Minha Viagem Infernal

Contagem regressiva


- Dos... Seus dois noivos, e da Hera. Claro. – Repetiu Scott franzindo o cenho e concordando, como se aquilo fosse normal – Por que eu não pensei nisso? Mas... Eles não eram namorados há... Uhm... Sei lá. Dias atrás?

- É. Eram. Mas agora são noivos. E os dois. – Respondi revirando os olhos.

- As coisas andam rápido para os gregos, hein? – Comentou ele rindo.

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- Pois é... Mas não é bem do jeito que você está pensando. – Disse olhando para ele. Scott sentou-se no chão na minha frente, e eu continuei conversando com ele. Contei tudo sobre o noivado, sobre as loucuras que aconteceram depois como a briga do meu pai com eles, e depois falei sobre a vontade descontrolada da Hera de ajeitar tudo para o evento.

- Uou... – Foi tudo que Scott conseguiu dizer – Sabe? É nesses momentos que eu me sinto feliz por ser um cara solteiro, sem preocupações. Sou só eu e o meu doce vídeo game.

- Sortudo mesmo. – Murmurei.

- Tento até imaginar como deve ser passar por tudo que você passa, mas acho tenso demais. – Comentou ele.

- Adote dois cachorros. Pode crer, dá no mesmo. – Falei revirando os olhos. Ajeitei a minha postura e depois me ajeitei no sofá, mas... – Scott... Esse sofá é horrível. Ai! Minha coluna... Caramba!

- Ah, eu sei. Ele é um lixo. É por isso que eu sempre sento no chão. – Falou ele naturalmente. Franzi o cenho para ele, e depois me sentei no chão ao seu lado. Scott ligou o Xbox e começou a jogar. Eu acabei rindo sem querer, e ele olhou para mim sem entender – O que?

- Nada... É só que... Tinha que ser você. – Disse negando com a cabeça e rindo – A sua casa tem um Xbox, PS3, Knect... Tudo de melhor tecnologia para vídeo game, mas não tem um sofá.

- Eu tenho um sofá. Ele só é uma droga, mas fora isso... – Scott parou para rir e encolheu os ombros – Ok. É a minha casa. O que esperava, Cooper?

- Nada diferente disso, Pilgrim. Você era assim antes, não é de surpreender que não tivesse mudado. – Comentei olhando o jogo – Se bem que antes era só o seu quarto. A sua mãe não deixaria você vender o sofá da sala para comprar um vídeo game, por exemplo.

- Eu já tentei, mas ela não deixou. – Contou Scott, e eu comecei a rir. Ele riu também – Eu estou falando sério! Ela me deu uma bronca, porque eu estava conversando com o pessoal da rua quanto eles dariam pelo sofá.

- Ia vender por quanto?! 50 centavos?! – Perguntei rindo – Scott, você nunca teve noção de dinheiro!

- Me ofereceram 50 dólares. Minha mãe não gostou nada disso. – Disse ele rindo também. Nós dois começamos a jogar vídeo game para distrair a mente, e do nada Scott começou a rir novamente – Eu posso ir ao seu casamento?

- Eu não vou me casar. – Respondi para ele – Vou dar um jeito, mas de maneira nenhuma eu vou me casar com os dois.

- Isso vai ser tão engraçado. – Disse ele sorrindo para a tela – Eu quero ver. Vai me lembrar daquele filme “Noiva em fuga”. Algo parecido. Estou até imaginando você entrando na igreja de vestido branco e tênis da Nike para sair correndo.

- Você acha que eu fujo de tudo, não é? – Falei incrédula e ele assentiu calmamente – Aaaah, cala a boca, Pilgrim.

Nós nos levantamos e resolvemos jogar um pouco de knect. Se você não sabe o que é, eu explico. Anos com o Scott me deram essa prática. Knect é um tipo de jogo para Xbox que lê seus movimentos.

Nós resolvemos jogar uns esportes, o que foi bem engraçado, pois tínhamos que nos mexer para os bonecos da tela se mexerem também. Arremesso de disco, corrida, até mesmo vôlei. Foi muito divertido ver Scott correndo no lugar tentando me ultrapassar, mas até mesmo no vídeo game eu era mais rápida com ele.

- Mais uma rodada? – Perguntou ele respirando irregularmente.

- Por que não? – Disse sorrindo.

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POV Ares

- Acorda. Acorda. Acorda. Acorda. – Disse uma voz chata do meu lado. Senti que estava sendo cutucado no braço á cada palavra “acorda” dita. Franzi o cenho e olhei para o lado. Lá estava Apolo. Ah, que raiva...

- Para de me cutucar antes que eu arranque o seu dedo fora! – Reclamei com raiva. Apolo parou e cruzou os braços esperando eu levantar – O que você quer aqui?!

- Você viu a Alice? – Perguntou ele.

- Eu estava dormindo, como poderia ter visto ela, inteligência?! – Perguntei.

- Ela sumiu. Não acho ela em lugar nenhum. – Disse ignorando o que eu havia falado – Acho que ela deve ter fugido da Hera com esse lance de casamento.

- Dane-se. – Falei deitando novamente.

- Você não sabe onde ela está mesmo? – Desconfiou Apolo. Olhei para ele com um certo tom de deboche.

- Espera. Deixa eu checar debaixo do cobertor... – Disse levantando o cobertor. Apolo deu um tapa na minha nuca, e eu revirei os olhos rindo – Ficou nervosinho agora?

- Você é um idiota. Eu nem acredito que ela possa ter ficado com você. – Resmungou ele com raiva. Eu me levantei ainda sonolento, e Apolo foi até a porta – Bem... Eu vou procurar ela. Se a vir, diga para ir me encontrar.

Parei para pensar rapidamente. Apolo parecia concentrado em achá-la. A cena de Afrodite falando ontem para mim que Alice era uma perfeita fonte de divertimento, me incomodou. E se ela estivesse mexendo os pauzinhos para Alice e Apolo terem alguma coisa juntos? Ou se ela escolher eles dois para ficarem juntos no exato momento em que se acharem?

Não. Isso podia parecer paranóia, mas eu não podia deixar ele sozinho com Alice. Principalmente se eu não tinha idéia de onde ela estava.

- Espera. – Disse levantando da cama, fazendo Apolo parar e vira-se para me ver – Eu vou com você.

- Por quê? – Perguntou ele.

- Por que eu não tenho nada melhor para fazer. – Menti – E já que me acordou... Vou com você.

Coloquei uma camisa e nós dois saímos para procurar ela. Se bem que não foi nem um pouco difícil, pois nós dois sabíamos de algo importante.

- Se ela não estiver na casa do Scott... – Começou Apolo.

- Aí ela deve estar perdida mesmo. – Confirmei.

Nós dois fomos para a porta da casa do maldito filho de Hefesto, mas paramos ao ouvir alguns gritos.

- Isso! Continua! – Exclamou a voz de Scott. A porta estava fechada, mas mesmo assim nós conseguíamos ouvir. Olhei para Apolo e ele para mim.

- Ahm... Acho que ele está ocupado. – Apolo prendeu o riso e eu também, mas nós paramos ao ouvir a segunda voz.

- Vai! Mais rápido, Pilgrim! – Exclamou a voz feminina inconfundível. Nós dois ficamos mudos olhando um para o outro, tentando controlar nossa raiva.

- Ela... Ela não está... – Apolo riu de raiva sem completar a frase.

- Eles... Não estão... – Estava morrendo de raiva também – Não... Devemos estar errados. Completamente errados.

- É! Errados. – Confirmou Apolo – Muito, muito, muito errados mesmo.

- Ah! Quase lá! – Exclamou Scott.

- Isso! Falta pouco! – Exclamou Alice de volta – Droga... E as minhas costas ainda estão doendo. Não dá para ficar no seu sofá.

- O chão é melhor. Eu falei para você. – Disse ele. Ok... Uma cena horrível passou na minha mente. Então Afrodite tinha resolvido que eles é que tinham que ficar juntos?! Há! Não se eu quebrasse aquele pescoçinho mortal!

- Eu não estou gostando nada disso. – Apolo rangeu os dentes.

- Já chega! – Exclamei com raiva. Apolo e eu chutamos a porta ao mesmo tempo e entramos cerrando os punhos, prontos para bater nele – Se afasta dela, seu moleque abusado!

Foi aí que vimos algo que não entendemos de primeiro. Alice e Scott estavam sentados no chão, olhando fixamente para a tela da TV. Depois de uns segundos eles começaram a pular comemorando, e depois se tocaram que nós estávamos lá.

- Ahm... O que estão fazendo aqui? – Perguntou Alice franzindo o cenho. Quando seus olhos pararam em mim, ele os revirou.

- O que você está fazendo aqui? – Corrigiu Apolo franzindo o cenho confuso – Vocês estavam...

- Jogando Mario Kart. – Completou Scott normalmente. Alice olhou para nós sem entender.

- Ufa... Eles não estavam... – Apolo suspirou aliviado, mas isso acabou fazendo Alice se tocar do que nós estávamos imaginando. Ela lançou um olhar repreendedor para nós, e cruzou os braços. Apolo tentou disfarçar – Jogando Portal! É que eu queria tanto jogar desde o começo. Aaah, vocês não iam começar sem mim, não é seus malandrinhos?

- Uhm... Não. Acho que não. – Respondeu Scott confuso – Vou pegar uns salgadinhos. Quer um Kelly&Collins, Cooper?

Alice olhou para ele, sorriu e confirmou. Scott foi para a cozinha, e ela olhou para nós diretamente.

- Francamente... O mundo gira em torno disso para vocês? – Perguntou ela – Se eu estou com algum cara é porque nós dois estamos “conversando”?

- Não, claro que não. – Negamos eu e Apolo. Um piada passou pela minha cabeça, e eu não consegui me controlar em contar – Mas é que as pessoas dizem que a conversa faz parte de todos os relacionamentos saudáveis.

Eu e Apolo morremos de rir, mas Alice revirou os olhos um tanto envergonhada.

- Argh, eu não conheço vocês dois. – Negou ela se sentando no chão. Scott apareceu com salgadinhos e disse para nós nos sentarmos. Como os dois estavam no chão, eu e Apolo ficamos com o sofá inteiro.

- Então... Vocês também estão fugindo da Hera? – Perguntou Scott.

- Não. Estamos procurando a Alice. – Respondeu Apolo – Você estava fugindo dela mesmo?

- Claro que estava. – Respondeu Alice – Até parece que eu ia querer montar um casamento que eu nem mesmo quero com ela o dia todo.

- É. Já que estamos todos aqui, então vamos fazer alguma coisa bem rock and roll. Sabe? Fugindo das regras e tudo mais. – Sugeriu Scott. Franzi o cenho para aquele moleque e ele pegou o controle da TV – Tipo... Isso!

Acho que ele esperava que estivesse passando algum clipe de rock na TV, mas ao invés disso estava passando “Alvin e os esquilos”. Alice começou a rir da cara dele, e Scott abaixou a cabeça figindo estar triste.

- Droga... Eu esperava um efeito diferente. – Murmurou ele. Aqueles esquilinhos irritantes estavam cantando uma música de Natal. Revirei os olhos e torci para Alice mandar ele trocar de canal, mas para a minha infelicidade...

- Me, I want a hula hoop – Cantou Alice junto com os esquilos. Scott riu e começou a cantar também – We can hardly stand the wait. Please Christmas don’t be late!

- Vocês só podem estar brincando... – Falei incrédulo. Apolo começou a cantar com eles, e eu resolvi que era melhor começar a implicar com Alice, já que era o único jeito dela parar de cantar. Estendi minha mão para frente e apertei a bochecha de Alice – Ooown, mas não é uma gracinha? Sempre soube que você gostava de desenhos infantis!

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- Para com isso! – Reclamou ela empurrando minha mão para o lado. Scott riu.

- Esse casamento vai ser tão legal. – Comentou ele.

- Não vai ter casamento. – Negou Alice.

Eu estava prestes a dizer uma coisa, quando Scott foi antes.

- Hera é tão má quanto em “God of war”? Por que lá ela é uma tremenda desgraçada. – Quis saber ele.

- Hera? Não! Imagina. Ela é um amor de pessoa. – Respondeu Alice em sarcasmo. Ela olhou para mim de lado e depois revirou os olhos – Acho que está tudo explicado agora. Ares teve a quem puxar.

- Como é que é? – Perguntei chutando as costas dela.

- Ai! Seu imbecil! – Reclamou ela – É verdade! Vocês dois são incrivelmente maus!

- Sou tão malvado assim? – Perguntei rindo, e Alice revirou os olhos – Aaah, vamos. Eu sei que no fundo você gosta de mim desse jeitinho.

- Não mesmo. – Respondeu ela virando-se para frente – Se eu pudesse escolher, a única coisa que eu faria seria voltar para casa e fingir que essa viagem nunca aconteceu.

- Sério? – Perguntou Scott em um tom um pouco desapontado – Você ia querer esquecer tudo?

Alice olhou para ele entendendo que aquele pirralho se sentiu deixado de lado. Ela se virou para ficar de frente para ele, mas acabou sem querer colocando a mão sobre a de Scott.

- Eu... – Ela olhou para as mãos uma encima da outra, e o Collins fez o mesmo. Os dois desviaram os olhares com o rosto vermelho. Scott começou a mexer nos botões da camisa de repente, e Alice fitava o chão – Você entendeu... Não é como se eu quisesse esquecer tudo. É só que...

- Achei você! – Exclamou alguém abrindo a porta repentinamente. Eu e Apolo desviamos os rostos. Hera entrou e sorriu do seu jeito falso para Alice. Parecia que ela queria engolir a história do casamento duplo só para ter a oportunidade de me juntar com alguém. Ou o Apolo. Tanto faz – Alice querida, eu estava te procurando o dia todo!

- Ah, Hera... Eu... – Alice ajeitou o cabelo para trás da orelha, e se levantou desajeitadamente. Scott fez o mesmo, mas pude ver que ele se arrependeu disso. Hera lançou um olhar de repulsa para ele, disfarçado de um sorriso, é claro.

- Ah, você está com um amigo. – Sorriu ela – Então esse é o tal filho do Hefesto.

- Ele tem nome. – Disse Alice de um jeito irritado, mas de repente escolheu melhor as palavras, se controlando – Ele... Se chama Scott Collins.

- Que... Bom. – Seu sorriso falso me incomodava. Scott olhou para Alice um tanto hesitante.

- Então... Ela me odeia por que...? – Quis saber ele.

- Ela odeia o seu pai. E odeia meio-sangues. Então... Acho que te odeia em dobro por ser um meio-sangue filho do seu pai. – Respondeu Alice franzindo o cenho.

- Ah, não! Nada disso! Alice querida, não exagere as coisas. Eu só não estou habituada em ver um filha de Hefesto assim tão... Juntinho da futura noiva. – Ela lançou a indireta e depois riu de leve – Mas eu não te odeio, querido. Imagina! Há Há!

Hera foi em direção á prateleira que tinha algumas peças mecânicas sobre e começou a analisá-las com um ar esnobe. Tsc. Eu não era igual á ela! Aquela pirralha era muito idiota, isso sim.

- Ahm... Hera. Eu tenho que falar com você. – Disse Alice calmamente.

- Diga. – Disse ela ainda olhando para as peças. Apolo olhou para Alice.

- Você vai falar com ela sobre o casamento? – Perguntou ele em um sussurro, e Alice assentiu em silêncio. Ela respirou fundo e tomou coragem, mas não antes de falar consigo mesma.

- Vamos, Alice... Você já passou por coisa pior. Já enfrentou monstro pior... – Alice deu um passo hesitante e falou em voz alta – É sobre o casamento. É que eu realmente aprecio muito todo a sua disposição de me ajudar com os preparativos e tudo mais. Só que... Eu não quero me casar...

- Como é? – Perguntou Hera virando-se com um sorriso forçado novamente. Ela segurava uma chave inglesa nas mãos, e Alice arregalou os olhos – Continue, querida. Pode falar abertamente comigo.

Alice respirou fundo tomando coragem novamente. Pensei que ela ia mesmo jogar tudo o que tinha para dizer na cara da minha mãe, assim que ouvi suas palavras.

- Escuta. Eu não quero me casar... – Alice se interrompeu – Com um vestido de inverno. É que eu acho que realmente não combina comigo. E eu também não gosto muito de buquês laranja.

- Eu penso a mesma coisa! – Exclamou ela feliz – Você realmente fica mais bonita com um vestido de verão! Vou procurar os modelos. Bem... Acho que você não vai sentir tanto frio. Afinal a previsão do tempo diz que vai fazer calor daqui há cinco dias.

- Espera aí... – Alice fez uma pausa para rir – Cinco dias? O que tem daqui a cinco dias?

- Ora, é quando você vai se casar, bobinha! – Respondeu minha mãe com um sorriso simpático. Alice ria junto com Hera, mas diferente dela, a Filhinha de Hermes parecia que ia desmaiar a qualquer momento.