Delírios Insanos

Hora do Chá


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Tom Riddle

O rosto de Potter parecia-me distante naquele momento; ao mesmo tempo que eu adentrava o recinto, este o deixara, partindo numa aparatação veloz, acompanhado daquele maldito elfo que um dia pertencera aos meus servos - quanta ingratidão! Ao me perceber, os quatro calaram-se e realizaram uma reverência. Mas os meus olhos ainda focavam o espaço, agora vazio, ao centro do salão. Encarava o lugar fixamente, quando dei-me conta da presença daquela coisa, ali estirada, imunda, coberta pelo próprio sangue. Bellatrix permanecia ao lado dela, imóvel, segurando uma varinha que reconheci como não sendo a sua, apertando-a fortemente entre os dedos, erguendo os olhos para me fitar com aquele sorriso sádico. Não eram necessárias palavras para que eu soubesse o que se passara.

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- Quem é essa menina? - Foi a primeira coisa que disse desde que chegara. Mirava o ser aos meus pés com repulsa e superioridade. Não parecia ter mais do que dezesseis ou dezessete anos. O que significava que ainda estudava em Hogwarts; uma colega de - Draco! - Chamei-o. O rapaz tremeu, mas prontamente assentiu, dando um passo a frente e começando a falar, mediante o olhar inquisidor dos pais.

- Esta é Luna Lovegood. - Respondeu-me num fio de voz - Mas nós a chamamos "Di-Lua", porque está sempre defendendo suas ideias absurdas e falando de coisas que não existem. - Uma louca? Ora, que inusitado...

- Sangue-puro? - Mediante a confirmação, sorri - E como veio parar aqui? - Estava começando a ficar interessado naquela jovenzinha.

- O pai dela é editor do Pasquim, aquela revista ridícula, que ultimamente tem publicado textos apoiando o Potter; ela é amiga dele. Foi sequestrada e o pai avisado de que não tornará a vê-la enquanto não nos trouxer o garoto. - Realmente, era uma pena para a senhorita Lovegood ser tão afeiçoada ao meu inimigo. Será? Talvez isso fosse-me útil. Desviei a minha atenção do garoto, que encolheu-se num canto, se calando, enquanto me voltava para Lúcio.

- Disse que ela é uma das amiguinhas do Potter, Malfoy? - Questionei-o, divertido. Ele confirmou, balançando a cabeça afirmativamente inúmeras vezes.

- Sim, milorde, lembro-me de tê-la visto com ele e seus outros colegas quando nos encontramos no Departamento de Mistério e a Ordem da Fênix nos confront...

- Ah, sim, a profecia que, a propósito, você não foi capaz de me trazer, Lúcio. - Corteio-o propositalmente, recordando-me da vez em questão. Notei que o mesmo engolira em seco. Não me importando com a reação de pânico que causara neste, prossegui para sua esposa, que permanecera muda o tempo inteiro - Narcisa, quero que mande alguns Comensais à casa da senhorita Lovegood para que avisem seu pai de que o prazo já esgotou-se: Potter esteve aqui e se foi, e agora a filha dele é quem irá pagar pela imprudência do mesmo. E que seja do conhecimento de todos que, aqueles que ficam contra o Lorde das Trevas, sofrem em demasiado. Que sirva de exemplo para que não tornem a desafiar-me, caso o contrário, seus filhos serão os próximos. - A loira acatou imediatamente minhas ordens, saindo logo em seguida.

- E quanto à garota, milorde? - Ao ouvir a voz esganiçada, sendo exprimida com certo desdém e curiosidade quanto ao futuro incerto da moça, desejei lançar um Crucius tão mortal na morena quanto, provavelmente, fora o que atingira a menina. Detestava quando meus servos indagavam-me a respeito de meus planos, sem minha permissão.

- Eu a levarei comigo, Bellatrix. - Anunciei de forma seca; pensamentos um tanto quando sádicos devem ter povoado sua mente, pois o semblante desta iluminou-se e uma gargalhada sinistra e histérica cortou a atmosfera; o jovem mirava-nos assustado. Ignorei ambos - Rabicho! Rabicho! - Chamei-o; onde estaria? Lúcio e Narcisa entreolharam-se nervosos. - Diga. - Ordenei.

- Milorde, Potter e seus amigos... bem... Ele foi morto durante o ataque. Mas não se preocupe: já enviei alguns dos nossos para capturá-lo. Não tardará até que isso aconteça... - Ele contou-me, pouco embaraçado. A ausência de seus serviços causariam-me incômodo, mas não era como se eu tivesse perdido alguém de grande importância; contanto que me trouxessem o garoto... Murmurei um "Hm" e fui em direção a adolescente inconsciente no chão. Teria de carregá-la sozinho então; apanhei-a e aparatando, sem mais delongas, desapareci.

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Surgi de novo num dos quartos de hóspede da antiga casa dos Gaunt. Sem Pettigrew, não haveria ninguém para entreter-me enquanto estivesse ali; aquela era minha residência e não um quartel general, onde podia descansar e refletir - sozinho - sem a interferência de meus Comensais. Ali não era incomodado pelos bajuladores. Mirei mais uma vez a garota em meus braços: o que eu pretendia fazer com ela mesmo? Ah, sim: torturá-la para, quem sabe, obter algum dado útil a respeito do Potter ou, talvez, levá-lo ao meu encontro, almejando salvar a amiga que deixara para trás. Entretanto, nesse estado, ela não duraria muito tempo... Acomodo-a na cama e realizo um contra-feitiço, que regenera seus ferimentos e cortes profundos. Porém, ela ainda está suja de sangue - seu aspecto é deplorável! Irei aguardar que desperte sozinha e decido o que fazer depois. Foi um daqueles longos dias: outra vez, aquele moleque escapou!

Era perdido em meio a essas lembranças que ouvia o som da água caindo no cômodo ao lado - o banheiro. Aquela casa era um lugar destinado a mim com o propósito de deixar-me só: a mansão foi construída no sopé de um morro da cidade, num arvoredo escondido próximo a uma estrada, longe da visão dos trouxas. A casa é ladeada por árvores próximas, bloqueando a visão do vale. Deste modo, ninguém sabe a localização exata do meu esconderijo. Mas, ainda sim, necessito de alguém com quem possa conversar simplesmente, uma pessoa que não fosse tola ao concordar com tudo o que eu dissesse; alguém para me desafiar com suas novas ideologias, alguém como... Luna Lovegood. O diálogo tão original, a forma diferente de pensar, definitivamente, não era nem um pouco insana. A ideia de mantê-la ali como uma espécie de hóspede viera num sobressalto; seria, no mínimo, interessante.

Quando ela apareceu na porta, trajava um longo vestido negro - creio que pertencera a minha mãe. Eu já estava esperando-a, sentado em minha poltrona, próximo a janela, de frente a uma mesa repleta de guloseimas (as pessoas adoram essas coisas repulsivas, não?), onde um bule com chá morno encontrava-se. Fiz sinal para que se sentasse a minha frente, na cadeira que puxara com um movimento de minha varinha. Ela ainda me fitava curiosa, porém, obedeceu-me.

- Por favor, sirva-se, senhorita Lovegood. - Digo-lhe de modo muito cordial. Observo-a enquanto come. A mocinha parece-me apreensiva com algo, coisa que não me passa despercebida. Era óbvio que ela temia por seu futuro.

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