Simplesmente Complexo

Capítulo 46


Voz: Brennan

- Mani – Aiá? Mani – Aiá! Acorda!

Jung estava em um dos galhos em que estava amarrado meu tecido, balançando-o.

- Mani – Aiá, acorda!

Após a súplica de Jung, com dificuldade, abri meus olhos. O céu estava nublado... Era provável que houvesse chuva mais tarde.

- Mani – Aiá e Jung não podem ficar na Árvore da Colina... Zora e Caio foram para A Cabana, Jung e Mani – Aiá tem que ir para A Cabana também.

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Balancei a cabeça, afirmativamente e, por descuido, olhei para baixo. Estava realmente longe do chão... Uma queda certamente seria fatal. Engoli em seco, peguei a mão de Jung que estava esticada em minha direção, e me apoiei na árvore.

- Jung vai na frente de Mani – Aiá. Jung não vai deixar Mani – Aiá cair.

Engoli novamente em seco, segurei firmemente nos galhos da árvore, e desci com muito cuidado.

- Mani – Aiá aprendeu direitinho com Jung!
Jung se gabava, ao ver o quanto havia aprendido com ele nas últimas semanas. A princípio, não respondi... Sabia o quão arriscado era aquela descida. Mas ao chegar ao solo, fiz questão...

- Obrigada, Jung.

O abracei. Jung ficou sem jeito, seu rosto avermelhado, a cabeça logo cabisbaixa.

Ele certamente não poderia imaginar o quanto significava tudo o que havia me ensinado. Se não fosse por ele, teria perdido a vida... A chance de acreditar.

- Mani – Aiá e Jung tem que ir depressa... Arani¹ está chegando!

Não precisei perguntar, apenas o seguir. Já andávamos há 30 minutos, o céu havia escurecido.

- Mani – Aiá e Jung precisam correr... Apostar corrida.

- Você conta.

- 1, 2, 3...

E Jung e eu corríamos, ao som de trovoadas, que anunciavam a chuva que chegava. Instantes antes da chuva cair, avistamos A Cabana.

- Quantas Cabanas e Casas na Árvore vocês tem pela floresta?

Vi Jung tentar calcular, até que o interrompesse.

- Não precisa. São muitas.

Ele sorriu, satisfeito.

- Mani – Aiá, Jung, corram!

Zora nos chamava, do lado de fora da Cabana.

Era de madeira, simples, mas mais ampla do que a Casa na Árvore.

Jung e eu corremos, até que estivéssemos seguros lá dentro. Pelo espaço que deveria ser ocupado por uma porta, víamos a chuva, que caía com força. Estávamos sentados, todos, encostados no lado oposto a porta.

- Foi por pouco.

Caio constatou.

- Silêncio!

Jung olhou para todos nós, certificando-se de que estávamos calados.

Haviam vozes. Vozes vindas de todos os lados. Eu as reconhecia... A voz de Nathan, a voz de Ben, a voz dos demais. Pud e Snip os acompanhavam, procurando algum rastro meu. Ainda me procuravam.

Minhas mãos ficaram tremulas, assim como meu corpo. Qualquer ruído, e eles saberiam que estávamos ali... Qualquer ruído, e eles perceberiam que meu corpo não havia se perdido nas profundezas daquele rio com os tantos tiros que deram naquela noite. Senti Jung segurar a minha mão... Sua pulsação estava tão acelerada quanto a minha... Nossas respirações ofegantes. Fechei os olhos, não queria enxergar o que viria a seguir. Meus olhos fechados apenas capturaram uma luz... Eles haviam nos encontrado, não havia mais como fugir.

- Temperance Brennan! Mas que surpresa!

Não precisava abrir os olhos para saber que aquela voz era a de Ben.