Propagação da doença

***

-O que você acha que deu nela?- Diego perguntou curioso.

-Se bem conheço a Nyx... É cansaço, preocupação e medo do que esta por vir. Ela não sabe expressar o que esta sentindo, e a única forma que sabe interagir é afastando-se de quem teme machucar. Mas ela esta certa, temos de ir logo procurar a Anne. Arrume tudo o que você acha necessário, vou ir conversar com o LOBISOMEN. -Falei subindo as escadas.

-Mas ela não foi para lá?

-Não Diego. Ela esta no quarto em que nós a colocamos no dia em que chegou. Eu já venho para que comecemos a procurar. - Eu falei apressando o passo.

O que mesmo eu estou fazendo aqui? Ah, claro, eu estou preocupado com aquela maluca por isso vim falar com o cachorrinho de estimação. –Pensei enquanto encarava a porta a minha frente. –Respira fundo Vinicius você consegue. –Bati na porta daquele pirralho, e esperei ele abrir.

-Oi. –Dennis disse abrindo a porta do seu quarto, com uma cara de sono e com o cabelo todo amassado para o lado.

-OI, posso entrar?- Perguntei o encarando nos olhos.

-Claro – ele saiu da minha frente para que eu entrasse e fechou a porta-. Aconteceu algo? Ela passou mal de novo?

-Eu sei que você gosta dela. -Falei sem rodeios.

-Ela te contou? Deve ser legal dar risadas pelas costas do pirralho aqui. –Ele exclamou com dor.

-Nyx jamais me contaria, ela jamais demonstra o que realmente esta sentindo ou pensando. Eu tomei o sangue dela para que pudesse recuperar minhas memórias, e acabei vendo o momento em que você se declara... -Sua expressão era de espanto. Ah, moleque, você tem muito que aprender sobre os vampiros. –Eu quero que você cuide dela, a proteja com sua vida se for preciso. Não sei se conseguirei cumprir minha missão de chegar a Anne inteiro, ou melhor, de voltar inteiro depois de visitar a Anne... Eu lhe peço: ajude-a. Ela não esta bem, eu sei disso, mas ela jamais abrira o jogo e falará o quão grave o seu estado é. –Falei o encarando, enquanto cruzava os braços.

-Você não precisava se dar o trabalho de vir pedir isso para mim. Em primeiro lugar a Nyx é minha amiga, e eu a ajudarei em tudo o que estiver ao meu alcance. –Dennis falou convicto do que dizia. –Se você tivesse chegado ao meu quarto e simplesmente tivesse me perguntado com jeito eu poderia ter lhe contado a verdade.

-E que verdade é essa?- Perguntei já perdendo a paciência.

-Nunca a amei, confundi meus sentimentos de uma maneira muito imatura. Eu amo como minha amiga, hoje eu sei disso, gosto de estar perto dela, a acho uma garota brilhante e especial, não precisa ficar com ciúmes VINICIUS, como você mesmo disse há pouco: ela me trata como um filho, como alguém a proteger, e eu a trato da mesma forma. -Dennis falou sorrindo, e eu pude sentir sinceridade vindo de sua voz.

-Me desculpe. Eu geralmente não ajo dessa forma, é que eu estou preocupado. Você não conheceu a amiga da Nyx, a Alexis, eu mesmo a vi apenas uma vez. Mas a forma como ela morreu, o quanto sofreu antes de partir... Eu realmente não quero ver a Nyx naquele estado. -Falei sentindo dor ao imaginar ela no lugar da Alexis.

-Como essa amiga morreu?- Dennis perguntou preocupado.

-Ela começou a se transformar em uma espécie de monstro, morreu disforme, com os olhos saindo sangue, garras, boca rasgada por dentes extremamente afiados que nasceram graças a formula, se você já viu um demônio em sua verdadeira forma você vai achar os dois parecidos. Antes de perder a consciência e virar um monstro descontrolado, Alexis pediu para a Nyx a matar, e ela o fez respeitando a ultima vontade da amiga.

-Eu não teria tamanha coragem. -Dennis falou pensativo.

-Eu também não, sou egoísta demais para fazê-lo... É por isso que eu me preocupo, não quero vê-la morrer, e muito menos sofrer. Mantenha contato comigo diariamente, e não conte para ela que você o faz. Avise-me se os desmaios aumentarem porque se isto acontecer terei de tomar uma providencia.

-O que você ira fazer?- Dennis perguntou desconfiado.

Pensei que ele iria dizer que não iria me ajudar ou algo assim, percebo que ele realmente gosta muito dela.

-Se até lá vocês não tiverem achado a Caçadora, eu pedirei ajuda a Anne, não importa o preço que eu tenha que pagar.

-Você tem certeza disso? A Nyx não ficaria nada feliz de saber que foi salva por uma das pessoas que mais despreza.

-Não importa, se ela ficar viva já valeu à pena. –Falei serio, e ele concordou com a cabeça. -Cuide dela para mim.

-Como se fosse a minha vida. –Ele me disse enquanto eu fechava a porta.

Sai mais aliviado, não por saber que ele nunca a amou da mesma forma que eu, mas sim por saber que ele cuidara dela com se fosse a sua vida. Olhei para a porta do quarto onde ela deve estar, fiquei encarando ali por algum tempo, e fui embora, sem a chamar ou bater, apenas fiz o que ela queria.

-Vamos? –Perguntei ao Diego quando cheguei à sala.

-Sim.

***

Faltam três horas para amanhecer, já arrumei umas trocas de roupa e coloquei na bolsa, não estou com tontura, aparentemente esta tudo bem, acho que vou ir conversar com o Vinicius e procurar onde foi parar a minha espada.

Será que o Vinicius foi sem se despedir? –Pensei ao constatar o seu desaparecimento depois de uma rápida olhada pela casa toda.

-Ele já foi, e nem me disse adeus. –Falei pegando a minha espada que estava sob o tapete e a levando a cozinha para que eu a limpasse.

Não ligarei para essa ação do Vinicius, tenho que me concentrar na Charlotte. Onde ela pode estar? E porque eu estou indo atrás dela? Droga, porque essa espada não limpa?-Pensei esfregando com mais força

Não deveria ter... Espera isso é sangue fresco. –Passei os dedos sob a lâmina e cheirei o sangue que estava pingando, vindo de mim.

Corri até o banheiro e me olhei no espelho... O sangue estava saindo do meu olho, e uma leve ardência esta começando no mesmo.

-Deus o que esta acontecendo comigo?- Falei jogando água nos meus olhos e trancando a porta, para caso ocorra algo o Dennis não possa vir-me incomodar.

Acalme-se Nyx... Aconteceu o mesmo com a Alexis, mas você não vai morrer, não hoje.- Pensei comigo mesma.

-Nyx você esta bem? –Dennis gritou do lado de fora para mim.

Eu respondo ou finjo que morri? Morrer...acho que estou perto disse agora.

-Se eu disser que não o que você vai fazer? –Perguntei encarando meu olho direito no espelho que havia parado de sair sangue mais esta de um vermelho intenso,.

-Me deixe ver como você esta.

Abri a porta e entrei novamente, ficando em frente ao espelho apenas observando o meu olho que demorava a voltar ao normal.

-O que houve? –Dennis perguntou preocupado me encarando.

-Olhe para mim... Esta vendo? É isso o que houve. Estou morrendo lentamente Dennis... –Disse eu sorrindo para ele tristemente, e vendo a sua alma. –Não conte isso para o Vinicius, sei que esta com a melhor das intenções, mas se você contar para ele isto eu serei obrigada a fazer algo que eu não quero. –Usei um tom de ameaça.

-Como você... O negocio das almas! Ele está preocupado com você, e eu também Nyx.

-Não é necessário que ele saiba, isso só ira o distrair. Dennis, você também não deve se preocupar, se eu vir a morrer, eu finalmente terei descansado e...

-Não importa se você é mais forte que eu, ou se você quase derrotou o Rei, nós vamos procurar a Caçadora nem que eu tenha que te levar arrastada. EU NÃO QUERO QUE VOCÊ MORRA, é difícil de entender? –Dennis soou decidido, mas ao mesmo tempo triste, me olhando com firmeza.

O encarei por longos minutos e sorri, o pirralho me tem como uma irmã mais velha. Ele me lembra a Alexis.

-É bom que você reconheça que mesmo eu não estando em meu melhor momento eu sou mais forte que você. –Falei sorrindo para ele, e ele apenas me encarou com o rosto fechado. –Eu nunca disse que não iria atrás da Caçadora, só que caso aconteça algo quero que vocês dois aceitem a situação, se a situação piorar eu quero que me deixem descansar. Promete pra mim que se eu piorar, vocês me deixarão morrer. –Pedi o encarando decidida.

-Eu prometo, mas tenho certeza que o Vinicius não ira concordar.

-Me resolvo com ele. Acho melhor nós irmos, não sei nem onde começar a procurar a Charlotte. –Falei encarando e vendo que o meu olho que já havia voltado ao normal.

***