NOVE MESES DEPOIS

Maddy estava sentada em sua cama ouvindo a chuva cair. Boas lembranças invadiram sua mente. Principalmente a do dia em que Kevin invadiu se quarto, brigaram e no fim se abraçaram.

Havia nove meses que ela esperava respostas. Nove meses desde o desaparecimento de Kevin, morte de Tia Mary e Wade e também se mantinha escondida junto com Trish e seu pai num porão subterrâneo que ficava dentro de uma das casas mais velhas da cidade de Sunnymerce.

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Ela tinha feito a ultrassonografia naquele dia. Descobrira que o bebê estava bem e quando voltava pra casa passou em frente à Westmerce High School, sua antiga escola. Dali avistou a rua que levava a outra rua deserta e o beco fechado onde encontrou Kevin diversas vezes.

Morria de saudades dele, Tia Mary e Wade. E o que mais temia era nunca mais ver Kevin.

Trish abriu a porta do quarto e entrou se sentando ao lado de Maddy. Depois que Wade morrera, Trish chorou por duas semanas seguidas sem parar. Ela não conseguia largar a idéia de que a culpada pela morte dele era ela.

- Oi Maddy. Como foi no médico? – perguntou.

- Bem. O bebê está saudável e mês que vem vou tê-lo. – respondeu Maddy.

- Sabe o sexo?

- Não quis saber. Prefiro que seja surpresa na hora do nascimento – disse Madison.

- Maddie, eu sei que as coisas não estão perfeitas e que nós temos muitos motivos para nos preocupar. Mas, por favor, pare de ficar desse jeito! Não faz bem ao bebê! Você não pode simplesmente continuar desse jeito e esquecer que carrega uma pessoinha com você! – disse Trish.

- Eu sei Trish! Mas mesmo assim! É difícil! – disse Maddy chorando.

- Vem cá, amiga! – Trish a abraçou.

- Eu sinto falta de todos! – disse Maddy.

- Eu sei! Eu também sinto! – disse Trish.

Peter abriu a porta do quarto e pigarreou ao ver as duas abraçadas.

- Vamos! – disse ele.

- Vamos aonde? – perguntou Maddy sem entender.

- Eu vejo o modo como vocês estão com toda essa situação! Vamos investigar a morte de Wade e descobrir o paradeiro de Kevin! Não podemos ficar aqui simplesmente agonizando e esperando que algum milagre aconteça – disse ele.

- Mas senhor Ruby-Crow! Não podemos! Maddy está grávida! Sair daqui seria por a vida do bebê em risco! – disse Trish.

- Não Trish! – disse Maddy se levantando decidida – nós vamos! Eu não vou melhorar enquanto não souber o paradeiro do pai do meu filho!

- Você tem razão! – disse Trish.

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Doutor Hee caminhava tranqüilo pelos corredores da TORG. Ia “visitar” Kevin em seu cativeiro. Precisava se certificar de que ele estava vivo. O que certamente era constrangedor.

Ao chegar à porta fez um sinal com a cabeça para o segurança sair. O segurança curiosamente mantinha a cabeça abaixada, mas Hee não ligou. Abriu a porta e ficou surpreso. Não havia uma única iluminação na sala. Passou a mão pelo interruptor e uma luz pouco ofuscante acendeu na sala revelando um homem debruçado pelo chão ensangüentado e imóvel.

- Kevin! – gritou Hee correndo até ele – mas quem fez isso com você? – questionou.

Kevin não respondeu. Permaneceu imóvel.

- Ande logo! Diga alguma coisa! – disse Hee.

Kevin deu sinais de vida. Ele se moveu um pouquinho e agarrou a gola do jaleco de Hee. Doutor Hee fitou-o curiosamente. O rosto ensangüentado havia deixado ele quase irreconhecível. Hee já ia perguntar novamente quem tinha feito aquilo quando olhou fixamente para o rosto dele. E de repente, uma surpresa o atingiu. Não era Kevin. Era o agente Sin. Ele estava fazendo a vigia do cativeiro de Kevin.

- Mas não será possível... – disse Hee.

- Doutor... Hee – o cara disse com a voz roca – Ele... Armou uma... Fuga! Ele... Escapou! – o homem soltou a gola do jaleco e desmaiou.

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- Selena – disse Hee através de seu walkie-tokie – mande os nossos agentes atrás de Kevin. Ele escapou! – Hee desligou o walkie-tokie e sorriu surpreso.

Kevin havia armado sua fuga. E como fazia nove meses que ele estava preso, devia ter planejado com muita antecedência. A lógica passou pela cabeça de Hee. Ele estava disfarçado de segurança do seu cativeiro para não abrir suspeitas.

- Muito esperto Kevin. Muito esperto! – disse Hee.

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- Maddy tome cuidado! Você está comendo demais! – disse Peter.

Madison, Trish e Peter esperavam Jazz chegar. Estavam numa lanchonete perto de Westmerce High. E Maddy se esbaldava na batata frita.

- Estou com fome! O senhor sabia o quanto a gravidez faz a gente comer desesperadamente? – perguntou Maddy de boca cheia.

Trish riu.

- Por favor, Maddy! Seja um pouco mais educada e engula a comida! A pior parte que tenho de aturar na gravidez dela são as mudanças repentinas de humor – disse Trish.

Peter revirou os olhos.

- Vocês duas juntas não dão certo! – disse ele.

- Olá pessoal! Desculpem o atraso! – disse Jazz se aproximando com seu jeito de cantor de rap. – meu Deus Maddy que barrigão! Está grávida de quantos? Quatro? – perguntou abraçando-a.

- Bobo! – Jazz era o cara mais legal que Maddy conhecera em toda sua vida.

- Trish! – ele beijou a mão dela galanteador.

- Olá pai da Maddy – disse ele.

- Peter, por favor! – pediu ele.

- De boa. Então posso pedir um hambúrguer e depois digo as notícias? – sugeriu Jazz.

- Claro! Fique a vontade! – disse Maddy.

Depois que Jazz pediu um hambúrguer duplo com queijo mais um grande copo de refrigerante, todos se prepararam para conversar.

- Tenho notícias inéditas! – disse Jazz – antes de vir pra cá o pessoal da AOGP me avisou que Kevin fugiu do cativeiro.

- Kevin estava num cativeiro? – perguntou Maddy pasma.

- Estava. Mas soube que ele fugiu hoje de manhã. Ficou preso nove meses! – disse Jazz.

- Que horror! – disse Trish. Os olhos de Maddy lacrimejavam.

- Não acredito... Eu não devia tê-lo deixado lá! – disse Maddy.

- Bom Maddy, ele fez aquilo para te salvar! Não precisa ficar se culpando pelo passado! – tranqüilizou Jazz – mas preciso avisar que você precisa ficar longe dele.

- Por quê? – questionou Maddy.

- Maddy, não sei se Kevin continua o mesmo. Hee usou tratamentos psicológicos nele. Isso afetou muito o emocional dele! Madison, por mais que ele tenha fugido eu posso te garantir que ele voltou a ser aquele mesmo Kevin que te ameaçou na escola! – informou Jazz.

- Ele te ameaçou na escola? – perguntou Peter surpreso.

- Pai! Essa é... Outra história! – disse Maddy.

- Não importa! Você precisa ficar longe dele até termos certeza de que é seguro! – disse Jazz.

- Tudo bem. Mas não é isso que eu queria... – Maddy prendeu a respiração.

- O que foi Maddy? – perguntou Trish.

Madison arregalou os olhos.

- O que houve querida? – perguntou Peter.

- Gente... Ou eu fiz xixi nas calças ou a bolsa estourou! – disse Maddy.

- O bebê vai nascer! – gritou Jazz.

- Muito bem! O que vamos fazer? – perguntou Peter apavorado.

- Levar ela pro hospital gênio! Óbvio! – disse Jazz.

- Ah! – Maddy soltou um grito agudo.

- Caralho guria! Vou ficar surdo desse jeito! – disse Jazz rindo.

- Cala a boca! – guinchou Maddy.

- Maddy respira! – disse Trish respirando aceleradamente e Maddy fazendo o mesmo.

Peter a carregou no colo enquanto Jazz saia pulando atrás e Trish preocupada.

Saíram da lanchonete e carregaram ela até o carro.

- Pra qual hospital a levamos? – perguntou Peter.

- Mas que merda! Me leva pro mais próximo! To tendo um bebê! – gritou Maddy.

- O Sunnymerce Hospital! – disse Trish.

Peter acelerou o carro até o hospital. Jazz carregou Maddy para fora e entrou com ela dentro do hospital. A atendente entendo exatamente do que se tratava já foi passando uma cadeira de rodas para Maddy.

- Vocês três estão com ela? – perguntou a moça ajudando Jazz a sentar Maddy.

- Sim – respondeu Trish.

- Muito bem! O negão alto e morena vão com ela pra sala de partos no segundo andar. O senhor fica aqui e preenche a ficha dela – disse a moça.

Era uma garota magrinha e loura dos olhos castanhos e cabelos lisos.

- Negão? – perguntou Jazz sorrindo – gata, pode deixar que eu volto e te dou meu número. Sou Jazz.

- Sou Marisa. É um prazer te conhecer, mas depois conversamos. Levem ela agora! – disse Marisa.

Jazz assumiu o comando da cadeira de rodas. E Trish foi seguindo junto.

- Jazz, péssima hora pra namoros! – disse Trish.

- Que foi? Não é todo dia que a gente arruma as gatinhas! – disse ele.

- Calem a boca e me levem pra sala de partos logo! Senão é capaz deu ter o bebê pela boca de tanto gritar! – disse Maddy.

- Saiam da frente, saiam da frente! Tem uma grávida buchuda em trabalho de parto passando! – disse Jazz correndo com a cadeira de rodas.

Depois de pegarem o elevador correram com ela até a porta da sala de partos. Um grupo de médicos já estava lá à espera de Maddy.

- Muito bem agora. Nós a levamos. Só um de vocês pode acompanhar para dar força! – informou a enfermeira.

- Vai você Trish. Você é amiga dela de longa data! – disse Jazz.

- Sim, eu vou! – Trish acompanhou o grupo de médicos com Maddy na cadeira de rodas até uma sala específica.