Encrenca Shaolin

Capítulo 128


Capítulo 128 - Ganhando Tempo

Depois de um ataque surpresa de Dúshé, uma das integrantes da Meyou Zidan, Ming acabou entregando o pingente do galo para a inimiga, na condição dela não mais ferir seus amigos. Parecia a única saída, mas Lien não gostou nada disso.

– Por que você fez isso, Ming? - reclamava ela - E agora? O que vamos falar para o vovô?

– Por favor, Lien - Ming tentava acalmá-la humildemente - Acalme-se. Não precisa ficar tão nervosa.

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– Mas como ela não vai ficar nervosa? - reclamou Alex - A gente tinha que proteger o pingente e, ao invés disso, demos de mão beijada para o inimigo. O Mestre Wong vai acabar com a gente com razão!

– Na verdade, só eu e a Lien lutamos - lembrou André.

– Que amigo você é! Assim que você me agradece por arriscar a minha vida filmando suas lutas perigosas? - questionou Alex - Bom, pelo menos podemos mandar essas imagens para a polícia e..

– Até a polícia do nosso país resolver alguma coisa os caras da Meyou Zidan vão estar longe! - disse Lien - Você ouviu o que ela disse, não ouviu? Eles tem uma base por aqui! Aposto que vieram para cá recuperar o pingente e agora já estão voltando.

– Podemos pedir para a polícia cercar todos os aeroportos - falou Alex.

– Eles são uma máfia, Alex! Você acha mesmo que eles usam voo convencional? - Lien continuava nervosa - Nós perdemos! Vamos admitir isso!

– Estou falando para vocês se acalmarem - continuou Ming - Não há motivos para isso.

– Como não? Você ficou louco depois de tudo, é isso? - reclamava a chinesinha, quase chorando de desespero (mais pelo castigo do avô do que pelos planos malignos da Meyou Zidan). Mas Ming apenas pigarreou alguma coisa e tirou o pingente do bolso.

– Hã? - Lien não podia acreditar no que via.

– O que é isso? - perguntou André - Você não entregou o pingente para a Dúshé?

– Entreguei um falso pingente - disse ele.

– Falso? Quando você... - Lien iria perguntar, mas Ming a interrompeu.

– Logo depois que o Tiaoyue nos atacou. Tirei uma fotografia de vários ângulos do pingente e levei para um conhecido meu aqui do Brasil que trabalha com joias fazer uma versão falsa. E não é que deu certo?

– Não sabia que você tinha dinheiro para pedir uma coisa dessas - falou André.

– Err...na verdade não tenho. Meu amigo me devia uns favores e fez um desconto para mim...mas joguei na conta do seu avô, Lien.

– Ah, tá...O QUÊ?! Você faz suas maracutaias e ainda põe na conta do meu avô? - reclamou a mocinha.

– Calma, Lien - disse André - O importante é que o plano do Ming funcionou.

– Você não dá ponto sem nó mesmo, heim? - comentou Alex - Sou seu fã.

– É. Mandou bem - admitiu Lien - Mas os caras da Meyou Zidan vão perceber logo que se trata de um pingente falso.

– Justamente - concordou Ming - Mas, pelo menos por alguns momentos, eles vão pensar que é verdadeiro. E isso significa que não estarão nos vigiando pelo menos por um dia. É a nossa chance de esconder o pingente. Trocar um pingente verdadeiro por um falso é fácil de fazer, mesmo sendo observado, mas retirá-lo do lugar e escondê-lo é outra coisa. Se tinha alguém vigiando a gente esse tempo todo, duvido que estejam perdendo tempo com isso agora que já possuem o pingente. Vamos aproveitar a chance para esconder esse negócio.

– Será que vai adiantar? - perguntou André - Certamente virão atrás da gente de novo. Poderão até nos torturar para conseguir a informação.

– Mas não farão isso sem luta - disse Lien - Estaremos preparados para eles.

– Preparados? Vocês levaram uma bela surra daquela mulher - disse Alex - Esses caras são mais fortes do que a gente pode imaginar.

– Se o vovô estiver com a gente, teremos chance - falou Lien - Não podemos desistir.

– Talvez...fosse bom chamar ajuda do pessoal de novo - disse Alex.

– O quê? - Lien se espantou - Não podemos envolver nossos amigos nos nossos problemas de novo. Eles já apanharam muito da outra vez!

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– É...vão apanhar mais se entrarem nessa - comentou Alex.

– Viu só? - disse Lien - Precisamos dar um jeito nisso sozinhos.

– Mas...tem uma pessoa que não se importaria mesmo de ajudar, mesmo que tenha de enfrentar caras fortes - lembrou André - Na verdade, ela vai adorar isso!

– Você não tá pensando em...

Mas André fez que sim com a cabeça e Kéfera, na hora do intervalo da aula do dia seguinte, fez um sim maior ainda.

– EU TOPO! - disse ela, animada - Se esses caras são fortes mesmo, podem contar comigo!

– Mas ainda nem contamos toda a história - disse Lien - O vovô até concordou com isso e tudo, mas eu ainda estou meio sem graça de te pedir isso.

– Mas é muito fácil pra mim - disse ela - Posso deixar um pingente desses no cofre da minha casa sem problema nenhum. Todas as joias da minha família estão lá. Ninguém passa por ali, o nosso sistema de segurança é fantástico! E ainda temos a Frederique!

Bem, se alguém tinha condições de enfrentar a Meyou Zidan, certamente era a Frederique, a governanta (e mestra) de Kéfera.

– Bom, certamente será mais seguro do que na nossa Academia - falou André - Lá todo mundo entra.

– Podem contar comigo - Kéfera agarrou o pingente com toda a animação possível - E espero que eles tentem alguma coisa. Tenho treinado quase o dobro só para enfrentar caras fortes!

– Ela gosta mesmo de lutar, né? - comentou André.

– Eu não me importaria se ela me desse alguns golpes de agarramento - comentou Alex.

– Hã? Falou alguma coisa? - perguntou Kéfera inocentemente.

– Não, nada - disfarçou Alex - Será que isso vai dar certo mesmo?

– Queria que o menor número possível de pessoas soubesse disso, tá? - falou Lien - Não quero trazer problemas para a galera de novo.

– Contem comigo - disse Kéfera, toda sorridente.

Enquanto isso, bem longe dali em algum lugar grandioso escondido, Dúshé foi jogada no chão com força por um golpe de Long.

– Mestre Long - disse ela, se rastejando - Como...como isso foi acontecer?

– Sua imbecil! Como foi capaz de nos trazer um pingente falso! - reclamava Long.

– Você é uma das usuárias dos pingentes e não percebeu a falta de poder dele? - disse uma misteriosa mulher, também com traços orientais e uma roupa típica chinesa azul, mas seu diferencial era ter cabelos loiros (algo atípico em orientais). Parecia mais uma da Meyou Zidan.

– Mestra Chibang (*) - balbuciou Dúshé - P-perdão.

– A minha família tem financiado as ações da Meyou Zidan por muitos anos - disse a sinistra chinesa loira - Long me prometeu alcançar o poder máximo para nosso grupo assim que juntássemos os doze pingentes, mas com um pingente falso é impossível.

– Sim...foi falha minha - Dúshé abaixou a cabeça, arrasada.

– Meu pingente...o pingente do galo...o único que resta em nossa coleção e o único compatível comigo - dizia Chibang, olhando para o pingente falso que tinha em mãos - Mas não sinto o mínimo de ki nesse lixo!

E ela esmigalha a joia com as próprias mãos.

– Mestra Chibang...sentimos muito pela falha de nossa subordinada - disse Long - Mas encontrei algo mais nas minhas pesquisas.

– Diga.

– Este pingente do galo realmente foi passado para o clã Wong. Mas, pelo que parece, o clã Wong não era simplesmente um amigo do seu clã. Os Wong e a sua família parecem ter uma ligação de sangue. Vocês já foram parentes bem distantes...

– O quê? Nossa família tem laços de sangue com a família Wong?

– Foi o que apontaram minhas pesquisas - disse Long - Talvez o fato do pingente do galo ter sido passado para os Wong não seja apenas uma coincidência.

– Curioso - Chibang pensava friamente, colocando as mãos sob o queixo - Os pingentes podem ser usados por qualquer pessoa desde que tenha um ki compatível para ativá-lo. Nossa família foi a única que investiu pesado para recuperar todos os pingentes espalhados pelo mundo oriental, mas porque justamente o pingente do galo foi separado para uma ramificação específica da nossa família? E justamente esse pingente é aquele com quem sou compatível.

– Não tenho essas respostas ainda - disse Long - Mas certamente irei consegui-las.

– Espero que sim - disse Chibang - Você é o mais poderoso de todos os membros da Meyou Zidan. Se for preciso, vá você mesmo buscar esse pingente.

– Por favor, me dê mais uma chance - disse Dúshé - Prometo que dessa vez não terei piedade!

– Não, mande a mim - disse uma voz mais infantil, chegando no salão.

– Hã? Ningjing (**)? - indagou Dúshé, que ainda não havia se levantado. A pessoa que acabara de chegar parecia uma criança, uma garotinha que não devia passar dos dez anos. Tinha cabelos castanhos tão longos que quase chegavam nas pernas e falava em um tom bastante tranquilo.

– Você? Acha que precisamos chegar a esse ponto? - perguntou Chibang - Ningjing não é demais para uma missão dessas?

– Sou eu que quero ir - disse a menininha sorrindo - Eles enganaram a Dúshé. Imagino que se não forem fortes, são pelo menos espertos.

– Bem, queremos o pingente logo, não é? - falou Long - Tudo bem. Se Tiaoyue e Dúshé falharam, então mandar Ningjing é uma garantia.

Chibang olhou para a menina que apenas correspondeu com outro olhar penetrante. Por fim, a loira misteriosa aceitou a proposta.

– Muito bem, faça como quiser - disse Chibang, andando e passando pela garotinha - Boa sorte, irmã.

Aparentemente, elas eram irmãs.

– Agradeço, irmã - disse a garotinha que, por sinal, acariciava um pingente em forma de coelho. Que tipo de surpresas essa nova inimiga estaria preparando? E que tipo de ligação o clã Wong teve, há tanto tempo, com a atual Meyou Zidan? Muitas perguntas...

(*): Chibang, pronúncia aproximada para os caracteres 翅膀, significa "asa" em chinês. Fonte: Google Tradutor (me julguem)

(**): Ningjing, , pronúncia aproximada para os caracteres 宁静, significa "serenidade"