“A proporção está errada.”

O rapaz revirou os olhos e respirou fundo, contendo-se para não dizer para o professor que, para ele, não importava nem um pouco se a proporção do jarro que ele estava desenhando estava certa ou não... Na verdade, se ele pudesse escolher, nem estaria naquela aula tediosa e frustrante. Não, melhor: ele nem estaria em Eton.

“Não, não apague, Sr. Riddle!” O velho professor falou, retirando a borracha de sua mão rapidamente. “É por isso que você já está fazendo o esboço mais leve, para não precisar apagar e estragar o papel.”

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“Me desculpe.” O garoto murmurou, voltando a passar o grafite sobre a folha, tentando corrigir o erro.

“Nem se preocupe em tentar arrumar agora, a aula já está acabando, se quiser, pode sair.”

Tom encarou o professor por um tempo, antes de olhar para os seus colegas, que continuavam com as cabeças abaixadas, riscando os seus papéis e fazendo cópias bem calculadas da composição que estava sobre a mesa. O garoto guardou tudo o que tinha em sua bolsa, antes de levantar-se e sair da sala.

Com quatorze anos e estando em Eton há mais de um ano letivo, Tom Riddle decidira que ele odiava o colégio com todas as suas forças. Ele sentia falta de sua casa, de Little Hangleton, de seus pais... Morria de saudades de passar o dia na companhia de sua mãe ou de estudar matemática com o pai, queria voltar a aprender a desenhar com alguém que não criticasse cada traço que ele fazia... Em resumo, ele queria voltar par Little Hangleton e pronto. Era tudo mais prático na cidadezinha ao norte do que naquele lugar cheio de garotos cujos pais eram ricos habitantes de cidades como Londres, Birmingham ou Manchester e não de uma cidadezinha da qual ninguém sabia da existência, como ele.

O rapaz colocou a alça da bolsa do ombro e enfiou a mão dentro dela, pegando um caderno preto que havia lá. Abrindo-o, Riddle sorriu ao ver vários rascunhos bagunçados, mas que ele considerava muito melhores do que o desenho limpo e certinho que ele tinha dentro de sua pasta. O garoto não se conformava com como os outros alunos conseguiam seguir o que o professor seguia tão a risca, sem retrucarem... Aquele homem queria que eles fizessem uma cópia exata do que estava em frente aos seus olhos, e não arte.

O garoto riu baixinho. tentar fazer aquele professor entender de arte seria como tentar fazer o seu pai pintar alguma coisa... Thomas tinha os olhos de um matemático, tudo tinha que estar seguindo algum tipo de plano cartesiano imaginário, e era isso o que aquele professor queria que seus alunos fizessem. Bom, se era isso que ele queria, ele teria que desculpar Tom, pois o rapaz simplesmente se recusava a trocar um bando de rascunhos com uma proporção incorreta para obter um desenho perfeito e sem sentimento algum.