Alfred mantinha-se mastigando o hambúrguer de forma barulhenta e incomoda. Eu comia discretamente minhas panquecas com xarope de bordo. Nosso gosto era tão diferente que era quase de dar um nó no cérebro dizer que éramos irmãos.

Estávamos na varanda da minha casa, o convidei pra tomar café e... Céus, que idiota come hambúrguer no café?

Claro... ele.

Fiquei com a cara olhando pro lado, quando Alfred finalmente se virou pra mim.

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-Matt, a quanto tempo estava ai? –Ele sorriu. Como eu queria tirar aqueles olhos azuis dele às vezes. –Você não tem ideia de quanto tempo te esperei. É pra isso que serve a paciência de um herói e irmão.

-Eu estava aqui desde o começo. Essa é a minha casa. –Falava, mas ele me ignorava completamente, como se eu mal estivesse lá.

Com o tempo simplesmente voltamos a comer, mas eu ainda me sentia mal, porque ele só comia aqueles hambúrgueres, e eu tinha convidado ele pra comer como um canadense, e nós comemos xarope por aqui! Ele é incapaz de aceitar que nem todo mundo gosta de hambúrguer que nem ele?!

-Ei, A-Alfred, acho que vo-você devia provar as panquecas. –Gaguejei, desejando que ele tivesse me ouvido dessa vez. –No mínimo o xarope, eu mesmo fiz pra você.

-Que bom, Matt. –Ele sorriu, e meu mundo se encheu de flores. –Mas eu não gosto de xarope de bordo.

Seu maldito!! Feriu meus sentimentos!!

-Tem um gosto meio esquisito, parece assim, um tipo de suco que não foi feito direito é azedo, meio amargo principalmente o seu, porque você não sabe fazer xarope direito, mas...

-Ninguém fala mal do xarope de bordo, comedor de hambúrguer!! –Esbravejei, nem reconheci minha voz, mas estava na hora de defender o Canadá do comedor de hambúrguer ali. –E quanto aos seus hambúrgueres, hein!?! Ele são tão cheios de gordura que quando você aperta, você vê o óleo sair, a alface é murcha como se estivesse podre e o queijo é muito mal derretido além de tudo. E o que é isso de ketchup, vocês americanos nem produzem tomates, seu idiota hiper-patriota! Deixa o ketchup pro Antônio e o Lovino.

-Mas o hambúrguer tem muito mais lojas que o seu xarope ridículo, Matt! –Ele esbravejou, batendo na mesa. –Com certeza é bem mais fácil enriquecer com hambúrgueres que com xarope.

-Mas ao menos o xarope é natural e não tão industrializado que nem isso dai. –Acho que estávamos perdendo a calma naquele momento, mas, ok, era guerra. –Além do mais, xarope consta em dietas, diferente dos seus hambúrgueres gordurosos.

-Posso te dizer um nutricionista que me aconselhou hambúrgueres pra dieta!

-Ele é licenciado no mínimo?

-Agora você ta estipulando condições que não devia!

Nossa discussão continuou e com o tempo, evoluiu pra uma guerra de comida, eu atirava xarope e panquecas nele, e ele retribuía com ketchup e hambúrgueres. A mesa de piquenique que eu fiz pra gente foi toda destruída rapidamente. Ele pulou em cima dela, me atirando hambúrgueres voadores com cebola e eu retribui pegando uma arma d’água e disparando jatos de xarope contra ele.

Ele trouxe um canhão da guerra civil americana(pra que alguém anda por ai com canhões?) E me atirou grandes salvas de hambúrgueres que se desfaziam no ar e me sujavam todo de maionese, mostarda, mas principalmente, ketchup. Retribui usando um tanque de guerra canadense pra atirar nele um jato quase infinito da minha reserva de xarope(não me culpe, todos nessa joça de anime são estranhos).

A nossa guerra levou a manhã toda e quando percebemos, estávamos cansados, ensopados de condimentos e xarope, tinha panquecas espalhadas por todo canto junto com carne, alface e queijo.

Esse mundo parecia mais idiota a cada ano.

Nos deitamos ao por do sol na mesa, ou no que restava dela, respirando profundamente. Nunca tinha engolido tanto condimentos quanto naquele dia. Tirei meu casaco e usei a parte de dentro que ainda estava limpa pra tirar tantas coisas do meu cabelo, e ao menos, fico um pouco melhor.

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Alfred tirou o casaco, fazendo a mesma coisa que eu, mas o xarope ficou preso no cabelo dele.

-Isso foi muito idiota. –Resmunguei, me deitando ao lado dele e passando minha mão pela cintura dele, respirando calmamente. –Devíamos brigar menos.

-A melhor parte da briga... –Ele começou, girando e se colocando em cima de mim, me prendendo contra a mesa. –É a reconciliação.

Foi muito rápido. Ele roçou os lábios dele nos meus e eu só pude segurar o rosto dele, enquanto as mãos dele seguravam a minha cintura. E nossas línguas se jogaram, uma contra a outra, puxando, lambendo, provando, deixando um gosto na minha boca de hambúrguer, mas ao menos dessa vez, aquele gosto era bom, era o único jeito de nós dois suportarmos um ao outro, deve ser.

Meus braços se enroscaram no pescoço dele, deixando minha língua ir mais fundo conforme o beijo ficava mais intenso. As mãos dele desceram lentamente, apalpando a minha coxa e eu abracei a cintura dele com as minhas pernas. Ele separou nossas bocas e sorriu pra mim, me fazendo sorrir de volta.

-Matt, você tem um gosto maravilhoso de xarope, sabia. –Ele sorriu, se deitando ao meu lado e segurando a minha mão, com nós dois olhando pro céu avermelhado do por do sol. –Da próxima vez, fazemos algo na minha casa, tá?

Sorri concordando e o beijando uma ultima vez.

Aquele maravilhoso gosto de americano que só ele tinha era o melhor sabor que eu podia desejar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.