Roses And Demons: Roots Of Rebellion

A Prática faz o Mestre


Nos arredores do pilar não havia um único ser vivo, com exceção dos três manipuladores. A lua cheia despejava luz prateada suficiente para que os guerreiros pudessem lutar sem maiores dificuldades. Uma leve brisa preenchia o ar.
–Fernand: Pelo que pude ver até o momento, este homem é especialista em combate corpo a corpo.
–Samantha: Muito bem, então basta manter distância.
Os dois sentiram algo se enroscar em seus pés e pernas rapidamente. Raízes finas, mas resistentes, prendiam Fernand e Samantha como se fossem correntes.
–Ent: Não deixarei que escapem.
Mais raízes surgiam do chão, restringindo cada vez os movimentos da dupla. Fernand estava visivelmente preocupado, mas Samantha não se deixou abalar. Lâminas negras surgiram sobre as vestes dela em diversos pontos, cortando as plantas que a prendiam.
–Samantha: Acha mesmo que pode capturar uma bruxa com esses truques tão simplórios?
A garota estendeu o braço direito em direção ao oponente e várias das lâminas dispararam contra ele, enquanto as restantes se desfaziam. Em resposta a isso, Ent bateu o pé contra o chão, fazendo surgir um tronco com metade de sua altura. O velho saltou sobre a madeira e a usou como suporte para pular novamente.
–Ent: Sendo assim, vou me esforçar ainda mais!
Com um movimento de sua mão, Ent fez as mesmas raízes de antes brotaram ainda mais rapidamente e se prenderem no pescoço da bruxa, a estrangulando. Surpreendida, ela se apressou a cortar as plantas da mesma forma que antes, mas não notou que um tronco semelhante ao que o velho invocara antes surgia sob seus pés, lançando a garota ao alto.
–Fernand: Samantha!!!
Ainda preso, Fernand não podia fazer nada além de assistir enquanto a bruxa era violentamente atingida por um chute de Ent e atirada morro abaixo, rolando pelo chão.
–Fernand: Seu desgraçado!!!
O solo ao redor de Fernand se desprendeu como se explodisse, soltando as raízes da terra e permitindo ao guerreiro recuperar seus movimentos. Em seguida ele correu em direção a Ent, o qual retornava ao chão, com seu machado em punho.
–Ent: “Mas que menino descuidado.”
Fernando atacou com um corte horizontal, que seu oponente evitou ao se abaixar. No mesmo instante, Ent preparou-se para contra-atacar, mas parte do chão em que ele se apoiava ruiu, derrubando-o.
–Fernand: É o seu fim!!!
O machado desceu, prestes a se cravar nas costas do velho. Porém, raízes robustas surgiram do solo e se juntaram sobre ele, formando um escudo que bloqueou o ataque. Ent então atingiu as canelas de Fernand, tirando o equilíbrio do rapaz, e o lançou ao alto com um soco no peito ao mesmo tempo em que as raízes que o protegeram se rompiam.
–Fernand: “Maldição, como vamos vencê-lo...?”
Sem ter tempo para pensar, Ent saltou para o lado, evitando uma rajada de estacas negras. Ferida e suja, Samantha subia a elevação novamente enquanto chamas de raiva queimavam em seus olhos.

Finalmente em Caeth, Spectra bocejava. Naquela hora já não haviam pessoas fora das casas, com pouquíssimas exceções. A mulher seguia seu trajeto habitual até o local onde alugara um quarto, mas havia algo que a perturbava.
–Spectra: “Aquelas rochas se erguendo ao alto que eu vi quando olhei na direção do pilar...”
Spectra caminhava ignorando as pessoas que olhavam para ela através das janelas.
–Spectra: “Ent tem o costume de fazer treinamentos estranhos, o que eu vi pode muito bem ser apenas o resultado de mais um dos exageros dele...”
A mulher finalmente alcançou a entrada da estalagem onde sempre passava as noites, mas se deteve lá, sem adentrar no recinto.
–Spectra: “Por que estou com essa sensação ruim? Será que eu devo voltar...?”

Ent desviava com facilidade das garras de Samantha, valendo-se de uma agilidade que a bruxa jamais poderia imaginar que um velho possuísse.
–Ent: Para quem disse que ia manter distância você está lutando um tanto perto demais.
Um golpe rápido na perna direita da garota foi suficiente para derrubá-la, mas o machado que girava no ar após ser arremessado por Fernand obrigou Ent a deixar a menina em paz e saltar.
–Ent: A prática faz o mestre, mas pelo visto vocês não praticam o suficiente.
–Fernand: Se o que você diz é verdade...
Uma barreira de rochas ergueu-se no caminho do machado, detendo-o, e então uma mão rochosa surgiu a partir da barreira, empunhando a arma.
–Fernand: ...vamos ver se você gosta deste golpe que estive praticando!
A mão de rocha atirou o machado contra Ent. Este ainda não havia retornado ao chão após saltar, logo estava impossibilitado de se esquivar.
–Fernand: “Mesmo que ele bloqueie, Samantha ainda poderá atacá-lo quando ele baixar a guarda.”
Perante os olhos incrédulos de Fernand, Ent não tentou bloquear ao ataque. Ao invés disso, observando atentamente a rotação do machado, o velho segurou a arma pelo cabo em pleno ar, sem se ferir.
–Fernand: Impossível!
O guerreiro da rosa branca imediatamente atirou o machado contra Fernand e deu uma cambalhota para trás, evitando as estacas negras que perfurariam seus pés. Então, ergueu Samantha pelas vestes e a atingiu com o joelho.
–Ent: Sinto muito, mas eu não posso me dar ao luxo de permitir que esta luta se estenda.
Após largar a garota, Ent disparou na direção de Fernand, cujo machado havia se cravado em outra barreira que este último se apressou em criar. No instante em que o rapaz permitiu que a proteção se desfizesse para reaver sua arma, o inimigo já estava face a face.
–Fernand: Mas que...!
Um soco de direita no rosto fez com que Fernand caísse inconsciente. Ent então limpou o suor da testa, satisfeito com o resultado.
–Ent: Eu diria que este foi um excelente treinamento.
O velho começou a caminhar lentamente na direção de Samantha, a qual ainda mantinha-se desperta, mas com dificuldade em se movimentar devido à dor.
–Ent: E parece que no fim das contas eram apenas vocês dois. Será que o terceiro seguiu na direção de outro pilar?
Apesar de sua coragem e ousadia, bruxa sentia sua alma ser invadida pelo medo da derrota. Porém, este sentimento foi substituído por surpresa quando o inimigo diante de si sumiu de seu campo de visão. Agora era Ent que rolava pelo chão.
–Ent: “O que foi essa rajada de vento!?”
As roupas negras impediram que Samantha reconhecesse o rapaz de imediato, mas ao ver o rosto conhecido ela deixou escapar uma exclamação.
–Samantha: William!
O manipulador do vento estava em pé ao lado do pilar, braço estendido e palma da mão aberta. O rapaz então sacou suas espadas, preparando-se para enfrentar o controlador de plantas.
–William: Sinto muito pelo atraso, Samantha. Pode deixar o resto comigo.
Ent, novamente em pé, batia a sujeira de seu traje.
–Ent: Parece que você também precisa aprender o significado da palavra humildade, menino.

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