Remember Me

- IV -


Capítulo O4


Depois de passar horas sentada em seu consultório olhando tomografias de Sakura, Tsunade tomou coragem de ir conversar com sua médica residente e paciente. O relógio marcava seis e meia da manhã. A essas alturas, os sedativos já haviam perdido o efeito.

Quando entrou no quarto, a médica encontrou Sakura com os olhos abertos e analisando tudo ao seu redor.

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– Sakura? – Tsunade aproximou-se da cama. Aos poucos, os olhos esmeraldas da moça pousaram-se sobre ela. – Consegue falar?

– Acho que... sim. – murmurou fazendo uma careta. – Minha cabeça dói.

Tsunade deu um sorriso encorajador. Perto do que tinha acontecido, dor de cabeça era o menor dos problemas dela.

– O que aconteceu? – Sakura tentou levantar-se, mas a dor em uma de suas pernas era insuportável, fazendo-a pender para trás. – Minha perna-

– Você sofreu um acidente, querida. Sua perna terá que ficar imobilizada por pelo menos três semanas... – ela sorriu. – No começo, essa bota ortopédica incomoda, mas logo você não precisará dela.

Sakura olhava o quarto confusa. Sua cabeça e a perna esquerda estavam a torturando com uma dor insuportável, mas o pior de tudo era a confusão que sentia. Tudo parecia tão distorcido e estranho que sentia arrepios de fazer perguntas à medica que, por sinal, parecia conhecê-la muito bem.

– Precisamos conversar, Sakura.

– Como assim?

– Ao que indica, você teve uma perda parcial de memória...

A rosada arregalou os olhos assustada. Kami, o que havia perdido? O que tinha esquecido?

De repente, a imagem do rapaz moreno de dias atrás lhe vieram na mente. Aquele rosto tão belo, olhos tão negros e penetrantes que chegavam a lhe dar arrepios quando direcionados à ela... não sabia quem ele era e isso parecia o irritar.

– O que aconteceu comigo? Há quanto tempo estou aqui?

– Já faz alguns dias. – Tsunade parecia lamentar ao ver sua pupila naquele estado. – Sakura, preciso que me diga o que sabe sobre sua vida?

– E-eu... não sei.

– Você se lembra daquele homem que esteve ontem conosco? – Sakura negou com a cabeça. – Ele é seu marido.- afirmou.

– Marido?

– Uchiha Sasuke... Vocês são casados há alguns anos. – Tsunade analisou o espanto da moça e torceu o cenho. – São casados há seis anos exatamente.

Uma vontade forte de chorar tomou conta da rosada. Olhando para as próprias mãos, Sakura pensava o que havia acontecido para ter perdido a memória, aonde morava... tinha perguntas que precisavam ser respondidas.

*



Shizune abriu a porta devagar. Era cedo e duvidava que Sasuke estivesse acordado, considerando a expressão cansada da noite anterior. Quando fechou a porta atrás de si, surpreendeu-se ao encontrá-lo cochilando com a cabeça entre os braços. O notebook estava com a tela de proteção ativada.

Com delicadeza, Shizune tocou o ombro do Uchiha levemente fazendo-o despertar aos poucos. Ele ainda estava exausto e uma terrível dor no pescoço o fez grunhir um palavrão.

– Que horas são? – perguntou desorientado.

– Sete horas, Sasuke.

Levou as mãos ao rosto e esfregou com força na tentativa de espantar o cansaço que sentia. Se havia dormido três horas naquela noite tinha sido muito e ainda precisava trabalhar.

– Se quiser preparo um café forte para você. Sua cara está péssima...

– É claro. Vou tomar um banho... – comentou, vendo-a concordar.

Subiu as escadas e foi direto para o quarto da filha. Encontrou-a dormindo encolhida e de costas para a porta. Suspirou aliviado por Saky ainda não estar acordada e encher-lhe de perguntas que nem mesmo ele tinha resposta. Também tinha as mesmas dúvidas que a menina.

*

Os dias passaram rápido e finalmente Tsunade havia dado alta para a esposa do moreno. Sasuke perdeu a conta de quantas instruções, ordens e recomendações tinha ouvido da médica. Sua cabeça já estava latejando e não via a hora daquilo terminar.

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– ... espero que se sinta culpado o suficiente para seguir minhas ordens, Sasuke. – ralhou Tsunade num tom assustador.

Sasuke bufou alto. Aquilo era um terrível pesadelo no qual ele torcia para que acabasse e alguém o acordasse.

– Já posso levá-la para casa?

– Espero que tome mais cuidado c...

O Uchiha a interrompeu.

– Posso levá-la?

– Sim. Traga-a em uma semana, está entendendo? – ela o perguntou em tom rude.

– Já sei disso... – Sasuke levantou-se com certa ira e posicionou-se próximo da porta. – Ela está no mesmo quarto?

– Está.

Sem esperar, ele saiu e bateu a porta atrás de si. Tsunade não podia imaginar o quanto tudo aquilo estava sendo difícil para ele. Odiava não ter o controle da situação, mas naquele momento estava perdido e atordoado. Não sabia como Sakura reagiria ao vê-lo, ainda mais quando dissesse à ela que a levaria para casa.

Quando se deu conta, estava em frente ao quarto onde Sakura provavelmente o esperava. Devagar levou a mão até a maçaneta e empurrou a porta lentamente, engolindo em seco quando a encontrou sentada na beira da cama com suas coisas já dentro das malas ao seu lado.

Sakura parecia distraída enquanto olhava para as próprias mãos e por um minuto Sasuke achou que não o tinha visto, mas estava enganado. Logo, os olhos verdes e brilhantes o encararam surpresos.

– Sakura, vamos para casa... – ele murmurou em tom neutro. – Se sente bem?

Ela ainda o encarou por alguns segundos, como ser analisasse cada traço do rapaz na tentativa de achar qualquer lembraça.

– Você... Sasuke? – a mulher o viu concordar. – Tsunade falou-me sobre você...

Ele bufou impaciente, recebendo um olhar assustado da esposa. Esqueceu-se que Sakura não se lembrava de seu mal humor quase constante.

Caminhando em passos nervosos, Sasuke pegou a mala que estava ao seu lado com uma das mãos enquanto a outra passou em volta da rosada que surpreendeu-se e recuou.

– Tsunade me falou que sua perna ainda dói. Vou te ajudar. – ele disse encarando-a.

– Pode pegar uma cadeira de rodas, por favor... – murmurou sem jeito.

Apesar de frustrado, Sasuke atendeu ao pedido de Sakura. Ele sabia que ainda não era visto como seu marido, mas sim como um estranho.

*

Não demorou muito para que os dois chegassem em casa. O caminho tinha sido em total silencio. Algumas vezes, Sasuke se pegava a olhando pelo canto dos olhos. Tudo o que via era uma criança assustada, com medo de até mesmo se mexer.

Finalmente o carro parou e o Uchiha a encarou.

– É aqui. Vamos?

– Sim...

Assim como antes, Sakura recuou ao sentir as mãos do moreno apoiando-a pela cintura.

– Sakura, estou apenas te ajudando. Sou seu marido. – grunhiu seco. – Não torne as coisas mais difíceis do que já estão, droga!

Sakura sentiu os olhos lacrimejarem. Sentia-se um verdadeiro fardo para aquele homem que mal sabia pronunciar seu nome corretamente.

– Sinto muito. – ele murmurou, novamente a surpreendendo. – Apenas vamos entrar. Você precisa descansar.

Concordando e finalmente aceitando a ajuda dele, os dois caminharam devagar até a porta branca da entrada da casa. Um pouco atrapalhado, Sasuke retirou a chave de seu bolso e destrancou a porta, revelando a sala da residência.

Sakura analisava cada detalhe do lugar. Era uma casa espaçosa e aconchegante. Grande demais na opinião dela, já que apenas os dois moravam ali.

Uma lareira pequena na parede do fundo, os sofás em tom pastel, a mesa de centro com um notebook e algumas revistas, uma estante maravilhosa em tom claro cheia de porta-retratos e pequenos enfeites a fez sentir-se um pouco mais tranqüila.

Sasuke a colocou com cuidado no sofá da sala e ficou admirando como os seus olhos estavam deslumbrados com tudo aquilo.

– Gostou? – ele murmurou calmo.

Ela sorriu. Depois de muito tempo, ele pôde ver um sorriso verdadeiro da mulher.

– É linda... – respondeu.

– Vou chamar Shizune... – avisou e percebendo a interrogação no rosto da rosada, completou. – Ela cuida d...- Sasuke foi interrompido por um barulho um tanto alto.

Alguns segundos foram suficientes para que uma menina entrasse exasperada na sala e fosse de encontro a rosada.

– Mamãe! – a menina gritou e jogou nos braços da Uchiha.

Sem saber o que fazer, Sakura ficou imóvel e olhos desesperada para o moreno.

Naquele momento, Sasuke percebeu que seus problemas apenas haviam começado.



Eu tive que cair, que perder tudo, mas no fim isso não tem mais importância.