The Beautiful Thieves

Talento Oculto


Aniversário? Dezoito anos?

E quem estava animado pra isso? Acertou quem respondeu Bryan Walker.

Para aquele dia, 14 de outubro, eu queria apenas passar o dia com papai no estúdio, eu passei a gostar muito de lá e de estar perto de papai graças à Davey. E algumas outras coisas...

E à noite, eu apenas precisava de um jantar em um restaurante qualquer, com Harry. Nada mais. Ou talvez depois do jantar, um bolo de chocolate para cantar um 'parabéns' com os criados e Harry. Porque até onde sabia, em meu país, aquelas eram as únicas pessoas que me amavam, o suficiente pra eu não precisar de mais.

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Eu não queria ainda que as pessoas soubessem da minha volta, a não ser quem me reconhecesse e espalhasse os boatos iria saber. Algo que não importava, porque eles jamais reconheceriam meu coração e tudo que passei para me tornar quem eles jamais escutaram falar.

Eu e papai entramos no 'aquario' de gravações, ele duvidava que eu havia aprendido a tocar violão e me desafiou a tocar para ele.

– Eu toco, mas não vale gravar minha voz estranha...

– E o que vai tocar?

– Ah... meu professor me ensinou muita coisa velha!

– E esse professor era quem eu estou pensando?

– Se estiver pensando no otário do Clayton, então sim!

– Você está me enrolando, Michelle!

– Tá bom, vou tocar Just Like Heaven, The Cure.

Ele ia falar algo, mas não dei tempo a ele. Peguei logo o violão e comecei, como se soubesse o que estava fazendo.

"Me mostre, me mostre, me mostre como você faz esse truque."

"O único que me faz gritar..." - ela disse.

"O único que me faz sorrir..." - ela disse.

E atirou os braços em volta do meu pescoço.

Me mostre como você faz isso

E eu te prometo, eu te prometo que

Eu fugirei com você.

Eu fugirei com você...


Girando até ficar tonto,

Eu beijei seu rosto, beijei sua cabeça

E sonhei com todas as maneiras diferentes

de fazer ela brilhar.

"Por que você está tão longe?" - ela disse.

"Por você nunca soube

que eu estou apaixonada por você?

Que eu estou apaixonada por você"


Você... Suave e única.

Você... Perdida e sozinha.

Você... Estranha como os anjos.

Dançando nos mais profundos oceanos,

Girando na água

Você é como um sonho,

Assim como eu tenho sonhado.


A luz do dia me deixou em forma,

Eu devo ter adormecido por dias.

E movi meus lábios para respirar seu nome,

Eu abri meus olhos

E me encontrei sozinho, sozinho, sozinho...

Acima de um mar revolto

Que roubou a única garota que eu amei

E afogou-a dentro de mim.


Você... Suave e única.

Você... Perdida e sozinha.

Você... É como o paraíso.''

Eu apenas estava cantando, com meus olhos fechados, tocando a música... uma das mais belas que Clayton quis me ensinar.

Senti que meu pai não era o único ali, parado a me escutar, mas eu apenas não conseguia abrir os olhos para saber quem era ali. Eu não queria saber quem estava ali, não sei se estaria pronta para encarar os olhos se fossem os de Davey, então fiquei calada.

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PARTE 2, DAVEY'S

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Era hora para mais um ensaio, eu me sentia torturado pela data. 14 de outubro. Como de costume, sempre chegava mais cedo que o combinado, gostava de conversar com Bryan, discutir ideias e composições, ver o que ele estava produzindo. Entrei no 9° estúdio para ensaios era onde ele sempre marcava os nossos. Assim que entrei, escutei alguma mulher cantando e tocando Just Like Heaven, a música que marcava minha vida. A última música que Christie ouviu. Eu apenas estava fissurado naquela voz, que me persuadia, me fazia escutá-la e esperar por mais. Era uma menina muito simples e bonita. Usava um colar com pingente que parecia um dente de um animal, um anel com uma pedra azul onde se usam alianças de casamento... talvez estivesse mesmo casada. Os cabelos eram escuros, muito curtos, como de um menino. A pele corada e o corpo miúdo vestido com blusa de frio justa, shorts e All Star. Fazia tanto tempo que eu somente via o artificial; rostos maqueados, roupas caras, cabelos coloridos e aquela menina me parecia tão... real. Tão desencanada com o mundo ao redor, cantando como se não existisse ninguém observando-a.

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- O que acha dela? Valeria a pena fechar contrato? - Walker perguntou quando ela terminou.

- Novata? Eu a achei encantadora... Ninguém acerta essa música muito bem.

Ele soltou um sorriso sádico. Não entendi bem. A menina abriu os olhos e encarou os meus. A pele dourada e os cabelos escuros realçavam seus olhos azuis, da cor da pedra de seu anel. Eram radiantes e cintilavam. Eu encarei melhor seu rosto, ela sorriu par mim e eu me lembrei instantaneamente de Michelle... o sorriso idêntico, mas não lembro de seus olhos terem a mesma beleza que os daquela menina. Sorri de volta para ela. Senti um inexplicável afeto por aquela estranha, bonita e magricela menina. Eu estava vendo a Michelle no rosto de todas as garotas. Só poderia estar enlouquecendo. Se ela fosse a Miche, eu sem dúvidas saberia. pov off

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PARTE 3 - NARRADO POR MICHELLE

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Eu não acredito que sorri para ele, nem que encarei seus olhos, como pude ser tão fraca? De certo, ele não me reconheceu, não teria sorrido de volta se soubesse quem era... Meu coração estava saltando e a música... eu sei o quanto significa para ele. Por que justo aquela ele tinha de me ouvir cantar?

Eu estava confusa, era incrível como ele despertava um turbilhão de sensações estranhas em mim ainda. Encarar aqueles olhos ainda estremeciam meu corpo.

Senti um carinho imenso por ele me invadir. Sempre o senti. Eu não sabia definir naquele momento o que era. Talvez fosse forte o bastante para me juntar a ele novamente, e amá-lo da forma certa desta vez. Era o que todas as pessoas esperavam: que fossemos um casal novamente. Josh queria isso, mais que qualquer pessoa talvez. Ele acreditava que Davey me faria feliz como nenhum outro seria capaz de fazer.

Ele sempre estava certo, em tudo. Eu só não podia definir se desta vez também estaria.

– Os olhos dele ainda brilham quando encontram os seus. - disse papai. - E os seus me parecem muito confusos neste momento.

– Ele nem deve saber que sou eu, pai.

– Sinal que você apaixoná-lo duas vezes, de formas diferentes.

– Talvez eu não o queira apaixonado por mim novamente... Às vezes o adeus é a segunda chance.

Saí dali, a sala seria usada logo por ninguém menos que a AFI inteira. E esbarrei com Davey, seguindo para lá, com um copo de café bem quente que derramou sobre minha roupa fina, me queimando, fazendo com que eu soltasse um grito.

– Por favor, me desculpe! Você saiu tão apressada, esbarramos...

– Me ajuda, isso está me queimando, David!


Ele tirou minha blusa impulsivamente, tirando seu casaco e colocando-o sobre mim, assoprava a queimadura em meu tórax... Ele estava perto demais e eu estava tremendo, meu peito ardia...

Até que parou e me olhou confuso.

– Como sabe meu nome?

Gelei com a pergunta, precisa de uma resposta altiva.

– Todos sabem o seu nome.

– E eu não sei o seu...

– Pode me chamar de Walker... Michelle Walker.

Eu vi tudo em seus olhos; espanto, amor, carinho e ódio. Tarde demais para me esconder. Tarde demais para fugir.

Agora eu tinha que encará-lo... ou ao menos tentar, pois ele tinha seus direitos para não escutar. Ao menos ele saberia que eu não fui covarde e fiz o que pude para fazê-lo aceitar as coisas que fiz, mesmo que nunca viesse a entender.