Only You

Capitulo - Testamento


Assim que acordou, Luiza pode ouvir o galo cantar ao longe e ver os primeiros raios de sol adentrar seu quarto, ainda tímidos. Bocejou, caminhando até a janela imensa, abriu o vidro e sentou-se sobre ela para admirar o nascer do sol, adorava ficar ali, vendo aquele espetáculo natural.

— Bom dia, Sol. — saudou o sol como se ele fosse responder-lhe de volta, sorriu.

Podia sentir os primeiros raios de sol aquecer sua delicada pele, deixando-a levemente rosada, esses momentos sempre eram deliciosos para ela, pois se sentia feliz de verdade. Ouviu alguém bater na porta, interrompendo sua meditação.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Sim? — respondeu.

— Dona Luiza, o café está na mesa. — soou suave a voz da velha Cole.

Luiza sorriu, desceu da janela e foi até a porta para abri-la, e lá estava ela, tímida, com o rosto cabisbaixo e meio tristonho.

— Então vamos a ele. — Luiza segurou no braço dela, juntando-se ao seu e ambas desceram.

Cole sorriu timidamente, desceram as escadas conversando e sorrindo, mas assim que terminou o degrau, avistou o Coronel Tomas Braxden, sua feição se modificou rapidamente. Luiza sabia muito bem o que ele queria.

— Bom dia. — soou áspero.

Ele se aproximou dela com o chapéu na mão e não esboçou nenhum tipo de reação, apenas saudou-a de volta.

— Bom dia, senhorita Cortez. — ele mantinha os olhos fixos nela.

Luiza sempre o temeu, pois sabia muito bem das artimanhas que os capangas dele faziam pela região, e também sabia do tal interesse dele pelas terras de seu pai, mas nunca ligou para esse assunto.

— Posso saber a que devo a honra da sua presença? — ela demonstrou certa intimidação com a presença dele ali.

Ele se aproximou alguns passos, deixando-a ainda mais nervosa e ansiosa.

— Estou interessado na fazenda, agora que nosso querido Ernesto Cortez faleceu... — antes de ele terminar, Luiza o interrompeu bruscamente.

— Essa não é uma boa hora para falarmos de venda, Coronel Braxden. Meu pai faleceu ontem e não estou com cabeça para discutir sobre vendas. — mantinha os olhos fixos nele enquanto falava. — E, aliás, não sei se quero vendê-la.

Ele fez uma careta, era evidente o sinal de desaprovação, sem dizer mais nada, ele apenas virou-se e saiu. Luiza foi até a janela para verificar se ele estava indo embora, para sua surpresa, parou para conversar com Javier. Sentiu seu sangue ferver nas veias.

[...]

— Meu caro Javier, se me ajudar a fazer com que essa garota me venda à propriedade...— pausou bruscamente, porém logo retomou a fala. —, deixo-te como meu supervisor.

Javier encarou o casarão por alguns minutos, coçou o queixo e se virou para o Coronel.

— Não sou herdeiro, Coronel, e a fazenda é dela. — sua resposta foi um pouco rude.

— Apenas tente, meu filho. — antes de entrar na caminhonete enorme, deu um tapa no ombro do peão.

Luiza ficou ali, parada, espiando a conversa de ambos, estava tão concentrada que não reparou que Javier já havia adentrado no casarão.

— Sabia que é feio ficar ouvindo as conversas alheias, senhorita Cortez?! — soou irônico.

Luiza sentiu o rosto ferver ao se virar e se deparar com ele ali, com os braços cruzados sobre o peito, encarando-a de forma intimidadora, rapidamente ela se ajeitou, fez uma careta pela forma que ele se referiu a ela.

— Ora, ora, eu bisbilhotando... — disse. —, não estou fazendo nada, peão. Aliás, esse assunto é de meu interesse, lembra-se?

Javier sorriu, aumentando a fúria dela.

— Não conversei nada com o Coronel.

Luiza se aproximou dele e disse, antes de sair da imensa sala:

— Assim espero.

Sua mente ficou martelando a manhã toda sobre o que ambos teriam conversado. Javier não ditava em nada ali, pois não era um Cortez e muito menos estava listado no testamento de seu pai, bom, assim esperava.

“Peãozinho metido a besta, mas eu ainda o coloco em seu devido lugar.” pensou enquanto encarava as papeladas sobre a mesinha do escritório, eram tantos documentos que estava ficando maluca, pois a hipoteca da fazenda venceria em dois meses, precisava ajeitar as papeladas, para enfim, levá-las até o contador.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Por onde começar? — perguntou a si mesma, indignada com tudo aquilo.

Ouviu o telefone tocar ao longe, nunca entendeu qual foi o motivo de seu pai não ter puxado uma extensão para o escritório. Alguém bateu na porta, interrompendo sua linha de pensamento.

— Entre. — grunhiu.

Assim que levantou seus olhos para ver quem era, sentiu seu coração gelar, lá estava ele, parado na porta, para seu desespero total. O advogado Steven. Ele sorriu, deixando-a sem jeito.

— Desculpe-me pela bagunça. — levantou-se sem jeito e apontou para a desordem total do escritório.

— Imagina senhorita, compreendo que esteja um pouco aflita com tudo isso. — indagou.

A sala era um pouco pequena, porém os armários eram feitos de madeira pura e envernizadas, as papeladas estavam em um pequeno monte encostado na parede.

— Sente-se, por favor. — pediu ela.

Ele se aproximou da cadeira, sentou-se, logo em seguida, retirou os papéis do testamento, para enfim, ler na presença dela.

— Bom, vamos às últimas vontades de seu pai. — disse, retirando os óculos do bolso de sua camisa, para ler o testamento.

Luiza se ajeitou na cadeira, sabia que algo não estava em ordem, podia sentir.

— Testamento de Ernesto Cortez. Declaro para todos os fins, na presença das seguintes testemunhas: Todd Burn e Ralph Gilbert, que deixo meus seguintes bens, para minha única herdeira viva, sendo ela Luiza Carter Cortez, a metade de minha propriedade localizada no sul do estado do Novo México, localizado na Região Sudoeste dos Estados Unidos da América...— antes de ele terminar de ler o testamento, Luiza o interrompeu bruscamente.

— Como assim “metade”, Doutor Steven?! – grunhiu.

O advogado a encarou por uns instantes, ela estava com o rosto fechado e vermelho de raiva. Como ele teria feito isso, e para quem havia deixado a outra metade?

— Sim, metade, senhorita Luiza. — respondeu.

Luiza ficou abismada, porém, logo perguntou:

— Mas pra quem deixou a outra metade? — arqueou a sobrancelha.

Steven releu rapidamente o testamento para verificar o segundo beneficiário do senhor Cortez que havia selecionado em seu testamento, logo viu o nome e disse para ela:

— Javier Martinez Garcia, conhece-o? — perguntou, arqueando a sobrancelha.

Luiza arregalou os olhos, estava boquiaberta ao ouvir o segundo beneficiário, sua mente girou em 360º graus e seu coração praticamente parou, sentiu a boca secar.

— O peão? — as palavras escaparam de sua boca, incrédulas.

O advogado nada disse, apenas ficou encarando-a por alguns minutos.

— Impossível, como ele deixa metade de sua fazenda para um peão, que nem é de nossa família?— questionou-o.

— Era o desejo dele senhorita. Se quiser, podemos chamar as testemunhas para confirmar esses desejos.

Luiza cobriu o fino rosto com ambas as mãos e soltou um longo suspiro, agora assim as coisas estavam piores, fez uma última pergunta.

— Então não poderei vender a fazenda daqui dois anos? — descobriu o rosto e o encarou.

Steven reparou que os olhos azuis claros estavam escuros, sua expressão estava modificada e sua respiração pesada.

— Poderá, porém a outra metade, só com a permissão dele. — respondeu um pouco desconfortado.

Luiza levantou-se, colocando ambas as mãos sobre a cintura.

— Droga! — berrou. — Desculpa, doutor Steven, é que... Minha nossa! — virou-se para ele.

— Tudo bem, senhorita, mas devo avisá-lo de sua parte na herança.

Luiza fechou os olhos, encaminhou-se até a porta e pediu para Cole chamá-lo, sentiu seu coração pesar, naquele instante, estava odiando seu pai ainda mais.

“Como pode fazer isso comigo?” pensou com os olhos fixos no canto. Não demorou muito e Javier adentrou a sala, estava um pouco sujo por causa de seu serviço, ele retirou o chapéu e perguntou:

— A senhorita quer alguma coisa? — arqueou a sobrancelha.

Luiza nada disse, o advogado se levantou e estendeu a mão para ele e perguntou:

— Senhor Javier?

— Sim. — segurou na mão dele.

Luiza mal olhou para ele, continuou em pé, encarando ambos, o advogado logo se apressou a contar.

— O senhor herdou metade da fazenda Fronteiras. — disse, encarando-o. — Meus parabéns.

Javier encarou-o sem reação, virou-se para fitar Luiza, que estava em pé no canto, parada, com os braços cruzados sobre o peito, com uma expressão nada amigável. Ninguém acreditou na artimanha do velho coronel Cortez.