-Abrace seu travesseiro e pense em mim. Farei o mesmo esta noite. - sussurrou em meu ouvido. Eu abaixei a cabeça e sorri, só de ousar pensar em adormecer daquela maneira, pensando no amor de minha vida, eu já sentia minhas bochechas rosadas queimarem de vermelhidão.
Ele pareceu notar-me ruborizando e pegou meu queixo, obrigando-me a virar o rosto em sua direção.
-Ei, olhe para mim. Eu te amo, está bem? Assenti com a cabeça e o abracei fortemente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!-Eu também te amo. - disse em um tom suave e baixo.
Andamos avenida abaixo, suas mãos ao redor de meu corpo magro, nossos rostos próximos um do outro e sorrisos esboçados nas faces geladas devido ao vento.
-Querido... - comecei.
-Sim?
-Acho que vou me mudar.
-E posso saber para onde? - ele perguntou curioso.
-Paris. -respondi cabisbaixa.
-França!? Por quê?
-Você sabe que preciso começar a estudar e lá é o lugar ideal para mim...
-Mas e quanto a nós?
Permaneci em silêncio, desejando que pudesse encontrar uma resposta feliz para aquela pergunta. Mas acho que não ia encontrar.
-Então esse é nosso adeus? - ele perguntou, lágrimas formando em seus olhos castanhos e profundos.
-Acho que sim... - respondi com coração ferido, já soluçando.
Deixei-o sozinho na calçada da avenida. Parti em direção à minha casa, chorando, e ele também não me seguiu.
Tive convicção de que ele dormira pensando em mim, porque fiz o mesmo em relação a ele.
Dia seguinte à pior noite de minha vida. Na verdade, desejava que aquilo tinha sido apenas um pesadelo... Mas sabia que não fora, aquilo acontecera realmente.
Quando fui tomar café, surpreendi-me com o pão já em meu prato, o suco de laranja fresco em uma jarra, até um docinho de morango -minha fruta preferida - repousava feliz na mesa da cozinha. Não descobri quem havia feito a mim tão agradável surpresa. Mas torcia para que fosse ele.
Passei o dia inteiro fora de casa, na tentativa, em vão, de tirá-lo de meus pensamentos. Ao retornar para o lar, pousei as chaves em minha bancada e percebi um papel amarelado descansando em sua superfície de madeira. Peguei o bilhete e o abri.
"Vamos juntos."
Era tudo o que estava escrito, mas eu havia compreendido a mensagem. Atrás do recado, estavam duas passagens de ida para Paris.
Aquela noite, com certeza, adormeci abraçando meu travesseiro e pensando nele com um sorriso largo nos lábios
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