Passei a odiar as noites; principalmente se tão frias como esta. Porque agora eu estou vazia; sozinha e vazia desde que ela se foi. Um arrepio percorre meu corpo, mas eu sei que não é frio. Me encolho apertando as cobertas contra meu corpo, e é aí então que todos os pensamentos vem à tona. E também vem aquela voz na minha cabeça que me diz que por todo esse tempo eu vinha sendo uma idiota; que eu não fora e jamais seria o suficiente; que enquanto eu a olhava, ela via através de mim. Sempre outras, nunca eu. E as lágrimas começavam a escorrer - grossas e constantes - molhando meu travesseiro; eu o colocava contra meu rosto, abafando os soluços, e ainda assim as lágrimas não queriam parar. Aquela dor angustiante atacava meu peito e era como se ele sangrasse. Todo o amor em meu coração ainda era dela; sempre seria. E eu sabia, tinha despencado. E dessa vez a queda fora alta demais. Ninguém nunca me faria amar tanto quanto a amo.

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Não sei que horas eram, mas ainda entre lágrimas, adormeci. Pela manhã fora difícil abandonar a cama. Como levantar quando já se desistiu de tudo? ...Se estava vazia e a única coisa que me fazia sentir algo outra vez era estar com ela? Automaticamente vesti as primeiras peças de roupa que encontrei, e logo estava fazendo o mesmo caminho de todos os dias. Peguei o primeiro trem na estação de metrô, e só percebi que já estava na estação a qual fazia baldeação quando as portas apitaram, anunciando que fechariam; desci antes que estas fechassem em mim. Andei em direção à próxima plataforma - lotada como sempre, mas quem se importava? - quando vi que o trem parara. As pessoas, como um bando de loucos, passaram a empurrar umas as outras e quando dei por mim, estava com metade do corpo dentro e a outra fora do vagão. Dei um passo pra trás, mas era impossível voltar o suficiente para ficar atrás da faixa de segurança. O trem fechou as portas e saiu da estação de metrô. Quando isso aconteceu, não senti vertigem, ou medo de cair por estar tão próxima, como sempre acontecia; Bastaria um simples passo. Para quem estava vazia, não mudaria nada. Mas eu queria ouvi-la mais uma vez; uma última vez. Peguei o celular; um... Dois... Três toques até que eu a ouvi, com uma voz sonolenta. Ouvira também o trem se aproximando, teria de ser rápida. "Alô?" ela disse, e foi minha vez. "Sophie, nunca esqueça que eu a amo muito. Pra sempre." e ainda com a mesma voz sonolenta, e agora confusa, ela respondera "Alex, é você?" "Sim, sou eu meu amor, as agora está na hora de ir. Adeus meu anjinho." Sem aguardar resposta, desliguei o aparelho e guardei o celular no bolso, vendo a plataforma se iluminar. Sorri. Adeus Sophie... Adeus. Dei um único passo largo, de forma rápida para impedir que qualquer um pudesse fazer algo. Fechei os olhos e não vi, ou ouvi, mais nada.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.