Delírios Insanos

O que Há Além da “Porta Misteriosa”


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Luna Lovegood

Três semanas, quase um mês: era o tempo que transcorrera desde a minha chegada a Casa dos Gaunts agora. Até então ninguém viera me salvar - duvido que venham. Tom até que não é má companhia, mas às vezes sinto saudades do meu pai, dos meus colegas de Hogwarts, da minha vida antes disso tudo... E quanto a Harry? Que fazia nesse tempo todo para derrotar Voldemort? Caçava as horcruxes? Espero que tenha conhecimento da existência destas; do contrário, será tudo em vão. Não consigo imaginar alguém que divida a própria alma em fragmentos: ainda mais sendo que, para fazê-lo, deve se tornar um assassino. Lembro de ter lido uma vez que a única maneira de reintegrar todas as partes é se a pessoa se arrepender de verdade. Não enxergo Voldemort sentindo qualquer tipo de remorso, por menor que seja...

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Hoje estou com uma sensação estranha... Pela primeira vez não sinto receio ao voltar meus olhos para a última porta do corredor. Curiosidade: quando percebo, estou de frente a mesma. Num ímpeto, giro a maçaneta; destrancada. Empurro a madeira devagar, respirando pesadamente. A ansiedade me consome: fecho os olhos por um instante. Entro. Não tem ninguém: uma cama forrada com lençóis brancos imaculadamente impecáveis; uma janela encoberta por pesadas cortinas negras; na parede oposta, uma estante repleta de livros, que pelos títulos, referem-se a Artes das Trevas; e uma cobra. UMA COBRA? Sim, uma cobra!

- Por favor, não me machuque! - Suplico, de olhos cerrados, sentindo a presença daquele ser bem próxima de mim. Estou trêmula e ofegante. É quanto sinto uma respiração gelada contra o meu rosto, um terceiro que aparecera de súbito. Ele diz algo que não entendo; ofidioglota? - T-Tom? - Chamo-o num sussurro, ainda sem abrir os olhos.

- O que? - Murmura de um modo estranhamente gentil, me fazendo estremecer. Quando finalmente decido fitá-lo, percebo o quão próximos estamos e estanco - Por que está no meu quarto?

- Eu não... - Tento explicar, entretanto, sou interrompida por um “Shii”. O rapaz continua.

- Estava mesmo te esperando. - Pisco repetidas vezes sem entender.

- Como assim? - Indago.

- Pensei que você não viesse... - Prossegue, ignorando-me - Mas você está aqui. - E sua face vai ficando cada vez mais perto, mais perto, mais perto... Desta vez eu correspondi o beijo. Enlacei seu pescoço com uma de minhas mãos, enquanto a outra subia ao encontro de seu rosto. Ele era tão... frio. Suas mãos geladas apertavam minha cintura, fazendo-me ir de encontro a si. Por que ele estava fazendo isso? Por que eu estava aceitando aquilo? Afinal, tudo não passara de um impulso?

- Por que? - Pergunto num fio de voz.

- Eu estava te esperando... E você veio... - Era só o que dizia. Ainda não compreendia: Tom Riddle era uma pessoa esquisita.

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Tom Riddle

- Huumm... - Gemia contra seus lábios. Luna era sem dúvida uma excelente distração; desde aquele dia esperava que viesse ao meu encontro. Sabia que mais cedo ou mais tarde ela apareceria. E finalmente o momento chegara! Jamais a proibi de entrar em meus aposentos, na verdade, nem mesmo lhe disse que aquele era o meu quarto. Era ali que passava a maior parte do tempo, com Nagni, minha única e verdadeira amiga, antes dela chegar.

- Por que fica tanto tempo com ela? - Nagni questionou-me naquela noite de terça-feira. Era verdade que agora não conversávamos tanto quanto antes... Refleti por um momento.

- Gosto dela. - Respondi de forma vaga.

- E quanto a mim? - Sorri. Então minha cobra sentia ciúmes de seu dono?

- Ela é só uma companhia. - Comentei indiferente.

- Pensei que eu lhe fizesse companhia... - Constatou, de um jeito que definiria como triste. Tento consolá-la:

- Nagni, você é a única que entende as minhas reais preocupações; mas preciso de alguém que me distraia, faça-me esquecer da realidade vazia em que vivo. Eu gosto muito de você; é parte de mim. - Tanto que a tornara uma de minhas horcruxes - Mas o que tenho com aquela menina é diferente; não sei explicar. - Confessei.

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- Ela é sua prisioneira. - Tinha razão.

- Eu sei; no entanto não consegui evitar afeiçoar-me a ela. - Suspirei pesadamente. Me considerava um completo idiota!

- Você se apaixonou... - Escutei-a silvar com espanto. Fiquei em silêncio.

Nagni nos deixara a sós; agora ali estávamos aos beijos e carícias. Foi quando ela distanciou-se de mim. Mirei-a de um jeito desaprovador e diria, até mesmo, indignado.

- Por favor, não faça mais isso. - Meu semblante converteu-se numa expressão aturdida e perplexa.

- Por que? Você... Não gostou? - Indaguei deixando, não intencionalmente, que minha insegurança transparecesse. Ela sorriu, da mesma forma que sempre fazia quando não concordava com que eu dizia, pouco antes de contrapor o assunto com algum argumento inusitado.

- Sabe, essa noite sonhei com Narguilés: haviam muitos no jardim da minha casa... - Olhei-a completamente transtornado; como ousava mudar de assunto daquela forma tão repentina e irracional?! Baguncei meus cabelos freneticamente para só então encará-la frio e murmurar um “Hm“, saindo irritado logo em seguida. Francamente, já não sei mais o que fazer! Tentei ignorá-la, esquecê-la, convencer-me de que aquilo era impossível... Desistir e não mais resistir; absolutamente nada funcionara!

Aparatei para longe dali: já não era Tom Riddle, agora era o cruel e inescrupuloso Voldemort. Outra vez estava na Casa dos Malfoys; Bellatrix falava com o sobrinho a respeito de algo que não me interessava nem um pouco naquele momento.

- M-milorde? - A Lestrange balbucia surpresa com a minha presença tão súbita.

- Não devia estar na escola, Draco? - Ignorando-a, questiono o rapaz que desviara os olhos para fitar os próprios pés, provavelmente muito assustado em me ver.

- Papai mandou me buscar para tratar de uns assuntos, senhor. - Responde-me num fio de voz.

- Dirija-se ao Lorde como seu superior, tratando-o como “milorde”, garoto! - Sua tia o repreende, com aquela maldita voz esganiçada que tanto incomoda-me; ora, se assim fosse, eu mesmo resolveria aquilo. Detesto ser interrompido... Reviro os olhos e continuo:

- Lembre-se de que todos os bruxos menores do país devem frequentar Hogwarts; sem exceção. - Ele assente. Bellatrix continuava a me mirar intrigada - E quanto a você... - Digo apontando-a com desdém - Saia.

- M-mas, m-mas, milorde... - Como aquela inútil podia contestar uma ordem direta minha?!

- IMEDIATAMENTE! - Vocifero zangado. Estava muito impaciente para lidar com qualquer tipo de desobediência vinda dos meus servos: não hesitaria nem um pouco em lançar um Avada Kedrava no primeiro que desafiasse-me! Assim que ela se retira, Draco faz menção de levantar-se da poltrona onde se encontrava sentado - Você fica. - Falo de modo seco. Ele reluta, mas acaba concordando - Agora me diga: - Prossigo - conhecia bem a Srta. Lovegood?

- A “Di-lua”? - Pergunta nervoso, uma das sobrancelhas arqueadas.

- NÃO A CHAME ASSIM! - Berro frustrado.

- P-perdão... - Desculpa-se, trêmulo.

- Ainda não respondeu a minha pergunta. - Encaro-o de forma fria, titubeando os dedos. Percebo que o menino engole em seco.

- N-na verdade, ela era amiga de um amigo, Blaize Zabine. - Explica.

- Um sonserino? - Retruco. Mediante a confirmação, continuo - E o que sabe sobre ela?

- Como já disse, conhecia-a apenas de vista; só sei o que dizem. - Encolhe ligeiramente os ombros.

- Hm. Me falou que a garota era amiga do Potter, não?

- S-sim.

- E está certo disso? - O rapaz me mira confuso - Quero dizer se não sabe que tipo de relacionamento ambos tinham; seria apenas amizade ou... haveria algo mais? - Tento não parecer interessado, embora a ansiedade me consuma para ouvir o que tem a dizer.

- Potter namora Gina Weasley. - Comenta, compreendendo ao que me refiro - Ele e Luna são apenas amigos; se conheceram no quinto ano. Desde então, passam algum tempo juntos e só. Ao que parece, ela é muito solitária, não tem muitos amigos... - Por favor,se eu quisesse mesmo saber daquilo, bastava usar outro Legilimens na moça. Permiti-me divagar em meio a devaneios, ignorando a presença de Draco, quando: - Posso fazer uma pergunta, milorde? - Emprega a palavra com ênfase, talvez recordando-se do que a Lestrange dissera.

- Se for realmente necessário... - Franzo o cenho. Ainda que hesitante, o garoto me encara.

- O que houve com Luna Lovegood? - Titubeio por um momento.

- Está morta. - Digo com a típica indiferença e frivolidade com a qual todos já estavam acostumados. Ele parece ficar perplexo por um instante, mas logo recompõe-se - Já pode se retirar. - O jovem Malfoy sai rapidamente do grande salão, deixando-me sozinho. Seria melhor se acreditassem que ela estava morta; ora, e não o estava de fato? Com exceção de mim, ninguém mais possuía conhecimento de sua existência. Confinada a Casa dos Gaunts, onde está presa, para sempre. Comigo. Minha! Como uma propriedade. Não há qualquer possibilidade de liberdade pra ela - a não ser que o Santo Potter apareça. Está morta.

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