Tenho que deixar claro aqui, que o relógio dos Weasleys me enfeitiçou por um tempo. Não sei bem o que no tal relógio, mas encarar os ponteiros ruivos e as marcações ‘casa’, ‘trabalho’, ‘fora’, me tirou alguns minutos. E outra coisa que me intrigou, foi reparar que havia nove ponteiros. Sim, nove. Arthur, Molly, Ginny, Percy, Rony, Bill, Charlie, George e... Fred. Exatamente, o ponteiro de Fred continuava ali. E o mais interessante, é que estava na marcação “casa”. Mas não toquei no assunto e nem disse nada. Alguns segundos depois de ‘observar’ isso vi a figura ruiva entrar pela porta. Junto, uma morena. Os dois sorriam e quando o olhar de Pansy parou em mim e Hermione, seu sorriso se alargou. Já Rony... Eu acho que não ficou tão feliz assim.

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- O que é que “esse cara” está fazendo aqui? – Perguntou revirando os olhos.

- Ronald. – Pansy disse e ele bufou.

- Sinceramente. – Eu disse, com um sorriso torto. – Se desejar que eu me retire...

- É claro que eu desejo! – Rony disse sério. – Aliás... Ninguém me respondeu e eu tenho o direito de perguntar de novo... “O que esse cara está fazendo aqui”?

Ele repetiu e Hermione deu um sorriso de canto.

- Nós o convidamos. – Disse Arthur.

Até o momento, não tinha ao menos visto o ruivo-pai, mas parece que ele já me viu.

- Você devia amadurecer um pouco, Ronald. – Disse Molly. – Você e Hermione precisam seguir suas vidas o mais rápido possível, mas sem deixar que isso os afaste.

- Eu não estou me afastando dela! - Ele olhou pra Hermione. – Quero me afastar dele!

Lançou-me um olhar impaciente.

- Deixe de ser cabeça-dura, Ron. – Disse Ginny com um sorriso. – Não se esqueça que nem todos aqui estão acostumados com a Pansy, e não é por isso que vamos expulsa-la. Hermione é quase da família, e foi convidada junto com Draco. Pare de agir como uma criança.

- Se for melhor, a gente vai embora. – Disse Hermione entrelaçando nossas mãos. – Viemos ver Molly e depois íamos ver Ginny e Harry. A intenção não era incomodar.

- Ron... – Disse Pansy e o ruivo se virou pra ela. – Vocês se trataram como bruxos adultos uma vez... Porque você simplesmente não pode fazer isso de novo?

Ronald deu um suspiro.

- Tudo bem. – Ele disse com visível dificuldade. – Eu não sou o dono dessa casa e não resolvo quem entra e quem sai. Hermione é da família e quem estiver com ela é bem vindo. Perdoe-me Malfoy. Talvez seja possível que um dia nos tratemos como iguais.

- Eu não tenho oposição a isso, Ronald. – Respondi. – Tirando as futuras esposas e os cabelos... E talvez todo o resto físico... Somos tão semelhantes quanto qualquer outro.

- Tudo bem. – Ele respirou fundo novamente. – Eu posso aturar.

Depois disso, tudo correu bem. Ronald só falava comigo pra parecer educado, e eu o respondia por que não via motivos para não faze-lo. No dia em que ficamos os quatro juntos, procurando um cartório trouxa para os divorciar, Pansy e Hermione conversavam como se fossem amigas – sem nos deixar ouvir a conversa – e nos obrigaram a nos virar e ter um dialogo normal. Ou morrer de tédio... Ou se matar.

Tivemos um dialogo normal e não foi tão desagradável assim. É impossível não me lembrar de todos esses anos que ele dormia lado a lado com a mulher que eu sempre amei. Mas um dia eu consigo ignorar.

- Você é o pior melhor amigo do mundo. – Disse Rony.

- A Hermione já disse. – Harry deu um sorriso. – Obrigado.

Dei um sorriso de canto, escutando a conversa dos dois. Senti duas mãos apertarem meus ombros.

- Está cansado? – Hermione sussurrou no meu ouvido.

- Depende... – Disse com um sorriso malicioso. – O que pretende fazer quando chegarmos em casa?

Hermione deu a volta, parando na minha frente e se abaixou um pouco, pra ficarmos no mesmo nível.

- Coisas que não vão soar interessantes no meio da sala dos Weasleys. – Ela sussurrou e eu tive certeza de que só eu ouvi.

- Bom... – Disse me levantando. – Hermione e eu precisamos nos retirar, infelizmente.

Hermione reprimiu uma gargalhada e foi abraçar Ginny. Também me despedi de cada um dos Weasley.

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- Obrigado pela ótima noite. – Disse sorrindo.

- É... – Hermione sorriu, já ao meu lado. – Obrigada por tudo. O jantar estava ótimo.

- Eu agradeço. – Disse Molly com um sorriso. – Parece que esse não é o mesmo Malfoy de que Harry e Ron falavam há anos atrás.

- Não só pareço. – Eu disse sério. – Não sou.

- Graças a mim, ok? – Disse Hermione e todos riram.

- Convencida. – Eu revirei os olhos.

- Parece outra pessoa. – Disse George com um meio-sorriso. – Nem tenho mais medo de apresentar as crianças pra ele... O que acha Angel?

Angelina só riu. Na verdade, todos riram novamente.

- Acho melhor não. – Eu disse com meu melhor sorriso maníaco. – Ainda não me dou tão bem com crianças.

- Lilly que o diga, certo? – Ginny disse sorrindo sarcástica. – Só faltava pular no colo do Malfoy... “Tio Draco... Quando é que vai pedir a tia Mione em casamento?”

Ela imitou a voz da menina e todos riram de novo.

- A Lilly é uma exceção, ok? – Disse erguendo as sobrancelhas. – E talvez Albus e James também seriam se não ficassem só há dois metros de distância.

- Eles perguntaram muito sobre meu passado, Draco. – Harry disse se lamentando. – A imagem que eles têm de você vai mudar uma hora ou outra.

- Espero que sim. – Hermione sorriu. – Seria estranho meus sobrinhos lindos se mantendo longe do Draco. Falando nisso, manda um beijo pra eles.

- Claro. – Disse Ginny sorrindo. – Mas só pra te lembrar, você não é mais tia.

- Eu sempre serei tia, ok? – Ela disse parecendo ofendida. – E como madrinha do Al, eu te azaro se disser isso de novo.

- Nunca mais pensarei. – Disse Ginny levantando as mãos. – Eu me rendo.

Todos riram novamente.

- Foi uma ótima noite. – Disse sorrindo. – Mas agora temos que ir.

- Boa noite.

- Não sumam. – Disse Arthur.

E aparatamos.

- Mione... – Eu disse querendo logo tirar aquilo da minha cabeça. – Porque é que o ponteiro de Fred continua no relógio?

- É complicado... – Disse Hermione torcendo os lábios. – O relógio foi enfeitiçado com os nove Weasleys... E depois disso nunca mais o enfeitiçaram.

Os olhos de Hermione começaram a marejar.

- Depois da batalha... Molly percebeu que o ponteiro de Fred continuava ali. – Ela parou e respirou fundo. – Se movia de “casa” pra “trabalho”, de “trabalho” pra “fora”... E um dia, enquanto Molly reparava no relógio, o ponteiro de Fred se moveu pra “casa” e ao mesmo tempo, George entrou pela porta da frente.

Algumas lágrimas desciam nas bochechas da morena. E confesso que algumas desciam na minha também.

- Então todos entenderam o porquê do ponteiro de Fred nunca sumir ou parar de se mexer... – Ela respirou fundo novamente, secando as lágrimas. – Fred nunca deixou de estar com George... Então sempre que o ponteiro de George se move, o de Fred se move junto, como sempre foi antes de... Você sabe.

Eu fiquei sem palavras... Até porque, não tinha nada que eu pudesse dizer. Apenas abracei Hermione e beijei-lhe o topo da cabeça. Ela chorou um pouco abraçada a mim.

- Sinto muito. – Sussurrei limpando algumas lágrimas que ainda teimavam cair.