Repensando a vida

Na manhã seguinte Laura acorda meio zonza. Olha em volta e não sabe ao certo onde está. Ao tentar levantar derruba o rádio relógio fazendo um grande barulho. Lucas vai até ela ver se está tudo bem.

- Bom dia dorminhoca. Como está sua cabeça?

- Doendo muito. – diz levando as mãos a cabeça – Onde eu estou?

- No meu apartamento, que ontem você chamou de abatedouro.

- Eu falei isso?

- Isso e muito mais. Não se lembra de nada de ontem?

- Não lembro de muita coisa. Só lembro que estava dançando e você apareceu e me levou pro seu carro, depois disso não lembro de mais nada.

- Nada mesmo? – pergunta se referindo ao quase beijo.

- Não.

- Melhor assim.

- Por quê? Devia lembrar de alguma coisa?

- Nada em especial. Vai, levanta, passa uma água nesse rosto e vem tomar café. Vou te levar pra casa.

- Putz, meu irmão vai falar um monte!

- Com razão! Pra sua sorte avisei que você ia dormir aqui, porque se te levo pra casa ontem, ele ia se assustar pelo jeito que você estava.

- Eu tava tão mal assim?

- Jura que não se lembra de nada?

- Só isso que te falei mesmo.

Lucas senta-se ao lado dela na cama e pega sua mão.

- Me promete uma coisa, mas sinceramente? – pergunta olhando sério para ela.

- O que é?

- Nunca mais, mas nunca mais mesmo bebe de novo pra ficar daquele jeito. – dizia olhando nos olhos dela borrados pela maquiagem. – Entendo que você é emancipada e pode beber, mas ontem você não era você.

- Exagerei né? – diz sem graça.

- Muito.

- Eu só queria me divertir ser mais solta, e só o álcool tem me ajudado a ser melhor.

- O álcool não te ajudou, pelo contrário, se você sempre beber daquele jeito sua vida vai acabar e não to fazendo drama não.

- Eu só queria me sentir feliz Lucas, feliz como não me sinto há tempos.

- Olha pra mim – diz a segurando pelo queixo – Vamos fazer o seguinte, de hoje em diante eu prometo que te ajudo a se sentir feliz, mas você também vai ter que se ajudar certo? Nada de fazer essas coisas de novo pra chamar a atenção de quem quer que seja tudo bem?

Laura baixa a cabeça e não responde.

- Tudo bem Laura?

- Não sei se vou conseguir Lucas, tem sido tão difícil pra mim.

- Vai conseguir sim. Não acabei de falar que vou te ajudar? Mas depende de você.

- Tudo bem, prometo que ao menos vou tentar. – diz com um sorriso de lado.

- Muito bem garota. Agora vamos logo, o Rafael deve estar preocupado.

Minutos depois Lucas leva Laura pra casa. Rafael a espera na sala.

- Você entra comigo?- pergunta meio sem jeito para Lucas.

- Entro, mas você vai ter que assumir as conseqüências certo?

Laura faz um sinal positivo com a cabeça e abre a porta.

- Graças a Deus Laura, o que ouve com você? – diz Rafael a olhando de cima a baixo.

- Podemos ir ao meu quarto ter uma conversa? Uma conversa como não temos há muito tempo? – pergunta ao irmão.

Rafael olha para Lucas que faz um sinal para que ele vá.

- Bom já vou indo então. – diz Lucas.

- Obrigada por cuidar dela cara, te devo uma, ou melhor, mais uma. – diz Rafael.

- Não deve nada, fiz por que quis. Agora vão conversar, vocês precisam. – diz dando um beijo no rosto de Laura. – Lembra do que a gente conversou ta?

- Vou lembrar sim. – diz se despedindo dele.

Lucas sai e Rafael e Laura vão para o quarto. Rafael parece nervoso, mas está controlado. Ele fecha a porta e senta na cama ao lado da irmã.

- Pronto Laura, pode falar, estou te ouvindo.