Chá

Acho que posso começar isso aqui com uma pergunta simples: como alguém tão pequeno consegue ingerir doses maciças de chá sem passar mal? Tudo bem que a desculpa é o cuidado com a voz, mas isso não é algo aplicável num ataque ao bule de água quente às três da madrugada. Ou a garrafa de chá gelado dentro da geladeira. Uma única palavra. Paranóia.

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Sempre antes dos ensaios, lives... Depois dos mesmos... Quando está em casa sem nada pra fazer... Ou no meio de uma sessão de fotos pra lá de estressante. Xícaras e mais xícaras do líquido eram sorvidas sem intervalos – um páreo e tanto para os cigarros que costumavam ser, ao menos publicamente, sua marca registrada. Não importava tanto o sabor, embora houvesse preferências...

- Etoo... Podia jurar que tinha deixado o pacote de chá branco aqui... – dizia ao revirar o armário de comida ao lado da pia – Onde foi parar?

Chá branco era uma delas... Assim como os de hortelã, menta – grande diferença, não acham? –, preto, verde, frutas vermelhas... Tudo sem açúcar. Às vezes era limão... No máximo meia colher de mel quando estava de bom humor. E, sim, a cara de insuportável e egoísta é apenas fachada.

O temperamento do pequeno é tão mutável quanto seu cabelo. Engraçado ver como as variações do humor ficavam evidentes no estilo e nas composições. Saco cheio resulta em músicas mais pesadas e sombrias. Ao passo que as ‘baladas’ surgem com um ar sonhador e leve, delicioso de se ver. Quase sempre acompanhado de um chá sabor de laranja. Talvez seja apenas nesses momentos que se torna possível ver algo realmente fofo em seu semblante. Digo, algo genuinamente fofo, diferente da expressão ‘criança dócil’ que muitos costumam lhe atribuir a todo o momento.

Ele é mesmo fofo... Mas também tem um gênio forte! Se tem...

- Olha só quem fala... – comenta, meio inconformado, ao notar minha concentração na frente do computador. Concentração tão grande que permitiu sua aproximação – Admito que meu humor não é lá essas coisas, mas, extrair daí que eu sou um poço de instabilidade emocional é exagero, não acha?

- Nem um pouco – comento ao desligar o aparelho e rumar para a cama – Anos de convivência permitem uma visão ampla do problema...

- Visão ampla do problema... – repetiu, levando a xícara aos lábios, depositando-a em seguida sobre a escrivaninha e caminhando felinamente na minha direção – Que tal se eu te der uma visão única do problema? – o hálito cítrico regado ao sabor das laranjas me atingiu junto com a língua habilidosa, deixando um rastro úmido e quente em meu pescoço.

Ah... Eu até concordo que o chá é tido como algo terapêutico em alguns casos. Mas agradeço imensamente por algo tão maravilhoso quanto a paixão estar longe dessa lista de curas.

Para Y...


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.