Meu Trono

Capítulo 4


Estavam a tocar à campainha. Pelo menos há dez minutos. E Ino sabia disso. Mas ainda era de manhã, e os lençóis estavam demasiado confortáveis para ela se dignar a ir abrir a porta. Para além disso, ela pensava que a única pessoa que visitava o Gaara era a irmã dele.

Puxou os lençóis até ao cimo da cabeça ao ouvir de novo o som da campainha. “O Gaara que abra a porta.” Pensou.

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A pessoa já tinha esperado vinte minutos quando Gaara, de tronco nu, abriu a porta. E não esperou nem mais um para entrar.

“Finalmente! O que estavas a fazer?” O ruivo observou a face impaciente do seu irmão, que não via fazia dois anos. E apenas olhou para ele indiferente.

Kankuro olhou para o irmão mais novo, e depressa reparou nos cabeços molhados.

“O que queres?” Perguntou Gaara, breve e directo. A porta permanecia aberta.

“Não é contigo que eu venho falar.” Respondeu o moreno. Deixando o mais novo com um olhar confuso. “É com ela.”

E com isto, subiu escadas a cima ao encontro de Ino, sendo seguido de Gaara.

Ino sobressaltou-se ao ouvir a porta do seu quarto bater com demasiada força. E uma mistura de espanto e confusão tomou conta dela quando os seus olhos lhe permitiram ver quem estava à porta.

“Tu!” Dizia um homem alto e moreno, que ela nunca vira na vida. “Tu não devias estar aqui! Por tua culpa ele vai despertar!” Sem dúvida alguma, aquele homem estava a acusar-lhe e, de certeza, não estava ali para ser amigo dela.

“… Eu conheço-te?” Ino perguntou, esfregando os olhos devido ao sono e duvidando se aquilo era a realidade ou estaria a sonhar.

“Tens de sair já daqui!” O tom de voz não era nada agradável. E quando o moreno ia entrar no quarto dela, Gaara bloqueou a passagem com o corpo.

“Sai!” Disse, rouco. Com certeza, estava a tentar controlar a intensidade da voz.

Kankuro afastou-se um passo dele, e observou a expressão do irmão.

Os olhos semicerrados, sobrancelhas franzidas, dentes cerrados.

Não havia nada a fazer.

Já era tarde demais.

Naruto já estava acordado. Mas ainda não se levantara. Os olhos claros da menina do café não lhe saíam do pensamento.

Deu por si a sorrir bobo para o tecto, de novo.

“Ela faz-te fraco, criança.” Disse-lhe o demónio dentro dele.

“Está calada, maldita.” Respondeu-lhe. Ouviu o demónio rir e, de seguida, ocultar a sua presença.

Como é que um ser tão belo como aquele poderia alguma vez deixá-lo fraco?

Ino não dormiu mais. Estava demasiado confusa para isso. E Gaara não ajudou em nada nesse aspecto. Desde que ela se levantara, ele ainda não lhe tinha dito nem um ‘Bom dia’.

Ela acabou por soltar um suspiro e desistir.

Atirou o corpo para o sofá de maneira desleixada. Com a vida de estudante recém-terminada, os tempos livres delas passaram de ‘poucas horas’ para ‘o tempo todo’. Anos atrás, uma vida assim era tudo o que ela queria, agora…

Bem… agora era outra coisa.

Sorriu ao pensar que rapidamente aquilo iria mudar. Agora, com o trabalho nocturno, ela não se sentiria mais tão… folgada.

Olhou para o relógio da parede acima da televisão.

“Gaara?” Ela chamou. Ele olhou para ela da cadeira onde estava sentado. “O que queres que faça para o almoço?”

Sakura levantara-se da sua cama sem olhar para a face do homem que estava ao seu lado ainda adormecido.

Dirigiu-se, enrolada no lençol, para a enorme janela que permitia a vista para aquela enorme e manipulada cidade.

Porém, antes de observar a movimentação da cidade, observou o seu próprio quarto.

Ela tinha tudo. Tinha beleza, dinheiro suficiente para se considerar materialista, os homens mais bonitos perdidos por ela, diamantes e jóias… porém, aquilo não era suficiente para a satisfazer.

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Sempre que conquistava algo, queria outra coisa maior.

Virou-se para a janela do quarto e observou a cidade. O seu olhar prendeu-se a um homem que andava lentamente pelo passeio.

“Lindo.” Ela disse, controlada pela ganância. “Quero-o para mim.”

“Podes comer dessas porcarias à vontade, seu palermoide! Como se eu me fosse importar!”

Ino gritou, visivelmente zangada e saiu porta fora. Mas uma vez, Gaara não entendeu o porque de tal reacção.

Ela nunca lidou bem com críticas. E olhar questionador de Gaara quando ela lhe perguntou o que queria almoçar foi uma crítica. Maldito ruivo sem noção.

Mas ela não se importava. Sim, ela iria ao café mesmo ao lado do bar onde ela trabalhava e comeria um prato feito pelas mãos delicadas da Hinata. E ele podia muito bem comer os biscoitos que a Temari trás. E todas as outras coisas gordurosas e calóricas que, se não fosse pelo demónio, o fazeriam gordo!

Revoltou-se ainda mais. Como ela queria poder comer porcarias gordurosas e calóricas sem afectar a sua forma física!

Rosnou. Maldito ruivo idiota.

Assim que as pessoas começaram a sair do estabelecimento, Hinata percebeu que ele tinha chegado. Sorriu triste. As pessoas tratavam-no como se tivesse uma doença contagiosa. Toda a gente o julgava. Será que só ela percebia que isso deixava aquele menino triste?

Hinata sorriu quando o loiro se sentou ao balcão cabisbaixo.

Será que só ela que veria para além dos preconceitos?

“Vieste almoçar?” Tratou-o com menos formalidade. Era tímida demais para lhe dizer directamente “eu não te julgo”. Tratá-lo com um amigo parecia-lhe a forma correcta de o fazer sentir-se aceite.

“S-sim…” Ele ainda não acreditava que aquilo não era uma ilusão. Como podia alguém transmitir-lhe tanta… ele nem sabia a palavra. Mas sabia que, fosse qual fosse a palavra, ele gostava do que ela descrevia. “Ramén. Por favor.”

“Um Ramén a sair!” E ela deu-lhe o sorriso mais puro que alguma vez ele pode presenciar. Os olhos dele ficaram presos a tão inocente criatura e ele só desviou o olhar quando se apercebeu que os olhos do dono do bar estavam sobre si.

Por incrível que pareça, este também sorriu.

”HI-NA-TA!” Choramingou uma loira a entrar no café. A garota dona do sorriso puro parou o meu caminho e olhou preocupada para a loira que se dirigiu ao balcão. “Tenho tanta fome!”

Pronto, já entendera tudo.

“Preciso de um prato feito pelas tuas mãos de anjo rico em vitamina e proteína!” Continuou a loira.

“É para já Ino.” Sorriu Hinata. “Mas não dizias que ias aprender a cozinhar?”

A aura deprimente da loira notava-se à distância. Cozinhar… “E vou Hinata. E vou.” Choramingou a loira. “Mas não é hoje.”

Quando Hinata se retirou para a cozinha do café, Ino apercebeu-se que não estava sozinha no estabelecimento.

“Oh, olá!” Cumprimentou o rapaz loiro que nunca dera sinais da sua presença.

Naruto ficou imóvel de espanto. Saberia ela do que ele era?

As coisas estavam-se a tornar cada vez mais estranhas.

Naruto estava a gostar das coisas assim.

Gaara não se dera ao trabalho de ir aos armários da cozinha buscar as “coisas gordurosas e calóricas” que a Ino falara.

Em vez disso, abriu o frigorífico e tirou a panela que a ela tentara esconder. A meio da noite Ino levantara-se fazer arroz. Gaara sorriu ao lembrar-se das figuras dela.

A água transbordara e o arroz ficara colado ao fundo do tacho. Para não falar que Ino ia caindo na água derramada. Com muitos palavrões, Ino tentara limpar a cena do crime. Escondeu a panela no frigorífico com o objectivo de, quando fosse sair, dar o arroz a cães abandonados.

Mal sabia ela que ele vira tudo o que ela fez.