Naquela noite, Taylor e eu dormimos no quarto de Carol Anne. Eu dormi bem, apesar das preocupações que não eram mais preocupações, até quando Taylor começou a me chacoalhar.

- Jules! Jules! – Ele sussurrava.

Eu acordei num susto e dei de cara com um sorriso iluminado de Taylor. Ele nem precisou dizer o que estava acontecendo, havia um som ali que nunca fizera parte do nosso dia-a-dia.

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Carol Anne se agarrava a grade do berço – metade da sua cabeça já passava o limite da madeira -, seus joelhinhos dobravam e desdobravam enquanto ela se balançava nos calcanhares. Mas não foi para ver Carol Anne dançar o motivo pelo qual Taylor me acordou.

- Pa-pai – ela falava com sua vozinha de formiga – Pa-pai? Pa-paaaai!

A expressão de Taylor era tão emocionada que jurei que ele fosse chorar. Eu também sorria – tinha de admitir que fiquei com uma ponta de ciúmes já que Carol Anne não falou o meu nome primeiro, ou me chamou de mamãe, mas tudo bem

- Vai lá, Taylor – eu disse dando um tapinha nele.

Taylor pegou Carol Anne e começou a fazer cócegas no pescoço dela com o seu nariz.

- Você quer que eu pare? – Taylor perguntava brincando, Carol Anne era só risada.

- É o papai – eu brinquei com ela e sorri – Pa-pai.

- Pa-pai! – E então ela abriu a boquinha, sua língua fazia uns movimentos engraçados. – Te... Ta... Taylo? Taylo? Pa-pai?

E então, nesse ponto, Taylor e eu quase chorávamos. Nós éramos pais babões. Ele sorriu e ela deu risada.

- Pa-pai – ela cantarolava – Pa-pai, paaaa-pai... – E o volume dos “papais” foi diminuindo até ela cair adormecida no ombro de Taylor.

- Dorme, princesa – disse Taylor colocando-a de volta ao berço – Dorme bebê lindo, que é o clone da mãe.

Eu ri. Eu tinha ficado realmente muito feliz com o fato de que Carol Anne tinha chamado pelo nome do pai, mas eu não entendia por que ela não tinha chamado por mim. Não era ciúmes, eu simplesmente não entendia.

- Juliet é um nome difícil – observou Taylor, que percebeu meu estado pensativo.

- Verdade. – Concordei – Ela não meu clone, Carol Anne é um milhão de vezes mais bonita do que eu.

Taylor sorriu e abraçou minha cintura, me puxando para ele.

- Por enquanto ela ainda não é. Você é a mais linda. E outra coisa – ela só é linda desse jeito por que é sua filha.

Eu sorri.

- É porque é sua filha também.

Ele nos jogou no sofá cama.

- Taylor! – eu ri – Assim você vai acordar todo mundo!

Ele riu também.

- Sabe, eu espero que, quando ela for adulta – ele fingiu um choro e eu também. Era difícil aceitar a idéia de que um dia Carol Anne iria ser tão adulta quanto nós dois éramos -, ela tenha um marido bonito. É sério. Ela vai ser maravilhosa, tem que ter um companheiro a altura. Não quero que ela seja assim como você: se apaixonou por um homem que nem é lá essas coisas. Carol Anne tem que ter um marido um milhão de vezes mais bonito do que eu.

Eu sorri e me aproximei dele.

- Ah, Taylor! Ai já é exigir demais, não acha? Não existe um homem na face da terra que seja um milhão de vezes mais bonito do que você. Até porque tanta perfeição não é possível de existir. Eu já fico totalmente boquiaberta com a sua existência, e você ainda quer que tenha um homem um milhão de vezes mais bonito que você? Não, não.

Taylor sorriu de um jeito que fez meu coração bater irregular. Nós nos beijamos demoradamente, sem nos esquecer de que estávamos no quarto de nossa filha. Então ele me abraçou e voltamos a dormir.