Minha Viagem Infernal

Ferrada novamente


- Eu sei, eu sei. Também é ótimo te ver de novo, garota da guerra. – Disse ele com um sorriso torto no rosto. Com grande força ele avançou contra mim com sua espada.

Fui rápida o suficiente para pegar o meu grampo de cabelo, quebrá-lo e abaixar para não ter a minha cabeça cortada pela sua espada.

Pude sentir a lâmina passar raspando pela minha nuca, quando eu me abaixei e dei uma forte cotovelada no estômago de Jake. O filho de Afrodite foi jogado para trás, e eu apontei minha espada para ele. Sua arma caiu á certa distância, o que o deixou indefeso contra qualquer ataque eventual partido de mim. Ainda assim, completamente derrotado, ele sorriu maldoso olhando em meus olhos.

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- Tira esse sorriso idiota da cara, e comece a se explicar. – Disse trincando os dentes de tanta raiva – O que você quer dessa vez, seu miserável?

- Não tenho que responder nada para você, fracassada. – Respondeu calmamente ainda sorrindo maldoso. Estava prestes a cortá-lo, quando Jake riu – Isso. Tenta. Vamos ver o que acontece com o seu novo namorado quando você me matar.

Hesitei e devo dizer que não devia ter feito isso. Ao mencionar Scott, eu parei antes de atacá-lo, o que foi um erro gigante. Eu devia ter cortado a garganta de Jake ali, ao vivo e á cores. Mas não fiz isso, pois assim que ia dizer alguma coisa, ou até mesmo pensar na possibilidade dele estar me enganando, um tipo de espinho enorme voou na frente do meu rosto, assustando-me.

- O que foi isso?! – Exclamei virando-me na direção em que o espinho tinha sido lançado. Lá estava ele. Um monstro que nunca vira na vida. Estava encima do carro no qual Scott estava caído atrás, e tinha acabado de tentar me matar. Ou de tentar me impedir de matar Jake.

- Isso é um mantícore. Adivinha quem manda nele, Alice? – Respondeu Jake em um tom de riso. Olhei novamente para ele, mas com certo medo de tirar os olhos daquele monstro.

Jake aproveitou isso para se levantar em um pulo e ficar em pé na minha frente. Apontei a espada para ele, mas só provoquei risos.

- Acha mesmo que vai conseguir me matar? Uhm... Até que consegue. Mas isso significa o fim do seu querido Scott. – Comentou ele sorrindo para mim – O que você quer Alice? Se quer ele vivo... Baixe a espada agora mesmo.

- Você não manda em nada, Jake! – Exclamei com raiva, mas o mantícore olhou para Scott, e eu gelei. Um golpe... Só um espinho daqueles seria o suficiente. Joguei violentamente a minha espada no chão, e olhei para Jake – Pronto! Já larguei, agora o controle!

- Ele não iria matá-lo de qualquer jeito. – Comentou Jake jogando na minha cara que tinha me enganado – Só queria ter certeza se isso era verdade. Então... Além de ficar com Apolo e com Ares, você ainda quer mais um namorado?

- Ele não é meu namorado. – Respondi friamente.

- Ainda. – Contradisse Jake com um sorriso malicioso. Ele chuto a minha espada fazendo-a deslizar até onde o mantícore estava – E ainda veio para Paris só para poder ver esse mortal? Me diga, Alice, você realmente é tão carente quanto parece?

Queria quebrar o nariz daquele idiota, mas me contive ao pensar que estava sem armas nenhuma para poder me defender de um possível contra ataque.

- Te incomoda eu ter escolhido um mortal ao invés de você, filho de Afrodite? – Perguntei para incomodá-lo, e acho que deu certo. Ele fez uma careta para mim, pôs a mão sobre o meu pescoço, se controlando para não me enforcar.

- Eu não ligo para garotas fáceis. – Comentou ele – Mesmo sabendo que elas são de outras pessoas, não me interesso por ser mais um cara que agarrou ela.

- Então fique feliz, pois você nunca teria chance comigo. – Rebati, e ele soltou o meu pescoço. Eu estava mesmo conseguindo tirá-lo do sério. Depois de uns segundos de reflexão, Jake riu novamente.

- Tenho interesses maiores, do que uma filha de Hermes com um rostinho bonito. – Respondeu ele olhando para o monstro encima do carro – Sabe, Alice? O seu amiguinho mortal vai ser muito útil. Infelizmente eu preciso dele vivo. Adoraria matá-lo na sua frente só para ver como a garota da guerra reagiria, mas... A vida não é só coisas que gostamos, não é mesmo docinho? Temos que fazer alguns sacrifícios.

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Jake assoviou e pude notar que aquilo era um sinal para o monstro. Ele deu um pulo de cima do carro e tocou o chão da rua com suas quatro patas. Era difícil descrevê-lo. Ele tinha uma cauda cheia de espinhos, e um corpo parecido com o de um leão.

- O que quer com ele? – Perguntei com raiva e ao mesmo tempo preocupada.

- Sinto muito, gracinha. Não vai viver o suficiente para descobrir isso. – Respondeu ele sorrindo – Eu sei que você não morre, na verdade. Mas pelo menos... Ficará fora do meu caminho por algumas horas ou dias. Ataque!

Ele apontou para mim e a criatura correu em minha direção. Eu queria ficar perto de Scott, mas não tive escolha. Eu corri, mas antes disso dei uma olhada raivosa para Jake.

- Eu volto para vir atrás de você. – Disse e saí correndo.

- Boa sorte! – Exclamou ele rindo, enquanto o mantícore me perseguia.

Para a minha grande sorte não tinha ninguém nas ruas pequenas que levavam discretamente para o hotel de novo. Tive que me abaixar e esquivar diversas vezes para não ser atingida pelos espinhos lançados, mas quando finalmente cheguei ao hotel tive um pouco de trégua.

O monstro tinha que seguir-me pelas escadas, o que tomou um pouco de tempo dele por causa de seu tamanho. Talvez o mesmo que o de um cão infernal, mas resumindo... Grande demais para uma escada como aquela.

Eu corri o máximo que eu pude, e quando finalmente cheguei ao andar 11 fui para o corredor. Só que acabei tropeçando no tapete vermelho do corredor, e caí no chão.

Pensei que dava tempo de me levantar e voltar a correr, mas senti a pata pesada do monstro bater contra mim, me lançando para o lado. Caí com uma enorme dor no estômago, e pude vê-lo chegando cada vez mais perto.

- Saí! – Exclamei chutando seu rosto, mas não ajudou muito. O mantícore rugiu e avançou para me matar. Ok... Pensei que depois de todas essas milhões de vezes em que estava em perigo, seria finalmente o meu fim. Nossa... Finalmente o meu fim? Tenso.

Eu afundei meu rosto contra o chão com medo de olhar aquele monstro me retalhar em milhões de tiras de carne, quando ouvi um barulho zunir perto do meu ouvido. Algo bem afiado passara voando rápido pelo me ouvido, e quando levantei a cabeça para conferir vi que tinha um machado na testa do monstro.

O mantícore se desfez em poeira dourada, e eu olhei rapidamente para quem havia lançado aquilo.

Em pé na soleira da porta do meu quarto, estava Ares. Com uma calça preta, sua jaqueta de couro, e seus óculos escuros. Ele os tirou e os fez sumir, para poder olhar para mim diretamente.

- Será que dava para fazer mais barulho? Eu acho que a população da China ainda não ouviu que você. – Comentou ele em sarcasmo.

- Desculpe se a minha morte eminente é barulhenta demais para você. – Retribui com o mesmo tom. Ele revirou os olhos.

- E o que você fez dessa vez, que mal me pergunte? – Quis saber ele me encarando. Eu tentei me levantar, mas qualquer tentativa de me mover fez meu estômago gritar de dor. Ares notou isso, e franziu o cenho – Você está ferida?

- Foi por isso que eu disse “morte eminente”. – Comentei sentando-me no chão. Ares negou com a cabeça em desaprovação, e foi até perto de mim no canto do corredor.

- Onde é que está o Apolo nessas horas? Aí fico eu tendo que dar uma de babá de pirralhas. – Resmungou ele, ajoelhando-se na minha frente.

- Por que você não volta para a droga do seu quarto?! – Reclamei irritada – Sério. Se não quer me ajudar, vai embora!

Ares não respondeu de primeira, mas acabou suspirando.

- Quem disse que eu não ia te ajudar? – Rebateu ele calmamente. Desviei o olhar para o chão e toquei a região que estava doendo com a mão. Ares olhou para mim, mas eu não retribuí o olhar – É aí que ele te acertou? – Ele tocou a minha barriga, só que um pouco de força demais (como sempre...).

- Ah! É! – Exclamei com dor e me contorcendo para trás. Ele recuou e revirou os olhos para mim.

- Você adora reclamar. – Resmungou ele – “Ai, Ares. Isso dói!”, “Ares, você é muito violento!”, “Pare com isso! Você vai me machucar!”, é o tempo todo a mesma coisa. Humpf. Fresca.

- Fresca?! Ele acabou de me acertar! Ou será que você e a sua delicadeza ainda não notaram isso?! – Reclamei irritada.

- Escuta, Filhinha de Hermes. A culpa não é minha se você tem um dodói toda vez que se mete em encrenca, coisa não muito rara. – Reclamou ele. Apostava que Ares iria embora, mas para a minha surpresa, ele olhou para mim novamente – Vamos. Eu te ajudo a levantar. Você fica no seu quarto e descansa, já que é o tempo do Apolo mesmo. Aí você fica melhor e não precisa ficar chorando para o seu papaizinho no meu dia.

- Vou fingir que isso foi um ato gentil. – Comentei revirando os olhos. Ele fez uma careta para mim, e colocou meu braço sobre seu ombro. Me senti um soldado de guerra, quando ele me levantou devagar. Senti um pouco de dor, mas acabei me recuperando aos poucos. Estávamos quase no quarto, quando ouvimos palmas no final do corredor.

- Oown, não é uma cena linda? – Comentou Éris tentando não rir – Acho que com uma ajuda dessas, até eu vou querer me machucar.

- Se manda daqui. – Rugiu Ares com um ódio profundo. Antes ele odiava a Éris, mas naquele momento seu ódio tinha sido multiplicado por 100 – E de preferência, antes que eu fique com as mãos livres.

- Uuuuh. Por que tanta agressividade? – Perguntou ela sorrindo maliciosa, e depois olhou para mim mais inocentemente – Alice, você está bem? Eu vi aquele monstro que te seguiu. É uma pena que Ares tenha chegado antes de mim, senão te ajudaria.

Olhei melhor para Éris, e então algo passou pela minha mente.

- Como você me viu, se acabou de chegar? – Perguntei, e Éris sorriu.

- Ah... Vendo. – Respondeu encolhendo os ombros. Eu neguei com a cabeça entendendo o que estava acontecendo.

- Mentira. – Disse de um jeito curto e grosso. Respirei fundo e olhei para ela novamente – É você que está por trás disso tudo, não é? Nem pense em mentir.

Éris sorriu para mim, e pude notar que Ares me olhou sem entender.

- O que eu posso dizer? É esperta demais para cair em uma historinha inventada. – Disse encolhendo os ombros naturalmente – Relaxa. Eu só estou me divertindo um pouco. Se você quiser...

- Eu quero que deixe ele em paz! – Exclamei a interrompendo – O que você quer com ele, Éris?!

- Você está tentando causar mais encrenca com aquele moleque?! – Perguntou Ares com mais raiva ainda.

- Vocês são muito severos quanto ao meu jeito de diversão. – Disse ela sem ligar – Eu só vou precisar dele para uns assuntos não resolvidos. Nada demais mesmo.

- Scott não é um brinquedo, e muito menos eu! – Exclamei com raiva – Se você machucar ele, eu...!

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- Você o que? – Perguntou ela erguendo uma sobrancelha para mim. Éris riu e depois negou com a cabeça – Francamente, Alice. Esperava mais de você. Tem um potencial muito bom para a discórdia e o caos. Mesmo. Só que agindo desse jeito... Tenho que dizer que... Os meus assuntos não são de interesse de uma musa sem graça de Apolo.

Eu realmente não me ofendi com isso, mas pude notar que Ares sim. Ele já estava morrendo de raiva de Éris, então qualquer coisa poderia virar motivo para ele começar uma briga.

- Quem te deu o direito de falar isso dela?! – Rugiu ele – Só eu posso chamar a Filhinha de Hermes de sem graça! A Alice não é da sua conta!

Éris lançou um olhar de ódio para ele, e começou a ranger os dentes.

- Alice, Alice, Alice, Alice! – Exclamou com raiva – É só isso que você diz agora! Você ficou com essa garota e de repente eu virei nada!

- Você sempre foi nada! – Rebateu ele com o mesmo tom de raiva.

- Vou mostrar o que eu realmente sou, Ares! Vou destruir a sua garota da guerra diante dos seus olhos! – Rugiu Éris fazendo aparecer uma espada.

Ares riu ainda maldoso. Ele me encostou na parede, largou o meu ombro, e fez aparecer dois machados em suas mãos.

- Eu te avisei, Éris. Você mexeu com a pessoa errada. – Disse ele apontando o machado para ela – Eu sou Ares, o Deus da guerra. E ninguém, eu disse ninguém, brinca comigo!

- Pode vir, Deus da guerra. Vou mostrar que você não é o único que consegue causar uma confusão. – Provocou ela. Ares avançou com um rugido violento, e Éris fez o mesmo. Pude imaginar que ela e ele deviam discutir sempre, até de um jeito pior do que ele discutia comigo.

Ares começou a tentar arrancar o pescoço dela com o machado, o que forçava Éris a se defender com a espada. Ela podia ser boa, mas Ares era muito mais. Depois de alguns minutos, Ares conseguiu jogar sua espada longe. Éris engoliu em seco.

- Você nunca vai ganhar de mim. Eu não tenho pontos fracos em combate, sua víbora. – Disse ele com nojo. Éris riu para ele, e olhou para mim.

- Ah, pois eu acho que tem. – Disse ela – Quer saber o que mais? Acho que a sua nova garota te deixou mole. Está ficando com medinho de terminar as suas lutas?

Ares rosnou e lançou um dos machados. Ia acertar em cheio a testa de Éris, se a Deusa não fizesse um movimento com a mão. Usando um tipo de mágica, ela fez o machado ricochetear para a minha direção. A arma passou por mim fazendo um corte em diagonal desde um pouco abaixo do peito, até o fim do quadril.

- Ah! – Gritei de dor e acabei caindo no chão.

- Alice! – Gritou Ares preocupado e tenso. Pude ver ele correr até mim.

- Ela vai fugir! – Exclamei para ele, e Ares virou-se com ódio novamente lançando seu último machado na direção de Éris.

- Não disse que tinha um ponto fraco? – Perguntou ela rindo e desaparecendo pouco antes do machado ficar cravado na parede onde ela estava.

- Droga... – Murmurei ao vê-la sumir. Coloquei as duas mãos sobre o corte e pude sentir que estava sangrando. Ares ajoelhou-se na minha frente de novo, mas não olhei para ele. Mesmo assim eu podia notar que ele não conseguia falar direito. Só depois de um tempo é que ele formou uma frase.

- Não fui eu. – Disse ele olhando para o corte – Bem... Era para acertar aquela cobra desprezível, e não você! A culpa foi toda dela.

Eu assenti sem ligar para de quem era a droga da culpa, e passou um dos braços por debaixo das minhas pernas, e o outro para trás das minhas costas. Com facilidade ele me levantou e seguiu até o meu quarto.

- Se não der um jeito nisso logo, pode ficar grave. – Comentou ele ainda tenso.

- Mais do que já está? – Perguntei em um murmuro passando a mão por cima do corte. O sangue dourado estava marcando toda a minha camisa, o que me preocupou. Não tinha idéia do quão fundo era o corte, por isso resolvi parar de pensar naquilo até chegar ao quarto.

Ares me colocou no sofá, deu alguns passos para trás e ficou olhando para mim.

- Ok... – Disse me ajeitando. Olhei para minha barriga e fechei os olhos por um segundo – Acho que é melhor chamar o Apolo...

- Não. – Respondeu ele sério.

- Como assim não? – Quis saber sem entender – Ele é o Deus da medicina! Quem mais pode dar um jeito nisso?!

- Eu vou dar um jeito nisso. – Respondeu ele ainda olhando para o meu ferimento. Acho que no fundo ele se sentia culpado por eu ter me ferido mais ainda.

- Ares... Nada contra a sua vontade de ajudar, mas... Com a sua delicadeza, vou acabar com um buraco no lugar da barriga. – Comentei calmamente.

- Cala essa boca, e espera eu pegar a caixa de primeiros socorros. – Mais uma prova da sua imensa delicadeza.

Ah, droga... Eu estava ferrada.