A brisa gentil que soprava pela copa das árvores balançava levemente a capa de William. Suspenso no ar, o rapaz dividia sua concentração entre manter-se elevado com seus poderes e visualizar a região ao redor. Porém, a mata fechada o impedia de verificar a existência de ameaças nas proximidades.
-William: Estou perdendo tempo...
Decepcionado, o manipulador do vento desceu lentamente até o chão coberto de grama, reunindo-se com seu grupo. Os outros cinco estavam sentados, descansando, mas logo se levantaram ao perceber o retorno de William.
-Fernand: Estamos perto?
-William: Não faço ideia, é impossível ver algo abaixo das árvores.
-Samantha: Prova de que as bruxas antigas escolheram um bom esconderijo.
-William: De toda forma, se não estamos vendo esferas azuis é porque ainda estamos longe.
Certa de que não havia mais vantagem em manter o grupo parado, Samantha retomou a caminhada, forçando seus aliados a acompanhar. Afinal de contas, a única que realmente tinha algum senso de direção naquele local era a manipuladora das trevas.
Conforme a viagem prosseguia, Karin eventualmente foi vencida pelas dúvidas que tinha e as transformou em perguntas.
-Karin: Ainda não entendi porque estamos seguindo para o esconderijo das irmãs da Samantha. Nosso objetivo principal não era o último pilar?
-Yasmin: Talvez eu esteja enganada, mas creio que precisamos de um local seguro para descansar e planejar como atacaremos. O último pilar é o centro da barreira e seu sustentáculo.
-Samantha: Yasmin está correta, destruir aquele pilar será algo demorado e cansativo.
-Luna: Mas se aquele pilar é o mais importante e, graças a ele, a barreira não ruiu ainda, por que não o destruíram por primeiro?
-Yasmin: É porque o pilar fica em um local muito perigoso: a fachada do quartel general da Ordem da Rosa Branca.

Candelabros iluminavam a mesa no centro da grande sala de reuniões da ordem. Quase todas as cadeiras estavam ocupadas, apenas quatro se encontravam vazias. Inferno, com uma expressão solene, observava enquanto o último integrante a chegar tomava seu assento.
-Inferno: Creio que subestimamos demais a situação.
-Ent: Concordo, cometemos um erro atrás do outro e, com isso, fomos derrotados.
-Sol: Eu me admiro que até mesmo o incrível Vortex tenha falhado, justo ele que é tido como o segundo guerreiro mais forte da ordem.
O tom da voz de Sol era carregado de ironia, mas para o controlador de portais aquilo soava apenas como inveja.
-Electron: Não podemos permitir que eles derrubem o último pilar.
-Inferno: Não permitiremos. Carbon e Viper logo devem chegar e então todos nós vamos defender o último pilar.
-Vulcano: Não importa o quão fortes aqueles seis sejam, jamais conseguirão deter a força combinada de onze guerreiros da Rosa Branca.
-Aurora: É verdade que temos a vantagem, mas não podemos cometer mais erros. Eles vão se aproveitar de todas as falhas que encontrarem.
-Spectra: Ótimo, estou ansiosa para acertar as contas com o manipulador da terra.
-Quartzo: E eu estou devendo uma surra para Yasmin.
-Inferno: Fico contente que estejam animados, mas mantenham em mente o que Aurora disse. Um erro agora será fatal, portanto ouçam agora como vamos agir.

O esconderijo onde Samantha cresceu parecia muito com aquele em que William encontrou Kate e Elbio. O formato dos corredores e as chamas que brilhavam no teto eram familiares para o manipulador do vento. O grupo agora era acompanhado por Madame Papillon.
-Papillon: Não se preocupe, Yasmin, até mesmo Samantha não sabe de tudo. Mas eu vou explicar em breve.
O corredor terminou em um recinto amplo com diversos círculos místicos concêntricos desenhados no chão. Lá já estavam três pessoas: Kate, Elbio e Milla. A primeira, ao reconhecer William, correu até ele e o abraçou.
-Kate: Quanto tempo, William!
-Elbio: Kate, controle-se...
-Milla: Deixe-a, Elbio. Não há nada de errado com uma demonstração de amizade.
Os colegas de William não puderam evitar o espanto, pois não imaginavam que alguém fosse agir de tal forma com ele.
-Fernand: Quem é essa garota?
-William: É uma bruxa que encontrei pouco depois de ser transportado para o norte. Ela me ajudou bastante.
Enquanto Kate se afastava de William, sentindo que este não se agradara com o abraço, Elbio caminhava na direção da pequena multidão.
-Elbio: E dormiu junto com ele, diga-se de passagem.
O arco de Luna caiu e o barulho ecoou por um instante. Ela demorou a se recompor do susto e recolhê-lo do chão e embora os outros manipuladores não tivessem nada em mãos, também derrubariam se fosse esse o caso.
-Fernand: Estava escondendo o jogo o tempo todo, espertinho?
-Yasmin: Isso... é algum piada?
-Elbio: Não, eu estou falando sério.
-Papillon: Já basta, agora não é o momento para falar sobre estes assuntos.
A voz, agora autoritária, de Madame Papillon calou os outros e os fez dirigir toda a atenção à poderosa bruxa.
-Papillon: Através dos esforços combinados dos magos de Empericia e as bruxas sob minha tutela, conseguimos criar estes círculos de transporte mágico. Foi neste local em que William e Fernand pisaram pela primeira vez em Chesord, Yasmin.
-Yasmin: Então tudo o que William me disse é verdade? Nunca houveram demônios fora da barreira?
-Papillon: Exatamente. E agora que todos os interessados estão reunidos, eu acredito que é a hora de revelar a verdade por trás da vinda destes dois rapazes e o motivo pelo qual a barreira precisa cair.
-Fernand: Finalmente!
-Papillon: Contudo, peço que mantenham segredo, pois os magos de Empericia fazem questão que estas informações permaneçam sigilosas.
-Luna: Não se preocupe, Madame Papillon, manteremos segredo.
-Papillon: Muito bem, a razão por trás de tudo isso é um único homem. Ele é o verdadeiro inimigo de Empericia, Chesord e todos nós aqui reunidos.
Fechando os olhos e respirando fundo, como se o simples ato de pronunciar o nome fosse árduo, Papillon finalmente o revelou.
-Papillon: Este homem se chama Vladmir Banemare.

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