a rosa vermelha. Suspirei cansadamente fitando-o desejando ter mais um pouco de força para fazê-lo desistir daquela brincadeira.

– Você é um Malfoy... – murmurei – Frio, arrogante, egocêntrico... Por que um Malfoy iria querer fazer o meu dia mais feliz? Só por que é meu aniversário? Bom... Esse fato não mudou nada entre eu, minha mãe e minha irmã.

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– Esta me comparando a um Greengrass? – perguntou novamente, com falsa incredulidade, controlei a vontade de revirar os olhos – Ei! Esqueça o que eu disse... Pegue a flor, pelo menos...

Cansada daquilo, estendi minha mão e toquei o caule da rosa sentindo um espinho pontudo entrar em contato com a minha pele. Recuei a mão observando o filete de sangue que começava a sair do meu dedo.

As mãos frias de Draco Malfoy tomaram as minhas e seus olhos gélidos observaram o filete que escorria, rapidamente ele limpou o sangue.

– Hm... – olhei para os lados, evitando seus olhos – Obrigada...

– Isso fez seu dia mais feliz? – perguntou ele. Talvez, ele não soubesse o que era realmente fazer o dia de alguém feliz, por que ele era Draco Malfoy.

Ignorei sua pergunta voltando a me balançar distraidamente tentando me esquecer de sua presença.

– Desculpe... Pela minha grosseria mais cedo... – ele dificultava minha tentativa de ignorá-lo, no entanto, vi o seu esforço para tentar ser agradável ao dizer aquilo – Eu... Agradeço por acreditar na nossa inocência...

Ele havia se desculpado e agora estava agradecendo. Coisas que seriam normais vindas de outras pessoas, no entanto, ele era um Malfoy.

– Certo... – suspirei enquanto roçava os dedos delicadamente pelas pétalas macias da rosa vermelha. Em uma hora eu queria apenas ignorá-lo ou apenas que ele ficasse em silêncio e em outro já era incomodo para mim o silêncio absoluto que reinou ali, finalmente.

– Seu vestido... – ele pigarreou novamente tornando visível seu desconforto – É bonito...

– Foi a minha mãe que escolheu – falei olhando para o vestido branco de brilhantes com um enorme e chamativo laço na parte de trás.

– Ah! Então... – ele olhou nervosamente para ele fazendo uma expressão de desdém – Eu... Não gostei.

Repentinamente, comecei a rir. Rir do seu nervosismo, do seu desconforto, daquela situação, do quanto ela era contraditória... E ele, logo me acompanhou, não sabia se era pelos mesmos motivos, sabia apenas que ficamos rindo por um longo tempo.

Talvez meu dia não estivesse completamente arruinado assim...

“ – Você é bela, minha querida – dizia meu pai afagando meus cabelos – Irá encontrar um dia alguém que a mereça... E se conhecer essa tal pessoa em um dia infeliz, sempre haverá algo nela que fará desse dia feliz.

– Como sabe disso, papai? – perguntei com os olhos cheios de curiosidade. Desde sempre, confiava cegamente em suas convicções, em suas sábias palavras e nada me fazia esquecê-las.

Ele balançou a cabeça com o sorrisinho bondoso.

– Vá dormir, minha querida – falou ele cobrindo meu corpo com o cobertor pesado e apagando o abajur – Boa noite”