In Love Again

CHARLIE (PARTE I)


- Para, para, para! - Eu gritei quando ví o Damon espancando a massa do risole com o rolo de massa.

- O que foi? - perguntou sem compreender

- O que. Você. Está. Fazendo?

- Com esse rolo compressor? - ele o levantou e ficou sacudindo-o no ar

- Não é rolo compressor, é rolo de massa. - eu disse

- Tanto faz. - ele voltou a espancar a coitada massa de risole, então tomei o "rolo compressor" da mão dele e fiquei encarando-o:

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- WTF? É para esticar a massa, não pra mandar ela pro hospital! E desse jeito você vai acabar quebrando a mesa também!

- Meu Deus! - ele disse esbugalhando os olhos como se houvesse um fantasma atrás de mim, mas como seu foco era eu e não algo atrás de mim, então comecei a me olhar procurando alguma aranha ou escorpião subindo pela minha blusa.

- O que é? - gritei assustada

- A Bella falou um palavrão. - sussurrou com désdem

- Idiota! - eu disse batendo com o rolo de massa em sua cabeça

- É sério! Falar palavrão não é contra uma das suas mil leis para ser uma boa garota?

- Primeiro: Eu não sou uma boa garota! Segundo: Eu não tenho mil leis para ser uma boa garota. Terceiro: Eu só falei as iniciais, então tecnicamente eu não disse nenhum palavrão.

- Eu acho isso uma merda, é como dar um tiro em alguém mas estar usando uma luva para não deixar as impressões digitais na arma e não ser descoberto. Pra mim é tudo a mesma merda, se você diz as iniciais você teve a intenção de dizer o palavrão e o que vale é a intenção. - ele discurssou uma de suas teorias... Porque o Damon sempre tinha que ter uma opinião sobre tudo? Bem, isso era bem Damon.

- Você não pode falar nada! - esbravejei colocando o dedo indicador em seu peito - De dez palavras que você diz onze são palavrões.

- E isso significa que eu sou profissional no assunto, então obviamente eu posso sim falar porque eu sou profissional. - ele disse sériamente como se estivéssemos discutindo sobre a queda da bolsa de valores.

- Ok Sr. Profissional de palavrões, você pode ir pro fogão enquanto eu cuido da massa?

- Hmrm. - murmurou distraído enquanto assumia a panela com o recheio do risole.

- Vocês não precisam fazer isso crianças. - minha mãe disse pela trigésima sétima vez.

- Mãe, eu me importo com o meu pai e não acho nada justo que ele chegue aqui para me visitar e não tenha alguma coisa ao menos comestível, para comer. - tentei explicar, dando de ombros.

- E é por isso que vocês estão cozinhando no meu lugar. - ela concluiu fazendo beicinho.

- Isso aí!

- E eu não posso fazer nada para ajudar? - perguntou esgueirando-se no fogão para ver o trabalho de Damon.

- Bem, a comida é massa então acho que seria bom um vinho para acompanhar. - ele respodeu no meu lugar.

- Estou indo providenciar o vinho. - Rennée disse e saiu porta afora, feliz por poder ajudar em algo.

- Esqueceu a chave do carro! - gritei para ela e pela janela a ví voltar relutante.

Tive que reprimir uma risada.

Renée voltou pisando duro e resmungando enquanto pegava a chave encima da mesa e retornava a seu carro agora podendo dar a partida, então o carro sumiu de vista e voltei a me concentrar no jantar.

Eu sorria inconscientemente pensando em todas as maluquices da minha instável mãe e sacudi a cabeça sem querer acreditar que fiquei tanto tempo sem isso, sem toda a insanidade que me fazia gargalhar.

- Pensando no que? - perguntou Damon, perto demais, perto demais, com a boca ao pé do meu ouvido me fazendo arrepiar e pular para trás.

- Você me assustou! - eu disse com a mão no pescoço, respirando fundo para tentar normalizar meu batimentos cardíacos que galopavam.

- Desculpe, mas não resisti. - ele disse pegando uma mexa do meu cabelo que saíra do lugar e colocando atrás da minha orelha. Corei.

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Damon me olhava esperando que eu respondesse sua pergunta. Raramente ele desistia depois que fazia uma, então suspirei derrotada.

- Estou com saudades. - confecei.

- Do seu pai?

- Não. Da minha mãe.

- Não entendo. - ele enrugou a testa fazendo uma careta engraçada.

Toquei sua pele macia no local onde a testa se vincava, suspirando novamente.

- É complicado sabe. Eu estou aqui, mas ao mesmo tempo sei que não estou presente o suficiente e sei que deveria recompensa-la por tudo. E agora Charlie vai chegar e obviamente com ele virá todas as lembranças, e eu me sentirei ainda mais culpada e envergonhada, em dobro, pelos dois. - encostei a cabeça em sei peito, seus braços fortes me envolveram e senti algo tocar de leve meu cabelo. Seriam seus lábios? Mas não me virei para confirmar.

Inspirei profundamente o seu perfume de frésias, mel e algo cítrico que eu nunca consegui identificar, um cheiro indecifravelmente delicioso que não era colônia, era apenas ele.

- Eu preciso me arrumar. - disse relutante, dando um passo para trás mas ainda me agarrando à sua camisa.

Ele sorriu e beijou minha testa se afastando para arrumar a mesa.

Subi as escadas me arrastando apoiada pelo corrimão. E a sensação da água quente escorrendo pelas minhas costas e aquecendo-me foi surpreendentemente relaxante quase me deixando preparada para o 'reencontro'. Sim, eu estava ansiosa por ver Charlie novamente, - nesse tempo que passei com ele, aprendi que me importava mais com ele do que eu pensava. Com ele eu não precisava ficar falando o tempo todo só para preencher o espaço. - mas tinha medo de que com ele viessem as temidas lembranças que levei tanto tempo para afundar no escuro, em alguma gaveta profunda do meu subconsciente.

Joguei a cabeça para trás deixando que a água caísse em meu rosto, escorrendo por meu cabelo. Até quando percebi que a temperatura estava quente demais, então resolvi sair. Desliguei o chuveiro e quando abri a porta box já cuidadosamente enrolada em uma toalha, percebi que uma grande nuvem de vapor tomava conta de todo o banheiro, deixando as coisas em que ela se impregnava meio molhadas.

Abri a porta do closet, desanimada, à procura de algo que me agradasse e acabei por vestir um vestido preto de renda, acima do joelho, bem acima na verdade mas eu ainda podia dar a desculpa do calor.

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Deixei meu cabelo solto, pendendo em ondas cimetricamente feitas, passei uma maquiagem rápida e descí as escadas de dois em dois degraus tendo cuidado para não torcer o pé com o salto.

- Hmmm... - Damon soltou mordendo o lábio inferior, meu coração perdeu a compasso voltando a bater normalmente - Isso tudo é pra mim?

- Bobo. - eu disse dando uma espiada por cima de seu ombro na mesa.

- É eu tenho que admitir que como desempregado você é um ótimo arrumador de mesas. - verbalizei meus pensamentos.

Analisei sua espressão de descrença, com uma sombrancelhas levantadas. Eu ri.

- Isso de desempregado já está ficando ofensivo. - disse Damon