Roses And Demons: Roots Of Rebellion

Como um Toque da Própria Morte


Uma pequena garota de cabelos negros, vestindo roupas simples e um avental, adentrou num quarto bagunçado, com chão e paredes de madeira. Era Karin Annings, um pouco mais nova.
–Karin: Mestre, o almoço já está pronto! Não vá dormir a tarde toda também.
O mestre de Karin, coberto por lençol, revirou-se na cama.
–???: Desculpe, Karin. Eu fiquei trabalhando até tarde em algo importante e finalmente consegui terminar...
–Karin: Terminar o que, mestre?
–???: Um cajado feito especialmente para você. Ele tem um metal azul prismático na ponta que serve como núcleo do sistema mágico. Através dele o fluxo de energia elemental pode ser transferido...
–Karin: Eu... juro que estou tentando entender...
–???: Resumindo, ele vai ajudá-la a manifestar seu poder sem destruir tudo ao redor. É anormal ele ter despertado tão cedo e com tanta intensidade, por isso vai ser bem difícil de você conseguir controlar sem algum tipo de ajuda.
–Karin: Tudo bem, mas agora vamos logo comer.
A garota então fechou a porta, retornando à cozinha para arrumar a mesa.
–???: Agora que finalmente terminei é apenas uma questão de tempo para que você vá embora. Fico triste e preocupado de ter que exigir isso de você, Karin, mas se não o fizer você jamais vai amadurecer como manipuladora e como pessoa.

Scythe cravou a lâmina de sua foice no chão e então retirou as luvas que usava, deixando-as cair no solo. Em seguida, voltou a empunhar sua arma, assumindo uma posição de batalha.
–Fernand: Por que ele fez isso?
–Yasmin: Talvez seja algum tipo de cavalheirismo...
–Samantha: Ou ele que é algum tipo de retardado. Tomem cuidado.
Partindo da mão esquerda de Scythe, uma aura escura passou a cobrir o cabo e depois a lâmina da arma. Então, o guerreiro da Rosa Branca arremessou a foice, fazendo-a girar, na direção do grupo.
–Luna: Evitem tocar na foice, pode ser perigoso.
Seguindo a recomendação de Luna, todos se afastaram, abrindo caminho para que a arma passasse.
–Scythe: Hmpf.
Subitamente, dardos escuros começaram a saltar da foice no sentido horizontal e para todos os lados, ameaçando o grupo de Yasmin. William, Fernand e Luna bloquearam os ataques com uma barreira de seus respectivos elementos. Yasmin deteve cada um dos projéteis com golpes rápidos de espada. Samantha evitou o ataque desfazendo os dardos antes que estes a tocassem. Karin simplesmente se abaixou.
–Karin: Ser pequena tem lá suas vantagens...
A foice retornou às mãos de Scythe, que então cravou a lâmina no chão com todas as forças, fazendo estacas de um material branco, aparentemente osso, erguerem-se do chão numa onda que seguiu em direção aos inimigos.
–Fernand: Deixa essa comigo!
Tomando a frente, o guerreiro da terra bateu seu machado contra o chão, gerando uma onda de terra seguida de um impacto que fragmentou as estacas.
–Fernand: Agora ataquem!
–Luna: Pode deixar.
Scythe esquivou-se da flecha de Luna e bloqueou a rajada de agulhas negras de Samantha girando sua foice. Em seguida saltou para evitar uma bola de fogo e uma rajada luminosa, sendo atacado no ar por William no momento seguinte.
–William: “Parece que vai dar trabalho...”
As espadas do manipulador do vento foram deitadas pela lâmina de Scythe, mas o rapaz aproveitou para chutar o oponente. Porém, este se recompôs facilmente após se agarrar num galho e retornar ao chão. Apenas William notou que a parte do galho onde o inimigo tocara agora estava apodrecida.
–William: Que poder é esse? É como se fosse um toque da própria morte...
Scythe passou a desferir golpes rápidos de foice no ar, cada um deles lançando uma lâmina negra na direção de um dos aliados de William.
–Samantha: Não tentem bloquear, estes são mais poderosos!
O aviso da bruxa garantiu que seus aliados sobrevivessem ao ataque, ainda que algumas das lâminas negras os tivessem atingido de raspão. William, o único que não havia sido atacado, avançou contra Scythe, mas este surpreendeu o agressor ao atingir seu abdômen com o cabo da foice. O manipulador do vento então saltou para trás, evitando outro golpe.
–Yasmin: Por que não conseguiríamos bloquear o ataque anterior, Samantha?
–Samantha: Antes toda a energia que ele concentrou na foice se dispersou em dezenas de ataques. Desta vez cada lâmina tinha uma quantidade muito maior de energia, o que as tornou mais afiadas.
Empunhando sua arma com as duas mãos, Scythe atravessou o ar com a lâmina num longo movimento, gerando uma enorme lâmina que partiu na direção dos oponentes.
–Fernand: Não dá pra ficar desviando disso pra sempre!
–Karin: Não vou deixar que ele machuque vocês!!!
Correndo adiante de todos, a menina apontou seu cajado para o ataque e então disparou uma potente rajada de luz que espatifou a lâmina de trevas e obrigou Scythe a saltar para o lado. Sem equilíbrio, o guerreiro caiu e seu capuz deixou de cobri-lo. Para o espanto geral, tratava-se de uma garota de cabelos cinzentos, quase brancos.
–Fernand: Espera um pouco, o Scythe na verdade é... “a” Scythe?
–William: Obrigada a cumprir uma missão afastada de tudo e todos, ocultando a própria identidade, usando aquelas luvas. O seu poder de apodrecer seres vivos com o toque não pode ser cancelado, não é mesmo, Scythe?
A menina se levantou, retirando a sujeira de seus longos cabelos. Ela então esboçou um sorriso que não continha nenhuma alegria.
–Scythe: Nada mal, você é bastante perceptivo. Está correto, meu poder é um risco contínuo a todos que me rodeiam. Assim é com todos os Scythes e este é motivo pelo qual eu e aqueles que vieram antes de mim recebemos a missão de viver neste bosque.
–Yasmin: Estranho, pensei que os codinomes da ordem variassem de acordo com o sexo de cada membro...
–Scythe: Você está correta, mas Scythe é uma exceção. Eu, assim como aqueles que já possuíram este poder, sou uma pessoa completamente isolada. O fato de eu ser homem ou mulher não muda nada.
–Luna: Eu não entendo. Por que você aceita fazer parte da Ordem da Rosa Branca se eles lhe obrigam a fazer tantos sacrifícios?
–Scythe: Parece que vocês não entenderam. Eu não sou Scythe por fazer parte da ordem, eu sou Scythe por ter este poder amaldiçoado. Eles me aceitaram e me deram um objetivo pelo qual viver! Por mais que eu não lute ao lado dos outros, eles ainda são meus companheiros.
–William: Parece que realmente não temos outra escolha senão lutar.
–Scythe: Podem vir! Vou transformar todos vocês em cadáveres apodrecidos!

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