Trabalho Escolar: Diário de Lidia Brazzi

Dia 9, quarta feira, 10 de agosto. (parte 2)


Paula havia deixado ali algumas roupas, um pouco grandes demais para mim, mas definitivamente bonitas e confortáveis.

Só não era muito meu estilo. Definitivamente Paula tinha um fraco por vestidos e saias.

É, Sr. Albert, tirando o fato de que sou obrigada a usar a saia do colégio por ser parte do uniforme, eu prefiro usar calças e manter minhas pernas escondidas.

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E não, Sr. Albert, minhas pernas não são feias nem nada. Mas com a minha sorte, saias são acessórios perigosos.

Espera um pouco, por que estamos falando das minhas pernas?

Bom, finalmente me decidi por um vestido creme bem leve que ia até os joelhos. Era fácil de vestir e eu não queria correr o risco de machucar ainda mais meu tornozelo.

Provaria para aquele demônio que eu podia andar perfeitamente. E que podia cuidar de mim mesma.

Isto é, na maioria das vezes.

Quando terminei de me vestir, resolvi não ir encontrar meu carcereiro logo. Não podia simplesmente deixá-lo mandar em mim. Não em tudo. E uma pequena espera nunca matou ninguém.

Quer dizer, a não ser aquelas pessoas que precisam de transplante e....

Ok, eu to viajando.

Foco Lidia, foco!

Resolvi ligar para Renata e contar toda a minha triste e incomum situação. Sabia que a louca da minha melhor amiga já devia estar tendo um ataque histérico de tanta preocupação e seria melhor acalmá-la logo. Sorri ao pensar nisso, depois da decepção que foi meu último encontro com a mamãe, era bom saber que eu tenho alguém que enlouqueceria de preocupação por mim.

Tive que afastar o celular do ouvido quando ela atendeu. Renata tem o estranho hábito de querer perfurar meus tímpanos sempre que falamos ao telefone.

- Oh meu Deus! Seu irmão me falou o que aconteceu! Eu falei que ia te visitar, mas aí ele disse que você já estava saindo do hospital. Eu liguei para a sua casa ontem e sua mãe me disse que você NÃO estava lá! Eu liguei para o seu celular, mas você não atendeu! – ela fez uma pausa para respirar. – Como você está?! Onde você está?

Demorei pelo menos cinco minutos para convencê-la de que estava bem.

- Ok – ela disse, mais calma. – Agora que você já me assegurou que vai sobreviver, me diga onde está, na casa da sua avó?

- Não – respondi, apreensiva.

- Cadê você então?

- Na casa do Felipe.

Silêncio.

- O QUÊ?!

- Renata, você quer falar baixo, eu pos-

- Você simplesmente está na casa dele?! – ela perguntou, me interrompendo. – A essa hora da manhã? Meu Deus. VOCÊ DORMIU AÍ DE NOVO?! A SUA MÃE TÁ SABENDO?! Oh, não! Eu fiz besteira ligando pra ela?!

- Renata, se acalma, tá bem? Respira fundo que eu vou te explicar.

- Acho bom!

- Mamãe meio que me botou pra fora de casa.

- CO-

- Não me interrompa! Ela me botou pra fora porque o Felipe disse que nós...bem...que nós transamos.

- Ah meu Deus, vocês- Renata disse ofegando, mas eu interrompi.

- Nós não transamos! Ele mentiu porque é um idiota controlador de vidas e então, como a mamãe está sem emprego, aproveitou a oportunidade e ofereceu um dinheiro para ela para “tomar conta” de mim. Eu sei! Ela praticamente me vendeu!

- Não acredito! Você só pode estar de brincadeira! Por que essas coisas não acontecem comigo?

- Você quer que a sua mãe te venda? – perguntei horrorizada.

- Se o comprador fosse o Felipe...ou o Daniel...a gente poderia chegar a um acordo.

- Você está louca. Sabia que ele me PROIBIU de ir à escola hoje? Quem ele pensa que é?

- Você ainda está reclamando? Você odeia a escola.

- Esse não é o ponto. O problema é que ele quer mandar em mim! Além disso, ontem ele decidiu que nós devíamos namorar!

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- Depois eu sou a louca. Você acha isso ruim?

Ela não conseguia ver nenhum ponto negativo nessa situação?

- E-eu – Não, não acho! Eu sou louca por ele! AAAAAH!

- Você gosta dele, não tente esconder isso de mim.

- Sim, eu gosto um pouco dele – admiti.

- Há, sabia! Agora vou ter que desligar,Lidy. O ônibus chegou. Te ligo depois da aula. Mas vou logo avisando, faz mais uma vez isso comigo e eu vou acabar com a sua vida. Por sua causa, eu não dormi a noite toda!

- Ok, Renata, prometo que não vou mais te deixar preocupada.

- Não sei se acredito...bom, divirta-se com seu homem. – disse ela rindo. – E que homem, hein. – e desligou.

O mundo inteiro pirou, Sr. Albert.

Alguém bateu na porta quando eu guardei o celular.

A seguir, Paula entrou saltitante. Tinha trocado o pijama por uma calça jeans e uma batinha florida. Ela ficava quase da altura do irmão com aquelas botas de salto agulha.

- Felipe está ficando com um PÉSSIMO humor com a sua demora. – Paula foi dizendo, ajudando-me a levantar e pegar as muletas. – Se eu fosse você, não o faria esperar muito mais tempo. Há maneiras mais eficazes de contrariá-lo.

- Você me ajudaria com isso? – perguntei com os olhos brilhando.

- Você gosta mesmo dele – Paula disse, fitando-me com um sorrisinho. – E eu acho que ele gosta mesmo de você. Não o faça sofrer, Lidia, não o magoe.

Olhei para a irmã de Felipe com incredulidade.

- Eu? – perguntei, soando meio patética até para mim. – Magoar Felipe? Não poderia nem se quisesse. Não tenho esse poder. O mais provável é que ele me magoe. De fato, é o que vai acontecer.

- Como você pode ter certeza? Não se subestime,Lidia.

Saímos do quarto no momento em que meu nome reverberou pela casa.

- Lidia!

Paula riu.

- Meu irmão não é tão mal-educado assim o tempo todo. Deve estar com fome e irritado com a sua demora.

- Então ele estava com fome e irritado todas as vezes em que nos encontramos. – disse.

Sorrindo, Paula bagunçou meu cabelo e disse:

- Bom, preciso ir. Estou atrasada para a faculdade. Não conte para o meu irmão que você estava comigo, ele não vai gostar.

Paula foi por um lado do corredor e eu por outro.

Cheguei por acaso na sala de jantar, onde o café da manhã tinha sido servido. Felipe estava sozinho, sentado à cabeceira da mesa, carrancudo.

- Onde você estava, fazendo um tour pela casa? – perguntou, ajudando-me, sem muita delicadeza, a sentar.

- Eu estava me vestindo – menti, no mesmo tom mal-humorado. – Não é fácil com este pé.

- Você podia ter pedido ajuda.

- De quem? Sua? E dar outra oportunidade para você jogar na minha cara que eu sou uma idiota que não sabe nem cuidar de si mesma? Não, obrigada.

Isso o fez calar a boca. E, tudo bem, admito que exagerei, Sr. Albert, mas não ia dizer que estivera tendo um papo amigável com a irmã dele quando estava claro que ele não me queria perto dela.

Felipe é um ser cheio de mistérios.

Além disso, quem ele pensa que é para me tratar assim? Existe um tempo entre a ordem e a efetivação da mesma.

Não que eu fosse obedecer cada ordem que ele desse.

Comecei a comer uma torrada com geléia enquanto Felipe se servia de salada de fruta. Talvez se estivéssemos com a boca cheia de comida falássemos menos merda.

Tudo estava uma delícia, obviamente, mas eu ainda me sentia muito desconfortável, principalmente quando uma das criadas que havia me ajudado a fugir entrou na sala para deixar uma bandeja de pães quentinhos na mesa e, antes de sair, deu uma piscadela para mim.

Ninguém nunca ia me deixar esquecer aquele vexame de ter corrido pela casa de Felipe naqueles trajes sumários?

Felipe estava calado demais e, chame-me do que quiser Sr. Albert, mas eu ficava mais apreensiva com o silêncio dele do que com qualquer outra coisa. Então qual era o problema de puxar um papo?

- Hmm...Felipe...- comecei, fazendo-o voltar seus incríveis olhos para mim (por um momento, só por um momento, esqueci do que ia falar). – Que dia bonito hoje, não é?

Felipe parecia não acreditar no que estava saindo da minha boca e, sinceramente, nem eu. Que deu em mim pra falar logo do tempo?

- Lidia – ele disse devagar, como se falasse com uma doente. – Está chovendo.

Ok, tentativa 1 de engatar numa conversa saudável e leve com Felipe: fracassada.

Mas quem disse que eu sou de desistir?

Ok, eu desisto.

Ei, Sr. Albert, se Felipe estivesse olhando para o senhor do mesmo jeito que estava olhando para mim, o senhor teria desistido de respirar.

- Tem...- ele começou a dizer com uma voz carregada. – Tem...geléia no seu...

Olhei para baixo e vi o que ele queria dizer. Uma manchinha vermelha de geléia estava sujando o meu vestido e a pele do meu colo.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Felipe, delicadamente, passou o dedo no meu decote para limpar a geléia.

Parei de respirar.

Isso pode ser considerado assédio sexual?

Estávamos os dois visivelmente tensos e eu não conseguia desgrudar os olhos dos dele. Ele levantou o dedo sujo de geléia e eu fiz uma coisa que provavelmente faria o senhor ter uma embolia, Sr. Albert.

Eu o lambi!

E não, não foi nojento. Foi...bom.

E não só porque a geléia de framboesa estava mesmo uma delícia, foi como se...foi como se...

Como se de repente eu abrisse uma porta. Uma porta cheia de ar pesado, úmido e quente. Eu podia ver os olhos de Felipe com um brilho diferente, um brilho mais forte, que me atraía. Fomos chegando mais perto um do outro, quase que inconscientemente. Não conseguia mover meus olhos para longe dele, quebrar aquela ligação...

E percebi que não queria.

Nossos lábios estavam quase se tocando quando outra criada entrou na sala.

- Sr. Madson, - ela disse, e então percebeu o que acontecia ali. – Ahn...err...desculpe interromper...

Felipe e eu voltamos rapidamente para nossos lugares, com cara de culpados (pelo menos eu).

- O que houve? – Felipe perguntou para ela, na maior normalidade.

Sr. Albert, como ele consegue e eu não? Eu sentia o calor no meu rosto e sabia que, se tentasse falar agora, só balbuciaria coisas incompreensíveis.

- É o seu pai no telefone – ela respondeu, hesitante.

Não pude deixar de perceber uma ruga de irritação aparecer na testa de Felipe.

- Eu vou atender na biblioteca – ele disse e a criada saiu.

Baixei os olhos para não encarar Felipe, mas foi impossível, já que eu sentia que ele me fitava.

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Ele se levantou sem tirar os olhos de mim.

O verde, antes claro e límpido, estava escuro e quente. Um olhar cheio de promessas, de desejo.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo ao perceber que aquele desejo todo...era por mim!

- A gente continua depois, Lidia – ele disse, antes de se virar e sair.

Soltei o ar que, sem perceber, estivera prendendo por todo aquele tempo.

Felipe ainda vai acabar comigo, Sr. Albert.

Ok, já podemos acabar com a programação imprópria para menores.

Terminei de tomar meu café da manhã sozinha. Não que eu tenha conseguido engolir alguma coisa depois daquele momento de tensão entre Felipe e eu.

Decidi dar uma volta pelo jardim e clarear meus pensamentos. Ainda precisava decidir se iria ligar para Renata na hora do intervalo e contar tudo o que havia acabado de acontecer.

Eu achei melhor não. Vai ver tudo aquilo foi viagem da minha cabeça-nem-um-pouco-perturbada.

Chovia um pouco, como Felipe havia dito, e fazia muito frio. Além disso, minhas pernas quase não me estavam aguentando de tão trêmulas e eu mancava, já que deixei as muletas na sala.

Mas nada disso importava. Era melhor mesmo que eu ficasse ali fora enquanto ainda estava com minhas emoções sob controle.

Nunca iria admitir que estava querendo me jogar nos braços de Felipe.

Ok ok, eu admito.

Eu queria.

Muito.

Aaaaaaaaaah!

Não estava olhando muito o caminho que estava seguindo. Só sei que estava atrás da casa quando a chuva fina começou a engrossar.

Como errar é humano, mas persistir no erro é burrice, não, eu não ia tropeçar em nenhum buraco dessa vez. Preferiria ficar encharcada até a alma a sofrer a humilhação de precisar ser salva por Felipe outra vez (tudo bem que aqueles beijos molhados na chuva meio que fizeram a coisa toda valer à pena...)

Foco, Lidia, foco.

Fui andando bem devagarzinho em direção à casa, o tempo todo olhando para o chão para evitar tropeçar em alguma raiz/pedra/graveto/etc.

Talvez por isso eu não tenha reparado antes naquele deus grego com quem eu tombei.

É, Sr. Albert, eu também faço a mesma pergunta: por que essas coisas só acontecem comigo?

Antes que nós dois caíssemos, ele me segurou pelos braços.

- Opa – ele disse.

- Uau – eu disse.

Morri e fui pro céu?

Tipo assim, o cara que estava me segurando, pertinho dele, bem podia ser um anjo.

O cara era alto e, eu podia dizer pela firmeza com que ele me segurava, totalmente bem distribuído.

Se é que você me entende, Sr. Albert.

Além disso, tinha olhos castanhos brilhantes e cachos loiros super fofos, que estavam molhados e escorrendo por seu rosto bonito de um jeito super sexy.

Pelo sangue de Jesus, quem era aquele homem?

- Por que você estava olhando para baixo? – ele perguntou, com uma voz rouca e sexy que me fez ter vergonha da minha, fraca e esganiçada.

- Ahn eu estava tomando cuidado para não cair. Acho que não funcionou, não é? – completei com uma risada nervosa.

- E por que você cairia? – ele insistiu, parecendo verdadeiramente intrigado.

- Porque é tão a minha cara tropeçar quando o tempo está bom, quando está chovendo então, a coisa é certa.

Ele deu uma risada tão gostosa, que foi impossível não acompanhá-lo.

- A propósito, meu nome é Christian Schmidt, vim aqui procurar por Felipe Madson, achei que essa fosse a casa dele. E você, como se chama?

Aquele deus grego tava atrás do meu namorado?

Posso chamar o Felipe de namorado agora, não é?

- Hm..sou Lidia, Lidia Brazzi e eu...eu meio que moro aqui – respondi. – Essa é a casa de Felipe sim. Por que a gente não sai da chuva para conversar melhor?

Ele concordou com a cabeça e me acompanhou até a varandinha coberta que havia ali atrás.

- Então você se chama Lidia e mora aqui – ele disse. Percebi que ele tinha um sotaque diferente, o que o deixava com um ar misterioso, do tipo estrangeiro sexy e perigoso...ok, eu acho que ando vendo muita novela.

- Sim – respondi. – Então...você é algum amigo de Felipe?

- Ah não, não – ele negou, sorrindo com aqueles dentes brancos e perfeitos. – Sou um primo distante. Vim da Alemanha.

Uau! Um primo distante da Alemanha. Hm...

Sempre me disseram que primo é presente, então eu devo entender que essa gostosão ali na minha frente era um presentinho?

Haha.

Brincadeira. Até porque no meu coração só tem espaço para aquele babaca sem sentimentos.

- Eu não sabia que Felipe tinha um primo distante alemão – eu disse. Dah, você não sabe nem a cor preferida dele, gênio.

- Faz muitos anos que a gente não se vê, desde que éramos garotinhos. Mas aí eu vim passar um tempo aqui e lembrei que seria bom visitá-lo.

- Ah, então realmente faz muito tempo que você não o vê – disse, um pouquiiiinho amargurada. – Ele é um chato, mandão, arrogante e metido. Eu não ia querer ser parente dele.

Christian riu e disse:

- Então ele não mudou nada.

- E ainda assim você veio visitá-lo? – perguntei, entrando na brincadeira. – Que gesto nobre.

- E você, quem é? – ele perguntou malicioso. – Quando eu te vi ali na chuva, com esse vestido, achei que estivesse vendo coisas. Mulheres bonitas nunca aparecem do nada assim.

Corei, mas ele estava apenas sendo galante, tenho certeza.

- Sou...- por que era tão difícil dizer que eu era namorada do primo dele?- Bem, uma amiga do Felipe e da Paula. Minha mãe e eu brigamos e eu saí de casa, e eles me acolheram aqui por uns tempos.

Por que eu sou tão burra?

- É um prazer conhecê-la, Lidia Brazzi – ele disse, pegando minha mão direita e beijando-a suavemente.

- O prazer é todo meu, Christian Schmidt – disse, sorrindo.

- Você pode dizer para Felipe que eu passei por aqui?

- Claro, mas...você já vai?

- Não tenho muito tempo hoje, mas eu com certeza voltarei em breve. Não posso deixar meu primo ficar escondendo esse tesouro que ele tem aqui.

Por que Felipe não me trata desse jeito, Sr. Albert? Eu seria todinha dele na hora se ele tivesse um décimo da gentileza de Christian.

Eu vou ser todinha dele de qualquer maneira do jeito que as coisas andam...

Não! Não pode! Lidia Brazzi, você é uma garota de respeito!

Ou era.z

Que seja, enquanto Felipe Madson não me tratar como gente, não vai ter mais que um beijinho meu.

Ou dois.

E talvez uns...

Não! Para de pensar nele, sua estúpida!

Ai, Sr. Albert, essa sua aluna tá mesmo perdida. Completamente no mau caminho. Nem um santo muito forte me salva agora.

Tô precisando de um banho de descarrego.

Observei Christian ir embora. Ele era lindo, é claro, mas meu coração não fazia a mesma cambalhota ao vê-lo que fazia quando eu botava os olhos em Felipe. Eu estava totalmente arriada por ele, um garoto arrogante e metido que não merece nem um milímetro do meu amor.

Voltei para casa só para encontrar com Alfie na porta dizendo que Felipe havia procurado por mim para dizer que ia sair, mas não me achou e foi embora.

Ele não é nem capaz de me esperar!

E nem de dizer para onde está indo. Que diabo de namoro é esse? Será que ele pensa que só eu tenho que dar satisfação?

Eu devia ter pedido o telefone de Christian. Um pouquinho de diversão nunca matou ninguém.

Ou talvez tenha matado, sei lá.

A diversão que eu to pensando pode mesmo matar alguém.

Chega! Lidia, você não é tarada. Repita: você não é tarada, você não é tarada...

Fui para meu quarto e tomei um bom banho quente. Depois almocei sozinha naquela sala da jantar enorme e passei a tarde toda assistindo TV.

Renata me ligou e disse que me visitaria amanhã depois da aula. Disse para ela que não precisava, já que eu estava planejando ir para a aula amanhã, mas ela insistiu. Acho que quer ver a casa de Felipe.

Esperei até bem depois do jantar por ele, para falar sobre a Renata, mas ele não voltou. Então fui para o quarto dormir.

Esse desgraçado me paga!

Lembra da história dos beijinhos? Pois é, isso ele pode esquecer! Agora Felipe vai estar no lucro se eu só quebrar a cara dele!