Minha Viagem Infernal

Vou te pegar!


POV Ares

Quando Alice finalmente terminou de fazer o curativo, eu soltei um suspiro pesado de cansaço. Fui tocar a gaze que estava amarrada em volta do meu peito, mas a Filhinha de Hermes deu me deu um tapa na mão, fazendo-me recuar.

- Qual é o seu problema?! – Reclamei.

- Qual é o seu problema! – Corrigiu ela – Não toca, senão pode voltar a sangrar!

- Tá bom... – Resmunguei revirando os olhos.

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- Bem... Eu terminei. – Disse ela suspirando cansada. Tínhamos levado várias horas naquilo – Não ficou o melhor curativo do mundo, mas ao menos você não vai sangrar todo os litros de sangue que tem no corpo. Só acho que você deveria ver o Apolo.

- Não perguntei o que você acha. – Rebati revirando os olhos, mas ela não se ofendeu. Alice se levantou e fechou a caixa de madeira com os remédios.

- Claro. Tanto faz. – Respondeu ela. O curativo coçou um pouco, mas antes assim que estiquei a mão, Alice me deu outro tapa fazendo-me recuar – Já não falei para você parar com isso?! Fica quieto, Ares!

- Sim, mamãe. – Zombei fazendo uma careta para ela – Você é muito chata, sabia?!

- Se eu sou tão chata, porque não foi pedir ajuda para Afrodite? – Rebateu ela se levantando irritada. Porque ela bateu a porta na minha cara, e você é a única que se importa razoavelmente comigo.

- Por que o seu quarto é mais perto. – Respondi mentindo – E também... Não me lembro de pedir a sua ajuda. Eu só parei no corredor, e você me puxou para dentro.

- Ah, sinto muito por tentar te ajudar. Da próxima eu vou lembrar de te deixar sofrer e sangrar até não poder mais, certo? – Falou ela com um sorriso forçado.

- Tanto faz. – Respondi fingindo não ligar, mas no fundo eu sabia que se ela não me ajudasse, ninguém mais iria. Assim que me coloquei de pé, comecei a andar até a porta. Isso pareceu preocupar ela.

- Aonde você vai? – Quis saber ela me seguindo.

- Comer alguma coisa. Depois de todas as loucuras de hoje, acho que eu preciso me afundar em bacon. – Respondi tocando a maçaneta, mas então notei que Alice continuava do meu lado – O que está fazendo?

- Te seguindo para ter certeza de que você não vai coçar o curativo ou coisa do tipo. – Respondeu ela. Revirei os olhos, mas resolvi não reclamar. Abri a porta e Alice saiu comigo. Nós fomos até o andar 1, onde serviam as refeições, mas quando eu fui entrar...

- Sinto muito, senhor, mas é proibida a entrada sem camisa. – Disse um segurança na porta. Estava prestes a ameaçar o cara, quando Alice passou na minha frente.

- Deixa. Eu trago alguma coisa para você. – Disse ela entrando. Me ajudando de novo... Será que ela nunca iria parar com isso? Por mais que eu a infernizasse, e tudo mais, ela sempre continuava do meu lado.

-... Tá. – Foi tudo que consegui responder.

Logo no fim do corredor do andar 1 tinha um tipo de lago artificial. Sim, dentro de um hotel. Fiquei imaginando que eu sempre parava em hotéis bizarros como esses. O lugar tinha várias colunas gregas, e algumas plantas.

Parecia realmente com um lago. Sentei-me em um banquinho de mármore que tinha perto do “lago”, só que dei um pulo ao sentir que aquilo estava realmente frio. Notei que atrás de algumas colunas tinha caminhos para as escadarias que davam para os outros andares. Estava notando como o lugar era enorme, quando...

- Eles não tem bacon, porque odeiam comida americana, mas... Ao menos todo lugar tem um hambúrguer. – Disse Alice estendendo a mão para mim.

- Um restaurante francês... Tem hambúrguer? – Perguntei incrédulo, e ela riu.

- É incrível mesmo. – Disse sentando-se ao meu lado. Eu comecei a comer e a olhar para o lago artificial. Alice olhou para mim.

- Quem fez isso? Foi a Éris? – Quis saber. Eu neguei com a cabeça e engoli a mordida de hambúrguer.

- Não. Foi a minha meia-irmã furiosa. – Respondi, e Alice prendeu o riso.

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- Atena fez isso, porque achou mesmo que você tinha roubado o livro? – Perguntou rindo.

- Não. Atena fez isso porque é uma estressada neurótica de TPM eterna. – Respondi revirando os olhos – Eu só deixei a porcaria dos livros cair no chão, e ela quase arrancou meu pescoço fora.

- É. Só errou o pescoço por uns centímetros, já que acertou o peito. – Comentou Alice fingindo acreditar em mim.

- Você é tão chata quanto ela. Só que ela é uma sabe tudo. Você é simplesmente uma lesada. – Comentei por costume, e ela revirou os olhos se levantando.

- Tanto faz. Só vê se toma cuidado. – Disse saindo andando.

- Ei! Espera! Aonde está indo?! – Perguntei ao vê-la indo embora. Não que eu quisesse ela do meu lado nem nada... Ahm... Talvez só por uns minutos. Mais nada.

- Ahm... Estou voltando para o quarto. – Respondeu ela.

- E quanto á mim? – Perguntei, só que quis retirar a frase quando notei que ficou muito estranho dizer aquilo para ela – Quero dizer... Você ainda está me devendo uma, Kelly. Não pense que eu esqueci.

- O que? Como assim eu estou te devendo uma? – Perguntou.

- Lembra? Eu fui salvar o seu ex namoradinho, mas isso tinha um preço. Você aceitou, por isso é melhor me pagar agora. – Respondi de modo superior.

- Aham. E cuidar do seu ferimento não conta, não é? – Perguntou ela cruzando os braços, mas eu neguei com a cabeça sorrindo maldoso – Você é insuportável... O que você quer, Ares? Fala logo para eu poder ir.

- Fala logo para eu poder ir! – Imitei zombando dela – É melhor você ficar bem quietinha, senão vou pensar em algo bem ruim em troca. Agora volta aqui e senta.

Alice soltou um suspiro de raiva, mas voltou e sentou do meu lado no banco. Comi o resto do hambúrguer, e ela cruzou os braços olhando para mim.

- Então? O que você quer? – Perguntou ela – Quer que eu pulo no lago para você rir de mim, ou que eu faça uma massagem nos seus pés?

- Já passou pela sua cabeça que eu poderia pedir alguma coisa que não fosse tão ruim? Você tem uma idéia muito errada de mim. – Brinquei com um sorriso inocente. Alice revirou os olhos e assentiu fingindo acreditar. Resolvi implicar um pouco mais com ela – Por exemplo. Eu posso te pedir um beijo. Não seria tão ruim, não é?

Alice fez uma careta para mim, e eu apertei suas bochechas (o que eu sabia que ela odiava).

- Ooonw, ficou tímida agora, é? – Zombei, e ela virou-se para mim.

- Não. Quer um beijo? Então tudo bem. – Falou ela com naturalidade olhando para mim, e foi a minha vez de ficar surpreso. Franzi o cenho sem entender a mudança dela, e Alice riu para mim. Ela estendeu a mão e a apertou a minha bochecha – Ooown, o que foi? Você ficou tímido agora?

Dei um tapa na sua mão com força, e ela largou a minha bochecha.

- Eu? Tímido? Se toca. Não tente inverter o jogo, porque eu não tenho nem um pouco de vergonha, diferente de você. – Disse fazendo uma careta, mas Alice ergueu uma sobrancelha sem acreditar – Não acredita? Acho que vale a pena lembrar que eu já puxei o seu decote. E no meio daquele restaurante chique.

O rosto de Alice ficou vermelho, mas ela tentou fazer parecer que aquilo não tinha a envergonhado.

- Tsc. Como se isso fosse me afetar tanto assim. – Comentou dando de ombros, e eu ri.

- Ah, mesmo? Então é isso que eu quero. – Falei sorrindo para ela. Pude notar o seu rosto ficar ainda mais vermelho. Ah, como era divertido implicar com ela. Mesmo que fosse só uma brincadeira, ela não se tocava disso.

- É isso... O que? – Quis saber ela pensando ter entendido errado.

- Quero puxar o seu decote de novo. – Respondi calmamente. Alice riu de nervoso e negou com a cabeça.

- Você não me assusta. Não adianta. – Disse ela olhando para mim. Eu ri e ameacei avançar nela, e isso fez Alice se levantar com um pulo – Não!

POV Alice

- Ah, pensei que eu não te assustasse, Filhinha de Hermes. – Comentou Ares com um sorriso maldoso para mim. Meu rosto estava provavelmente vermelho, o que parecia diverti-lo – O que foi? Ficou com vergonha de novo? E pensar que agora pouco você aceitou me dar um beijinho. O que aconteceu?

- Aconteceu que eu quero você longe de mim, seu nojento. – Respondi cruzando os braços. Ares se levantou do banco e riu para mim – É sério. Já disse que não.

- Eu disse que teria um preço. – Comentou ele encolhendo os ombros – Agora vem para perto de mim, vem.

Ele só podia estar brincando, é claro. Ares nunca ia falar uma coisa dessas á sério... Ou ia? Respirei fundo e resolvi entrar no jogo dele também.

- Não sabia que gostava tanto de mim. Desde que eu te conheço você vive falando que eu sou sem graça. O que mudou agora, Ares? Tem uma queda por mim? – Impliquei olhando para ele, e Ares teve que parar para se tocar que eu estava entrando em seu jogo irritante.

- É que eu não resisto á uma garota sem graça como você. – Disse ele em sarcasmo – É sério, Alice. Acho que se todos os caras se tocassem de como você é interessante com esse corpo sem sal, teríamos uma fila na porta de casa todo dia.

- Você pode dizer o que quiser, mas ainda está me querendo. – Comentei para irritá-lo mais ainda. Ares ergueu uma sobrancelha para mim.

- É. É porque você me enche de desejo. – Mentiu ele fazendo uma leve careta – Agora... Vem cá!

Dei um pulo para o lado no exato momento em que ele avançou para cima de mim. Sabia muito bem que ele estava brincando, mas não consegui me controlar em entrar no seu jogo. Se ficasse parada, ele simplesmente desistiria, mas... Não foi bem assim.

- Espero que saiba que se eu correr, você não vai me pegar. – Falei tentando não rir, enquanto andava de costas para poder ficar de frente para Ares.

- E eu espero que saiba que se eu te pegar, você não vai correr. – Rebateu ele prendendo o riso como eu – Agora não faz assim, garota da guerra. Vem para o seu namorado favorito, vem?

Eu não agüentei prender o riso (não sabia nem porque estava rindo), e saí correndo de perto dele. Ares me seguiu.

- Sem chance, idiota! – Exclamei para ele. Nós dois estávamos rindo um pouco, enquanto fazíamos aquele jogo de pique pega. Eu corria, me escondia atrás das pilastras gregas do lago, e Ares fingia que ia me agarrar.

- Onde está você? Eu vou te pegar! – Exclamava ele rindo.

Depois de um tempo eu parei atrás de uma pilastra para recuperar o fôlego. Virei-me para poder ver se Ares ainda estava correndo, quando alguém atrás de mim tampou meus olhos com as mãos.

- Te peguei. – Sussurrou a voz no meu ouvido. Ares.

Eu me virei ainda sem ver, ficando de frente para ele. Estava pronta para dizer que não ia de jeito nenhum deixá-lo puxar meu decote, quando minha boca foi impedida.

Senti outra boca encostando-se à minha em um beijo apaixonado, e por um momento fiquei surpresa demais para me mexer.

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Podia sentir tudo girar em torno de mim, como se estivesse encima de um tapete e de repente alguém o puxasse de mim, fazendo-me cambalear e cair.

Sem nem mesmo pensar, minhas mãos foram para os ombros dele, e acabei abraçando seu pescoço aos poucos. As mãos deles foram segurar o meu cabelo me puxando para perto de seu rosto. Depois elas foram para a minha cintura, me puxando contra seu corpo.

Ele já tinha soltado os meus olhos, mas eu continuava com eles fechados. Assim que ele me soltou, demorei um pouco para me tocar que o beijo tinha acabado. Nunca senti o meu coração disparar tão rápido. Ele tinha... Me beijado?!

Sorri sem querer, e tentei disfarçar mordendo o lábio inferior. Abri os olhos para olhá-lo, mas meu sorriso diminuiu um pouco.

- Apolo? – Falei surpresa. Ele sorriu de volta para mim alisando o meu rosto, e eu sorri novamente – De onde você veio?

- Eu senti a sua falta. – Disse ele no meu ouvido. Apolo mostrou para mim um pequeno buquê de flores laranja e eu sorri ainda mais – Comprei para você. É um presente pela... Sua primeira “conversa”.

- Apolo... Realmente não precisava. – Falei com o rosto um pouco vermelho – Você... É muito doce.

- Não foi nada. Na verdade... Eu devia ter ficado mais tempo do seu lado depois daquilo. – Comentou ele com um sorriso no rosto. Apolo me abraçou e eu retribuí o abraço. Com uma voz linda e sussurrante, ele disse no meu ouvido – Eu amo você, Alice Kelly. E não quero nunca ficar longe de você.

- Eu também. – Respondi sorrindo um pouco. Apolo segurou o meu rosto e beijou a minha bochecha – Vamos descansar um pouco vendo algum filme. Mesmo que ele seja em francês.

Eu sorri para ele concordando. Apolo segurou a minha mão e piscou para mim.

O Deus do Sol, lindo, maravilhoso e encantador saiu correndo em direção á escadaria logo na nossa frente. Nós provavelmente pararíamos na frente de algum elevador para poder chegar ao 12º andar.

Mas assim que meus pés tocaram o primeiro degrau da escada, eu olhei para trás e meus olhos se encontraram com os de Ares. Ele estava encostado em uma das pilastras gregas, e olhava para mim com uma expressão indecifrável de braços cruzados.

Abri a boca para dizer algo, mas minha voz não saiu. Ao olhar para ele imaginei... E se fosse realmente ele no lugar do Apolo? Não sei se meu rosto voltaria á cor normal tão cedo.

Olhei rapidamente para Apolo, que continuava focado no topo da escada, e depois para Ares. Ele revirou os olhos e foi embora sem dizer nada. Não pude me deixar de sentir um pouco mal por isso. Não sabia porque, mas me senti.

Pensei novamente na possibilidade dele me beijar, e alguns momentos passaram na minha mente.

Nós dois nos beijamos quando eu ia cair sem querer daquele barco, depois teve a vez no bar, quando bebemos demais, e... Acho que eu também beijei ele quando fui atingida pela flecha de Eros. Mas nenhuma dessas vezes aconteceu quando estávamos em plena consciência, sóbrios, ou por pura vontade.

E talvez... Isso nunca acontecesse, não é? Afinal... Eu odiava ele e ele me odiava. Com todas as forças.

De repente senti meu corpo um tanto fraco. Acho que parei de me mover, e Apolo notou isso. Ele riu para mim e me segurou no colo. Ele beijou minha bochecha, e sorriu docemente.

- Eu te levo. – Disse ele com uma voz serena – O que houve, Alice? Algum problema?

Olhei para ele, e neguei com a cabeça.

- Não. Nada. – Respondi com um sorriso, e abracei seu pescoço lhe dando um beijo – Vamos subir então?