A Princesa do Oceano

Capítulo 6 - Adeus NY, Olá LA!


- Muito bem! Muito bem! Vocês não tem tempo, vão logo pegar suas coisas e encontrem Argos na colina. - Dioniso falou em tom elevado, fazendo todos se calarem. - A cada segundo que passa estamos mais perto do retorno de Cronos.

Suspirei, sabendo que ele tinha razão. Precisávamos ser rápidos no salvamento de Psiquê. Por essa razão, levantei-me de súbito já seguindo para o Chalé de Poseidon. Rapidamente, Percy me alcançou e andamos lado a lado, em silêncio.

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- Não queria ir na missão, né? - Ele perguntou sério.

- Não mesmo. - Respondi em tom seco.

- Me odeia tanto assim?

Franzi o cenho, perdendo o passo e olhando para meu meio-irmão. Ele parecia achar que eu estava tremendamente irritada por ele ir na missão conosco. Pude sentir o peso da culpa em meus ombros.

- Não te odeio, Percy. - Mumurei, ainda com o cenho levemente franzido.

- Não? - Ele realmente estava surpreso.

- Não, de onde tirou isso? - Indaguei curiosa, mesmo sabendo que no fundo, era por meu comportamente não muito simpático.

- Ah... É que você nunca gostou muito de mim de mim desde que chegou aqui. - Percy tropeçou nas palavras, sem saber como se expressar.

- Você sempre foi meio chatinho mesmo. - Abri um sorriso, mostrando que era apenas uma brincadeira. Porquê, sei lá, vai que ele acredita.

Adentrei o chalé, indo em direção ao minúsculo armário que me pertencia, enfiando algumas mudas de roupas na mochila desgastada.

Peguei também a adaga de bronze celestial que sempre levava comigo, por precaução. Ela não era tão adornada quanto a de Abbie, mas sabia o quão afiada era. Guardei-a em sua bainha de couro, que por sua vez, estava devidamente presa em meu quadril.

- Nunca te vi lutando. - Percy admitiu enganchando a mochila em seu ombro, observando-me atentamente.

- Ainda não recebeu essa honra. - Sorri docemente, deixando-o para trás enquanto ia em direção à Colina Meio Sangue.

"Que modestia." A voz murmurou. Percy bufou seguindo-me, parecendo pensar o mesmo.

Encontramos o resto do pessoal na colina, já armados e com mochilas nas costas. Evelyn segurava a fita, olhando-a com sincera curiosidade.

Com toda a gentileza que havia em meu ser, puxei rapidamente o laço de Psiquê das mãos dela, fazendo-a bufar. Sou uma lady, eu sei.

- Ô garotinha educada.

Sorri de leve, ignorando a reclamação de minha amiga. O tecido era suave e macio como veludo, mas possuía uma frieza anormal. Algo nele me deixava arrepiada.

- Vamos Lyssa? -Nico me chamou mantendo a porta da van aberta.

Ele me olhava com grandes olhos escuros, e sorria de modo que suas covinhas ficavam a mostra. Tudo bem, eu admito. Ele é muito bonito. Maaas pra sua irformação vozinha-que-me-perturba, isso não significa nada. Porquê convenhamos, não sou cega.

"Eu não falei absolutamente nada." Ela se defendeu, fingindo-se de ofendida.

Sentei-me em um dos bancos de frente para Evelyn, que aliás, batucava as mãos no colo, incrivelmente nervosa para a Evy costumeira que sempre agia com calma e elegância.

- O que foi, menina? - Perguntei um tanto preocupada.

Ela me olhou como se só agora houvesse enchergado que eu estava aqui. Seus olhos azuis estavam com olheiras e os ombros se mostravam caídos de desânimo.

- Ao lar da ensolarada os campistas irão. - recitou de uma maneira nada animadora, como se isso falasse tudo.

- Ah. - Balbuciei brilhantemente, sentindo a ficha cair.

Teríamos que ir para a Califórnia, onde Evy nascera. O único problema era que ela evitava ao máximo ver a mãe e o padastro. Dois figurões importantes. Ele, um típico advogado conservador, ela, uma estilista conhecida por suas extravagâncias.

Nunca entendi como conseguiram ficar juntos por tanto tempo sendo assim tão diferentes.

- Evy, ela é sua mãe. - Suspirei, sabendo que se mencionasse o padastro, ela se irritaria mais ainda.

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- Eu sei, Mel. E esse é exatamente o problema.

- Que problema?- Annabeth perguntou, entrando na conversa. Todos os outros nos encaravam e Argos estava tão impaciente que eu tinha certeza que se ficássemos parados por mais alguns minutos, ele realmente abriria a boca e brigaria conosco até o fim dos tempos.

A filha de Apolo suspirou começando a contar sua história enquanto eu falava "Aeroporto" para nosso motorista-tenho-olhos-em-todo-lugar.

- Aeroporto? - James franziu o cenho. Limitei-me a colocar o dedo indicador sobre a boca em um gesto de silêncio e apontar para Evelyn, que iniciara sua narração.

- Bom, minha família não é lá muito perfeita. Meu padastro é um porrem sempre dizendo o que tenho que fazer, como agir na frente de seus "convidados ilustres" e como ser uma perfeita madame. Sorrinto tanto que faz as bochechas doerem. Já minha mãe é Verona Clement, uma estilista famosa de LA. Nunca tem tempo para mim e quando tem sempre reclama do meu modo de me vestir. É uma droga.

- Ela é legal. - Murmurei sincera. A mãe da Evy até poderia ser meio doida mas no fundo, tinha um ótimo coração.

- Pode até ser, mas não o tempo todo. Ela não é sua mãe, não viveu com ela a vida inteira. - Ela rebateu, revirando os olhos como sempre fazia quando se irritava.

- É, mas você tem uma mãe. - Nico murmurou fazendo todos se calarem. - Ah, qual é gente. Não precisam ficar assim.

Suspirei, olhando-o. Ele estava prestes a começar a falar novamente mas a van deu uma parada brusca e pude perceber que havíamos chegado ao aeroporto. Ele estava cheio, como era de costume. Alguns em família, cheios de malas gigantescas. Outros pareciam viajantes, com mochilas nos ombros e com os olhos brilhando com a esperança de uma nova vida.

Outros, porém, eram semideuses adolescentes em uma missão super perigosa que caso falhassem, colocariam o mundo todo em perigo. Sabe, coisa de rotina.

- Ah, vamos pegar mesmo um avião? - Percy perguntou, terrivelmente nervoso.

- Não Cabeça de Alga, na realidade tem um navio alado nos esperando lá fora agora mesmo. - Annabeth bateu de leve na testa de Percy, acomodando-se logo em seguida em seus braços.

Nico fez biquinho, fingindo um beijo meloso e apaixonado.

- Nossa, voltou a infância? - Pergutei com uma sobrancelha erguida e braços cruzados.

- Para você doçura, posso ser muito mais do que uma inocente criança. - Ele piscou, imitando o jeito de falar de Apolo.

Corei, limitando-me a olhá-lo com indiferença.

- Ahn pessoal, sem querer interromper, mas algum de vocês tem dinheiro para as passagens? - Todos pararam de sorrir sincronizadamente, percebendo o erro que James acabara de notar.

Eles me olharam, a acusação estampada em seus rostos. Essa cena seria até engraçada, se a raiva estivesse dirigida para outra pessoa, é claro.

Abri minha mochila na inteção de procurar algum dinheiro que provavelmente não existia, porém, outra coisa chamou minha atenção. Um envelope.

Era simples e comum e em seu conteúdo havia alguma notas de cem dólares e um bilhete escrito em uma letra forte e marcada.

"Querida peixinha,

eu realmente me sentiria bem melhor se vocês viajassem pelo mar. Porém, dada as circunstâncias, acho pouco provável que meu irmão seja louco de derrubar o avião. Por isso, estou lhe enviando suas passagens e um pouco do dinheiro que te devo de mesada por toda sua vida, mais ou menos. Tome cuidado e realmente não fique andando com aquele filho de Hades. Aliás, diga-lhe que o senhor-dos-mares-que-pode-acabar-com-garotos-que-cantem-suas-filhas está de olho. Se cuide, Melyssa.

Com carinho,

Poseidon, o mais legal e sexy entre os Olimpianos. "

Arregalei os olhos em uma mistura de descrença e vontade de rir. Desde quando ele me chama de peixinha? E aliás, que apelido tosco é esse?

Annabeth tomou o envelope de minhas mãos, dando um risada ao ler.

- Temos as passagens, vamos logo. O voo saí em 15 minutos. - A filha de Atena anunciou, prática como sua mãe e não dando lugar as perguntas dos outros.

Desse modo, embarcamos rapidamente no avião. Nico se sentou rapidamente na janela, puxando-me pela mão para sentar ao seu lado. James ocupou a poltrona perto do corredor. Evelyn se jogou na outra, enquanto conversarva animadamente com o filho de Deméter.

Annabeth estava aconchegada em Percy, que olhava pela janela com ansiedade.

- Hey, Projeto de Atena, lê a carta para nós. - James falou sorrindo tranquilamente, não parecendo assustado com a carranca que Annabeth exibia ao ouvir seu novo apelido.

- É, lê aí. - Nico incentivou. Estava claro que ele só havia concordado ao ver minha careta de desgosto.

Garoto irritante, viu.

"E bonito." A voz completou.

"Não me lembro de ter pedido sua opinião." Comentei.

"Não precisa. Eu sou você ,querida."

Argh, argh, Agora minha consciência aprendeu a falar. Que alegria.

Annabeth, ainda um pouco irritada, releu a 'adorável' mensagem, mal podendo terminar graças as risadas escandalosas de Evelyn, Percy e James. Nico tinha as bochechas coradas, mas mantinha um sorriso maroto, olhando-me pelo canto do olho. A filha de Atena riu de leve, sem a histeria dos outros.

E eu, bem, eu estava me sentindo um tomate de tão vermelho que meu rosto deveria estar.

- Hey cara, o senhor-dos-mares-que-pode-acabar-com-garotos-que-cantem-suas-filhas tá em cima de você, hein. - James comentou, fazendo Evelyn falhar em sua tentativa de não rir. Deuses, esse dois tem algum tipo de problema.

- Muito engraçado. - Revirei os olhos.

Nico sorriu em mistério, parecendo realmente pensativo.

Finalmente, as portas se fecharam e o avião começou a se mover. A voz do comandante soou clara pelo local.

- Senhores passageiros, prontos para decolar.

E foi exatamente aí que o inferno começou.