Ready, Steady, Love

Capítulo 5


Hogsmeade: A Missão

Hogsmeade estava mais do que cheia naquele fim de semana, um dos raros quentes e ensolarados do semestre. Sirius respirava profundamente a cada passo que dava na direção de Marlene, procurando adivinhar como um apaixonado agiria. Até então estava sendo um completo fracasso, pensou. Tropeçara duas vezes nas pernas da calça naquela manhã tentando vestir, e James chegou a perguntar se ele estava bêbado, de tanto que falava sozinho e gesticulava para o vazio. Mal sabe ele, riu Sirius por dentro.

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Marlene esperava ao lado das carruagens da escola, sentindo – se um pouco culpada por estar escondendo a aposta das amigas. Nem sequer sabia por que havia entrado na história para começo de conversa. Mas ela e Sirius eram amigos, e era isso que amigos faziam, não? Ao mesmo tempo se sentia triste por ter dispensado Lily, que agora ficaria sozinha ao invés de comerem doces para afogar as mágoas de antigos namorados, como boas amigas faziam.

Assim que Sirius chegou, sentiu seu estômago dar um salto para trás. Numa tentativa de parecer informal o maroto deixara os cabelos mais desgrenhados do que normalmente, e os olhos cinzentos estavam arregalados de nervoso. A camisa polo preta o deixava com ar de filhinho de papai, o que levou um sorriso as lábios da garota. Quando ele se aproximou, o perfume, aquele perfume que Marlene amava e odiava, emanou na direção dela.

- Hey, pareço apaixonado? – Sirius sussurrou perto dela, e Marlene o avaliou com o olhar. Estava mais pálido do que o normal, os olhos arregalados e estava com um tique esquisito que o fazia jogar o cabelo para trás a toda hora com um movimento com a cabeça.

- Parece doente. – Marlene riu, mas diante do olhar frustrado de Sirius, completou: - Mas que apaixonado não é? Vamos, vamos.

Entraram na carruagem, e Sirius jogou o cabelo para trás mais uma vez, trazendo Marlene mais para perto.

Quando James chegou às carruagens, Lily conversava com Dorcas animadamente. Antes que o maroto alcançasse as duas, Gideon chegou e levou Dorcas, deixando Lily sozinha. É agora, pensou James. Apertou o passo, e quando se viu diante dela, perguntou:

- Evans, o que está fazendo sozinha aí?

- Oh, Potter! – Lily assustou-se – Estava falando com Dorcas e... Que te interessa? – a garota perguntou subitamente, como se estivesse percebendo com quem estava falando.

- Queria saber se tem companhia para um passeio hoje.

- Não. Eu não ia, na verdade. Tenho dever de Transfiguração.

- Aquele que Minerva passou para depois do Natal? – engasgou James, lembrando que nem Remus havia começado a fazer. Diante da afirmativa da ruiva, fez um sinal de indiferença com a mão. – Esquece, vamos comer alguma coisa no Três Vassouras.

As sobrancelhas acaju ergueram, e Lily pareceu considerar a oferta. James subiu numa carruagem próxima e estendeu a mão, sorrindo.

- Não é um encontro, Evans. Só estou salvando você de uma tarde tediosa e inútil de sábado.

- Não vai sair por aí espalhando o boato? – Lily perguntou relutante.

- Prometo. Vamos?

- Tudo bem. – Lily pegou a mão dele, subindo na carruagem.

Remus nunca se sentiu tão idiota quanto no momento em que agarrou a traseira da carruagem em que Dorcas entrara com Gideon, e rezava a cada segundo para suas pernas aguentarem os trancos da estrada sinuosa que descia para Hogsmeade. Como os dois estavam de costas, conseguia escutar tudo sem que o vissem, e prendeu a respiração para conseguir ouvir:

- Então, Hogsmeade, eh? – Gideon começou, espreguiçando para colocar os braços em torno dos ombros de Dorcas. A garota riu, e Remus sentiu uma onda de ciúmes subir quando ela afagou os cabelos cor de fogo do garoto.

- O que está planejando? – Dorcas perguntou sorridente, e Gideon limpou a garganta no que falava:

- Ah, Três Vassouras parece legal. Rosmerta tem uma receita de doce de abóbora para poucos.

Os risos encheram a carruagem. Dorcas respirou fundo e fez menção de encostar-se ao ombro dele, mas Gideon deu um salto, quase derrubando Remus com o tranco. Segurando – se forte para não cair e tentando não ter um ataque cardíaco, Remus ouviu a exclamação:

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- Aquele é Sirius Black? Com a Lene?

- Quem? – Dorcas exclamou ao meu tempo em que Remus sussurrava, tentando espichar a cabeça para os lados da carruagem. Quando finalmente conseguiu, sua surpresa foi grande ao ver que realmente os cabelos ondulados e pretos de Padfoot estavam perto dos longos de Marlene, quase encostando. Impossível, pensou. Sirius sempre dizia quando estava gostando de uma garota, por que com Marlene seria diferente?

- Pelas calças de Merlin! – Gideon continuou, batendo os pés ansiosamente. – Fabian precisa saber disso!

- Ah, deixa eles, Gideon... – Dorcas chamou, e para a alegria de Remus, o garoto não ouviu. – Gideon...

- Quando será que aconteceu? – continuou especulando o ruivo; e Dorcas se encostou novamente ao banco, aborrecida.

- Não sei.

- Você não sabe? – Gideon perguntou surpreso. – Achei que Marlene fosse sua amiga...

- E ela é, mas não disse nada sobre sair com Sirius...

- Sirius Black, o garanhão! Achei que Lene fosse mais decente que isso... – Gideon zombou, mas Dorcas parecia ter perdido a paciência. Quando o portal de Hogsmeade apareceu, ela apontou e chamou. – Chegamos! Vamos, Gideon!

Depois dos dois descerem, Remus pulou de seu esconderijo e começou a segui-los discretamente, olhando para as vitrines até chegarem ao Três Vassouras. O pub estava lotado, e Remus achou difícil achar um bom ponto de observação para espionar o casal. Embora tivesse apenas meia visão dos dois por trás de uma coluna, conseguia ver a expressão de chateação de Dorcas no que Gideon falava para quem quisesse ouvir o que descobrira nas carruagens. Quando Rosmerta passou pela mesa deles para coletas os pedidos, Gideon desatou a falar, e Remus sorriu para si mesmo no que via o encontro desmoronar.

- Então, Dorcas... – o ruivo virou-se subitamente depois de acabar a narrativa para Rosmerta, e Dorcas pareceu achar que finalmente o encontro iria começar. Seu sorriso aumentou, e ela se inclinou para frente. Remus mordeu o lábio inferior, mas sentiu alívio quando o sorriso da garota murchou diante da pergunta: - Tem certeza de que não sabia que Marlene estava saindo com Sirius? Quero dizer, sabe a repercussão que isso vai ter? As garotas vão, assim, subir nela de raiva. Acha que é sério?

- Não sei de nada, Gideon. – suspirou, revirando os olhos. – Lene e Sirius nunca saíram antes, e ela não fala nada dele além de que são amigos. Só isso.

- Amigos, eh. – debochou o garoto. – Sirius Black não tem amigas, até parece. Sinceramente, sempre considerei Lene a última pessoa a cair na lábia dele, agora que esperanças têm?

- Pois é, ela nunca disse nada. Então suponho que eles não "estão saindo". Só saíram hoje. Sirius devia estar sozinho e a chamou, simples assim. Pronto.

Remus estava quase caindo da banqueta em que sentava quando seus olhos encontraram os de Dorcas, e teve de pegar o copo subitamente para fingir não estar prestando nem um pouco de atenção. A garota lançou-lhe um sorrisinho, que Remus retribuiu, deixando escorrer um pouco de cerveja amanteigada pelo queixo. Apesar do súbito contato visual, um grupo barulhento de corvinais atrapalhou, passando entre os dois e indo na direção do casal. O barulho aumentou, e nem Remus saindo da banqueta o fez conseguir ouvir uma palavra do que diziam. Ficaram quase cinco minutos ali, entre ele e a ação, e quando começaram a se dispersar o maroto viu que Gideon estava com ele, deixando Dorcas sozinha com duas canecas de cerveja amanteigadas intocadas.

- Rosmerta! – chamou, vendo a oportunidade parar na sua frente e começar a dançar. Quando a curvilínea dona do pub apareceu com um sorriso simpático, Remus apontou para a mesa de Dorcas. – Vou estar ali, ok?

- Claro, amor. – a jovem piscou, e logo em seguida se inclinou para frente, deixando a curva dos seios à mostra. – Não deixa a garota escapar, Moony.

Sentindo um arrepio familiar diante da presença de Rosmerta, Remus assentiu nervosamente e riu, andando na direção de Dorcas. A garota parecia feliz em vê – lo, embora não surpresa.

- Posso? – perguntou enquanto puxava a cadeira que Gideon deixara fora do lugar, e os ombros dela ergueram e abaixaram.

- Acho que sim, não parece que ele vai voltar.

- Sinto muito. – Remus mentiu, tomado de súbita coragem. – Mesmo.

- Tudo bem, eu supero. – Dorcas sorriu timidamente, tomando o primeiro gole de cerveja amanteigada. – E você? Não veio com ninguém?

- Eu quase nunca venho com alguém, pra falar a verdade. – riu o garoto, sentindo – se um pouco idiota por confessar. – Vi você sozinha aqui e fiquei chateado pelo que Gideon fez.

- Ele é um fofoqueiro, isso sim. Sabe o que vimos na carruagem hoje? Você não vai acreditar.

Remus quase confessou ter se escondido e espionado, mas não achou que teria muito sucesso, então se resignou em dar de ombros enquanto bebia.

- Sirius já falou de Marlene alguma vez?

- Bom, ele fala bastante nela... – ponderou Remus. – Mas eles são muito amigos, só isso, eu acho.

- Eu também achava, mas eu e Gideon os vimos juntos hoje numa carruagem na nossa frente. Juntos e, bem, sozinhos.

- James devia estar tentando sair com Lily em algum outro lugar...

- É.

O silêncio se instaurou de repente, e Dorcas olhou curiosa enquanto Remus bebia o restante do copo.

- Rem... Posso te chamar assim?

- Claro! – Remus riu idiotamente, e calou-se logo em seguida.

- Então, Rem. Posso perguntar uma coisa? Quero dizer, Emmeline quem pensou nisso, nem fui eu, mas sei lá, as garotas pareciam bem certas, eu sei lá, sabe, essa coisa de amigas especulando sobre sua vida e...

- Eu sei como é, me acontece o tempo todo.

- Bom, interessante, por que ultimamente elas pareceram meio certas e tudo o mais, e sei lá, sempre fui meio tímida pra perguntar pra você sobre isso e...

- Sim? – os pés se Remus começaram a se agitar freneticamente embaixo da mesa.

- Eu só queria saber se, por acaso, você algum dia pareceu sentir que-

- Dorcas! – Gideon reapareceu, e a pergunta morreu. – Vamos até o... Lupin?

- Hey, Gideon! – Remus levantou – se. – Que bom que voltou, tenho um compromisso.

As sobrancelhas de Dorcas franziram, mas ela se acalmou no que Remus começou a gaguejar de nervoso.

- Ahn... Beleza. – Gideon murmurou enquanto Remus dava desculpas incompreensíveis e batia no ombro dele. Em poucos minutos tinha desaparecido.

Os risos de Lily eram altos na altura em que chegaram no portal do vilarejo mágico, e James ajeitou os óculos antes de pular para ajudá – la a descer.

- Vocês são uns idiotas, Potter, meu Deus.

- Não tive culpa dessa vez, de verdade. – confessou James, sorrindo animado. – Minha mãe chamou a garota para casa, e Sirius simplesmente resolveu que seria uma ótima hora para explodir o bolo. Peter parecia estar sonhado, como-

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- Todo aquele creme caindo no teto e no chão! – completou Lily, aceitando a ajuda. Quando ela bateu os pés no chão, os rostos pararam a centímetros de distância, e James não conseguia lembrar-se de mais nada, muito menos da aposta. Conversar com ela, só conversar, sem brigar, xingar ou se agredir, parecia ótimo. Ela era bem legal.

- E aí, qual foi a reação dela? – Lily começou a andar, e James teve de correr um pouco para alcançá-la.

- Bom, até hoje ela não consegue olhar para a nossa cara sem rir. Quero dizer, na altura em que ela foi embora Sirius já tinha feito pose de louco com aquela risada dele e Peter não parava de comer todo o bolo que conseguia por as mãos em.

- Remus não foi?

- Bom, é que era... – James começou, mas resolveu desviar do assunto. Não achava que Remus havia contado a ela sobre seu "probleminha peludo", e era um segredo muito problemático para ele revelar.

- Era...

- A tia dele estava com varíola de dragão.

- Oh, coitada. Espero que tenha melhorado depois. – Lily franziu a testa, e James olhou para os lados, sem encontrar nada que pudesse distrair do assunto.

- Ah, não. Infelizmente ela morreu. – disse nervosamente. Remus nem tinha uma tia. – Se eu fosse você não tocava no assunto, ele fica sensível.

Enquanto eles passavam perto do Três Vassouras, Remus passou de cabeça baixa, murmurado algo repetidas vezes para si mesmo. Aproveitando a deixa, James apontou displicentemente para o amigo.

- Viu, deve estar se lembrando dela agora mesmo.

Lily parou de repente, e James percebeu que ela sorria.

- Não tem tia nenhuma, certo?

- Por que eu mentiria? – As sobrancelhas de James ergueram. Lily revirou os olhos.

- Vocês realmente se acham muito espertos, não é? Acham que eu nunca percebi que Remus sempre perde parentes e fica doente na lua cheia?

- Shhhhhhhh. – James pulou para perto dela, tapando sua boca com a mão. Os olhos esmeralda estreitaram sobre a palma da mão do maroto, e ele imediatamente se afastou. – Por favor.

- Calma, nunca disse nada a ninguém.

- Eu espero, damos muito duro para ninguém perceber.

- Quem mais sabe? – ambos começaram a andar na direção do pub, e James suspirou antes de contar.

- Eu, Sirius, Peter e você, agora. Desde quando você sabe?

- Quinto ano. E vocês?

James riu.

- Há algum tempo.

- Por que está rindo?

- Nada. – James continuou sorrindo. Lily parou na frente do garoto e colocou as mãos nos quadris.

- Por que está rindo? – repetiu num tom letal, mas James continuou a rir. Não podia contar a ela, e rir lhe dava tempo para inventar alguma coisa. – Vamos, me conta!

- Não p-posso! – engasgou James, rindo mais alto. Lily avançou para cima dele, e quando o maroto fechou os olhos esperando a pancada, as mãos da garota se embrenharam em sua barriga, fazendo cócegas. Surpreso, James se deixou sentar no chão, a risada virando lentamente um uivo.

- Você vai me contar! – Lily acelerou, e James bateu o punho no chão.

- Não posso, me desculpe! Não é só segredo meu!

- Não vou contar a ninguém! Se não queria que eu soubesse, porque deu a dica?

- Não sei! Eu... Por favor!

- Não vou parar até você me dizer.

- Eu só conto se você jurar que não vai contar a ninguém! – James chorava de cócegas.

- Eu juro!

- Nem pra Lene!

- Tá!

- Nem pra Emme, ou Dorcas ou qualquer uma! Nunca! Por favor!

- Eu juro, Potter!

- E vai parar de me chamar pelo sobrenome!

- Tá, tudo bem.

- Eu...

As cócegas aumentaram, e Lily alcançou a cintura do maroto. James soltou um grito de nervoso, e suando de tanto rir disparou:

- Eu, Sirius e Peter somos animagos! Por favor, para!

Mas não foi preciso pedir. Lily deixou os braços caírem ao redor do corpo.

- Vocês fizeram o que?

- Isso que você ouviu. – James tirou os óculos para secar a testa. Vendo a expressão de choque da ruiva, os recolocou e se ajoelhou.

- Por favor, você precisa manter a promessa. Só fizemos isso pra ajudar Remus.

- O Ministério sabe disso?

- Não.

- A Professora McGonnagal sabe disso?

- Não.

- Por Merlin, Potter, alguém sabe disso?

- Só você e Remus.

- REMUS SABE? – Lily se levantou subitamente, atraindo olhares. Percebendo a posição esquisita, James ergueu-se também.

- Você prometeu. Por favor, não quero arriscar Remus.

- Isso é loucura, vocês não conseguiriam.

- Eu juro.

- Quanto tempo?

- Uns três, quatro anos.

- Isso é muito tempo.

- Eu sei.

- Não acredito em você. – Lily cruzou os braços. – Não pode ser.

- Não preciso que você acredite, preciso confiar que não vai dizer. Isso significa acabar com Remus. Se você contar...

- Eu não conto. – Lily olhou com suspeita. – Se você me mostrar.

- Lily, eu-

- Nunca vi nada parecido.

- Minerva faz toda hora.

- É impossível, Potter...

- James. Parte da promessa.

- Que seja, James. É impossível. É um processo delicado, envolve ajuda, trabalho duro e...

- Vontade. – completou James. – Eu estava na aula quando Minerva disse.

- Que bom, então deve saber o quão difícil é de acreditar. Quero dizer, eu nunca faria algo para prejudicar Remus, ele é o melhor de vocês.

- Por isso estou te pedindo. – James implorava com o olhar. – Por que ele é o melhor de todos nós, mas só a gente vai acreditar nisso se esse segredo vazar.

- Por que os outros não acreditariam? Convivem com ele há anos.

- Você não entende, não nasceu nesse ambiente. Sirius foi expulso de casa só por discordar com as ideias loucas de puro-sangue dos pais dele.

- Achei que tivesse fugido.

- Um pouco dos dois. Não mude de assunto, Evans.

- Se vou te chamar de James, você me chame de Lily.

- Ótimo, Lily. Nosso mundo é cheio de preconceito.

- Tudo bem, entendi.

- Isso é uma promessa. – James estendeu a mão, e pela segunda vez no mesmo dia o gesto recebia o olhar avaliador da ruiva. – Me prometa.

- Tudo bem, James. – Lily apertou sua mão. – Prometo. Mas você vai me mostrar.

- Algum dia.

- Algum dia.

Enquanto ambos andavam na direção do Três Vassouras, Sirius e Marlene saíam carregados de sacolas da Dedosdemel, sem conseguir achar um lugar para sentar.

- Nunca gastei tanto em doces. – confessou a morena, e Sirius riu.

- Novata. Sou o melhor em gastar dinheiro em doces. Sobra pra semana toda.

- Olha quem fala! Você perdeu nos dados comigo.

- Nossa, praticamente uma viciada. – Sirius revirou os olhos. – Onde vamos comer?

- Três Vassouras?

- Nam, cheio demais. Acredite, olho gordo nesses doces todo mundo põe.

- Meu Deus, não acredito que estou ouvindo isso. Especialmente vindo de você.

Sirius mostrou a língua, e então uma ideia surgiu em sua cabeça, embora ele não tivesse certeza se a garota iria concordar.

- Eu conheço um lugar. É meio afastado, mas podemos rir alto e comer com calma.

- Onde?

O olhar do maroto pairou num morro próximo.

- Vamos.

Começaram a andar, e os olhos de Marlene arregalaram conforme subiam uma ladeira até uma caverna.

- Você tem o que na cabeça?

- Muita inteligência. Calma, já vim aqui antes.

- Você é louco.

- Sou mesmo, isso nunca pareceu te incomodar. – Sirius riu, e Marlene se jogou no chão de terra quando atingiram a entrada da caverna.

- Não. Me dá esses doces.

Rindo alto, Sirius jogou uma embalagem de sapo de chocolate para a garota. Dando a primeira dentada, Marlene sorriu.

- Nossa, sair com você foi a melhor coisa que fiz em muito tempo.

- Isso porque você ainda nem experimentou. – Sirius sorriu maliciosamente, recebendo a cartinha do sapo de chocolate na cabeça em resposta.

- E nunca vou, sabe disso.

- Quem sabe não seja como um andarilho no deserto. – Sirius engatinhou até Marlene, que o encarou num misto de susto e curiosidade. – Vai andando com determinação, pensamento fixo num destino. Mas uma hora a sede aparece... E vai te consumindo aos poucos, até que toda a sua fixação evapora.

Marlene não percebeu, mas havia largado o doce. Sirius estava em cima dela, os olhos cinza fixos em seus lábios. Ela queria empurrá – lo, mandá – lo parar. Mas o que diria? Por favor, pare de me seduzir enquanto estamos sozinhos nessa caverna afastada? Ignorou a vontade súbita e se entregar, beijá – lo até cansar, tomar aqueles olhos para si. Ele nunca seria dela, nem de ninguém, simplesmente porque era desse jeito, e ela teria de se conformar. Respirando fundo, colocou as duas mãos no peito dele, tentando ignorar os músculos que sentia embaixo da camisa, e o empurrou.

- Sai, estou com fome. – mentiu, e Sirius se deixou largar ao lado dela, gargalhando. A súbita tensão evaporara, e ele só ria, para completo aborrecimento da garota.

- Para de rir.

- Você é realmente uma pedra, Lene. – Sirius puxou uma sacola próxima, arrancando de dentro uma varinha de alcaçuz. – Sabe, admiro isso em você. Qualquer outra garota teria me puxado e beijado, mas você?

- Isso mesmo. – Marlene disse, mais para si mesma do que para ele. – Por isso não venha dando uma de engraçadinho pra cima de mim.

Aos poucos o restante de nervosismo que ainda estava em Marlene sumiu, e logo ela estava com a cabeça no colo de Sirius, contando velhas histórias.

- Minha mãe diz até hoje que eles tinham esperanças que eu gostasse de James, mas fala sério! Eu e James? Você deve ter tido alguma amiga também, não teve? As pessoas colocam várias apostas e quando vai ver...

- Na verdade não. – Sirius respondeu com dureza. Não gostava de falar da família.

- Você nunca fala de quando era criança. – comentou Marlene, sentando na frente de Sirius. Diante da expressão insegura do garoto, se reprimiu. – Se quiser, não falamos disso.

- Tudo bem. – Sirius deu de ombros. – Você sabe que fugi de casa.

- Isso eu sei.

- Eu odeio todos eles. Você não entenderia, é muita conspiração numa família só.

- E se eu não ligar de ouvir?

- Vai escurecer.

- Estamos numa caverna, ninguém vai perceber. – Marlene sorriu simpática, sentando – se ao lado dele. – Vamos.

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- Você é uma garota muito estranha, cara. – Sirius riu e deitou a cabeça no colo da morena. Marlene passou os dedos pelos cabelos dele, tentando ignorar o sentimento bom causado pelo elogio.

- Sou mesmo, cara.