Poseidon se revirou na cama, impaciente. Depois de alguns segundos, ele bufou de raiva e novamente mudou de posição, dando uma olhada no relógio pousado na mesinha de cabeceira. Oito da manhã! Numa hora dessas, Poseidon normalmente estaria num sono tranquilo e profundo. Mas naquele dia, por algum motivo fora do entendimento do deus, ele não conseguia dormir nem por alguns minutinhos. Estava rolando na cama há horas, tentando forçar si mesmo a adormecer, sem sucesso. Talvez sua súbita insônia tivesse algo a haver com uma certa deusa loira que tinha invadido seus sonhos, mas Poseidon se recusava a pensar nessa possibilidade. O deus já havia decidido que não se deixaria ter nenhum tipo de sentimento por Atena. Eles eram inimigos, se odiavam, e viviam brigando. E continuariam assim.

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Desistindo de tentar dormir, ele se levantou, resmungando pragas gregas a Morfeu. Pegou a toalha e foi em direção ao banheiro, tomar um banho. Em geral, entrar em contato com a água fazia bem ao deus, mas aparentemente, nem estava funcionando. Isso porque enquanto a água batia em seu corpo, sua mente era novamente inundada por pensamentos envolvendo Atena. Ele ainda não conseguia entender o que ocorrera no dia anterior. Ele achava, é claro, que tinham sido apenas seus hormônios masculinos em ação. Afinal, não podia negar que Atena era, sem dúvida, muito bonita. Mas no fundo, o deus sabia que não era isso, o que sentira com Atena havia sido algo diferente, que nunca tinha sentido com outras mulheres. Na verdade, a história dos hormônios era quase uma desculpa que Poseidon usava para não ter que encarar a verdade.

O deus saiu do banho, provavelmente ainda mais irritado do que estava quando entrou. O que você está fazendo, Poseidon? , perguntou ele a si mesmo, Já tomei uma decisão e não importa o que aconteça, eu proíbo a mim mesmo de sentir qualquer coisa por Atena!

Poseidon desceu as escadas, estranhando o silêncio do ambiente. Mesmo depois de ter se separado de Anfitrite, ele nunca ficava realmente sozinho. Em Atlântida, havia inúmeros empregados e, principalmente nos tempos de guerra, soldados andando e mantendo o reino em ordem. Ali no Olimpo, os empregados limpavam os palácios particulares enquanto os deuses estavam almoçando e jantando, e o resto do tempo trabalhavam na parte principal do Olimpo ou nos jardins. Sendo assim, Poseidon estava sempre sozinho ali. Era solitário. O silêncio começou a estressar Poseidon, então este decidiu dar uma volta pelo Olimpo.

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O deus andava pelos jardins, ignorando os olhares e suspiros das ninfas. Alguns deuses menores o cumprimentavam ou o reverenciavam enquanto ele passava, mas só o que ele fazia era acenar educadamente com a cabeça, sem se demorar mais. Poseidon não estava com paciência pra conversar. A noite que passada praticamente toda em claro, o fato de não conseguir tirar Atena de sua cabeça, e a falta que sentira de Atlântida ao notar o silencio no seu palácio, tudo isso deixara Poseidon num mau humor enorme. Ele ainda não havia decidido o que ensinaria a Atena, mas independente disso, era melhor ela estar preparada, porque no estado de Poseidon, seria uma longa aula.

Andou por mais alguns minutos, observando displicentemente a paisagem. Mas andando por uma das ruelas, uma imagem lhe chamou a atenção. Atena estava sentada num banco, usando um curto vestidinho azul e sandálias com salto baixo, lendo um livro. Se estivesse mais distraído, Poseidon talvez nem a visse ali. E esse pensamento deu ao deus uma ótima ideia.

Ele se dirigiu ao banco, tomando cuidado para ela não perceber. Quando já estava bem perto, ele falou, sobressaltando Atena:

-Eu já te contei que azul é minha cor preferida?

-Bom, isso explica porque metade do meu novo guarda-roupa é dessa cor. –Respondeu ela, enquanto ele se sentava ao seu lado.

-Então, pronta pra aula?

Ela olhou seu relógio de pulso.

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-Poseidon, eu sei que sua inteligência é limitada, mas eu esperava que ao menos você já tivesse aprendido a ver as horas. Bem, eu vou te dar uma dica: ainda falta uma hora pra nossa “aula”.

Ele a olhou seriamente.

-Eu não me provocaria se fosse você, Atena. Acordei irritado e não estou com nem um pouquinho de paciência. E eu resolvi adiantar a aula, algum problema? Ah, não responda. Não importa, eu mando aqui.

-Nossa, eu achava que só mulheres tinham TPM... –Murmurou a deusa.

-O que você disse?!

-Nada, nadinha. Você deve estar ouvindo coisas... –Falou ela , levantando-se. –Então, vamos, senhor “eu mando aqui”?

-Não será necessário... Sua aula vai ser aqui mesmo hoje.

Atena mal acreditou no que ouvia.

-O que? Eu não vou ter essas malditas aulas no meio do Olimpo. E nem venha me falar de aposta ou de honrar o compromisso e toda essa palhaçada. Não vou, não vou e não vou, não importa quantas apostas eu tenha perdido! Já é tortura demais passar por todas essas, por falta de palavra melhor, aulas, na sua frente e eu definitivamente não irei me rebaixar ao nível de permitir que você me humilhe na frente de outras pessoas. Ainda mais, pessoas que eu sou obrigada a ver todo dia. Não, sem chance.

No fim, ela já estava praticamente gritando, mas Poseidon apenas a encarava, parecendo mortalmente entediado.

-Já terminou o seu piti de diva?

Atena o encarou, emburrada.

-Sim, já terminei.

-Ótimo, não ia aguentar muito mais. Bem, a sua lição hoje vai ser sobre algo de extrema importância: comportamento em público. Já que você está aprendendo a ser uma mulher perfeita... -Atena murmurou algo: “só se for pra você”, mas Poseidon a ignorou.- você tem que aprender também a como pôr seu aprendizado em prática.

Atena parecia estar ofendida.

-Deixa eu ver se eu entendi... Você vai ignorar completamente o meu discurso “eu não vou pagar mico em público”?

-Exatamente. Mas relaxa, eu não pretendo fazer você pagar muitos micos... Não muitos...

A última frase definitivamente assustou Atena, mas ela percebeu que não tinha outra opção. Então, se limitou a bufar contrariada e voltar a se sentar no banco. Poseidon sorriu ao ver que tinha vencido mais uma.