Lutando por Um Final Feliz

Minha nova missão


Fiquei parada olhando fixamente para o rosto de Sasuke, eu estava esperando ele rir sarcasticamente e dizer que um Uchiha nunca se desculpa. Um minuto havia passado e o silêncio permanecia por ali, nada de sarcasmo e nada do meu rosto voltar ao normal; depois que consegui fechar minha boca não consegui abri-la para falar algo, eu queria perguntar o que tinha acontecido, mas tudo travava na minha garganta.

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-Sakura, você pode não acreditar, mas é isso mesmo que você ouviu. – ele falou sério, nenhum toque de sarcasmo – Eu só quero que você fale algo, quero que me desculpe.

-Po-por que você ta dizendo i-isso? – eu perguntei parada, enquanto meus lábios moviam-se ciberneticamente.

-Eu ouvi. – ele disse quase que com raiva - Do quarto eu pude ouvir seu choro. – falou baixo enquanto apertava os punhos.

-Sasuke. – eu disse com a voz um pouco fraca – Está tudo bem.

Então o sol se pôs deixando apenas o céu escuro e um vento frio.

-Vamos. – minha voz de repente falhou, respirei fundo e prossegui - Vamos entrar, está ficando frio aqui.

Assim que eu terminei de falar ele estava em pé. Logo eu levantei e fui à sua frente.

-Você comeu algo além do almoço? – eu perguntei enquanto fechava a porta.

-Não. E não estou com fome. Obrigado. – ele falou tudo rapidamente e se dirigiu ao quarto.

Eu peguei a maçã que havia colocado na fruteira e sentei na cadeira mais próxima, após terminar meu simples lanche permaneci lá alguns minutos pensando no que havia acontecido naquela varanda, nas curtas frases ali ditas. Então olhei para o relógio e notei que já estava na hora de medicar o Sasuke, peguei o remédio e a colher no armário para ir logo ao quarto. Quando entrei vi-o sentado na cama, seus dedos batiam impacientemente no colchão, enquanto seus pés balançavam de um lado para o outro.

-Sasuke, eu trouxe seu remédio. – eu disse baixo, mas em meio ao silêncio que permanecia no Distrito minhas palavras pareciam ser estridentes.

Ele dirigiu o rosto em minha direção e parou o que fazia no momento. Coloquei um pouco do remédio na colher e o dirigi a sua boca, que já estava aberta.

-Argh! – ele resmungou, fazendo sua típica careta.

Eu olhei bem o rosto dele, imaginando se aquele remédio seria tão ruim assim. Então voltei para cozinha, lavei a colher calmamente e coloquei-a na gaveta junto com o remédio. Peguei uma pêra na geladeira e voltei pro quarto.

-Trouxe uma pêra pra você. – eu disse chegando perto dele, que agora estava deitado; seus dedos imóveis, um efeito do remédio – Você precisa se alimentar. Não recuse, por favor.

Ele virou a palma da mão para cima e eu coloquei a fruta, a dirigiu vagarosamente a boca e mordeu. Então fui até minha mochila, peguei meu pijama, entrei no banheiro e fechei a porta. Quando terminei de banhar escovei meus dentes e voltei pro quarto silenciosamente, pois Sasuke já dormia. Me sentei na poltrona e fechei os olhos.

Acordei e instantaneamente percebi que Sasuke não estava mais em sua cama. Levantei em um pulo e corri para a sala, quando cheguei lá vi que tínhamos visita, Sasuke estava acompanhado de Shizune, os dois estavam sentados e pareciam não ter conversado muito. Eu já ia voltar ao quarto para trocar de roupa antes que a Shizune me visse, mas meu plano não pode ter ao menos seu início.

-Sakura que bom que acordou! – ela disse, sem ao menos se importar com meu traje.

Não falei nada, apenas fiquei parada.

-Pode ir se trocar, o assunto não é grave. – ela disse sorrindo.

Me virei rapidamente e corri para o quarto, peguei a roupa que estava de melhor acesso, me vesti e voltei para a sala.

-Queria conversar com você a sós... – Shizune disse se levantando.

-Não precisam se preocupar, eu vou banhar. – Sasuke disse levantando.

Shizune não pareceu surpresa ao ver Sasuke se locomovendo sozinho, obviamente já fora informada por Tsunade sobre o assunto. Então ficamos em silêncio até ela ter certeza de que Sasuke tinha iniciado o banho, e depois esperou 105 segundos – não gosto que os outros fiquem em silêncio, por isso eu conto os segundos sem palavras, uma mania que adquiri no surgimento do time sete.

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-Sakura, eu vim aqui para informar que você ficará fora da próxima missão do time sete. – ela disse de pé, já a minha frente.

-O que? Eu preciso ir! Você sabe que eu tenho que ir! É muito arriscado irem sem mim. – eu disse indignada, afinal eles precisavam de mim não é?!

-Tsunade estava certa ao dizer que você reagiria assim. – ela disse rindo - Nós mandaremos outra no seu lugar. Claro que esta não possui as suas mesmas habilidades, mas trabalha no hospital então será mais que suficiente para a missão. Além disso, você tem uma missão mais importante. – então ela concluiu com um lembrete – Não se esqueça do que Tsunade pediu pra você fazer hoje.

-Hai. – eu disse de cabeça baixa, pois já esperava aquela missão a muito tempo, havia treinado bastante, e tanto esforço pra nada.

Ela se virou e foi embora. Eu ainda chateada, por causa da notícia, fui para a cozinha e comecei a preparar um pouco de chá de camomila, peguei algumas coisinhas na geladeira e fiz um modesto sanduíche. Quando estava colocando o chá na xícara percebi que Sasuke chegara à cozinha.

-Tem um pouco pra mim? – ele perguntou movendo os braços a sua frente até achar a cadeira para logo sentar-se.

-De que? Chá ou sanduíche? – eu perguntei emburrada.

-Dos dois. – ele disse sério, parecendo analisar meu tom de voz.

-Aqui o chá. – eu disse botando em uma xícara que já estava na mesa – Eu ainda tenho que preparar o sanduíche. – eu disse com a voz quase em seu tom normal.

-Tudo bem. - ele disse pegando a xícara.

-Cuidado! O chá está bastante quente. – eu disse rápido.

-Ah! – ele disse despreocupado, logo soprando o chá – Você ficou mesmo tão chateada assim por ter que ficar aqui comigo? – ele perguntou do nada, enquanto colocava a xícara na mesa.

A pergunta me pegou de surpresa, então eu não sabia o que responder meu cérebro ainda processava as palavras.

-Como? – eu perguntei parada com duas fatias de pão na mão.

-Eu ouvi um pouco da conversa que você teve com a Shizune. – ele disse levando a xícara a boca outra vez.

-Ah! – eu falei ainda confusa – Não. Eu. – comecei a gaguejar, então respirei fundo – Aquela missão era importante pra mim. – eu disse de cabeça baixa.

-Hum. – ele falou, ainda avaliando a situação.

Então ele bebeu mais um pouco e pareceu ficar concentrado em suas conclusões e pensamentos.

-Aqui seu sanduíche. – eu falei colocando na mão dele, minha voz totalmente normal.

-Sakura. – ele disse no momento em que me sentei ao seu lado.

Eu olhei pro seu rosto, mas não disse nada.

-O Kakashi me disse ontem que seus pais morreram. Isso é verdade? – ele perguntou bastante sério.

Mesmo tendo passado mais de um ano desde a morte dos meus pais eu não me conformava em ter-los perdido, ainda mais do jeito como tudo ocorreu.

-É. – eu disse com a voz fraca e os olhos marejados.

-Eu sinto muito. – ele disse vagarosamente, como se quisesse que suas palavras me protegessem da dor que ele já havia remoído por tantos anos.

-Obrigada. – eu disse forçando as lágrimas a não saírem dos meus olhos – Mas veja pelo lado bom, eu não posso mais ser uma garota chata e mimada. – eu disse fazendo com que as lágrimas rompessem meu esforço e saíssem rolando pela minha face.

Eu peguei meu chá e meu sanduíche e saí da cozinha me dirigindo até a varanda, onde me sentei no chão e terminei meu lanche em meio a lembranças. Minhas lágrimas pareceram me obedecer e pararam de molhar meu rosto.

***

Mais uma vez eu estava ali na cozinha, só que agora preparando o almoço. Meus olhos ainda estavam um pouco vermelhos por causa do choro de hoje cedo, mas nada que pudesse me incomodar. Sasuke estava sentado na mesma cadeira que sentou durante o café da manhã, mas desde que tocou no assunto dos meus pais nós não trocamos mais uma palavra, exceto na hora que ele me perguntou qual seria o almoço.

-Pronto! Acabei de fazer nossa sopa de legumes. – eu falei colocando duas tigelas cheias de sopa na mesa.

Quando eu ia falar fui interrompida.

-Eu já sei, está quente. – ele disse enquanto colocava a colher dentro da tigela, então ele vagarosamente tirou-a cheia de sopa e a aproximou do seu rosto.

Observei a cena bem atenta, até que detectei o perigo evidente, a mão do Sasuke tremia – pouco, mas era perceptível – e ela não sabia pra onde guiar a colher. Eu estendi minha mão em direção a sua, mas ele já tinha derramado a sopa na mesa, então eu tirei a colher da sua mão.

-Eu ia dizer que eu vou te dar o almoço. – falei brava.

-Calma. – ele disse abaixando sua mão.

-Calma? Se isso tivesse derramado em você hein?! – eu falei com a voz mais suave.

-Uma queimadura não ia fazer diferença no estado em que eu estou. – ele falou indiferente.

-Sasuke, por que você não entende? – eu falei colocando a colher dentro da tigela.

Ele ergueu o rosto na minha direção, mas ficou em silêncio para ouvir o que eu diria a seguir.

-Eu só quero que você esteja bem. Eu tenho que te deixar bem. – eu parei para soprar a sopa que eu havia botado na colher – Essa é minha mais nova missão. – eu disse e logo engoli a sopa.

-Então eu sou apenas uma missão? – ele perguntou com a voz indecifrável – Você não estaria aqui se não fosse por ordem da Hokage?

Eu olhei pra ele sem querer responder a pergunta, era óbvio que eu estaria aqui em qualquer situação, mas eu não queria admitir, não queria mostrar que depois de todo este tempo eu ainda era submissa a ele.

-Eu tenho que te dar logo essa sopa senão ela vai esfriar. – eu disse tentando me esquivar da pergunta.

Ele pela primeira vez desde que chegou aqui mostrou um pequeno e discreto sorriso.

***

O sol já estava sumindo no horizonte e lá estava eu parada na porta do quarto esperando o Sasuke trocar de roupa.

-Estou pronto. – ele disse saindo do banheiro.

-Não está. Sua camisa, você a vestiu do avesso. – eu disse me encostando ao vão da porta.

Ele falou baixo um “sem problema” e tirou a camisa na minha frente. Eu devo admitir que quase desmaiei com a cena, mas tentei fazer minha respiração não acelerar muito, ele com certeza perceberia.

-Agora estou pronto. – ele falou enquanto puxava a camisa pra baixo.

-Ainda não. – eu disse me aproximando dele.

Meu coração acelerou quando cheguei perto e senti seu perfume, mas sentimentos a parte eu passei meus braços envolta do seu pescoço e desnatei o nó da atadura que cobria seus olhos. Ele abriu os olhos vagarosamente e os esfregou com as mãos.

-É muito estranho abrir os olhos e continuar tudo escuro. – ele disse com seu famoso tom indecifrável.

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Sasuke andou sem minha ajuda até a porta de entrada da casa, mas eu tinha a consciência que daquela porta pra frente eu teria que guiá-lo. Abri a porta, pedi pra ele passar e então eu a fechei.

-Hoje nós começaremos uma caminhada diária. Ela tem o intuito de não te deixar parado em casa sem fazer nada e conservar sua forma física. – eu disse séria, afinal era receita médica – Me dê sua mão. - disse rápido, tentei esconder minha ansiedade, mas não deu muito certo.

Ele não disse nada apenas levantou a mão, então eu a peguei e em seguida fechei os olhos com força para oprimir as sensações diversas que aquele simples toque me causava.

Por toda a caminhada o Sasuke teve um ótimo desempenho, perdeu o equilíbrio três ou quatro vezes, o que é notável em um paciente que sofre de cegueira.

-Este foi o último degrau. – eu disse alegremente – Pronto agora estamos na sua casa novamente. – então eu soltei sua mão, e logo senti um vazio.

Abri a porta e o deixei passar, corri até o quarto peguei a maletinha de primeiros socorros retirei uma atadura e voltei para a sala.

-Sasuke sente no sofá, por favor. – eu disse indo para lá também.

Estiquei calmamente a atadura, até agora enrolada, e a coloquei com cuidado em volta do rosto de Sasuke, na região dos seus olhos, quando terminei de amarrá-la ele levantou sem dizer nada, e de repente parou na porta do quarto.

-Obrigado. Por tudo. – ele disse sem virar o rosto em minha direção.