0'Clock

Capítulo 2


2ºDia

O chão estava gelado e duro, a coberta não conseguia esquentar o suficiente e o travesseiro era muito baixo. E enquanto eu estava virando picolé de chulé a demônio ladrona de cama - vulgo Sam Puckett - dormia tranquilamente na cama quentinha e confortável a qual me pertencia.

Sem conseguir dormir e tentar ao máximo encontrar uma posição que melhorasse a dor nas costas, acabei de cara para o teto me questionando como podia ser tão influenciável assim para deixar Sam ter esse domínio sobre mim.

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É bem verdade que com 13 anos ela dominava pela força e meu medo dela, mas agora eu era bem mais forte e podia enfrentá-la e vencê-la se quisesse. Não havia razão para deixar ela me manipular dessa forma. Eu poderia expulsa-la se quisesse, poderia mandar ela embora e poderia ter a cama para uso exclusivo meu novamente.

Mas era isso mesmo que eu queria? - eu fingia não saber.

Quando finalmente consegui cochilar no desconforto, fui acordado por uma pisoteada no estômago.

— Sam... — gritei sufocado pela dor. — O que está fazendo?

— Foi mal, eu não sabia que estava no meu caminho. — ela se desculpou, mas não me pareceu muito convicente. — É que me deu fome então eu vou na cozinha filar uma bóia, mas aqui é bem escuro.

— São 2h da manhã! — exclamei após olhar o horário no despertador.

— Não tenho horário pra sentir fome.— disse casualmente, levantando e dando outra pisada. Dessa vez de propósito e um pouco mais leve.

Ela abriu a porta e a claridade do outro cômodo desapareceu assim que ela saiu e fechou a porta atrás de si, deixando-me sozinho no quarto. Eu me remexi no lugar, ouvindo o barulho que a Sam fazia mexendo nas prateleiras da cozinha e a porta da geladeira batendo. Permaneci alguns minutos ali até que minha barriga reclamou de fome e eu resolvi segui-lá no lanche.

— Eu também quero. — disse quando cheguei a cozinha, indo até o sofá que era onde Sam estava sentada com uma tigela de cereal nas pernas.

— Está em cima da mesa. — Sam não prestou atenção, penetrada no que passava na tv.

Fui até onde ela tinha indicado e peguei a caixa que estava em cima da mesa, despejando na tigela que tinha separado.

— Você pegou todo o cereal? — perguntei irritado, fazendo questão de voltar até onde ela e balançar a caixa vazia na sua frente. — Sam?!

— Sai da frente, idiota! Não percebe que estou querendo assistir? — disse se contorcendo pra os lados, tentando achar uma brecha para a TV ligada, ignorando-me completamente.

— Sam?...Sam?...SAM? — gritei impaciente, finalmente conseguindo sua atenção.

— O que é? — ela perguntou árduamente, encarando-me com os olhos brilhantes.

— Você comeu tudo! — tentava controlar a minha raiva para não começar uma luta desnecessária. — Eu estou com fome também. Vai ter que dividir.

— Não! — Sam gritou e protegeu sua tigela. — É meu!

— Ninguém mandou você comer todo o cereal.

— Okay! — ela cedeu, parecendo com remorso. — Você pode comer comigo.

— Obrigado! — me sentei ao lado dela e tomei a colher cheia. Quando eu ia pegando uma colherada na boca, Sam a puxou de uma vez, reclamando.

— Pega outra colher porque eu não quero trocar salivas. Vai que a sua nerdisse é contagiosa e eu pego. — Sam zombou, apertando um sorriso malicioso no rosto.

Olhei aborrecido, mas decidi deixar pra lá e me levantei pegando a minha própria colher na gaveta do armário, retornando para meu lugar no sofá. Tomei uma colherada exagerada só para irrita-lá na minha vingança.

Terminamos de comer o cereal sentados no sofá, assistindo alguma programação da madrugada. Com o tempo o sono era forte o bastante para continuarmos a assistir, por isso tivemos que limpar a bagunça da pia antes de irmos para o quarto. Na verdade, Sam não quis ajudar com a bagunça que deixou na cozinha, mas pela primeira vez consegui convence-la a me ajudar.

Eu lavei a tigela e os talheres e ela os enxugou e guardou.

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— Freddie, faça algo útil. — ela estendeu as mãos, pedindo para que eu a carregasse.

— Não. — respondi óbvio.

— Limpar exigiu muito da minha energia, como você me obrigou a te ajudar, agora precisa me carregar nas suas costas.

— Não vou te carregar, sua preguiçosa!

— Por favor... — choramingou balançando os braços, com birra.

Fitei ela por alguns segundos e notei como seus olhos estavam pesando de sono, Sam esforçava-se para se manter de pé. Revirei os olhos e bufei frustrado comigo mesmo por ser tão manipulado enquanto eu voltava o caminho.

— Sobe. — mandei, oferecendo as minhas costas.

“Eu sou um idiota!” — pensei corando.

Sam riu e pulou satisfeita em cima de mim, fechando os braços no meu pescoço e as pernas envolta da minha cintura.

— Obrigada! — ela agradeceu animada, encostando a cabeça no meu ombro e sua respiração roçou na minha orelha. Ela fungou no meu pescoço e depois comentou: — Você cheira bem.

O sangue correu por minhas veias e eu senti o rosto queimar de vergonha. Porém, o mais surpreendente não foi Sam elogiar o meu perfume, mas foi a sensação de realização que eu tive ao ouvir.

Ainda chocado com o acontecido, cheguei no quarto e a joguei contra a cama de maneira bruta.

— Está entregue, princesa. — ironizei, já me deitando no ninho de gelo.

— Agradecida, princeso. — ela rebateu, se aninhando entre as cobertas com os olhos já fechados.

Quando acordei Sam havia mantido o trato e não estava mais no quarto, deixando a cama pra arrumar.

"Ela é bem rápida quando quer" — arrumei a cama e os lençóis com esse pensamento em mente. Minha mãe ainda não havia chegado, o que eu agradeci silenciosamente, caso ela entrasse e eu teria que explicar porque eu estava dormindo no chão.

E assim as horas se passaram. Minha mãe chegou e cozinhou uma refeição saudável me obrigando a come-lá. Eu editei mais alguns vídeos para o iCarly e respondi algumas mensagens da Carly e do Gibby. O resto do dia foi tedioso. Passei a maior parte do tempo morfado no sofá enquanto assistia tv. Algumas vezes, memórias da noite invandiam minha mente e eu me pegava sorrindo.

Eu sempre fui o tipo que faz tudo o que a mãe quer e a primeira regra da minha era nada de garotas em casa ou dentro do meu quarto. E agora eu tinha quebrando essa regra com a loura diabólica que eu jurava odiar. Era assustador como eu achava divertido e excitante. O mais inacreditável era que eu tinha expectativa para que a Sam aparecesse essa noite.

E como se minhas preces fossem atendidas, a meia noite ela apareceu no quarto, como uma assombração.

— Sam você não pode continuar entrando assim. — disse me recuperando, mas um pouco mais animado. — A qualquer momento eu posso infartar.

— Na próxima eu faço um anúncio, mimadinho. — Sam respondeu, seguindo o caminho do banheiro. Enquanto isso eu providenciava meu cantinho.

— O que aconteceu? — perguntei alto para que ela me ouvisse no banheiro, mas baixo o suficiente para que o som não vazasse do cômodo.

Hoje minha mãe estava em casa.

— Briguei com minha mãe e ela me mandou ficar no quarto, então tranquei a porta e pulei a janela. — sua voz foi abafada pelo chuveiro.

— Sam, você não pode fazer isso! A sua mãe pode ficar preocupada. — ralhei, fazendo esforço para não imagina-la no banho. — E se ela chamar a polícia?

— Você não entende. A minha mãe é irritante! — ela abriu a porta e eu a observei com cuidado. — Ela adora ficar me comparando com a minha irmã... O que você está olhando? — Sam perguntou, entre irritada e envergonhada. Suas bochechas tomaram uma bonita tonalidade rosa e Sam correu para a cama, literalmente.

Eu desviei o olhar rapidamente, evitando a constranger mais ainda. Eu não queria, mas foi inevitável não ficar fascinado.

Não é como se fosse a primeira vez vendo ela de pijama. Quando Sam dorme no apartamento da Carly é costume ela usar pijama de calça moletom. Também já fizemos alguns trabalhos para o iCarly que usávamos pijama, mas Sam nunca usou um pijama tão curto quanto esse. O modelo, definitivamente, valorizava suas belas pernas e seu corpo curvilíneo.

Eu estava abobado de fato.

— Cala a boca! Não tem nada demais para se gabar. — menti, me deitando na minha cama improvisada.

— Bom, não é o que me dizem por aí. — disse ela sugestivamente.

— Então mentiram. — disse enciumado.

Ela se deitou para o meu lado e me encarou. Eu retribui fitando os intensos e quentes olhos azuis piscina. Notei uma pequena mancha de decepção neles e me perguntei se o culpado seria eu.

— O que você fez hoje? — ela perguntou finalmente, quebrando a troca de olhares para encarar o teto.

— Passei a tarde no sofá. — respondi, querendo apagar aquele súbito desejo de beija-la. — E você o que fez, além de brigar com sua mãe?

Sam deu de ombros e começou a brincar com a com a sombra na parede.

— Passei a tarde no sofá. — compartilhamos um riso baixo até nós sermos interrompidos.

— Freddie querido, você está bem? — minha mãe perguntou, girando a maçaneta para entrar.

— Ferrou! — sussurramos ao mesmo tempo.