II (parte 2)

-- Agora durma um pouco, Amy... -- eu não me importei por estar em pé. Eu fiz o que ele tinha mandado.

[...]

-- Não Mikey, você não pode mantê-la aqui...

-- Eu já te disse Gerard, ela está envolvida demais com nós...

-- Então apague a memória dela, oras!

-- Você realmente acha que eu já não tentei isso, Tom? Eu não sei o que aconteceu naquela sala...Ela parece ser imune.

-- Calem a boca, seus idiotas! Ela está acordando...

Eu finalmente acordei. Quatro pares de olhos, todos vermelhos, olhavam diretamente para mim. Eu estava deitada com o que parecia ser o sobretudo do Michael me cobrindo.

-- Viu, eu disse... -- um cara com o cabelo que apontava para todos os lados sorriu para mim, apesar de ter falado com os outros três -- Amy querida, você se sente bem?

-- Que pergunta mais estúpida, Bill...Ela está viva, por que não se sentiria bem?-- um outro cara, com dreads no cabelo loiro, cruzou os braços e olhou para o... Michael.

-- AH, VOCÊ! O que fez comigo naquela hora?Você...Ah, você ia me prender! -- eu apontei para ele, mas o Michael não mudou sua expressão fria.

-- É melhor você falar, Gee... -- ele respondeu, olhando para mim como se fosse me engolir -- Se não eu vou acabar matando essa garota! -- ele saiu com um pulo do sofá. Eu queria entender de onde vinha a raiva dele, pois era ele quem me dava nos nervos.

-- Eu não vou consertar os seus erros, Mikey! Pode voltar aqui... -- o Gerard meio que berrou, com uma voz incrivelmente encantadora, pois o Michael tinha sumido da sala.

-- Nossa, vocês dois só brigam, nem parece que saõ irmãos há mais de... -- Bill ia dizendo, mas Tom tampou sua boca com uma das mãos.

-- O que está acontecendo? Por que vocês parecem estar escondendo alguma coisa de mim? -- eu disse.

-- Amy, não é uma coisa fácil de se explicar...Nós...-- Gerard tremeu, mas não terminou a frase.

-- Pois é melhor começarem a tentar, se não... -- eu parei e tentei achar um motivo forte que me deixasse terminar a chantagem.

-- Se não o quê? -- Mikey apareceu de uma vez do meu lado -- Vai nos denunciar? Os melhores agentes do FBI? Ou pior, nos matar...Pif, que idéia ridícula. Você nunca seria capaz...

Claro que eu não seria! O que uma mulher como eu pode contra um policial?

Ah não. Aquele cara estava me testando.

E, portanto, por falta de ter o que revidar, eu fiquei calada. Mas alguém resiste a uma mulher frágil?

É, eu comecei a chorar. Um pouco, mas o suficiente para que os outros três fuzilassem o Michael com o olhar. Mas ele não acreditou muito em mim.

-- Ah, que isso! Pára com essa frescura...

-- Michael, não continue tratando-a assim... -- Bill foi o primeiro a falar.

-- É, afinal você desgraçou com a vida dela... -- Tom continuou.

Desgraçou com...Com a minha vida?

-- Como é que é? -- eu levantei de vez do sofá. Fui até o Michael. Ele suspirou.

-- Você, tecnicamente, está presa por desacato e acusada de homicídio duplamente qualificado...Eu armei tudo isso.

-- Eu.Não.Acredito. Quem você pensa que é para ter feito isso? -- eu já estava berrando, em meio às lágrimas -- Por que?

A sala ficou em silêncio total por alguns instantes. Eu fungava baixinho e tremia de raiva. A minha cabeça não conseguia processar tantas informações estranhas.

-- Você, humana, não sabe o pergigo que está correndo...Existe uma organização secreta que está procurando você em cada bueiro desta cidade. E te matar, para eles, não seria o suficiente... Você viu Lindsey Way, a única vidente de N.Y, morrer. Como você acha que eu poderia cuidar de você, sem que estivesse perto de mim?

-- Cuidar...de mim? -- eu ofeguei e olhei para o rosto dele, pálido e contraído.

Ele semicerrou os olhos. Inclinou a cabeça e tocou o meu pescoço com a ponta dos dedos frios.

-- O seu sangue... Amy, ele tem o cheiro mais tentador que eu já senti...Na verdade, que qualquer um de nós já sentiu...

Eu já não me importava em me manter sã. Os toques dele na minha pela fazia o meu pulso acelerar. Será que ele tinha noção da reação que provocava em mim?

-- Cheiro...tentador...? -- eu me aproximei ainda mais dele. Não queria mais entender o que ele fez ou toda aquela história sobre organizaçõs e videntes, ou nada sobre o perigo em que eu estava metida.

Era tão estranho. Eu estava morrendo de raiva dele, e agora, meu Deus, eu o queria.

Michael me afastou gentilmente dele e prendeu a respiração por alguns instantes, parecendo tentar se controlar. Olhou, de certa forma desesperado para o irmão.

-- Gerard, eu vou contar para ela...Essa garota não vai descansar até que saiba de tudo.