O Preço de Amar Um Malfoy

Achei que tinha perdido você


Era a primeira vez que Hermione pisava em Hogwarts desde que tinha sido expulsa, e ela estava exatamente na mesma posição em que se encontrava na última vez que estivera no castelo. Sentada de frente para McGonagall, com o seu futuro nas mãos da professora. Tinha recebido uma carta de Dumbledore, dizendo que deveria aparecer na escola no primeiro dia de aula depois da batalha final e estava muito nervosa e animada para saber do que se tratava.


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– Hermione, nós te chamamos aqui porque achamos que você merece uma segunda chance.


Hermione sorriu abertamente e ficou na ponta da cadeira.


– Sério?


– Mas com algumas condições...


– Sim?


– Nós estamos cientes da sua situação com seus poderes... E não seria certo que alguém capaz de tantas coisas não tenha uma formação completa. Mas você foi convidada a se retirar daqui por diversas razões... Razões muito graves...


– Eu sei. E elas nunca mais vão se repetir, eu prometo. – ela assegurou.


– Assim espero. Mas como eu disse, você é uma bruxa muito poderosa. E terminar os estudos aqui em Hogwarts não vai ser suficiente para ajudá-la com seus poderes.


– Eu imaginei isso... Mas não acho que tenha mais ninguém no mundo com o mesmo tipo de poderes que o meu... Quer dizer, tem o Draco... mas não é a mesma coisa... Os poderes dele estão completamente sob controle. Sempre estiveram.


– Por isso mesmo. Você vai precisar fazer isso sozinha, Hermione...


Ela franziu o cenho.


– O que isso quer dizer?


– Acho que sabe que eu aprofundei meus estudos na Escola de Feitiços dos Estados Unidos, não é?


Hermione assentiu. Tinha quase feito um trabalho sobre a vida de McGonagall alguns anos antes e descobriu aquela Escola de Feitiços por causa disso. Era um sonho para quem se interessava no assunto como ela, mas as vagas eram escassas e ela sabia como era difícil conseguir uma carta de aceitação.


– Sim... Mas eu também sei como as vagas lá são concorridas. E se eu for sincera com a senhora, eu não pego em um livro há muito tempo... E eu só posso imaginar a pontuação necessária nos NIEM’s para poder ser sequer considerada...


– Então nós temos que mudar isso, não é? Você é uma bruxa brilhante, Hermione... E nós sabemos que você já leu mais na sua vida do que os alunos que começaram a estudar para os NIEM’s esse ano... Só precisa recuperar o tempo perdido... Eu estou disposta a escrever uma carta de recomendação para você, se você estiver disposta a se esforçar.


Hermione estava abismada.


– Eu estou. – ela respondeu.


– Se você chegar lá, você vai poder cuidar do seu feitiço do jeito que achar melhor. Controlá-lo, colocar um fim nele de uma vez por todas... Você vai poder modificar o seu feitiço de uma forma que vai te permitir viver sua vida normalmente. Estará nas suas mãos.


– Eu entendo... – ela respondeu – Muito obrigada por essa oportunidade, professora. Eu juro que vou fazer de tudo para não decepcioná-la. Muito obrigada mesmo.


Minerva sorriu fracamente e lhe passou uma pequena pilha de papéis.


– Aqui está os formulários de inscrição. Mande-os o mais rápido possível, ok? Se possível, hoje.


Hermione pegou os papéis e saiu para encontrar seus amigos para o almoço como eles a tinham feito prometer que faria independentemente do que Minerva lhe dissesse.


Chegando lá, ela encontrou todos eles sentados juntos no salão principal. Inclusive Draco, com quem ela não falava direito desde a conversa trágica no St. Mungus e Luna, que tinha estado extremamente imprevisível nos últimos dias. Ela estava melhor, em comparação ao estado que tinha chegado no hospital, mas Hermione achava que alguma coisa simplesmente não estava certa com ela. Mas sempre que Luna era questionada sobre o que tinha acontecido, ela era vaga e rapidamente mudava de assunto.


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Hermione sorriu ao perceber que eles estavam sentados na mesa da corvinal. Os conhecendo do jeito que conhecia, ela imaginava que eles deveriam ter tido uma longa discussão sobre aonde almoçariam e acabaram optando por uma zona neutra.


Depois de se juntar a eles, ela contou que tinha sido aceita de volta, o que eles ficaram muito animados em ouvir. Mas quando Hermione explicou sobre a Escola de Feitiços e contou sobre a sua preocupação em não atingir a pontuação necessária e decepcionar McGonagall mais uma vez, eles riram da cara dela.


– Ah, por favor, Hermione! – Rony exclamou – Se alguém pode fazer isso, é você!


Nisso eles concordaram de cara, é claro.


O almoço apareceu magicamente na mesa e antes que todos começassem a comer, Hermione falou:


– Eu queria agradecer á vocês. Porque sem o apoio de cada um e de todos, eu tenho certeza que não teria conseguido me recuperar... E sabe Merlin aonde eu estaria... Vocês me apoiaram e me amaram durante todo o drama e me ignoraram nos momentos em que eu fui maldosa e fiz de tudo pra se afastarem quando só estavam tentando me ajudar. Me desculpem por isso. Eu desperdicei tanto tempo me odiando pelos erros estúpidos que eu cometi quando deveria estar tentando seguir em frente. Eu me culpei tanto por coisas que não estavam sob o meu controle que acabei desaprendendo a controlar as coisas que estavam... Eu era a única que estava no meu caminho. Você não pode mudar seu passado mas pode se desapegar e começar seu futuro. E se eu ainda tenho um futuro pelo qual esperar, eu devo isso a vocês. Muito obrigada mesmo. Vocês são os melhores amigos que alguém poderia ter.


– Ownnn, - Gina sorriu – nossa doce Hermione está de volta...


Pansy levantou seu copo de suco de abóbora:


– Vamos fazer um brinde á Hermione. Ela merece porque vamos combinar, a garota foi aceita em Hogwarts não apenas uma vez, mas duas. E logo ela vai ser aceita na melhor escola de feitiços avançados do mundo bruxo, eu tenho certeza. – ela sorriu para a amiga – Nós amamos você e sabemos que faria tudo isso por nós também. Então não tem nada pelo que agradecer.


Hermione sorriu e pela primeira vez em muito tempo, se sentiu em casa.


**********


Os últimos três meses do pessoal em Hogwarts passaram mais rápido do que todos os outros meses do sétimo ano. Se teve uma coisa em que Hermione aprendeu na medida em que a formatura se aproximava foi que aquele ditado que diz que ás vezes quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas era a mais pura verdade. Para a surpresa de todos, Luna e Rony terminaram. Quer dizer, Luna terminou com Rony. Aquela era, para Hermione, a maior prova de todas de que Luna não era a mesma desde o dia da batalha final mas a loira se recusava a conversar sobre isso, o que era outra prova também porque se tinha uma coisa que Luna sempre tinha sido, era honesta e aberta a conversar sobre qualquer assunto. Era óbvio para quem quisesse ver que Rony não estava nem um pouco feliz com a decisão tomada por Luna de que eles deveriam ser amigos mas ele eventualmente aceitou. E Luna cumpriu a palavra dela quando ser ex de Rony não a impediu de continuar andando com eles.


E eles continuavam andando juntos, por incrível que pareça. Todos eles. Não passavam o tempo todo juntos mas sempre havia algum ponto do dia em que eles iam sentar e conversar e zombar um da cara do outro ou fazer qualquer coisa parecida. Tentando seguir o exemplo de Luna, Hermione também tentou não se afastar do seu próprio ex. Era mais fácil também porque ela viu que Draco estava fazendo o mesmo. Ele não a estava evitando e ás vezes ele até a procurava para eles passarem algum tempo a sós. Isso fazia Hermione pensar que, talvez, ainda havia mesmo alguma esperança pra eles e que ele só precisasse mesmo de um tempo. Afinal, muita coisa tinha acontecido entre eles. De qualquer forma, ela sabia que não havia mais nada que pudesse fazer. Ele diria a ela quando estivesse pronto.


Também para a surpresa de todos, Gina e Harry não estavam juntos ainda. Hermione não sabia o que eles estavam esperando. Ou o que Gina estava esperando, já que Harry parecia completamente louco por ela. Hermione imaginava que era só uma questão de tempo até eles se entenderem também.


Assim, os únicos que pareciam extremamente felizes em sua vida amorosa eram Pansy e Lucas. Tão felizes que ás vezes era meio irritante ficar perto deles. Tão felizes que Hermione achava que eles estavam escondendo alguma coisa.


Estava sentada em um dos bancos do jardim de Hogwarts, com a cara enfiada nos livros estudando para os NIEM’s – que era o que fazia agora na maior parte do tempo - como nos velhos tempos quando Pansy se aproximou.


– Eu juro que qualquer dia desses seu cérebro vai entrar em combustão com tanta informação que você obriga o pobrezinho a guardar.


Hermione sorriu de lado e abaixou o livro para dar atenção a amiga que se sentava ao seu lado.


– Não vai nada. Se quer saber, meu cérebro sentiu muita falta de ler e ter novas informações sempre que possível. E eu também.


– Ok. Mas me diz uma coisa. Você pentear seu cabelo de alguma forma impede o seu cérebro de absorver essas preciosíssimas informações?


Hermione inconscientemente levou a mão ao coque no topo da cabeça que tinha feito de qualquer jeito naquela manhã e revirou os olhos.


– Muito engraçadinha.


Pansy deu de ombros.


– Só procurando por uma razão compreensível pra você não pentear o cabelo. – a sonserina levou a mão aos cabelos da castanha e tirou rapidamente com a melhor cara de nojo que conseguiu fazer – Eca. Quanto tempo faz que você não o lava?


– Para de ser dramática...


– Eu não estou sendo dramática. Você está tentando tomar o lugar do Snape ou alguma coisa do tipo?


Hermione bufou.


– Eu só tenho estado ocupada demais, ok? Eu tenho tanta coisa pra fazer e colocar em ordem que eu acho que preciso de uma lista. – ela encarou a amiga – Sugestões?


– Quer sugestão melhor do que ‘Vá lavar essa juba’?


Hermione revirou os olhos mais uma vez.


– Sim, Pansy, por favor.


– Hum, que tal ‘Organizar o casamento da Pansy’? – ao dizer isso, ela levantou a mão com um anel de noivado – que não tinha estado ali antes – o colocando debaixo dos olhos de Hermione.


– Ai, meu Deus! - Hermione segurou a mão da amiga e a olhou atentamente. – Sério???


Pansy sorriu.


– Sério.


– Pansy... – estava boquiaberta – Você vai se casar!?


– Sim! Lucas pediu há um bom tempo mas nunca parecia a hora certa de te contar.


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Hermione a abraçou.


– Oh, Merlin! Meus parabéns! Eu nem sei o que dizer...


– Que tal: “Sim, Pansy, eu te ajudo a fazer o melhor casamento de todos.”


Hermione revirou os olhos.


– Você tem alguma dúvida?


A sonserina encolheu os ombros.


– Obrigada...


– Mas... por que isso assim de repente?


– Por que não? Nós nos amamos, a vida é curta, blá blá blá. – ela deu de ombros – Pra que perder tempo?


Aquele comentário fez Hermione se lembrar de Draco e de repente todo pensamento racional de que ele precisava de tempo e de que eles tinham passado por muita coisa desapareceu da sua mente. Pansy tinha razão. Eles já tinham sofrido por tanto tempo... Pra que esperar pra ser feliz? Por que Draco estava esperando para que eles pudessem ser felizes juntos?


Pansy reparou a expressão da grifinória.


– Você está bem? Eu disse alguma coisa?


– Não... – ela tentou sorrir entusiasmada – Eu só estava pensando que vocês estão absolutamente certos.


Só levou um segundo para Pansy perceber do que aquilo se tratava.


– Oh, e você pensou no Draco...


Hermione suspirou e deu de ombros.


– Tudo bem... Eu imagino o quanto isso deve ser difícil pra ele... - ela repetiu seu mantra - Ele só precisa de tempo...


– Hermione... – Pansy hesitou.


– O que?


– Eu... não sei... Pode ser que eu esteja falando demais mas eu não acho que é certo você sentar aqui e ficar esperando pro Draco se decidir...


– Pansy... O que mais eu posso fazer? Eu amo ele e depois de tudo que eu fiz, eu tenho que...


A sonserina a interrompeu.


– Você tem que seguir com a sua vida. Independente do Malfoy. E todo aquele discurso que você fez sobre não olhar pra trás quando voltou pra Hogwarts? A guerra acabou e não há nada que te impeça de deixar todos os erros pra trás e seguir em frente. Mas mesmo agora, você ainda está remoendo todas as coisas ruins que você fez durante um tempo difícil por que... Eu nem sei por quê... só sei que não é certo. Você fez coisas incríveis também... Draco está demorando pra ver isso, mas você não precisa levar tanto tempo. Ok? Pensa nisso.


Hermione não respondeu.


**********


Draco estava sentado na arquibancada do campo de quadribol pensando exatamente na mesma coisa que Hermione.


Lucas tinha lhe contado que ele e Pansy iriam se casar naquela manhã e Draco, apesar de feliz pelo amigo, não pôde evitar desejar que as coisas fossem fáceis assim para ele e para Hermione. Três meses já haviam se passado desde que ele havia lhe pedido um tempo. Ele sabia que Hermione nem ninguém entendia o porquê de eles não estarem juntos e ás vezes nem ele mesmo entendia. Ele só sabia que toda vez que ele decidia procurá-la e dizer que queria que eles finalmente ficassem juntos de novo, ele de repente era assaltado pela lembrança de tudo que aconteceu entre eles e – ainda era difícil admitir – o medo de que alguma coisa do tipo acontecesse novamente. No final das contas, ele sempre acabava não falando nada.


Quando a hora do treino de quadribol da sonserina se aproximou, Lucas chegou ao campo.


– E aí, cara? – se sentou ao seu lado – Tá fazendo o que aqui sozinho?


Draco deu de ombros.


– Só pensando.


– Oh, - Lucas desviou o olhar - Hermione...


Ele olhou para o amigo.


– Por que eu dizer que estou pensando significa que eu estou pensando na Hermione?


– Você não está pensando na Hermione??


Draco não respondeu e Lucas sorriu.


– Foi o que eu pensei... Então você já sabe me explicar porque vocês não estão juntos ainda?


Draco respirou fundo.


– É complicado...


Lucas se esforçou para não bufar.


– O que é tão complicado, Draco?


– Eu não sei... É que... Ela mudou... Tanta coisa aconteceu... Ficar com ela parecia tão certo antigamente e agora, eu não sei...


Lucas o encarou.


– Você consegue ouvir o que está dizendo? – ele perguntou – Isso não são como razões, Draco. São desculpas.


Draco revirou os olhos.


– Desde quando você virou expert em relacionamentos?


Lucas deu uma risada convencida.


– Não sei, desde que eu estou em um relacionamento com uma das garotas mais complicadas de Hogwarts?


– Hermione é mais. – Draco murmurou.


– Pode ser, cara. Mas agora quem está complicando é você. – Draco não respondeu e Lucas completou – Draco, eu sei que sua história com Hermione é muito longa e que tudo sempre foi muito difícil pra vocês desde o primeiro dia mas uma coisa é certa: em qualquer relacionamento, se você estiver disposto a procurar algum motivo para não ficar com a pessoa que você quer, você sempre vai encontrar.


– Você acha que eu estou fazendo isso pra machucar ela?


Lucas franziu o cenho.


– Por que está perguntando isso?


– Foi o que ela disse. E eu estou começando a achar que é verdade... Eu não estou fazendo de propósito nem nada... Mas talvez ela esteja certa.


– Bom, eu não sei se você está fazendo isso pra machucá-la... Mas que você está a prendendo, isso você está...


– Como assim?


Lucas suspirou.


– Você tem que tomar uma decisão, Draco. Ou vocês ficam juntos de uma vez ou vocês seguem cada um o seu caminho. Esse chove não molha não está fazendo bem pra ninguém.


– Eu... – ele respirou fundo – Sinceramente, não sei o que fazer...


– Você ainda a ama? – Lucas perguntou, hesitante e meio ansioso para aquela conversa acabar. Estava mais aberto àquelas coisas românticas desde que começou a namorar Pansy mas conversas longas assim sobre esses assuntos ainda o deixava desconfortável.


– Claro que eu amo. Esse não é o problema.


– Qual o problema então?


– É que... Eu não sei se Hermione e eu estamos prontos pra ficar juntos agora... Mas também não quero perdê-la.


**********


Alguns dias depois, Draco estava sentado na escrivaninha do seu quarto, tentando terminar de fazer a droga da lição de feitiços, quando bateram na porta do seu quarto. Ele olhou no relógio. Já era tarde. Se levantou e foi atender.


Era Hermione.


– Hermione?


Ela sorriu meio sem graça.


– Oi. – respirou fundo – Nós precisamos conversar.


Ele abriu espaço e ela entrou no quarto, se sentindo extremamente desconfortável.


– Você está bem? – ele perguntou, estranhando o comportamento dela.


– Sim... Eu só... Preciso saber de uma coisa...


Ela levantou os olhos pra ele.


– Pode falar...


– Eu estive pensando... – ela começou.


– Que choque. – ele brincou.


Ela revirou os olhos e continuou:


– Estive pensando em uma coisa que Pansy me falou. E eu preciso saber... Você acha – ela hesitou por uns instantes. Estava com muito medo da resposta dele mas se forçou a terminar a pergunta – que algum dia vai poder me perdoar?


Ele levantou as sobrancelhas, visivelmente surpreso. Não sabia o que esperar de Hermione, mas com certeza não era aquilo.


– Hermione... – ele desviou o olhar, voltando a se sentar na cadeira que estava antes – O problema não é esse...


Ela bufou.


– Claro que é, Draco... – ela atravessou o quarto e se sentou na ponta da cama, de frente pra ele - Vamos ser honestos. Isso não faz de você uma pessoa ruim... É completamente compreensível diante de tudo... Mas eu só preciso saber se você acha que vai poder me perdoar algum dia... Ou se eu estou me prendendo a uma coisa que não existe mais.


– Eu amo você. – ele respondeu, colocando sua mão sobre a dela – Eu quero muito que a gente fique junto.


Ela encolheu os ombros.


– Então porque nós não estamos juntos, Draco?


– Porque... – ele balançou a cabeça, sem ter o que dizer - eu não sei, não é tão simples assim...


Eles ficaram em silêncio por um tempo até Hermione o quebrar:


– Acho que nós ficamos separados tempo demais... – falou, num tom que denunciava que ela havia se dado por vencida.


– O que você quer dizer? – perguntou, hesitante.


– Eu quero dizer que... – ela deu de ombros, sentindo uma vontade terrível de chorar - nós temos que parar de nos apegar ao que aconteceu e ao que poderia ter sido e aceitar que... talvez... não sei, nós nos desconectamos... Aconteceu muita coisa. Eu mudei. Você mudou. Nós não somos mais as pessoas que éramos quando nos apaixonamos.


– Mas eu ainda sou apaixonado por você. – respondeu, não gostando nem um pouco do rumo da conversa - E eu não quero te perder.


– Mas você também não quer que a gente fique junto agora... Isso não faz sentido nenhum.


– Não é isso... – ele começou.


– Draco... – ela limpou uma lágrima solitária que teimou em cair e continuou – Olha pra gente. Isso não tá funcionando mais... Nesses últimos meses de escola, eu tenho focado nos estudos pra conseguir ir bem nos NIEM’S mas também para te dar o espaço que eu achava que você precisava para conseguir me perdoar. E eu tenho passado essas últimas semanas agindo como se você fosse aparecer do lado de fora da minha porta um dia e dizer que tudo estava bem, mas eu percebi agora que você não vai. Porque, vamos encarar, por mais que você não tenha se tornado a pessoa que seu pai queria e seja o melhor que você pode ser, tudo que eu fiz... é muito pra perdoar. E eu te conheço o suficiente pra saber que você se sente mal porque todo mundo já me perdoou mas a verdade é que você tem muito mais pra perdoar do que eles... E eu não queria encarar isso, como eu também sei que você não quer encarar isso, porque é muito assustador que a gente se ame tanto e que não possa achar um jeito de resolver isso. – respira fundo – Mas agora o colégio está acabando e eu acho que é hora da gente se desapegar. E por mais que me doa dizer isso, essa coisa toda simplesmente não é saudável pra nenhum de nós dois. Eu sei que é honrável lutar mas... é mais honrável ainda perceber quando a luta se torna cansativa demais e quando a gente precisa se libertar.


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Ele não disse nada imediatamente, ainda tentando digerir tudo aquilo e entender o que ela estava querendo dizer. Quando ela levantou e fez menção de sair do quarto, ele a segurou pelo braço, a impedindo de sair.


– Não vai... – ele pediu. – Por favor.


Ela desviou o olhar. Era tão difícil pensar racionalmente com ele daquele jeito...


– Draco... – ela se soltou dele delicadamente – É exatamente disso que eu estou falando... Nós temos que nos desapegar. Não vê o quanto isso é difícil pra mim? Eu perdi muitas coisas esse ano... Todos os tipos de coisas... Em todos os sentidos... Eu perdi a chance de ser monitora-chefe no meu último ano e contribuir de alguma forma com esse lugar que eu amo mais do que qualquer lugar no mundo. Ao invés disso, eu fui expulsa daqui. Eu fui responsável pela morte de uma pessoa que era muito próxima de mim e dos meus amigos e... perdi o caminho... Tem uma parte de mim que eu nunca vou conseguir recuperar. Como todas essas coisas... Eu nunca vou encontrá-las de novo. Elas se foram. E eu acabei de descobrir que você é uma delas.


Ele hesitou.


– Como você pode dizer uma coisa dessas?


– É a verdade, Draco. Porque... pensa bem. Nós não podemos voltar atrás e mudar o passado. Mas obviamente nós também não estamos conseguindo colocá-lo pra trás e seguir em frente. Então sabe o que isso quer dizer? Quer dizer que nós estamos presos nesse relacionamento... Ou no fantasma do relacionamento que a gente teve, eu não sei... E eu nunca pensei que estar presa com você pudesse ser uma coisa ruim mas é. Porque eu estou presa em um lugar que eu não suporto mais estar. Esse ano foi o pior da minha vida. E mesmo que a guerra tenha acabado e meus poderes estejam provisoriamente controlados de uma forma que eu estou saudável, tudo que aconteceu ainda está totalmente vivo em mim... Quer dizer, por Merlin, eu ainda não fui capaz de dormir uma noite inteira. E isso porque eu ainda não fui capaz de me perdoar... E eu tenho uma ligeira impressão de que uma parte do motivo pelo qual eu ainda não fui capaz de me perdoar é porque você ainda não foi capaz de me perdoar.


– Hermione... Não é isso... É só que eu preciso de mais tempo...


– E eu entendo isso, Draco. Eu entendo de verdade que não é fácil pra você também. Mas eu não tenho mais tempo... Eu tenho que deixar esse ano pra trás o mais rápido possível. Eu tenho que seguir em frente agora. – ela deu de ombros tristemente – E você não sabe o quanto eu lamento por não poder ser com você...


Ele não falou mais nada e Hermione respirou fundo. Aquela era a conversa mais difícil que ela tinha tido em toda a sua vida.


– Eu te amo, Draco.


Ela abaixou e lhe deu um pequeno beijo na bochecha, antes de se afastar e ir embora.


**********


Hermione não foi almoçar naquele dia. Ao invés disso, permaneceu na torre da grifinória aproveitando o silêncio do quarto que tinha voltado a dividir com Lilá e Parvati. Agora que seus poderes estavam controlados de novo, ela tinha perdido o privilégio do quarto individual. Hermione tinha adorado poder voltar ao seu quarto original mas era nessas horas que ela sentia falta da privacidade. Naquele momento, por exemplo, ela estava quase se acabando de chorar na cama e qualquer uma das meninas podia entrar e vê-la daquele jeito.


E foi o que aconteceu.


Com a exceção de que não foi nenhuma das meninas que ela estava esperando.


Era Pansy.


Ela não disse nada ao ver Hermione. Apenas fechou a porta de madeira atrás de si e se deitou ao lado da grifinória, dando um aperto confortador no seu braço. De alguma forma, aquilo só fez Hermione chorar ainda mais.


Pansy ficou do seu lado o tempo todo, em silêncio enquanto o surto de choro não passava. Quando Hermione se recuperou um pouco, falou:


– Você não deveria estar aqui.


– Eu vi que você não foi pro almoço e fiz Gina me dar a senha. Aquela mulher gorda é um saco, por falar nisso.


Hermione tentou sorrir mas acabou só fazendo mais lágrimas caírem.


– Draco me contou o que aconteceu.Se serve de consolo, ele também não está nenhum pouco bem.


– Serve um pouco... – ela murmurou.


Pansy sorriu tristemente.


– Eu sabia que podia ajudar...


Elas ficaram em silêncio por mais um tempo, até que Hermione falou:


– Eu perdi ele...


Pansy a encarou.


– Eu sinto muito...


Hermione fungou.


– Sabe, depois de todo esse tempo... Quando eu voltei pra Hogwarts três meses atrás, eu finalmente senti que eu tinha voltado pra casa. Você não tem noção de como eu esperei pra sentir que eu pertencia a algum lugar de novo... Mas agora, quando eu voltei pra casa, eu percebo que eu o perdi. É como ter um órgão, meu coração, literalmente arrancado do meu corpo.


Pansy a abraçou.


– Não fica assim, Hermione... Isso tudo vai passar. Nenhum cara merece isso. Nem Draco Malfoy, independente do quão gostoso ele seja.


Hermione devolveu o abraço apertado de Pansy, grata por ela ainda conseguir lhe fazer rir.


**********


Os NIEM’s vieram trazendo muita tensão e quando foram embora, não a levou junto.


Hermione tinha certeza que tinha feito a pior prova da sua vida e fez questão de deixar isso claro para todo mundo que estivesse disposto a ouvi-la. Enquanto todas as meninas estavam preocupadas com o que vestiriam no baile e quem as levaria, ela apenas se sentava no salão principal toda manhã esperando a resposta da Escola de Feitiços como se esperasse o beijo do dementador.


Quando uma coruja desconhecida depositou um envelope dourado na sua frente no salão principal, ela só conseguiu encará-lo.


– Hermione! – Gina se aproximou, animada – É a sua carta! Abra!


Hermione parecia que ia vomitar. Agora toda a mesa da grifinória a encarava.


– Vamos, Hermione! – Rony pegou o envelope e o colocou na sua mão – Abra!


Ela o fez, decidida a tratar aquilo como uma band-aid e tirá-lo de uma vez.


Ela leu a carta sob o olhar dos seus amigos e vários enxeridos ao seu redor.


– Eu passei? – ela murmurou, sem acreditar. Então sorriu e levantou os olhos para Gina e Harry que estavam na sua frente – Eu passei!


Gina sorriu abertamente e Rony levantou seu braço.


– Ouviram?? Ela passou!


Uma salva de palmas se espalhou pelo salão e várias pessoas se aproximaram para cumprimentá-la, incluindo Luna e Pansy.


– Isso é incrível, Hermione! – Luna exclamou – Quando as aulas começam?


Ela leu novamente a carta com mais atenção.


– Em setembro. – respondeu – Mas aqui está escrito que eu posso ir no começo do verão para me acomodar e talvez adiantar minha pesquisa.


– Você não vai, não é? – Pansy riu – Nós ainda temos que fazer aquela viagem no verão, lembra?


O sorriso no rosto de Hermione desapareceu aos poucos e Pansy a encarou séria.


– Você tá de brincadeira, não é? – Gina perguntou, ao ver a expressão dela. Tirou a carta da sua mão e a leu. – Hermione, isso é daqui a três dias. Você nem pegaria o trem junto com a gente.


Os olhos dela caíram em Draco, ainda sentado na mesa da sonserina, e depois voltou aos seus amigos.


– Me desculpe, pessoal. – ela pegou a carta da mão de Gina e colocou sua bolsa no ombro – Tenho que contar as novidades pra professora Minerva.


E com isso ela se retirou do salão principal, deixando todos os seus amigos chocados pra trás.


**********


Hermione estava sentada na beira do lago de Hogwarts, aproveitando o sol do verão tão próximo, e fazendo uma coisa que ela não fazia há muito tempo: ler por diversão.


Rony se aproximou e sentou ao lado dela.


– Ei, Mione... – ela trazia um saco de papel e tirou de lá de dentro um sanduíche – Com fome?


Ela sorriu de lado, aceitando o sanduíche.


– Até que estou, Rony.


Ele deu uma mordida no próprio sanduíche e ela o imitou.


– Então, - ela disse quando terminou de engolir – como você está?


Ele deu de ombros.


– Melhor que o esperado já que a garota que eu amo não me quer mais...


Hermione se sentiu mal pelo amigo. Meses já haviam se passado e ele ainda não tinha conseguido esquecer Luna nem um pouco. Se fosse dar sua opinião, ela achava que ele a amava mais que antes.


– Eu sinto muito. Eu sempre pensei que você e Luna fossem um daqueles casais...


– Que casais? – ele perguntou, com o cenho franzido.


– Você sabe... Que dão ao resto de nós esperança...


Ele a observou.


– Você e o Malfoy...


Ela o interrompeu.


– Acabou pra gente. – disse, desviando o olhar – De vez agora.


– Malfoy é um idiota por não te aceitar de volta, Hermione...


– Não, Rony... – ela sorriu tristemente se concentrando no seu sanduíche – Você sabe que ele não é... Se estivesse no lugar dele, provavelmente faria a mesma coisa... Eu provavelmente faria a mesma coisa...


Ele não respondeu.


– Mas enfim, - ela continuou – além de discutir nossos corações partidos, o que te trouxe aqui?


– Na verdade, eu vim te pedir pra ir comigo ao baile de formatura.


– Sério? – ela sorriu abertamente se lembrando do baile de inverno – Com três anos de atraso, Rony? Não tem vergonha?


– Haha. Muito engraçado. – ele revirou os olhos – Vai comigo ou não?


– Claro que sim. Eu já estava planejando ir sozinha, pra falar a verdade... Malfoy vai com a Taylor... Como monitores-chefes...


– Sabe com quem Luna vai?


– Acho que com algum corvinal, não tenho certeza...


– Ah...


– Sabe, se quer saber, é bem apropriado nós dois irmos juntos... Pra compensar o baile de inverno. Como deveria ser no começo.


Ele concordou.


– Eu deveria ter ido atrás de você naquela época... Não ter te deixado escapar...


– Tipo como você está fazendo com Luna agora?


Ele respirou fundo.


– Foi ela que terminou comigo...


– Sem razão aparente, Rony... Eu sinceramente acho que tem alguma coisa muito errada nessa história... E se eu fosse você, eu gostaria de saber o que é. Não cometa o mesmo erro que cometeu quando tinha quatorze anos... Você amadureceu tanto de lá pra cá. Não é hora de regredir. – Hermione respirou fundo – É hora de seguir em frente.


– É isso que você está fazendo decidindo sair do país tão de repente? Seguindo em frente?


Hermione assentiu. Tinha conversado com McGonagall e apesar dos protestos dos amigos, decidiu mesmo ir embora mais cedo e adiantar o começo da nova fase da sua vida. Ela ainda não acreditava que tinha conseguido entrar para a Escola de Feitiços e seria uma mentira se dissesse que não estava animada.


– Vai ser melhor assim. Eu sei que isso vai me fazer bem.


– Só não esqueça do seu amigo aqui.


Ela revirou os olhos.


– Nunca. Eu amo você, Rony.


– Eu também te amo, Mione.


**********


A noite do baile finalmente chegou e todos estavam muito animados e tristes ao mesmo tempo. No momento, a animação estava sobressaindo mais mas todos sabiam que haveria muitas lágrimas quando chegasse a hora da cerimônia de formatura no dia seguinte.


Os casais estavam formando uma fila na porta do salão principal, para tirarem uma foto e registrarem o momento assim que colocassem os pés no baile. Tecnicamente, o baile era para os formandos mas muitas pessoas de outros anos estavam indo acompanhadas de alunos do sétimo ano e além disso, ninguém achava que haveria alguém para barrar os alunos do quinto ou sexto ano se eles quisessem aparecer.


Quando Hermione chegou com Gina, Harry e Rony já estavam na fila. Gina estava indo com Harry, o que não era surpresa para ninguém. Hermione só tinha achado que ela estaria mais animada com o fato de Harry tê-la convidado.


– Gina, você está linda. – foi a primeira coisa que o moreno falou quando a viu.


A ruiva simplesmente sorriu.


O vestido de Gina tinha uma alça grossa e era apertado no busto, branco com detalhes em azul. Da cintura para baixo, ele descia em uma saia azul clara chiffon. O vestido era muito delicado e fofo e Hermione achou que ela parecia com uma princesa moderna de contos de fada.


Hermione se aproximou de Rony e deu uma voltinha.


– Agora é a hora que você faz um comentário perfeito sobre a minha aparência, Ronald. – ela brincou – Algo que vá valer por hoje e pelo baile de inverno.


Rony riu.


– Você está maravilhosa, Hermione. – ele falou, fingindo uma voz pomposa - Como sempre.


Ela sorriu.


– Own, que fofo. Luna te ensinou alguma coisa, hã? – a expressão dele murchou e Hermione se arrependeu do que tinha dito – Desculpe.


– Tudo bem. – ele forçou um sorriso – Você vai mesmo me fazer pagar a noite toda pelo baile de inverno, não vai?


Ela deu de ombros.


– Você foi minha primeira frustração amorosa, meu amigo. E eu nunca realmente consegui me vingar por aquele pequeno episódio.


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– E aí, cambada? – Lucas apareceu do nada do lado deles, de braços dados com Pansy – Será que dá pra abrir um espaço na fila ou o quê?


– Por que você não chegou cedo como todos nós, Mason? – Harry perguntou.


– Porque eu estava me arrumando, Potter! – ele respondeu – Ao contrário de você, eu não posso sair com meu cabelo parecendo um ninho de gato!


– Eu fiquei pronta antes dele! – Pansy disse – Se fosse para alguém marcar lugar na fila, deveria ser eu.


Hermione olhou a roupa da amiga.


– Você está um espetáculo, Pansy!


A garota revirou os olhos.


– Qual a novidade?


O vestido de Pansy era longo também, e até bem simples em comparação com as coisas que ela usava. Tinha a alça bem fina que prendia atrás do pescoço, era bastante decotado e tinha uma espécie de cinto passando um pouco abaixo dos seios. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, com algumas mechas soltas.


– Parece que Taylor fez um trabalho e tanto aqui, não? – comentou Lucas.


Infelizmente, Hermione tinha que concordar. O tema escolhido pela monitora-chefe era perfeito. Tecnicamente, não tinham entrado no baile ainda mas o corredor em que estavam já estava incrivelmente decorado e de onde estavam, já podiam ver o salão.


O tema do baile era um luau havaiano então estavam todos vestidos a caráter. O chão estava coberto de areia de uma forma que a grifinória achava que não conseguiria encontrar o característico chão de pedra do castelo nem que tentasse. O ambiente praiano pedia que tudo fosse muito leve, isso incluía a vestimenta de todos, que constituía-se de cores bastante claras e tecidos muito leves.


Dali podia ver que o céu do salão tinha sido encantado para parecer o céu a noite, com uma enorme lua cheia e milhares de estrelas brilhando acima deles. Deviam ter colocado um feitiço de ilusão nas paredes também porque eles pareciam estar mesmo ao ar livre, com um imenso mar em volta. De longe ela podia sentir uma brisa marinha e o cheiro de maresia.


Aquilo tudo fazia Hermione se lembrar do verão. E lembrar do verão a fazia se lembrar de Draco e de que nesse verão, eles não estariam juntos. Dali a um dia eles não estariam juntos. Aquilo fez metade do seu bom humor desaparecer.


– Gina, você está bastante apresentável... – disse Pansy, o que fez a ruiva revirar os olhos - Você está parecendo uma deusa grega, sangue-ruim.


Hermione sorriu.


– Obrigada!


Incapaz de decidir se usaria algo curto ou longo no baile, Hermione optou pelos dois. Usava um vestido branco tomara-que-caia no estilo Mullet, aqueles que são curtos na frente e longos atrás. Sua saia era ligeiramente rodada, não muito porém, e descia em camadas até o meio da coxa na parte da frente. Seu tecido era muito delicado e ele marcava bastante sua cintura, além de deixar metade das suas costas exposta. Também tinha um decote bastante generoso porém nada ostensivo. Tinha se apaixonado pelo vestido no segundo que colocou seus olhos nele.


Como todos, Rony e Hermione tiraram fotos na entrada fazendo caretas para a câmera. Receberam colares de flores e finalmente entraram no salão.


Hermione pôde ver como todos estavam adorando o clima que tinha sido criado. Tudo os fazia sentir como se estivessem mesmo em uma praia. No meio do lugar separado para dançarem, a luz era baixa e havia uma fogueira no meio, dando um clima muito romântico.


As mesas do jantar tinham sombrinhas de palha em cima, a toalha eram redes de pescas com pequenas conchas presas a elas e as cadeiras eram de madeira.


Sem falar que havia pranchas de surf e palmeiras espalhadas por todo o lugar.


– Isso é incrível! – exclamou uma voz conhecida que se aproximou do grupo.


Todos eles olharam para a recém-chegada e o silêncio caiu entre eles enquanto faziam idênticas caras de choque.


Hermione nunca, na sua vida, achou que veria Luna Lovegood usando nada tão sexy na sua vida. Era óbvio que Luna tinha seu próprio estilo, que pendia bastante para o lado romântico, sempre usando roupas floridas e acessórios super fofos que faziam todos se lembrar de um ursinho de pelúcia.


Aparentemente, hoje ela quis inovar.


Seu vestido devia ter apenas um palmo abaixo da cintura e seu decote era tão longo que chegava um pouco acima do umbigo. Na parte de cima, ele cobria apenas a parte da frente dos seus mamilos, deixando os lados dos seus seios completamente nus, assim como suas costas. Resumindo, o tecido só cobria-lhe as suas partes essenciais e nada mais do que isso.


Hermione ouviu Rony engasgar ao seu lado.


– Uau, Lovegood... – foi Pansy quem fez o primeiro comentário – Nunca pensei que eu diria isso, mas você está muuuuito quente nesse vestido.


– Obrigada. – ela sorriu – Connor gostou também.


Rony teve um acesso de tosse e murmurando que ia beber um gole d’água, saiu de perto deles. Harry foi com ele.


Antes que Hermione pudesse dizer mais alguma coisa, Luna se afastou também indo ficar junto do seu par e Pansy sorriu maliciosamente para Hermione.


– De jeito nenhum ela está usando calcinha com aquele vestido. – ela sussurrou de modo que só a grifinória ouviu.


– Alô? Estão me ouvindo?


Todos se viraram para ver Taylor parada no meio da pista de dança com Draco ao seu lado.


Hermione reparou que ela estava perfeitamente linda, parecendo uma boneca fabricada sem um único defeito. Draco estava ao seu lado, igualmente perfeito, com a melhor cara entediada que conseguiu fazer.


– Olá! – ela falou – Sejam Bem Vindos ao baile dos Formandos desse ano! Espero que vocês se divirtam muito essa noite e aproveitem o baile que nós montamos pra vocês!


Depois disso, todos foram surpreendidos quando uma música animada começou a tocar. Geralmente nesses bailes a primeira música era sempre lenta. Todos tiveram a mesma ideia e foram juntos para a pista de dança.


Hermione se deixou ficar para trás, decidida a não se meter na confusão de gente e ter seu pé esmagado. Mas quando Pansy e Gina viram que ela não as acompanhou, as duas voltaram e a puxaram cada uma por um braço.


E então Hermione se deixou ir e se divertir.


A música não tinha uma coreografia então cada um inventou a sua. E quando a música chegou no refrão, ela não conseguia ver uma pessoa que não estivesse dançando. Luna dançava com o par dela, Connor Cartwright, Pansy havia ido buscar Draco – que tinha escapulido para a mesa de bebidas -também e começou a dançar em volta dele e de Lucas, mexendo seus braços e os obrigando a dançar com ela.


Até Rony e Harry foram arrastados e agora tentavam acompanhar o ritmo agitado da música. Ela tinha que lhes parabenizar pelo esforço, aqueles dois pareciam ter dois pés esquerdos.


Hermione dançava com Gina se lembrando de quando as duas se trancavam no quarto da ruiva n’A Toca e ela colocava seu disco das Esquisitonas e as duas passavam a tarde inteira se divertindo e conversando. Sempre era bom se lembrar daquela época.


Quando outra música começou, Hermione puxou Rony pela mão, se aproximando dele.


– Você me deve uma dança, Ronald.


Ele riu e segurando a sua mão, a fez dar um rodopio chique, o que foi meio sem noção porque a segundo música ainda conseguia ser mais agitada que a primeira. Hermione só conseguiu rir dele.


– É bom te...


O sorriso no rosto dele sumiu e franzindo o cenho, Hermione seguiu o olhar dele, olhando para trás. Ela também ficou séria ao ver o que ele via. Luna beijando o tal Connor enquanto os dois dançavam a pouco mais de um metro deles. O corvinal correspondia o beijo da garota com entusiasmo enquanto suas mãos exploravam o corpo da loira.


Hermione se virou novamente mas Rony não estava mais na sua frente.


Saiu da pista de dança e foi procurá-lo, o encontrando na mesa de bebidas, enchendo seu copo de um ponche que todo mundo sabia que os sonserinos já tinham batizado.


– Rony! – ela se aproximou – O que você está fazendo?


– O que você acha que eu estou fazendo?


– Olha, - ela suspirou – eu sei que é difícil...


– O que é difícil? – ele perguntou – Ver uma amiga beijando outra pessoa? É isso que nós somos! Amigos! Eu não me importaria se você beijasse outra pessoa agora!


– Rony...


– Eu estou bem, Hermione! – ele exclamou – Na verdade, eu mesmo vou procurar alguém pra beijar!


E dizendo isso, ele voltou para a pista de dança, encarando algumas meninas do quinto ano.


Pansy se aproximou.


– Cara, vocês são uma bagunça! – ela exclamou – Sério, depois falam dos sonserinos! Que loucura!


– Do que você está falando? – Hermione perguntou.


– Eu estou falando da Lovegood beijando aquele garoto obviamente só pra fazer ciúmes no Weasley enquanto a irmã dele dança com todo mundo menos com o Potter!


Ela apontou com a cabeça para Harry que dançava desengonçado perto de Gina enquanto a garota fingia que o ignorava.


– Vocês grifinórios definitivamente não sabem se entender romanticamente.


Depois disso, a noite foi passando de um jeito surpreendentemente agradável - se Hermione decidisse não se meter nos óbvios problemas dos seus amigos.


Ela voltou a pista de dança mais algumas vezes, dançando amigavelmente com qualquer um que a convidasse e decidida a ignorar o fato de que muitos garotos a convidaram, menos Draco, que por sinal, estava fazendo mais ou menos a mesma coisa que ela, dançando com qualquer garota que se oferecesse pra ele.


Com o adiantar da hora, as músicas foram ficando cada vez mais lentas e diante do clima romântico que se estabeleceu na pista, Hermione decidiu que era melhor não voltar lá naquela noite. Passou por Harry, que estava dançando com uma lufa-lufa do sexto ano e se sentou na mesa ao lado de Gina, que não havia parado de dançar um segundo até aquele momento.


– Então, posso saber o que se passa na mente de Gina Weasley? – Hermione perguntou divertida.


Gina sorriu.


– Nada demais... Só me divertindo muito...


– Hum... Não sabia que ignorar Harry Potter provia tanto entretenimento. Eu devia tentar.


– Você reparou, huh?


Hermione revirou os olhos.


– Não. Ninguém reparou que você não concedeu uma dança sequer ao seu par. – a ruiva bebeu um gole da sua bebida pra disfarçar – O que aconteceu, Gina?


Ela hesitou mas então suspirou e pareceu decidir contar.


– Ele se declarou essa manhã... Disse que estava apaixonado por mim...


O tom de Gina não passou despercebido para Hermione, tom de quem contava um problema.


– Mas isso é uma coisa boa, não é? – perguntou de cenho franzido – Quer dizer que vocês vão ficar juntos agora.


Gina bufou.


– Por que todo mundo simplesmente assume que agora que o Harry resolveu dizer que está apaixonado por mim, eu vou voltar correndo para os braços dele como se nada tivesse acontecido? – ela exclamou com raiva – Muita coisa aconteceu!


Hermione se surpreendeu com aquela atitude da garota. Ela tinha razão, ninguém tinha parado pra pensar que ela poderia não querer Harry de volta.


– Gina, eu conheço o Harry... Ele não está simplesmente dizendo que está apaixonado por você. Ele está. Dá pra ver nos olhos dele...


– Bom, - ela deu de ombros como se não se importasse – quer saber a verdade? Eu não acredito.


– O quê? – Hermione estava começando a achar Gina um pouco fora de si – Você bebeu?


– Hermione, você não estava lá quando ele terminou comigo... Ninguém estava então ninguém vai acreditar em mim mas a verdade é que ele não poderia ter sido mais frio. E ele me chutou pra ficar com você. Minha amiga.


– Gina... Todos nós cometemos erros nesse ano... Mas agora que está acabando, nós temos que nos perdoar e seguir em frente.


– Eu perdoei. – ela assegurou – Eu o perdoei e finalmente me vi conseguindo ser o que ele queria que eu fosse. Amiga dele. E agora ele vem com esse assunto? Eu perdoei mas não posso simplesmente esquecer.


– Gina... Você é apaixonada pelo Harry desde que tinha dez anos... Isso não pode simplesmente ter desaparecido... Você ainda o ama e é orgulhosa demais para voltar com ele, mas acredite em mim, isso só vai trazer dor para vocês dois... E eu não acho que nenhum de vocês precisa de mais dor na vida. Eu acho que está na hora de um pouco de felicidade por aqui, só pra variar... – ela completou, começando a sentir um pouco de raiva também e só um pouco consciente de que estava levando aquela conversa pro lado pessoal.


– E quem disse que minha felicidade está com o Harry?


– Gina...


– Você não entende... – ela disse a interrompendo.


– É claro que eu não entendo! – Hermione exclamou, começando a se irritar – Você ama ele, ele te ama. Por que não pode simplesmente seguir seu coração?


– Porque ele quebrou meu coração! Eu não quero me sentir desse jeito nunca mais... Eu não vou me permitir sentir desse jeito nunca mais.


E dizendo isso, ela se afastou.


Hermione suspirou e bebeu um pouco do seu próprio copo, desejando que tivesse continuado fazendo o que estava fazendo antes e ficado fora dos problemas de Gina com Harry. A verdade era que a história deles não era muito diferente do que estava acontecendo com ela e com Draco naquele momento. Harry tinha terminado com Gina e a machucado muito, como ela havia feito com Draco, e Gina agora não queria aceitar o moreno de volta, como Draco também não queria.


Do nada, Rony apareceu e se sentou pesadamente do seu lado, tirando o copo da sua mão e o bebendo.


Surpresa pela atitude do garoto, ela apenas o encarou.


Ele fez uma careta e cuspiu todo o líquido.


– O que é isso? – perguntou, cheirando o copo enojado.


Hermione o olhou preocupada.


– Água? – ela sugeriu, vendo o tamanho da dificuldade que ele estava tendo em identificar o que tinha acabado de beber.


Ele a olhou como se fosse louca.


– Por que você tá bebendo água? – perguntou, tendo dificuldades em falar claramente.


Ela suspirou novamente e se recostou na sua cadeira. Os Weasley’s estavam afiados naquela noite.


– Você quer dançar?


Hermione levantou os olhos e ao ver Draco de pé, oferecendo seu braço a ela, tentou a todo custo não começar a surtar e dar pulinhos como umas garotas do quarto ano que tinha visto mais cedo.


– Claro.


Ela aceitou o braço dele e deixou-se ser conduzida para a pista de dança. Uma música lenta tinha acabado de começar e Draco a abraçou pela cintura, a puxando para mais perto. Hermione não conseguiu segurar um suspiro e passou os braços pelo ombro dele.


– Então... – ele começou depois de um minuto em silêncio – você está indo embora amanhã.


– Estou. - respondeu num sussurro – Foi meio que de repente...


– Eu sei. Pansy fez questão de me manter a par dos detalhes. – ele abaixou o rosto, fazendo questão de olhá-la nos olhos – Você está indo embora por minha causa?


Hermione quase revirou os olhos. Sempre tão modesto!


– Não. – ela exclamou. Ele lhe lançou um olhar duvidoso e ela admitiu – Em parte. Mas eu realmente tenho que seguir em frente. E eu não vejo razão pra não ser numa cidade nova, com pessoas novas...


– Pessoas novas, huh? – ele arqueou uma sobrancelha – Isso significa...


Ela o interrompeu.


– Tá de brincadeira comigo, né? Você está mesmo com ciúmes?


– Com licença, mas eu acho que eu tenho o direito, não é?


– Com licença, mas quando você não quer ser meu namorado, você dificilmente tem esse direito...


Ele pareceu triste quando ela disse isso e Hermione se arrependeu.


– Me desculpe. – ela murmurou – Eu não quero brigar.


Ele suspirou.


– Você ainda não respondeu minha pergunta...


Ela bufou.


– Não, Draco. – ela falou com a voz cansada – Como eu acredito que já disse antes, eu dificilmente vou me interessar por outra pessoa num futuro próximo. – ela lhe encarou se sentindo tão triste como ele parecia estar um segundo atrás.


– Isso é bom. – ele replicou – Porque eu vou levar uma eternidade pra te superar.


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Hermione achou que ia começar a chorar naquele momento mas Draco cobriu seus lábios com os dele então sua tristeza foi logo substituída por uma onda de surpresa e quando ele pressionou seu corpo contra o dele, uma onda de desejo.


Draco não sabia o que tomou conta dele, mas a vontade de beijar Hermione – que estava sempre com ele e que, com o tempo, ele tinha aprendido a lidar e a reprimir – o atingiu com tanta força que só o pensamento de não beijá-la naquele momento parecia insuportável.


Quando a necessidade de respirar falou mais alto, ele se afastou lentamente, sem tirar os olhos dela. Seus olhos brilhavam e suas bochechas estavam coradas. Quando olhou para seus lábios, se sentiu hipnotizado por eles e mais uma vez, se abaixou para alcançá-los.


Hermione curvou seu corpo para trás, tirando-os do seu alcance e o encarando com um olhar confuso.


– O que você tá fazendo?


– Hermione...


– Você não tem o direito de me beijar também, Draco.


– Eu sei... – ele suspirou – Cara, isso é difícil...


Ela concordou.


– Porque nós não estamos facilitando também... – ela se aproximou novamente e o pegando de surpresa, o abraçou o mais apertado que pôde. Quando se afastou, ele lhe olhou confuso. – Nós temos que deixar o passado passar, Draco.


Hermione saiu da pista de dança, convencida de que o baile tinha acabado pra ela e doida para se jogar na cama e talvez chorar até dormir. Ela estava tão cansada de conversas difíceis com o Draco. Quantas vezes mais os dois iam ter que terminar um com o outro para entenderem que estava acabado?


Quando passou na mesa que estava sentada com Rony anteriormente, Gina estava tentando a todo custo levantar o irmão.


– Hermione?? – ela chamou, quando viu a morena passando – Pode dar uma ajudinha aqui?


Hermione se aproximou deles.


– Hermioneee... – Rony se jogou para o lado dela ainda sentado, a abraçando pela cintura – você pode chamar a Luna aqui??


– Rony, - Gina se abaixou na frente dele – Luna já foi embora há muito tempo com o Connor. Ela não vai voltar. E está na hora de nós irmos também.


Ele se sentou ereto, com os olhos arregalados.


– Ir encontrar a Luna?


Gina suspirou.


– Claro, encontrar a Luna. – e então ela se levantou e sussurrou para Hermione – Vamos levá-lo para a grifinória.


Hermione assentiu e as duas, com dificuldade, levaram Rony para fora do salão do baile.


– Você tá bem? – Gina perguntou, tentando ver Hermione apesar de Rony estar com a cabeça na sua frente – Tá parecendo tão triste...


– Eu estou bem. – ela replicou.


Alguns minutos de silêncio se passaram enquanto elas arrastavam Rony pelo corredor.


– Sabe, você vai ficar feliz de saber que estava certa. – Gina falou.


– Sobre o quê?


– Sobre o Harry. – respondeu – Eu fui muito má com ele hoje. Vou procurá-lo e pedir desculpas...


Hermione sorriu levemente.


– Então vocês vão ficar juntos?


– Talvez. Se ele ainda quiser.


A morena revirou os olhos.


– Claro que ele quer.


Mais alguns minutos e eles chegaram ao salão comunal. Subiram até o dormitório dos meninos, quase deixando Rony rolar escada abaixo umas três vezes.


Gina empurrou a porta e franziu o cenho quando ela não abriu.


– Está trancada? – ela se virou para Hermione.


A garota deixou Rony sentado no chão do corredor e se aproximou também. Estava mesmo trancada. Sem pensar nas consequências, Hermione tirou sua varinha e abriu a porta com um simples ‘alohomora’.


Ela e Gina entraram no quarto bagunçado dos garotos, mas Hermione instantaneamente desejou que elas não tivessem feito isso.


Arregalou os olhos ao mesmo tempo em que Gina soltava um som esganiçado de surpresa.


Harry estava abraçado na cama com a lufa-lufa com quem ele estava dançando mais cedo.


E eles estavam completamente nus.


– Gina! – ele gritou, puxando a coberta para tapar seu corpo. A lufa-lufa ficou quase roxa de vergonha e fez o mesmo. – Eu poss...


A ruiva saiu do quarto em disparada. Hermione achou ter ouvido um soluço antes de ela sair do seu campo de visão.


– Hermione! – ele exclamou, como se ela pudesse fazer alguma coisa.


Ela franziu o cenho.


– Ok. Eu vou sair agora.


Ela se retirou do quarto também, e fechou a porta atrás de si com um suspiro.


Encarou Rony ainda sentado no corredor, sem noção nenhuma do que tinha acabado de acontecer.


– Onde está Gina?


Ele piscou lentamente.


– Ela passou por aqui... – respondeu – Chorando muito...


Hermione suspirou novamente. A sorte não estava mesmo do lado de Gina Weasley.


– Nós podemos ir ver Luna agora? – Rony perguntou esperançoso.


– Ah, Rony... – Hermione sorriu tristemente, e se sentou no chão ao lado dele – Acho que Hogwarts nunca teve tantos corações partidos em uma noite.... Nós vamos entrar para a sessão de recordes em Hogwarts, Uma História.


**********


Depois de ajudar Taylor a expulsar os últimos bebuns do salão principal, Draco estava finalmente voltando para as masmorras, se sentindo a criatura mais miserável que já existiu. Carregava seu paletó numa mão e seus sapatos na outra, andando sem prestar realmente muita atenção por onde ia.


Ele era tão idiota. Hermione tinha toda a razão. Ele não tinha o direito de beijá-la. Assim como, ao contrário do que tinha dito, também não tinha direito de sentir ciúmes se ela realmente conhecesse pessoas novas. Na verdade, talvez ele nem tivesse o direito de chamá-la para dançar. Era uma coisa muito masoquista de se fazer, pra ser sincero. Ele não achava que os dois deviam ficar juntos mas sempre que havia a oportunidade, ele fazia questão de estar na presença dela.


Como tinha dito, tão idiota.


Quando virou um corredor, se surpreendeu ao ver Luna Lovegood sentada no começo da escadaria de mármore perto do salão principal.


Ele pensou seriamente em passar direto mas quando ouviu a garota fungando e olhou seus olhos vermelhos, decidiu parar.


– Ei, Lovegood. – ele sentou ao seu lado – Péssimo baile, huh?


Ela levantou os olhos, só então percebendo a presença dele.


– O baile estava ótimo, Malfoy. – ela falou com a voz embargada – Você e Taylor fizeram um ótimo trabalho. Parabéns.


Draco sorriu, se lembrando das vezes que Hermione lhe falou de Luna. Ela estava obviamente num péssimo momento, e ainda conseguia ser gentil com os outros.


Ele ficou em silêncio enquanto ela continuava chorando e reparou que ela tinha algumas marcas no corpo. Não precisava ser nenhum gênio pra perceber o que ela tinha andado fazendo quando reconheceu um chupão no seu pescoço.


– A sessão de amassos foi tão ruim assim? – ele perguntou.


Ela corou e pareceu se encolher.


– Se Connor tivesse ficado só nos amassos teria sido ótimo.


– Oh. – uma onda de raiva pegou Draco de surpresa – Ele fez alguma coisa que você não queria?


– Não, porque eu o parei. – e então ela completou: - eu literalmente o parei. Eu estuporei ele.


– Uau. – Draco balançou a cabeça – Muito bem, Lovegood.


Ela deu de ombros.


– O que eu podia esperar quando me visto assim, não é?


– Bom, quando você não costuma se vestir assim e o faz justamente no primeiro encontro com um cara, ele realmente vai achar que vai se dar bem no fim da noite.


Luna assentiu e mais lágrimas caíram dos seus olhos.


– Eu parti o coração de Rony hoje. – Draco não falou nada e ela continuou – Eu fiz de propósito.


Ele arqueou uma sobrancelha.


– Por quê? Ele nunca te fez nada...


– Eu precisava que ele se afastasse. Quer dizer, ele não está implorando pra voltar nem nada mas eu precisava que ele... gostasse menos de mim, entende? Então eu coloquei esse vestido porque eu sei o quanto ele é temperamental com essas coisas e beijei outro cara quando eu sabia que ele estava olhando.


– E por que você precisava que ele gostasse menos de você?


– Porque eu preciso que as coisas mudem.


– Você não gosta de como as coisas estão agora? – ele perguntou, confuso.


– Eu não gosto de como elas vão ser. – ela respondeu, como se explicasse tudo.


– Você não pode mudar o futuro, Lovegood. – Draco falou.


– Claro que eu posso. Todo mundo pode. É só olhar pra ele. Muda tudo.


**********


Hermione pensou que quando acordasse na manhã da formatura, veria todos os alunos do sétimo ano abraçados e sorrindo, cheios de amor pra dar e receber em troca.


Então, naquele dia, quando ela acordou ao som dos gritos de Parvati Patil, ela achou que tinha sido levada para uma realidade alternativa.


– Não acredito nessa roupa! – ela falou, apontando para si mesma na beca de formatura – Eu pareço uma bola, Lilá!


Nas horas que antecederam a cerimônia, a torre da grifinória estava um completo caos. E pelo clima no castelo, ela podia dizer que as outras casas não estavam muito diferentes.


Como todos iam embora dali a alguns dias, o pessoal estava começando a fazer as malas e a se dar conta dos seus pertences desaparecidos. E como dessa vez eles não iriam voltar dali a alguns meses, ninguém queria deixar nada para trás.


A cada vez que Hermione passava pelo salão comunal, tinha mais gente procurando coisas pelo lugar. Deu graças a Merlin por já ter terminado de fazer as malas no dia anterior, já que ia embora dali a algumas horas. Pensar nisso a deprimia então ela afastou o pensamento.


Assim, a hora da formatura chegou.


A cerimônia seria ao ar livre e havia cadeiras em fileiras no jardim de Hogwarts. As da frente pertenciam aos formandos e as outras aos familiares e amigos.


Não foi permitido a nenhum dos alunos ver seus pais antes da cerimônia então quando McGonagall chamou os formandos da grifinória minutos depois de Snape chamar os da sonserina, ela teve que segurar a urgência de ir abraçar seus pais. Fazia tanto tempo que não os via.


Quando todos os alunos estavam devidamente sentados no seu lugar, Dumbledore pediu silêncio e começou o seu discurso:


– Hoje é o dia de vocês começarem a se despedir de Hogwarts. Sim, começar. Porque deixar Hogwarts para trás não é algo que se faz em um dia. É algo que se faz aos poucos. Eu conheço pessoas que nunca foram capazes de terminar o processo. Mas eu peço, por favor, que vocês terminem. Porque há pessoas que tiveram tantos momentos bons aqui que não conseguem realmente dizer adeus. E apesar do fato de que Hogwarts irá sempre ser seu lar, vocês tem que se segurar ao futuro, não ao passado. Eu sei que muitos de vocês estão se sentindo assustados, pensando nas mudanças que vão acontecer nas suas vidas a partir de agora, e com medo de deixar a escola e adolescência para trás. É horripilante que esse capítulo esteja acabando mas acreditem, todo mundo se sente assim ao deixar Hogwarts. E mesmo para as pessoas que já tenham uma vida no mundo lá fora, os últimos meses, sem a iminência de uma guerra a qualquer momento, está sendo uma nova página para toda a comunidade bruxa. É tempo de mudança. Vocês tem que descobrir quem serão. E por favor, sejam bons. Sejam corajosos, valentes e tentem fazer a diferença. Encontrem suas paixões e se esforcem por... alguma coisa. Dê valor aos seus amigos, permaneça fiel aos seus princípios. Não desperdicem seu tempo odiando nada além da falsidade e da maldade, não temam nada além da covardia. Esses são alguns conselhos meus para atravessarem o caminho para a paz.


**********


Depois da cerimônia, houve um almoço para pais e alunos que se passou como um borrão para Draco. Ele conversou com sua mãe, que insistiu em passar a maior parte do tempo conversando com Molly Weasley e o resto da família que estava toda lá e ficou com alguns dos seus colegas sonserinos – a pequena porção que não o odiava porque ele lutou do lado da Ordem da Fênix e agora seus pais estavam presos.


Ele viu os pais de Hermione vagamente e ela não os apresentou, o que fez Draco ficar estranhamente incomodado. Ele estava consciente de que ela iria embora em pouco tempo agora e ele realmente não queria que ela fosse, apesar de não saber o que dizer para fazê-la ficar, mesmo que Pansy o estivesse perturbando desde que descobrira que Hermione seria a primeira a ir embora, dizendo que ele era a única pessoa que podia fazê-la ficar.


A verdade era que a única coisa que ele podia fazer naquele momento era pedir pra ela ficar, pra esperar ele resolver com ele mesmo aquela coisa na sua cabeça que o estava impedindo de ficar com ela. De alguma maneira, ele tinha a impressão de que ela não ia reagir bem se ele lhe falasse aquilo. Ele queria pedir tempo e ela já tinha lhe dito que não tinha esse tempo. Ele concordava com ela, não era justo que ele a impedisse de seguir em frente só porque, por algum motivo, ele não conseguia.


E então, assim que a sobremesa tinha sido servida, ela tinha ido embora, os pais dela tinham ido embora, e todos os amigos deles estavam se apertando numa carruagem para Hogsmeade.


Draco foi o primeiro a voltar para a sala comunal da sonserina, aproveitando o silêncio do lugar para começar a fazer suas próprias malas. Algo lhe dizia que ele também não iria tomar o trem para Londres como todo mundo.


**********


Hermione preferiu sair do almoço mais cedo e depois de levar seus pais até o escritório de Dumbledore para que pudessem voltar pra casa via flu, disse aos seus amigos que os encontraria na estação.


Ela tinha uma parada para fazer em Hogsmeade antes de chegar lá. E precisava fazer isso sozinha.


Chegou ao cemitério do povoado depois de uma pequena caminhada. Tinha um vaso de flor em suas mãos. Chegando a sepultura, se abaixou e tirou algumas ervas daninha ao redor do túmulo e que a impedia de ver a foto de um Neville sorridente olhando para ela. Ficou um tempo em silêncio, se perguntando se não era besteira ir até ali e falar com um pedaço de concreto.


Decidiu que não.


– Ei, Nevile... É a Hermione... – ela fez uma pausa e suspirou, se perguntando por que era tão difícil – Então... Eu queria vir aqui há muito tempo, mas eu estava meio que adiando o momento porque eu não sabia muito bem o que dizer... Eu ainda não sei o que dizer... Mas eu estou indo embora hoje e o momento certo parece não ter chegado ainda... Acho que vão se passar mil anos e eu ainda não vou estar pronta. Mas hoje eu vim porque é o meu último dia em Hogwarts... A formatura foi hoje, e eu senti muito a sua falta quando estava lá junto com os outros formandos da grifinória... Nós estávamos incompletos... Me desculpe por isso... Me desculpe por ter perdido a formatura, e por ter perdido o fim da guerra... Por todas as coisas que você perdeu, pra falar a verdade... Me desculpe mesmo. – lágrimas molharam seu rosto e ela fez outra pausa, mais longa dessa vez – Eu me culpei tanto pela sua morte, Neville... Tanto que eu não sei nem como explicar o que isso causou em mim... E apesar de eu saber que uma parte de mim sempre vai se culpar, eu estou um pouco melhor. Ainda não completamente recuperada, mas melhor. A garota que veio aqui naquela noite não existe mais... Eu tomei o rumo certo agora, acho que vou ficar bem. Alguns dias são mais difíceis que os outros. – ela derramou uma lágrima – Ás vezes eu sinto sua morte pesar uma tonelada em mim. Ás vezes dói tão forte que eu acho que nem vou conseguir respirar... Mas eu estou começando a me perdoar por tudo... Todo mundo já me perdoou, então acho que é hora de eu começar a fazer isso por mim também...


Ela se aproximou mais e colocou as flores.


– Adeus, Neville... Nós todos sentimos sua falta e vamos sentir pra sempre.



**********


Quando Hermione chegou na estação, seus amigos estavam esperando por ela.


Ela não pôde evitar se sentir triste quando percebeu que Draco não estava com eles, mas tentou ignorar o aperto no seu peito e sorriu para eles ao se aproximar, apesar de seus olhos estarem cheios de lágrimas.


Todas aquelas emoções estavam acabando com ela. Ela estava tão animada para o que a esperava. Tão ansiosa pelo futuro e para deixar as lembranças ruins daquele ano para trás, mas ao mesmo tempo estava triste por ir embora e não poder ver seus amigos sempre que quisesse.


– Oi. – ela parou perto deles – Chegaram há muito tempo?


– Não muito. – Rony respondeu – Nós estávamos nos perguntando se você não tinha, por acaso, desistido de ir...


Ele a olhou sugestivamente e ela riu, o que fez com que lágrimas rolassem pelo seu rosto.


– Tem certeza que é isso que você quer? – Gina perguntou delicadamente – Você tá chorando.


– Eu tenho. – ela falou com a voz embargada – Só é difícil dizer adeus... Pra esse lugar... Pra vocês. É a segunda vez que eu tenho que fazer isso e agora eu tenho 100% de certeza de que eu não vou mais voltar. Não como antes. – mais lágrimas começaram a rolar e ela as limpou – Isso é tão idiota, não é como se eu estivesse indo embora pra sempre... Eu vou ver vocês logo...


– Está tudo bem. – Harry se aproximou dela e a abraçou – Nós entendemos.


– Vem cá. – ela chamou Rony e segurou na mão dele e na de Harry – Eu amo tanto vocês dois. Não têm ideia de como eu sou agradecida por ter conhecido vocês.


– Nós te amamos também, Mione. – ela os abraçou.


Chegou perto de Gina.


– Você vai me fazer chorar, não vai? – a ruiva perguntou.


– Não, não vou. Prometo.


Gina sorriu.


– Você é incrível, Hermione. – ela sussurrou – Eu amo ser sua amiga. Mais do que isso, você é a irmã que eu nunca tive. Nossas discussões, nossas conversas, tudo que aconteceu durante todos esses anos e principalmente, nesse ano... Eu sei que nós tivemos nossos altos e baixos, mas todo relacionamento têm. – Hermione assentiu e ela a puxou para um abraço – Eu amo você. Nunca se esqueça que você é parte da família Weasley.


– Obrigada, Gi. – ela murmurou – Eu também te amo.


Era a vez de Luna.


– Eu estou tão orgulhosa de você. – a loira falou – Você cresceu mais em um ano do que qualquer pessoa que eu já conheci.


Ela sorriu.


– Obrigada, Luna. Por tudo. Você pode sempre contar comigo, ok?


– Eu sei. – Luna murmurou parecendo extremamente triste de repente – Eu vou contar.


– Ei... – ela começou a chorar mais que Hermione agora e a garota a puxou para um abraço apertado – Você tá bem?


Ela se afastou e balançou a cabeça.


– Vou ficar.


Dando uma última olhada nela, que parecia tentar conter o choro com toda a sua força, Hermione parou na frente de Pansy.


– Eu ainda não acredito que você está indo embora! – ela exclamou – Eu não sei se algum dia eu vou ser capaz de te perdoar por isso, Hermione. Você jurou que ia me ajudar com o casamento! Como pode fazer isso comigo?? Você é a pior madrinha de todos os tempos!


Hermione revirou os olhos.


– Eu já disse que vou fazer de tudo pra estar tão presente nos preparativos do casamento quanto é possível estar! E você só vai se casar no fim do verão! Não é como se eu fosse voltar só no dia do casamento também, eu pretendo aparecer semanas antes!


Pansy bufou.


– Eu sei. Mas eu vou sentir sua falta.


Ela a abraçou e Hermione sorriu levemente.


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– Eu também vou. Mas eu vou escrever todos os dias. – ela falou, se virando para os outros – Para todos.


– Sinto muito que ele não esteja aqui. – Pansy sussurrou no abraço.


– Tudo bem. – Hermione se afastou – É bom já ir se acostumando com a ausência...


Ela olhou para Lucas.


– Te vejo depois. – ela falou, de longe.


Ele não se moveu.


– Até mais tarde.


Pansy bateu o pé.


– Se abracem!


Lucas riu e se aproximou.


– Não se preocupe, Hermione. – ele sussurrou no abraço – Eu vou cuidar bem dos dois.


– Estou contando com isso, Luke... – ela sussurrou de volta. – Merlin, acabei de perceber que vou sentir sua falta!


Ele revirou os olhos.


– Quem passa um minuto na minha presença e não sente?


Depois das despedidas, eles a ajudaram a colocar o resto das malas no trem e dando um último abraço em cada um deles, Hermione acenou e se afastou.


– Até mais, pessoal... – ela falou – Amo todos vocês.


Dois Meses Depois...


Há algum tempo atrás, Hermione tinha certeza que ela era o tipo de pessoa que gostava de solidão. Não uma solidão depressiva, é claro. Mas o tipo saudável de solidão. O tipo em que você escolhia ficar no seu quarto fazendo companhia a si mesmo ao invés de ir passar um tempo com outras pessoas.


Mas agora, vivendo sozinha numa pequena cidade bruxa, ela descobriu que não era nenhum pouco assim. Sentia falta dos seus amigos. Sentia falta do verão em Londres. Acima de tudo, sentia falta de se sentir em casa.


Considerou seriamente voltar e aproveitar o resto do verão com eles. Com o fim da escola, Pansy focou todo o seu tempo livre em fazer os preparativos para o casamento. Ela fazia questão de manter Hermione informada sobre cada pequeno detalhe e fazia questão de ressaltar mais de uma vez por dia que a grifinória estava sendo uma péssima amiga não estando lá para ajudá-la, fazendo-a se contentar com a ajuda de Luna e Gina. Mas aquilo não era verdade. Hermione estava ajudando. Tanto quanto a longa distância permitia.


Agora, por exemplo, ela tinha tido o trabalho de sair do seu apartamento e ir até o centro da pequena cidade para visitar uma loja que vendia artigos de casamento que tinha visto no caminho para a escola de feitiços naquela semana.


Bom, não trabalho exatamente. Afinal, era verão e seu apartamento estava pegando fogo. E tinha que haver um limite para o quanto de televisão uma pessoa podia assistir por dia. Ela estava ficando seriamente viciada em Sex And The City e isso não podia ser um bom sinal. Além disso, ela precisava sair e conversar com pessoas. E era sábado.


Assim que pôs os pés na loja, uma vendedora que parecia estar na casa dos quarenta veio lhe atender.


– O que podemos fazer pela jovem noiva? – ela perguntou sorridente.


– Oh! Não! – ela abanou a mão como se espantasse uma mosca – Eu não vou casar!


– Oh, me desculpe... Há muitas mulheres se casando bastante jovens hoje em dia...


Hermione sorriu.


– Tudo bem. – ela deu de ombros – É um erro justo, eu poderia estar me casando...


– Mesmo? – a mulher se mostrou interessada – O namorado está se preparando para fazer o pedido, huh? Lembre-se, nossa loja tem os melhores produtos da região.


Hermione balançou a cabeça negativamente.


– Eu não tenho um namorado.


– Oh. – a mulher a olhou com pena, certamente se perguntando o que uma pobre garota sem namorado estava fazendo numa loja que vendia de vestidos de noiva a toalhas de mesa de casamento.


– Eu costumava ter um namorado. – ela falou defensivamente – Nós éramos ótimos juntos. Muito românticos.


– Mesmo? – ela perguntou, já um pouco desinteressada na história que ela provavelmente achava que Hermione estava inventando.


– É verdade! – ela exclamou, só vagamente ciente de que não devia satisfações para aquela estranha - Draco e eu ficamos juntos no verão passado. A gente já se conhecia antes mas nós costumávamos nos odiar. Mas a gente se separou quando tivemos que voltar pra escola. Então a gente ficou junto de novo. Só que aí ele mentiu que me amava e a gente terminou. Aí nós demos uns amassos. Então a gente ficou junto de novo e eu descobri que ele me amava apesar de tudo. Depois a gente terminou... de novo. Então nós demos uns amassos... de novo. Então a gente ficou junto outra vez. E agora nós estamos terminados. De novo.


A mulher continuava a encarando confusa e Hermione corou quando percebeu o quanto tinha divagado.


– Me desculpe, - murmurou - eu não converso com pessoas há muito tempo...


Depois disso, ela pediu licença e se retirou da loja.


Voltou andando lentamente pelas calçada á caminho do seu apartamento, se sentindo patética e não culpando a vendedora por sentir pena dela. A verdade era que ela não conversava com ninguém mesmo havia muito tempo. Sua interação com outros seres humanos se limitava á três ou quatro cartas de Pansy por dia, e uma ou duas por semana do resto dos seus amigos. Ela suspeitava que seus vizinhos tinham um certo preconceito com ela por vir de uma cidade grande e pouquíssimos alunos na escola tinham aceitado o convite de começarem suas pesquisas no verão então era só ela por lá também.


Saiu do seu transe quando, ao se aproximar da portaria do seu apartamento, ouviu uma voz conhecida.


– Você não está entendendo! Eu não sou nenhum perseguidor! Eu só quero subir e vê-la!


– Isso não vai ser possível, senhor... - falava o porteiro - Eu tenho ordens para não deixar ninguém entrar no prédio sem permissão...


Hermione estava tão chocada em vê-lo ali que só ficou parada na calçada observando a cena por alguns segundos.


– Quantas vezes eu vou ter que repetir? - replicou ele - Isso é pra ser uma surpresa!


Se recuperando do choque, Hermione balançou a cabeça e, ainda sem se mexer, o chamou:


– Draco?!


Ele se virou no mesmo instante que ouviu a voz dela e sorriu ao vê-la:


– Hermione... - ele deu uma última olhada feia pro porteiro e se aproximou dela - Oi.


Ela franziu o cenho.


– Oi. - ela esperou, e como ele não disse nada, ela continuou: - Pensei que você estivesse... não sei, no Caribe...?


Pansy tinha lhe dito que apesar de ir embora de Hogwarts no mesmo dia que todo mundo, Draco tinha deixado o castelo através da rede de flu e desde então ele tinha estado meio desaparecido. Não desaparecido exatamente, mas ninguém parecia saber aonde ele estava com precisão já que ele dizia estar num lugar novo a cada dia. Caribe tinha sido o último lugar que Pansy tinha mencionado.


Ele riu.


– Eu estive em muitos lugares...


– Hum. - ela desviou o olhar, se sentindo nervosa - E agora você está aqui...


– É. - ele teve que se segurar para não fazer nenhuma piada sobre ela ter apontado o óbvio.


– E o que você está fazendo aqui? - era a pergunta que não queria calar.


– Eu tinha a intenção, se não tivessem me atrapalhado, - ele olhou feio pro porteiro novamente - de aparecer na sua porta. - ele terminou docemente, a observando.


– Oh. - a percepção do que aquilo significava, com base na conversa deles quando ela tinha ido no seu quarto, a atingiu. - Oh. - repetiu, surpresa.


Ela tinha dito que estava esperando ele aparecer na sua porta. E agora ele tinha aparecido. Bom, não exatamente, mas dava pra ver que essa era sua intenção.


– É. - ele se aproximou mais dela - Me desculpe que eu tenha demorado tanto... Eu acho que estava... tentando fugir.... - ele admitiu com dificuldade.


E então ele parou e apenas ficou olhando para ela. Hermione corou, se sentindo estranha por se sentir tão envergonhada na presença dele e viu que ele parecia que tinha perdido o fio da meada.


– Então... - ela falou, tentando o incentivar a continuar falando - você estava tentando fugir...?


– Ah, é... - ele balançou a cabeça, confuso - Eu estava... - ele se interrompeu e respirou fundo - Me desculpe, eu estou nervoso... E realmente feliz em te ver. Eu senti muito a sua falta.


Ao dizer isso, ele deu um passo a frente e a abraçou tão forte que Hermione sentiu o ar lhe faltar. Mas não reclamou. Sorriu e ao sentir as batidas aceleradas do coração dele, mordeu o lábio inferior, o achando adorável.


– Mas como eu disse, - ele continuou, se afastando novamente - eu estive em muitos lugares... E em nenhum momento você me saiu da cabeça... Então eu desisti de fugir e vim pra cá. Espero que não seja tarde demais. - ele terminou, a observando na expectativa.


Ela não respondeu imediatamente, com dificuldade de entender o que aquilo significava. Ela queria muito que significasse o que ela queria que significasse, mas de repente parecia bom demais para ser verdade.


– Mas... - ela de repente sentiu muita vontade de chorar, seus pensamentos voando para tudo que ela tinha evitado pensar nos últimos dias – como você pode ter mudado de idéia assim tão de repente? Nós tivemos três meses em Hogwarts depois da guerra e durante todo aquele tempo eu esperei você ir me procurar e você não foi. Você deveria ter ido me procurar.


– Eu sei. – ele falou – E não foi de repente, Hermione. Você disse que eu precisava de um tempo que você não tinha e você estava certa. E nesse tempo eu percebi que eu não precisava de um tempo pra te perdoar como você achava. Eu precisava de um tempo pra superar meu orgulho. Pra superar meus medos. Me desculpe por ter levado tanto tempo.


Ela balançou a cabeça, sem saber o que dizer e meio que esperando acordar na sua cama a qualquer momento e perceber que aquilo tudo não tinha passado de um sonho. Ela fechou os olhos e teve vontade de gritar. Por favor, não permita que isso seja um sonho...


Draco franziu o cenho.


– Você acabou de se beliscar?


Ela suspirou.


– Eu não estou acreditando em nada disso.


Ele levantou a mão e acariciou seu rosto.


– Eu vou te fazer acreditar...


Assim que ele curvou a cabeça, Hermione se preparou para um dos seus beijos apaixonantes e sedutores, mas Draco acariciou seus lábios com os dela com uma leveza surpreendente. Sem língua, apenas um roçar hesitante e suave. Ele estava sorrindo no beijo, ela percebeu, sorrindo um pouco também.


Quando abriu os olhos novamente e se afastou, viu que não estava mais na porta do seu prédio. Percebeu, com surpresa, que eles tinham aparatado e ela nem sequer tinha percebido. Como aquilo tinha acontecido?


Aquela pergunta não ficou muito tempo na sua mente quando ela percebeu que estavam em um porto. O lugar cintilava no sol de verão e Hermione respirou o ar salgado e quente do mar.


– Por que nós estamos aqui? – ela perguntou a Draco.


Ele a segurou pela mão e a puxou em direção ao píer. Ele não tirava os olhos de um barco em especial, um dos maiores e mais luxuosos do lugar, e Hermione estava começando a entender o que estava acontecendo. Sentiu uma ponta de medo e um jato de animação.


– Você tá de brincadeira, certo? – perguntou.


Ele balançou a cabeça.


– Como acha que viajei pra tantos lugares??


Ela levantou uma sobrancelha.


– Eu não sei, via flu? Aparatando?


– Não, - ele parou em frente ao barco e a olhou – eu fui de flu até Manchester, aonde eu comprei esse barco. Eu ainda não tinha certeza do que estava fazendo então fiquei velejando pra lá e pra cá, antes de finalmente tomar coragem e vir até aqui te chamar pra velejar comigo.


– O quê? – ela tentou transmitir no seu tom o quanto aquilo era loucura mas sua expressão talvez a tenha traído porque ela não parava de sorrir.


– Eu prometi, não prometi? – ele também sorria e ela sabia que ele estava falando das diversas vezes em que ele tinha dito á ela que os dois passariam uma boa época da sua vida morando num barco.


– Draco...


– Hermione, eu te amo. E é verão. Vamos ficar juntos.


Ela hesitou e ele ficou sério. Sua expressão aparentou medo por um segundo e ele repetiu, diferente dessa vez:


– Vamos ficar juntos?


Um milhão de coisas se passaram na cabeça de Hermione em um segundo. Ela ainda tinha a Escola de Feitiços para o qual voltar, e ela sabia que seu apartamento estava com a porta só encostada. Ela não tinha absolutamente roupa nenhuma, nem dinheiro, e ninguém sabia dessa loucura. Então se por acaso eles naufragassem, teriam que viver em uma cabana de palha, caçar a própria comida e ficar nus o tempo todo. Por um segundo, ela esperou que isso realmente acontecesse.


Ela levou as mãos ao rosto.


– Não acredito que nós vamos fazer isso!


O sorriso voltou para o rosto dele.


– Isso é um sim??


Hermione acabou com a distância entre os dois e se atirou nos braços de Draco.


– Isso é um sim...


Eles se beijaram de novo e apesar de não saber para aonde estava indo no momento, ela não pôde evitar se sentir como se tivesse finalmente chegado em casa.


Era verdade o que dizem. Casa não é um lugar.