Ich Liebe Dich.

Cap. 115: Teia de tensões.


Caímos separados. Eu e Gustav e Frida e Aghata. Por sorte e ironia do destino. Ou, talvez porque era muito fácil andar em círculos naquele lugar estranho e emaranhado, nos encontramos algumas horas depois.

Passamos a noite revezando quem ficava de olho nos perigos e dormimos encostados nas árvores a mercê dos insetos venenosos. A mercê da sorte.

--- Precisamos descobrir onde é a saída deste lugar! –Gustav disse, atônito.

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--- Já faz dois dias. –Frida resmungava, enquanto prendia seus cabelos agora bem curtos.

Aquilo foi uma surpresa e tanto pra mim, quando a vi. Era a garota. Não a garotinha mimada.

--- Nós... precisamos achar água. –Disse, com uma voz rouca e debilitada.

--- Pete, seu rosto está vermelho e... –Frida se aproximou de mim, bruscamente. –Você está com febre...

Eu estava muito cansado. Na verdade, se o pensamento em Charllottie e em meu filho, que era uma coisa extremamente misteriosa e excitante para mim, não estivessem me entusiasmando, eu já estaria morto.

--- Pete... –Ela resmungou outra vez. –Você tem que agüentar.

--- Espere, Frida. –Aghata se aproximou de mim, que tinha sentado debaixo de uma árvore à sua sombra. –Tome isto, Peter.

Aghata me deu água.

--- Deixa eu adivinhar, -Gustav começou a falar num tom grosseiro e zombeteiro. –Guardou para ele porque ele é bonito e louro...

--- É que sem ele, a filha dela não vive e por conseqüência, seu neto. –Frida disse, secamente em resposta e ele. –É uma cadeia de fatos interessantes.

--- E prefere ficar sem água para dar a ele? –Gustav perguntou, de repente.

--- Sim. –Ela respondeu, fracamente. Aghata também começara a perecer.

--- Tome. –Eu disse, baixinho dando a pequena garrafa a ela.

--- Não quero... –Ela pronunciou as palavras cuidadosamente. –Eu...não tenho mais esperanças.

--- Oh, meu Deus! –Frida sorriu indignada. –Tal mãe tal filha.

--- Então por que está dando a água a ele se acha que todos vão morrer? –Gustav perguntou, secamente.

--- Porque não acho que todos vamos morrer. –Aghata respondeu sem olhá-lo nos olhos. Sua atenção continuava em mim. –Ele é jovem, merece viver mais que eu.

--- Frida também é. –Gustav respondeu com cautela.

--- Mas ele é mais importante para a minha filha. –Aghata finalmente disse o que ele queria ouvir, calando sua boca.

--- Oh... –Frida pronunciou com cuidado.

--- Por favor, Peter, resista. –Aghata implorava, sem nem ao menos poder pronunciar as palavras com força.

--- Eu... tentarei. –Respondi, sorrindo.

Meu rosto estava quente. Eu sentia muito calor e tudo parecia que ia começar a girar, antes de beber água. Mas toda a tormenta física passou quando eu a tomei. Embora voltasse a alguns minutos. A fome também me atormentava e tudo estava tão escuro e cruel, que eu ficava com medo. Mas eu não desistiria, porque Charllottie e meu filho estariam lá. Não, eu não queria morrer ali, como um idiota, depois de tudo pelo que havíamos passado.

--- Você é bem frágil. –Gustav disse, seriamente. Ele nem sempre tinha a intenção de atingir-nos, mas sempre usava as palavras de modo que parecesse isso sem querer.

--- Peter nunca fica doente. –Frida se contrapôs a Gustav. –Mas quando ele fica, ele fica entre a vida e a morte.

--- Além disso, senhor sabe-tudo, não se esqueça do fato de que Peter saiu de um coma recentemente... –Aghata disse, olhando para Gustav com repressão.

--- Então, vamos logo andando, antes que a morte chegue rápido para nós todos. –Gustav disse, semi-cerrando olhar.

Frida pegou minha mão e eu levantei, menos tonto.

--- Bom, não tinha mapas daqui... –Gustav disse, desapontado. –Eu procurei muito, mas realmente é tudo muito abandonado. E... num mapa até poderia ter esta floresta aqui, mas é impossível que tenha uma trilha. Ninguém anda por aqui... –Gustav disse, suspirando.

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--- E... então? –Frida perguntou.

--- Não tenho idéias, a não ser de ficarmos andando feito loucos até que achemos alguém ou algo útil. –Gustav disse, sorrindo sarcasticamente.

--- Droga... –Aghata disse, baixinho enquanto chutava uma folhas.

--- Olha, podemos sobreviver de algumas frutas que tem nesta floresta. –Frida disse, devagar. –Além do quê, a maioria das frutas tem água dentro delas. –Continuei.

--- É, também poderíamos construir pequenas casas de palha e morar dentro delas, esperando uns belos ursos para nos comer... –Gustav disse, rindo. Ele realmente estava se divertindo desta vez.

--- Frida tem razão. –Ela sorriu, instantaneamente. –Gustav, não podemos só ficar procurando uma saída sem ficarmos fortes o bastante para nos manter em pé. –Eu disse, sério para não dar brecha alguma a nenhuma piada dele.

--- Tudo bem, Peter. Deixe-me brincar um pouco, sim? –Ele se irritara.

--- Parem de discutir, não vêem que isto é um inferno para nós? Precisamos pensar juntos?–Aghata quase gritou.

--- É verdade. –Frida disse, indignada.

Como eu estava me sentindo injustiçado por não ter falado nada demais e ainda ser tachado de brigão, fiquei calado novamente.

--- Então, aquela árvore lá tem frutos. –Frida apontou para uma árvore bem grande e frondosa que estava a mais ou menos um metro de nós.

Fomos até a árvore. Ela era muito alta...

--- Esperem. –Frida disse, enquanto pegava sua bolsa que ainda estava com ela.

Era uma bolsa pequena e só tinha coisas elétricas dentro dela. Ela vasculhou e pegou um objeto de metal bem conhecido por mim. Eu o havia projetado. Era prateado e tinha dois botões em cada extremidade.

Frida esticou o braço em direção a um galho da árvore onde havia muitos frutos. Era bem alto, mas não chegava a ser um dos últimos. Ela endireitou sua postura e se abaixou um pouco para direcionar sua mira até o galho, então apertou um dos botões. Um barulho de ferro se arrastando em algo numa velocidade alta era quase insuportável. A corda que saiu do pequeno objeto, o qual eu coloquei na categoria de “trecos úteis”, agarrou com força o galho.

O objeto enlaçou-se no galho e Frida apertou o outro botão. O galho despencou, arrancando alguns mais fracos que estavam em seu caminho enquanto passava, até chegar a nós. Com o barulho que parecia de serra elétrica que saiu do pequeno objeto quando a corda grossa de aço o atravessou rapidamente e os galhos caindo, devastadoramente em seguida, aquilo parecia um bando de lenhadores devastando uma floresta inteira.

Alguns pássaros voaram, apressadamente fazendo barulho após os galhos caírem.

--- Foi você quem projetou, Pete? –Gustav perguntou, espantado. Não que aquilo fosse uma grande coisa. Era uma grande coisa que parecia pequena.

--- Sim. –Eu disse, já ficando fraco outra vez.

--- Uau! –Gustav exclamou. –A corda de aço é muito útil. Foi pensada para matar ou arrastar o quê? Ursos ou tigres e esmagá-los? –Ele perguntou, sorrindo.

Não respondi. Olhei para Frida e ela tirou um dos frutos de um dos galhos da árvore me dando.

--- Obrigado. –Disse, devagar.

--- Não há de quê... –Ela disse, também pegando um fruto e levando a boca.

Não sabia por quanto tempo eu ficaria ali, mas eu tentaria com as minhas mais acabadas forças, suportar. Por ela. Que tinha suportado tanto por mim.