Encrenca Shaolin

Capítulo 130


Capítulo 130 - Ningjing

A situação era bizarra, para dizer o mínimo. Todo o colégio Sol Nascente havia se tornado em um estranho labirinto onde cada porta poderia transportá-lo para uma área diferente do colégio. Nesse espaço misterioso, apenas sete alunos corajosos resolveram investigar a situação. Bem, na verdade um deles só estava lá para filmar o caso.

– Caraca! Se eu colocar isso no YouTube ninguém vai acreditar! - disse Alex, filmando tudo que podia (embora a comunicação telemóvel estivesse falhando, a câmera funcionava muito bem).

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– No mínimo todo mundo vai dizer que é montagem - comentou Astolfo.

– Mas não é! - disse Alex, colocando a própria cara na frente da câmera - Galera! Não é montagem! É tudo verdade mesmo!

– Não adianta - disse Kéfera - Todo mundo diz que seus vídeos são montagens. Só vendo nossas lutas de perto para acreditar.

– Tsc! Esse mundo tecnológico de hoje não abre muito espaço para falar de coisas além da imaginação - reclamou Alex.

– Parece mesmo algo Além da Imaginação - comentou André - Tudo bem, Lien?

– Gente! Pelo amor de tudo! Pode ter alguém querendo nos matar e vocês aí discutindo bobagem? - reclamou a chinesinha, já mais nervosa do que de costume - Certamente é coisa de alguém da Meyou Zidan.

– Oh, entendo. A organização que planeja reconstruir o horóscopo chinês - comentou Álvaro - Mas o que isso tem a ver com o seu amigo pasteleiro?

– Só acompanha a gente, Álvaro! - falou Lien - Não tenta entender que vai ser pior? Amanda, algum avanço?

– Silêncio - pediu Amanda - Consigo sentir o ki mais forte...desse lado.

O grupo entra pela porta do corredor das salas de aula e...aparece na cozinha do colégio.

– O pior é que parecia a sala de aula quando vemos de fora - falou Alex.

– É o que nos ilude - falou Amanda - Não sabemos o que vamos encontrar até entrar pela porta...mas pelo menos eu consigo sentir a energia interior da pessoa.

– Agora que você falou...também posso sentir algo do tipo - comentou Álvaro.

– Sério? É verdade...você é bom nessas coisas - lembrou Lien. Segundo Mestre Wong, Álvaro, apesar de idiota em certos assuntos, tinha um talento natural para entender a energia interior de cada ser humano.

– Será que todo mundo saiu do colégio? - perguntou André.

– Bem, se ainda ficou alguém preso, a gente ajuda depois que fazer a escola voltar ao normal - disse Astolfo.

– Mas...como pode ter certeza de que vamos fazer a escola voltar ao normal? - perguntou André.

– Ah, é só a gente encher a pessoa de porrada que ela reverte o feitiço - Astolfo continuou - Deve ser algum tipo de mágico ou coisa assim. Não deve ser nenhum cara que saiba lutar.

– Você não sabe com quem está lidando - falou Lien - Se for mesmo da Meyou Zidan, vamos precisar juntar todas as nossas forças para derrotá-lo.

– Isso aí! Vocês batem e eu filmo tudo. Amo meu trabalho! - disse Alex.

– Você nem devia estar aqui. Se acabar se perdendo, não vem culpar a gente, heim? - reclamou Lien.

– Ei, eu estou sempre com vocês, não estou? - disse ele - Mas, só para garantir, vou ficar de mãos dadas com a Kéfera para não me perder e..

Ele não conseguiu terminar a frase por levar um belo empurrão de Lien na cara.

– Não abusa da situação, seu tarado! - reclamou a chinesinha. Kéfera apenas ficou sem graça.

– Ei, não estou abusando - retrucou Alex.

– Chega! - gritou Amanda - Preciso me concentrar...

E o grupo continuava andando. De fato, o colégio estava uma bagunça indescritível. Como aquele negócio podia ser possível? Eles entravam por certas passagens no início de um corredor e apareciam no final dele, depois encontravam com alunos perdidos e desesperados, e, com muito custo, conseguiam convencê-los de que estavam procurando o culpado, em alguns momentos eles até atravessam escadas de ponta cabeça.

– Ai, caramba - disse Alex, sempre o último a entrar pelas portas para poder filmar tudo.

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– Hã? Como? - Amanda, que guiava, via o rapaz filmando tudo de ponta-cabeça.

– Você entrou por essa porta...e saiu aí no teto...de ponta cabeça.

– Isso...é impossível mesmo. Não dá pra explicar - disse Amanda - Todos! Fiquem atentos.

– Peraí, eu preciso ver isso - Alex entrou pela porta e se juntou ao grupo - Caraca! Que brisa, velho! Isso é melhor que jogar Portal (*)!

– Alex! Para de brincar! - reclamou Lien.

– Mas é sério - disse ele.

– Acho que estou começando a ficar enjoado - disse Astolfo - E pior que eu comi um sanduíche de mortadela caprichado no café...vai ficar embaçado.

– Se for vomitar, vomite na direção da porta que acabamos de passar - falou Alex - Seu vômito vai direto lá para baixo.

– Ai, que nojo - reclamou Kéfera.

– Mas pode ser uma oportunidade única. Onde mais conseguiríamos um vídeo de alguém vomitando em um espaço distorcido? Vai bombar na web! - comemorava Alex, sem dúvida, a pessoa mais bem-humorada do grupo.

– Alex..se você não calar a boca, eu - mas Lien foi interrompida por Amanda, que fez um sinal com as mãos para o volume diminuir.

– Esperem...aqui está bem forte - falou ela - Talvez...a fonte da distorção esteja perto.

O grupo a seguiu e acabaram saindo na cobertura do colégio. Não tinha muita coisa lá, além de uma caixa de água. Era espaçoso e aberto o bastante para ninguém se esconder. Mas não dava garantir quando as dimensões estavam confusas. Amanda não tinha dúvidas de que o culpado estava ali.

– Apareça! Sabemos que está aí! - disse a líder do grupo disciplinar, cada vez mais disposta a aplicar uma disciplina.

Todos ficam em silêncio, aguardando alguma investida. Alex segurava tremulamente seu celular. Astolfo fazia uma hilária expressão de alerta. Álvaro preparava para sacar sua inseparável raquete. Kéfera sentia a excitação de alguém forte. Lien e André apenas mantinham seus olhares atentos para qualquer distração. Eis que, finalmente, surge a culpada. Diante deles, saindo de alguma passagem oculta no meio de todo aquele contexto bizarro, aparece diante deles uma linda garotinha com traços orientais. Ela usava uma blusa preta e uma saia branca e contava com um enorme e liso cabelo que quase passava da cintura.

– Hã? Você se perdeu, garotinha? - perguntou Álvaro - Não tenha medo! Estamos atrás dos caras maus que fizeram isso com a escola.

– Hihi - a garotinha riu.

– Ei, Lien, olhe! - disse André - Ela...tem um pingente.

Lien observou no pescoço da menina e confirmou. Sim. Era um pingente em formato de coelho.

– Então..você é um deles, não é? - perguntou Lien.

– Sem dúvida - disse Amanda - O ki forte...vem dessa menina. Nunca senti algo assim antes.

– Então..ela é tipo aquela menina do corredor daquela foto de terror? - perguntou Astolfo.

– Mas ela é tão bonitinha - comentou Kéfera.

– Finalmente me acharam - disse a garotinha - Meu nome é Ningjing. Prazer em conhecê-los.

– Pelo menos é educada - falou Astolfo.

– Não adianta mentirem - disse Ningjing - Sei que estão escondendo o pingente do galo.

– Como? Entregamos o pingente para vocês dias atrás - falou Alex - Já cumprimos a nossa parte.

– Falei que não adianta inventar - continuou a menininha - Já sabemos que o pingente é falso!

– Tsc. O que garante que tínhamos o pingente verdadeiro para começo de conversa? - falou Alex.

– Hã? - a menininha estranhou.

– É. E se o pingente foi falso o tempo todo? Somos tão vítimas quanto você! - o fotógrafo continuou.

– O que ele tá fazendo? - perguntou Kéfera baixinho para Lien.

– Heh! O que ele faz de melhor...ser filho da mãe - disse a chinesa - Mas, acho que ela não vai engolir essa.

– Impossível. Vocês devem ter o verdadeiro - falou Ningjing.

– O que garante? - Alex insistia.

– Você - e agora Ningjing apontou para Lien - É descendente do clã Wong, não é? Descobrimos que o clã que deu origem à minha família pertence a mesma árvore genealógica que o clã Wong!

– QUÊ?! - Lien pareceu espantada - Então...somos parentes distantes?

– Talvez - continuou Ningjing - Mas isso não importa. Preciso do pingente...não que eu concorde muito com os planos da minha irmã, mas...não há nada que irá impedi-la.

– Afinal, o que vocês querem? - perguntou Lien.

– Não te interessa - respondeu a garotinha que agora não parecia mais tão engraçadinha assim - Passe o pingente pra cá! Agora!

O olhar dela havia ficado mais severo, embora ainda estivesse calma.

– Não temos ele aqui - disse Lien - E se tivéssemos, não iríamos entregar.

– Não tem problema - falou ela - Posso nos levar até o local do pingente sem dificuldades...afinal, esse é o meu poder.

– Seu..poder? - perguntou André.

– O pingente do Coelho - continuou Ningjing, exibindo sua joia - Tem a capacidade de distorcer as dimensões da realidade. Demora alguns dias para juntar o ki necessário para distorcer as dimensões de uma área como essa escola, mas é possível. Investiguei tudo que pude sobre você, Lien Wong. Sei onde mora e onde estuda. Ainda há muitos alunos perdidos no labirinto dimensional que criei. Vai mesmo sacrificar a todos por não querer me entregar o pingente?

– E se derrotarmos você? - perguntou Amanda - A escola volta ao normal?

– Se me derrotarem? - repetiu Ningjing - Por favor, não diga coisas tão absurdas.

– Acha que não conseguimos? - insistiu Amanda.

– Heh! Já vi que não irão colaborar sem luta, não é? Tudo bem...para mim fica até mais divertido - disse a garotinha - Então, que seja, se conseguirem arrancar meu pingente, perderei o elo com o poder do Coelho e o espaço desse prédio voltará ao normal. Acha que conseguem?

– Só tem um jeito de saber..tentando! - e Amanda avançou na direção da garotinha. Será que eles conseguirão ter alguma chance contra essa inimiga incomum?

(*) = Portal é um game onde se pode usar uma arma para criar passagens de teletransporte (portais)