Delírios Insanos

Na Torre da Ravenclaw


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Luna Lovegood

Camuflados sob a Capa da Invisibilidade (uma das três relíquias, creio eu), andávamos calados. Nenhum de nós sabia ao certo o que dizer, e o medo de ser apanhados por um certo poltergeist também não era um grande incentivo; Harry concentrava-se no mapa em suas mãos, tentando esquivar seus olhos de minha singela figura. Acho que ele ainda sente-se culpado pelo incidente ocorrido na mansão dos Malfoys há alguns dias.

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- Sabe - Disse de repente -, minha mãe dizia que tudo tem um lado bom: basta olhar com atenção para enxergá-lo nas coisas com clareza. - Harry encarou-me meio constrangido, como quem não entendeu aonde pretendia chegar. Sorri, fingindo não perceber. Seguimos mudos.

O salão comunal da Corvinal situa-se em uma torre no lado oeste da escola. É uma sala grande e circular, com paredes enfeitadas com tecido de seda azul e bronze, um carpete azul-meia-noite. O teto é ornamentado com estrelas, as janelas são em forma de arco e apresentam uma bela vista para as montanhas. Ao lado da entrada para os dormitórios, fica a estátua de bronze da fundadora da casa.* Agora diante da escultura, observávamo-la atentamente.

- Como consegue ser assim? - Questionou-me subitamente - Tão gentil, alegre e positiva, apesar de tudo... - Suspirou triste, parando para divagar por um momento - Eu realmente sinto muito por tudo. - Falou mirando-me profundamente.

- Está tudo bem; além do mais, se não fosse pelo que aconteceu, não teria conhecido o verdadeiro Tom Riddle, que alterna-se entre um bruxo poderoso e um adolescente ambicioso, se escondendo sob a aparência de Voldemort, e não possuiria sequer ciência das horcruxes que você, Rony e Hermione estão empenhando-se tanto em encontrar... - Notei que agora ele olhava-me boquiaberto e teria certamente gritado assombrado se não nos encontrássemos nas atuais circunstâncias.

- C-como assim? - Balbuciou nervoso.

- Está tudo bem; cheguei a essa conclusão ainda a pouco, quando te ouvi falando do diadema. É que enquanto estava na companhia de Tom em sua casa... - Não pude continuar pois ele me interrompeu, ainda mais surpreso.

- Espere: você disse “Tom”?! Vocês estavam juntos?! E na casa dele?! Luna! - Disparou essa torrente de indagações indignado. Ri baixinho com a perplexidade que causara em meu amigo. Imaginava que qualquer um em seu lugar estaria abismado.

- Bom, depois daquela noite, ele achou que sem Rabicho, sua vida ficaria pouco monótona, e quando soube por Draco que nós somos amigos, pensou em me usar pra saber de seu paradeiro; se ele manteve-me viva é porque me considerou uma companhia agradável e, agora posso afirmar, Tom também não é tão ruim assim. É apenas um rapaz confuso, sedento por poder.

- O QUE? - Desta vez não pôde conter o berro de espanto - COMO ASSIM?! ESTÁ TENTANDO DIZER QUE ACHA ELE BOM? FICOU LOUCA?!

- Não é a primeira vez que questionam-me quanto ao meu estado mental... - Conclui dando de ombros.

- LUNA! - Continuou exasperado, sem se importar com as consequências que aqueles brados poderiam acarretar.

- De qualquer forma - Prossegui, ignorando-o -, notei o quanto Riddle ficou nervoso ao pensar que Helena tinha me contado sobre o diadema. Por isso acho que é o objeto que você tanto procura. Bom, é uma horcrux a menos; agora só precisa encontrar as outras duas relíquias. Acho que Voldemort já possui a Varinha, mas sei que você também tem a Capa da Invisibilidade e estou certa de que sabe onde encontrar a Pedra (isto é, se já não a tem). - Uma vez mais, meu querido amigo fitou-me transtornado.

- M-mas... C-como... Quando... Luna, eu... - Não pode terminar, pois Aleto Carrow encontrava-se parada atrás de nós, com uma terrível expressão ríspida. Bastou que ela tocasse a marca em seu braço para o rosto de Harry converter-se numa dolorosa careta.

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Tom Riddle

Eles apanharam o garoto... Finalmente, encontrei Harry Potter! Ao mesmo tempo que uma sensação de contentamento toma conta de mim, esta vai esvaindo-se aos poucos, dando lugar ao ódio que sinto pela figura que este moleque representa, que vai aumentando em proporções gradativas e transtornando-me mais.

Vingança: é tudo que desejo. Nada nem ninguém irá me impedir de conseguir o que quero - nem mesmo Luna Lovegood. Como fui tolo... Quase desisti de tudo! Por sorte, ainda restou-me um pouco de razão. Estou fazendo o que é certo, não?!

Em poucas horas, estávamos todos preparados para atacar Hogwarts. Quem sabe nem todos os meus servos fossem inúteis... Talvez só a maioria. Decidi que já estava mais do que na hora de realizar o meu pronunciamento:

- Sei que estão se preparando para lutar. - Comecei num tom frio, ouvindo vários gritos e vozes se confundindo, dizendo coisas do tipo “Ele está na minha cabeça!” ou “Vamos todos morrer!”. Já esperava por algo assim. Sorrindo triunfante, prossegui - Seus esforços são inúteis. Não podem lutar comigo. Não quero matar vocês. Tenho grande respeito pelos professores de Hogwarts. Não quero derramar sangue mágico. Entreguem-me Harry Potter e ninguém sairá ferido. Entreguem-me Harry Potter, e não tocarei na escola. Entreguem-me Harry Potter e serão recompensados: terão até meia-noite. - Disse por fim. Seria uma questão de tempo até tê-lo em minhas mãos.

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Luna Lovegood

Harry continuava a procurar por Rony e Hermione no salão principal. Os Weasleys também pareciam não saber aonde ambos estavam. Sentada na mesa de minha casa, observava a expressão aflita e inquieta de meu amigo. Pobre Potter, estava tão abatido! Gostaria de poder ajudá-lo. No entanto, Cho e os outros estavam certos: não se há memória de alguém vivo que já tenho visto o...

- Helena... - Concluo num sussurro. Fazia sentido: Tom achou que o fantasma da mulher cinzenta tivesse me contado alguma coisa a respeito do diadema. Tínhamos de falar com ela! Procurei pelo “Menino-Que-Sobreviveu” correndo os olhos pelo imenso salão: o encontrei em meio ao tumulto que instalara-se falando com a professora McGonagall. Pus-me de pé nem salto, mas quando me preparava para ir até o mesmo, notei que ele estava indo embora - HARRY! - Chamei-o num sobressalto - HARRY, ESPERE! - Gritei enquanto enxergava-o distanciando-se. Tentei alcançá-lo a todo custo e, em meio a empurrões e a um fluxo de estudantes que descia apressado as escadarias, consegui puxar-lhe pela manga e correr com o mesmo na direção oposta.

- Luna, o que você...? - Indagou confuso - Espere, não vai me dizer que... - Cortei-o bruscamente: nosso tempo estava se esgotando.

- Eu sei o que devemos fazer! - Falei num tom repleto de convicção - Precisamos falar com uma pessoa: ela é a única que poderá nos dizer aonde encontrar o diadema.

- Aonde estamos indo? - Perguntou enquanto andávamos rapidamente pelos corredores vazios.

- Confie em mim. - Pedi, parando para mirá-lo nos olhos.

- Sempre. - Assentiu sorrindo, deixando-se ser arrastado no meu encalço. Quando finalmente chegamos à torre mais alta do castelo, anunciei:

- É aqui. - A Torre da Ravenclaw.

- Por que me trouxe aqui? - Questionou olhando em volta.

- Você vai ver: HEY, HELENA! - Harry vacilou uns dois passos, pouco assustado com meu berro - Desculpe, mas apenas assim ela atende. - Expliquei.

- Luna? - A voz graciosa do fantasma soou como uma brisa gelada - Quem é este? - Apontou para Potter, que observava-a atônito.

- Ele é um amigo. E precisa da sua ajuda pra derrotar de uma vez por todas “Você-Sabe-Quem”. - Confessei-lhe num timbre baixo.

- Por que estamos sussurrando? - Harry encarava-me intrigado, murmurando também.

- Não sei. - Ri, dando de ombros, voltando a falar normalmente. Percebi que a filha de Ravenclaw continuava a nos mirar inquisidora com uma sobrancelha arqueada - Bom, queríamos perguntar se a senhorita não saberia alguma coisa a respeito do diadema perdido da sua mãe...

- Quer dizer que ela é... - O rapaz olhou-me perplexo - Luna, tem mais alguma coisa que eu não saiba e você queira me contar?

- Hum... Acho que não. Bom, pelo menos, nada que importe muito no momento.

- Luna?! - Balbuciou exaltado, diante da possibilidade de que eu pudesse surpreendê-lo ainda mais. Quis lhe dizer naquele instante, mas o fantasma de Helena preparava-se para ir embora.

- Não vai, Helena... Precisamos da sua ajuda! Por favor. - Supliquei-lhe. Ela parou, flutuando no ar, ainda de costas e, sem encarar-me, começou:

- Contei o meu segredo a ele, há muitos anos atrás. Fui traída. - Suspirou visivelmente decepcionada - Desculpe, Luna: gostaria, mas não posso...

- Harry Potter? - Aquela voz... Eu a reconheceria em qualquer lugar: rouca e sedutora, um timbre doce e, ao mesmo tempo, áspero. O fantasma já havia partido. Volto-me lentamente para trás e miro em demasiado perplexa a figura de Tom Riddle.

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