After we're gone, the spirit carries on.

Quando Vanessa acordou, sentiu fortes dores de cabeça pela noite passada. Havia acontecido algo que ela não conseguia explicar o que era. Talvez fosse o trauma. Olhou para o lado e não viu Jimmy. Foi até a cozinha e o mesmo tinha deixado um bilhete dizendo que ia trabalhar e não queria acordá-la. Tomou um banho e foi para a cozinha comer alguns biscoitos salgados. Seu celular começou a tocar. Era Brian.

- Oi Vanessa.

- Eaí, Brian. Como você está?

- Estou bem e você?

- Também.

- Tem certeza? - Vanessa abriu a boca mas logo a fechou. Não queria contar para ninguém o que havia acontecido.

- Sim. Eu tenho.

- Sabia que era coisa da cabeça do Jimmy.

- O que? - Vanessa não estava entendendo.

- Ele disse que você estava evitando ele. Desligando o celular na cara dele e tudo o mais. - Ela estava com medo e não sabia o que falar para Jimmy. Por isso desligava sempre. Mas não ia dizer isto para Brian.

- Não recebi nenhuma chamada aqui. Acho que meu celular está com problemas. - Mentiu.

- Tá explicado. Bom, eu queria saber se você gostaria de ir em uma festa hoje. Eu chamei a Amy, você pode chamar o Jimmy também. Depois nós podemos vir aqui para a minha casa e conversar. Afinal, tá acabando. Depois de amanhã já começamos a trabalhar. - Os dois riram.

- É verdade. Pode deixar.

Quando desligou, Vanessa ficou fitando o celular e deletou as chamadas perdidas de Jimmy.

Mais tarde, Vanessa colocou um vestido preto e uma bolsa de mão e foi para a casa de Brian, o mesmo a atendeu sorridente.

- Quer carona? - Ela fez que sim com a cabeça e sorriu.

Eles foram buscar o Jimmy e Amy e foram para uma mansão que estava tocando músicas altas e quase não tinha luz. Conversaram e beberam bastante, mas então Vanessa começou a se sentir tonta, mas não era o álcool. Era uma tontura diferente. De repente ela ouviu a voz de Zacky em seu ouvido.

- Cuide das pessoas que você ama. - Após ouvir isso ela sentiu um calafrio intenso em seu pescoço e se sentiu observada. Sentiu-se vazia, no meio de uma festa aglomerada.

- Está tudo bem, Vanessa? - Jimmy perguntou preocupado.

- Estou. - Mentiu. Estava com vontade de chorar, mas se segurou. - Quer saber, estou cansada. Vou para casa.

- Eu te acompanho. - Jimmy disse e rapidamente agarrou seu braço enquanto se levantava, mas a mesma o puxou com uma certa força.

- Não precisa. - E ela saiu correndo, Jimmy percebeu que estava chorando. Foi atrás, mas muitas pessoas o atrapalharam, o que fez com que ele perdesse-a de vista. Quando enfim chegou à porta, avistou Vanessa dentro de um táxi. Sem pensar duas vezes, pegou um táxi e a seguiu.

Vanessa chegou cansada e com a respiração ofegante. Ao tirar seus saltos, sentiu como um colchão em sua sola do pé. Foi para o quarto colocar uma camisola e se deitar. Começou a suar frio e novamente teve aquele mesmo sonho. Mas dessa vez teve uma continuação, exatamente de onde parou.

A mulher sentiu calafrios ao ver Zacky sorrindo e logo tentou se afastar, mas o mesmo a pressionava contra o muro.

- Eu sei que você tem medo de mim. Mas não fui eu que os matei. Eu posso te provar. Olhe para Jimmy. - Ela o obedeceu. - Ele não tem nenhum ferimento. Ele morreu por outras causas. Agora, olhe para Brian. - A mulher começou a chorar desesperadamente ao olhar para o amigo ensanguentado no chão. - Esse eu não posso provar. Mas, eu morri e ele está vivo, não é? - Zacky sorria de novo, enquanto Vanessa continuava tremendo em seus braços. - Não tenha medo. Eu quero te ajudar.

Quando Zacky ia falar mais algumas palavras, tudo ficou escuro. E então ela foi acordada com a campainha tocando pela terceira vez. Pulou da cama e olhou a hora. Duas horas e meia da manhã. Começou a chorar desesperadamente e, novamente, sem nenhum motivo. E a campainha tocava. Vanessa tremia e novamente, quando deu duas horas e trinta e um, parou. Não sentiu mais vontade de chorar e não se sentia mais aflita. Desceu rápido, pegando um copo de água e abrindo a porta. Jimmy a olhou e admirou sua camisola, o que fez com que a mesma corasse.

- Está tudo bem? - Ele perguntou sério. - Você está distante. Vanessa, eu quero que você saiba que pode me contar tudo. - Ela suspirou e sentiu seu coração disparar.

- Você conhece alguma médium? - Jimmy pensou e lembrou-se que já conversou milhões de vezes sobre esse assunto com Amy.

- Todos nós somos médiuns, Vanessa. Só que alguns se especificam mais do que nesse assunto do que outros. É o caso de Amy.

- Eu quero vê-la. - Vanessa ordenou, fazendo força para sua voz não tremer. - Agora.

- Vai me contar o que aconteceu? - Jimmy parecia preocupado.

- Agora. - Ela apenas repetiu. Ele pegou o celular e foi para o quintal da casa dela. Ligou para Amy e disse que Vanessa estava aflita e era um assunto mais espiritual.

- Vou o mais rápido possível. Levarei Brian também. - Amy respondeu.

- Obrigado. De verdade.

Chegando lá, Brian e Amy estavam preocupados e a expressão de Jimmy estava séria. O que era estranho, pois sempre foi um cara engraçado e muitas poucas vezes se preocupava de verdade.

- Fique aqui. - Vanessa disse para Brian apontando para o sofá onde Jimmy estava sentado. Em seguida respirou fundo e puxou Amy pela mão até seu quarto.

Sentou na cama e ficou com vontade de chorar.

- Eu preciso explicar o motivo? - Agora seu choro a impedia de falar claramente. - É tão… Dói… É ruim… Eu não quero, eu… - Não conseguia concluir nenhuma frase se quer. Amy pegou em seu ombro e olhou em seus olhos.

- Não precisa me dizer nada. Apenas concentre-se. - Amy fechou os olhos e segurou as mãos de Vanessa. - Pense no espírito. - Vanessa obedeceu. Logo abriu os olhos e viu a expressão de Amy mudar totalmente, ela estava com o rosto masculinizado estava parecendo com… Zacky. Vanessa se assustou, mas continuou mantendo o foco.

- Vanessa.

- Você é…?

- Não é mais a Amy aqui.

- Zacky? - Vanessa perguntou, abafando o choro.

- Sim. Me desculpe estar te causando tudo isso. Tudo um dia ficará claro para você. Mas, em vidas passadas, eu impedi que você passasse a vida junto com seu amor de verdade, como era planejado. Me envergonho disso e espero que um dia me perdoe. Aqui no astral, tudo acontece primeiro. Por favor, tome cuidado com aqueles que você ama. Você está tratando o Jimmy muito mal, isso o faz com que fique triste e seu coração fique mais… Você sabe.

- Como você sabe da doença de Jimmy? - Ele deu um sorriso.

- Eu sei de tudo, Vanessa. Por favor, valorize aqueles que te amam. Valorize aqueles que você ama. E fale para Jimmy tudo que aconteceu. Ele irá entendê-la. - Vanessa agora chorava sem conseguir responder direito.

- Obrigada.

- Agora eu vou te deixar em paz. A menos que tenha algo para avisar. Mas lembre-se: todos os meus meios de comunicações com você, é sempre para ajudá-la. Os choros na hora que eu morri era para perceber que seus sonhos não eram apenas coisas da sua cabeça. - Vanessa pensou em Brian e Jimmy mortos no chão.

- Por que, nos meus sonhos, Jimmy e Brian estavam mortos? Eles correm perigo?

De repente, o corpo de Amy estremeceu e suas feições voltaram ao normal e ela abriu os olhos.

- Você ouviu alguma coisa? - Vanessa perguntou aflita.

- Não. O espírito não me permitiu. Disse que era importante e particular. Afirmava que havia te conhecido e precisava te dizer coisas importantes e prometeu não te aborrecer mais. - Amy sorriu. - Está tudo bem agora. - As duas se abraçaram forte.

Elas foram para a sala e Vanessa os encarou e deu um sorriso de leve. Ainda estava preocupada, mas precisava descansar.

- Estou cansada. Amanhã irei passar em sua casa Jimmy. - Vanessa falou. - Boa noite para todos. - Ela disse enquanto eles saíram da porta sem falar nada, mas Jimmy ficou parado a encarando.

- Estou realmente muito preocupado com você, Vanessa. - Ela bufou.

- Vai ficar tudo bem agora. - Disse dando um beijo rápido em Jimmy. Os dois sorriram, embora não estivessem com vontade, e Vanessa o observou indo embora.