The Last Song

Capítulo 3


“Porque suas palavras são como balas / E estou na mira da sua arma”

- Lies, McFly

Meu sonho começou assim.

Numa sala grande, colunas maciças se erguiam até o teto decorado com constelações. Tive a impressão de que se moviam.

Nela, doze tronos gigantescosestavam alinhados em um U invertido e no braseiro central, crepitava uma enorme fogueira.

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Os doze tronos estavam ocupados, exceto por dois deles: um dourado e um prateado.

Quando olhei para frente, vi seus ocupantes: um garoto loiro e uma menina de cabelos ruivos. Os dois aparentavam 19 e 12 anos, respectivamente.

Ela foi a primeira a falar.

- Muito bem. Então, Atena, você tem certeza de que a menina é uma das filhas de meu irmão?

- Absoluta, Ártemis – disse uma mulher de cabelos negros e olhos cinzentos, que me parecia vagamente familiar. – Todos os sinais apontam para isso. Mesmo não parecendo com o pai fisicamente, ela é excelente musicista, embora não tenha tocado desde que chegou. Imagino que deve gostar das artes e de poesia também. Afinal, a mãe adorava ambos.

- Meu filho, a garota parece ser realmente sua filha. A pergunta é: Por que ainda não a reclamou como sua, já que sabia que isto era de extrema importância? – perguntou o ocupante do trono de platina. Tinha cabelos grisalhos e olhos da cor de uma tempestade. Estava vestindo um terno risca -de- giz e aparentava poder e autoridade.

- Eu... Hmm... Estou esperando ela completar 13 anos – disse o garoto loiro ao lado da ruiva.

- A menina vai completar 17 anos. Em três semanas, maninho – constatou ela.

- Jura? – Apolo perguntou surpreso.

O homem dos cabelos grisalhos falou novamente.

- Meu filho, temo que isso afete a profecia. E todos os acontecimentos relacionados à ela. Decidiremos o prazo que você terá para reclamá-la depois – E com um aceno de sua mão, o fogo no braseiro se extinguiu.

- Aimee, querida. Acorde, é o primeiro dia de aula – disse Julie docemente enquanto sacudia meu ombro. Ouvi passos, o que significava que ela havia saído do quarto.

Abri os olhos e a luz do sol me cegou. Espere um pouco... luz do sol?

Corri até a janela e olhei para fora. O Sol brilhava e o céu parecia mais azul. Quase que instantaneamente, me senti melhor.

Escolhi uma roupa no armário e fui para o banheiro. O dia hoje ia ser longo, mas ia ser bom. Eu tinha quase certeza disso.

Quase.

Fui a última a ser deixada na escola.

- Mãe? – chamei. Meu estômago parecia ter dado um nó em si próprio.

- Sim?

- Posso ser educada em casa? – perguntei, o nó no estômago ficando cada vez mais apertado.

- Ah, Aimee! Não vai ser tão ruim assim, acredite. Tenha um bom dia! – Julie disse enquanto eu saltava. Depois, ela foi embora.

Misturei-me na multidão e fui em direção à secretaria.

Lá, uma mulher, aparentando uns 40 anos, estava sentada atrás de uma escrivaninha entupida de papéis. Uma menina alta, que parecia ter minha idade, organizava pastas num gaveteiro.

- Olá – cumprimentei a mulher atrás da escrivaninha. Ela olhou para mim e sorriu.

- Você deve ser a Srta. Fletcher.

Assenti com a cabeça.

- Aimee. Aimee Fletcher.

Ela remexeu na pilha de papel mais próxima e puxou alguns deles. Estes, ela me entregou.

- Seu horário, o número do seu armário, o aviso de transferência. Qualquer dúvida, é só falar com a Srta. Hunter. Ela está na maioria das suas aulas. Melanie?

Assim que foi chamada, Melanie fechou uma das gavetas e se virou.

Seus olhos eram de um azul-elétrico e os cabelos escuros e lisos se estendiam até alguns centímetros abaixo dos ombros. Os cílios negros e os lábios rosados faziam contraste com a pele pálida. Usava uma camiseta preta do Nirvana que caía de um de seus ombros, jeans skinny (pretos) e coturnos (pretos). Parecia a mistura perfeita de modelo internacional e rock star.

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Ela sorriu, se aproximou e estendeu a mão.

- Melanie Rachael Hunter. Você é Aimee, certo?

Que legal. Até o nome dela parecia de celebridade.

- Aimee Lee Fletcher – me apresentei enquanto apertava sua mão. Embora não admitisse, me sentia um pouco envergonhada. Nunca fui muito superficial, mas... Quando vi Melanie, comparar-me a ela foi inevitável, desde a cor dos meus cabelos até as roupas que eu usava. Eu amava meus fios castanho-avermelhados, mas o tom mais escuro, quase negro, dos dela era bem mais impressionante. O azul-cobalto dos meus olhos não era nada comparado ao elétrico dos olhos dela. E para completar, voltamos à questão das roupas: Usava jeans, uma camiseta branca e um cardigã cinza estampado e um par de Converses pretos. Ela podia estar usando um pijama e ia parecer uma top model de qualquer forma.

- É um prazer te conhecer – ela disse – Que aula você tem agora?

Dei uma lida rápida no horário e respondi.

- Álgebra, sala 21.

- Parece que temos a mesma a aula. Posso ir até lá com você, se quiser – Melanie se ofereceu.

- Claro.

Andamos por vários corredores e enquanto conversávamos, descobri algumas coisas sobre Melanie Hunter:

1- Ela era muito mais legal do que a aparência sugeria;

2- Ela tinha déficit de atenção e dislexia, assim como eu;

3- Melanie morava em Long Island, Nova York, e estava passando uns tempos com a mãe, o padrasto e o meio-irmão;

4- Ela não falava muito sobre o pai e desviava do assunto sempre que eu perguntava;

5- Ela escondia algo sobre o item número quatro.

- É aqui – Melanie abriu a porta e entrou. Repeti seus movimentos, mas parei na mesa do professor na metade do caminho para entregar o aviso de transferência.

- Muito bem, Srta. Fletcher – disse o professor em um forte sotaque, que reconheci como sendo irlandês – Os papéis estão todos em ordem. Pode se sentar ao lado da Srta. Hunter.

Me dirigi a carteira ao lado de Melanie e me sentei. Nas carteiras da frente, sentavam-se um garoto de cabelos negros e uma menina com cabelos compridos e louros.

O professor, cujo nome descobri ser Thomas St. John (ou Sr. St. John, como todos o chamavam), fez algum comentário sobre “a ótima época em que eu havia chegado, pois estávamos revisando todo o conteúdo dado até o presente momento”, mas eu não o ouvi. A garota loura sentada na minha frente se virou para mim, desviando minha atenção.

- Você tem uma caneta para me emprestar? Acho que esqueci meu estojo em casa – ela perguntou. Seus brilhantes olhos claros me fitaram de cima a baixo, me deixando um pouco nervosa.

Suspirei mentalmente e peguei uma caneta qualquer dentro da minha bolsa e entreguei a ela.

- Obrigada. Sou a Stacia. Stacia Moon – Ela sorriu.

- Sou Aimee.

- Prazer. Belo nome.

Agradeci e ela se virou. Voltei minha atenção para os exercícios no quadro e comecei a copiá-los em meu caderno, mas minha concentração não permitiu que eu os fizesse.

Stacia me analisou de um jeito estranho e isso me inquietou. Parecia que ia arrancar minha cabeça fora com os dentes em um momento e no outro, já estava sorrindo e me elogiando.

Não sei, podia ser apenas algo meu, uma implicância com a garota Moon. Mas algo me dizia que manter distância dela seria o melhor a ser feito.