Quando Brooke saiu da cabine, no dia seguinte, seus olhos estavam inchados, e ao redor deles havia círculos vermelhos.

Era evidente que passara a noite chorando, mesmo que ninguém soubesse o motivo.

Quer dizer, ninguém além de Catherine, que poderia ter sentido aquilo até se estivesse lá no Alasca, de tanta raiva que a ruiva sentia.

- Algum problema, Srta. Pepper? – perguntou Barbossa naquela manhã, vendo-a debruçada na amurada com um olhar distante.

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- Sim. – disse ela com mal humor. – Eu estou no Black Pearl. Este é o maior dos meus problemas.

- Não parecia ser, há algumas noites atrás. – ele riu com sarcasmo.

Brooke o fuzilou com os olhos.

- Seria muito fácil eu apenas arrancar essa porcaria do pescoço e jogá-la no mar, sabia? – ameaçou, dando um peteleco na pequena pedra, sem se dar ao trabalho de olhar para ela ou para Barbossa.

O capitão não disse nada, apenas encostou-se na amurada e tentou ver o que Brooke observava, mesmo não sendo nada específico.

- Já ouviu falar na espada amaldiçoada de Zeref? – perguntou ele, vendo a tristeza no rosto da ruiva se transformar em curiosidade.

- Não. – ela piscou. – Por acaso é a “lâmina maldita” que Tia Dalma mencionou?

- Nós achamos que sim. – disse ele. – Quer dizer, eu acho que sim. Aquele inútil do Sparrow ficou muito “ocupado” ontem à noite, aparentemente.

O comentário de Barbossa foi o suficiente para fazer os olhos de Brooke arderem, mas ela se recusou a chorar na frente dele.

- Bom dia, love. – disse Jack atrás dela.

A ruiva suspirou, piscou algumas vezes para afastar as lágrimas e se virou. O pirata fechou um dos olhos quando ela ergueu a mão, esperando o tapa, naturalmente sem saber o motivo.

- Oh bugger. – murmurou Jack quando a mão delicada de Brooke fechou-se firmemente em um punho, acertando em cheio seu rosto.

- Eu odeio você, Jack Sparrow. – disse ela entre dentes, atropelando-o ao passar por ele para o outro lado do convés.

O pirata massageou a face socada, olhando confuso para Barbossa.

- Eu acho que eu não mereci isso.

- Ah, eu tenho certeza que você mereceu. – disse o capitão mais velho com seu típico riso de deboche.

***

Brooke observava o punho inchado enquanto Gibbs a olhava de canto de olhou no leme.

- Problemas com o capitão? – perguntou.

- Não mais. – ela riu com amargura, esticando e dobrando os dedos.

- Mais uma vez, você me surpreendeu com um feito inédito, para uma mulher. – Gibbs sorriu. – Já perdi as contas de quantos tapas já vi Jack levar, mas um soco? É a primeira vez. Posso saber o motivo?

A ruiva deu de ombros, com os olhos ainda fixos no punho.

- Nada em especial. – disse ela. – Tenho certeza que não sou a primeira mulher a ter vontade de fazer isso.

Gibbs riu, observando uma certa morena que praticamente rodopiava pelo convés, com um boneco vodu preso a cintura.

- Angélica, que é quem devia ter mais raiva de Jack, parece estar bem feliz hoje, não? – comentou.

Brooke trincou os dentes, com vontade de dar um tiro em Angélica.

- Os sentimentos dela por ele não são verdadeiros. – murmurou Catherine, surgindo repentinamente ao lado de Brooke, que pulou.

- Você leu a mão dela? – perguntou depois de se recuperar do susto.

- Não preciso ler a mão. Está estampado na cara dela. – a loira deu de ombros. – Eu vi você chorando ontem. O que você sente também não é preciso ser médium para saber.

A ruiva suspirou.

- Tudo o que eu quero é achar a droga da lâmina, a droga da ilha, chutar o traseiro daquela droga de deusa e quitar a droga da minha dívida com Jack.

Catherine a fitou com uma sobrancelha erguida.

- Você salvará a vida dele mais vezes do que o necessário, Pepper.

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- Eu sei. – disse ela irritada. – Mas eu não gosto de fazer as coisas pela metade. E eu gostaria de saber o que essa pedra faz de tão extraordinário. – ela brincou com o colar em seu pescoço.

- Por pura e simples curiosidade?

Brooke deu de ombros, inspirando a brisa marítima.

- Ainda não arrumei motivação melhor.

- Entendo. – Catherine sorriu. – Só me diz de novo: por que é que estou aqui mesmo?

- Droga, Catherine, você estragou todo o clima. – Brooke revirou os olhos. – É simples: você é o único jeito que achamos até agora de contatarmos Tia Dalma.

- E se eu fugir?

- Para onde? – ela riu com desdém.

- É para isso que existem os botes. – rebateu a loira com um olhar desafiador.

- E é para isso também que existem os mosquetes. – Brooke sorriu sombriamente.

Catherine engoliu em seco, calando-se.

- Jack está confuso. – disse ela depois de um tempo, analisando o capitão do Pearl. – Ele não faz idéia do que você viu ontem, e se soubesse, ainda assim não entenderia o que significou para você. Mas há algo que eu não consigo enxergar direito... ele está se sentindo quase...

- Culpado?

- Não chega a isso. – Catherine estreitou os olhos, inclinando-se para enxergar melhor algo que só ela podia ver. – Talvez incomodado.

- Então esqueça. – Brooke bufou, descendo as escadas do timão.

- Pare com isso, Pepper. – Catherine foi atrás dela. – Me diga: o que você esperava de um pirata? O que você esperava dele?

A ruiva virou-se bruscamente, fazendo o cabelo cair sobre um dos olhos, que brilhavam com a irritação de quem não sabia o que dizer.

- Eu não sei, está bem? – disse ela, elevando a voz a cada palavra. – Talvez eu não tenha esperado nada. Por que eu não esperava me apaixonar por...

Catherine arregalou os olhos verdes, brilhantes de cumplicidade, e levou o indicador aos lábios.

- Ok, eu já entendi. – sussurrou ela com um sorrisinho. – Agora se acalme. Vamos dar um jeito nisso.

Brooke a olhou com desconfiança.

- Ora, já que estou presa aqui, vou entrar no ritmo de alguma coisa. Seguindo as ondas, uma hora chegamos à praia, certo?

A ruiva revirou os olhos, segurando-se para não rir.

- Não vou fazer joguinhos com o Jack. Pode esquecer.

- Não são joguinhos, Pepper. Só quero provar uma coisa.

- Provar o que?

Catherine sorriu.

- Que Jack se arrependeu da noite passada. E que você mexe muito mais com ele do que Angélica.

Brooke revirou os olhos de novo, achando aquilo tudo uma completa idiotice.

- Você não vai fazer nada. – disse ela com firmeza.

- Então você vai. – a loira sorriu novamente.

- Não vou.

- Vai sim. – o sorriso dela se alargou. – Eu tenho certeza.

***

Já era noite quando Barbossa pareceu ficar um pouco mais feliz. Dissera que estavam finalmente se aproximando da ilha onde achavam estar a espada de Zeref. O fato de tudo aquilo ser baseado em suposições não animava Brooke, que ansiava por terminar aquilo de uma vez.

A ruiva observou Jack e Angélica, cada um de um lado do convés, sem trocar sequer um olhar. Quase sorriu ao pensar que talvez Catherine estivesse certa, e Jack tivesse se arrependido do que aconteceu – o que não era muito provável, mas mesmo assim ela acreditava.

Porém, ele também não olhava para ela; e isso a destruída. Concentrou-se em um dos nós que cobriam a amurada, machucando seus dedos de tanto que o apertou.

- Noite bonita, não? – perguntou Jack, aproximando-se sorrateiramente de Brooke.

Ela olhou para o céu noturno, que estava completamente negro, sem sequer uma estrela.

- Acho que não. – disse ela, virando-se para sair dali, mas Jack segurou seu braço no ultimo segundo.

Ele a puxou com força para si, com os lábios tão próximos dos dela que a estática entre eles doía.

- Como você faz isso? – perguntou ele num sussurro.

- Faço o que?

- Esses olhos... Esse jeito difícil... – ele enrolou uma mecha do cabelo de Brooke. – Existem maneiras mais cruéis de me torturar? Só pra eu me preparar.

A ruiva o olhou nos olhos, tentando parecer com raiva, pois era isso que ela deveria sentir. Mas era só ela olhar para ele, tocá-lo, para que se esquecesse de tudo.

Ela se odiou por isso, ainda mais quando percebeu que estava começando a ceder a Jack. Ela deu um soco em seu ombro, mas foi tão fraco que o capitão não considerou como resistência.

Por um segundo, Brooke passou os olhos para o convés, vendo-o estranhamente vazio – tirando Barbossa, que estava no timão, mas este se encontrava mais silencioso que a morte.

Jack segurou as costas da camisa da ruiva com força, puxando-a ainda mais para si. Então os dedos escorregaram das costas até a cintura, a qual ele apertou sem nenhuma inibição.

- Você é um maldito. – disse ela, trincando os dentes quando um arrepio atravessou seu corpo. – Eu tenho nojo de mim por deixar você se aproximar. Eu vi o que aconteceu ontem...

Ele parou por um momento, com os olhos arregalados, e deixou uma mecha do cabelo de Brooke cair de seus dedos. A ruiva não se virou para ele, fazendo com que as palavras fossem abafados pelo seu ombro, mas ele pôde ouvir muito bem.

E o que ele achava que não podia ficar pior, tornou-se terrível.

Segurou a garota pelos ombros e afastou-a para olhar seu rosto. Os olhos cintilavam com as lágrimas que ameaçavam cair, e a ponta do seu nariz estava meio vermelha. Até mesmo chorando era ela linda, pensou ele, segurando-se para não sorrir e deixá-la ainda mais brava.

- Ah, então foi você que derrubou todo aquele rum no corredor... – sussurrou ele em seu ouvido, brincando.

Brooke fechou os olhos com força. Nem assim ele a levava a sério, percebeu.

- Você, naturalmente, está furiosa comigo. – murmurou Jack, deixando claro que aquilo não era uma pergunta. Ele encaixou a mão na nuca da garota, fazendo-a olhar para ele. – Aquilo foi um erro, Pepper. Ela estava me manipulando, savvy? Você muito bem o que aquele boneco pode fazer...

- Você é um mentiroso. – disse ela secamente, tentando se afastar mais uma vez.

- Mentiroso talvez eu seja. Maluco também. – disse ele. – Mas não há ponto de querer enganá-la. Acha mesmo que eu a trocaria por Angélica?

A ruiva o encarou por alguns segundos, quieta. Procurou pelo sarcasmo típico nos olhos de Jack, mas estes apenas a olhavam com a mais pura e simples sinceridade.

Mas não deu o braço a torcer.

- Eu não confio em você. – ela tentou se virar e ir embora, mas novamente o capitão agarrou seu pulso, segurando-a agora com mais firmeza.

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- E está certa, não confie. – disse ele depois de tê-la puxado, deixando-a tão próxima que as pontas de seus narizes se tocavam. – Não confie em mim, mas confie em você. O que você quer agora? Só esqueça o seu orgulho por um segundo.

Brooke calou-se, sentindo todo o corpo em chamas. Antes que pudesse perceber, seus braços envolveram o pescoço de Jack, e então ela o beijou. Incomparavelmente mais delicado que o de Angélica – e melhor, na opinião de Jack -, o beijo durou mais tempo do que ambos conseguiam agüentar, e então se afastaram minimamente, ofegantes.

A garota deixou um pequeno sorriso escapar, e beijou-o novamente. Jack a interrompeu somente para pegá-la nos braços e levá-la dali, o que fez Brooke rir de excitação. O pirata abriu a porta da cabine com um chute e a pousou na cama com delicadeza, mas antes que seus braços pudessem soltá-la ela o puxou pela camisa, fazendo-o cair por cima dela.

Embalado pelo momento, Jack despiu-a como se suas roupas fossem líquidas, deslizando facilmente por seu corpo.

Por um momento, Brooke olhou para a porta entreaberta da cabine e viu Catherine ali, sorrindo ao tentar fechá-la silenciosamente. Seus olhos se encontraram com os dela por uma fração de segundo, e então ela assentiu e piscou, fechando finalmente a porta.

Deixou um risinho escapar e abraçou com força o tronco nu de Jack, voltando a se concentrar no que parecia ser o melhor momento de sua vida.