With a Heart

Capítulo 11 - Flowers


Era noite, estava sentada em um banco do Hospital (um dos pouquíssimos da cidade, mas mesmo assim, não ficava cheio de gente), ao lado de Hachiro, que já estava com o braço engessado. Ele havia quebrado o rádio do braço esquerdo devido à queda para nos salvar das chamas que queimaram minha antiga casa. A casa em que meus pais viveram até meus 6 anos de idade.

Eu e Hachiro estávamos esperando por notícias de Hina, que estava no mesmo hospital. Ao ver que o médico aproximava-se em nossa direção, eu e Hachiro nos levantamos rapidamente.

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- Ela está bem? -pergunto, preocupada.

- Felizmente sim, mas terá de ficar de repouso por um tempo até se recuperar totalmente.

- Quanto tempo seria mais ou menos?

- Cerca de 5 dias, o corte foi um pouco profundo, mas felizmente ela se recuperará mais rápido do que imaginávamos.

- Posso ver ela?

- À vontade. Venha comigo.

- Hachiro... -olhei para ele enquanto seguia o médico.

- Tudo bem, deixarei vocês duas à sós -ele disse, sorrindo.

Segui o médico que me guiara até o quarto onde Hina estava. Entrei no local e vi minha amiga com um lençol verde cobrindo-a até o quadril. Ela estava com a barriga dela estava enfaixada, cobrindo desde o umbigo até os seios dela.

- Miya! -Hina olha para mim, surpresa.

- Olá, Hina-chan... como você está?

- Eu estou com isso né. -ela disse, mesmo naquele estado, sorrindo alegremente.- Que ótimo ver você. E sua tia? -ela desmanchou o sorriso de seu rosto.

- Não está mais entre nós. Ela está morta.

Hina arregala os olhos.

- C-Como??

- Ela se matou, não sei se foi de propósito, mas quase me matou também. Se não fosse Hachiro, eu não estaria mais aqui.

- Ufa... aquela assassina não está mais aqui... fico aliviada de saber isso, mas então, você vai morar sozinha agora?

- Minha casa foi queimada, Hina-chan... Agora estou morando com o Hachiro, mas afinal, como você descobriu que minha tia matou meus pais?

Hina fica séria e quieta por alguns segundos.

Ela respira fundo e finalmente fala.

- Eu vi o rosto dela no acidente de sua irmã.

- Mas então...

- Miya, ela matou seus pais na minha frente. Ela me amarrou em uma cadeira e falou o seguinte: "Huumm... você é jovem, bonita, acho que devo dar uma chance à você. Se você falar algo sobre isso, você terá a pior punição de toda a sua vida: morrerá lentamente".

Fico de boca aberta.

- A-Aonde eu e-estava quando isso a-aconteceu? -gaguejo

- Em sua casa, provavelmente se divertindo com Yuki. Eu fui com seus pais porquê eles iriam me deixar na casa de minha mãe, após eu passar o fim de semana na sua casa. Mas minha tia os ameaçou e nos mandou para um esconderijo dela. Ela matou seus pais diante de meus olhos. Foi horrível. Após daquilo, ela me deixou em casa e foi embora com um sorrisinho maléfico.

- E quando contaram sobre meus pais?

- Bom, pelo que Yuki me contou, sua tia havia dito que seus pais estavam viajando por uns tempos e que foi de última hora, blá blá blá...

Aperto minhas mãos, com raiva do que Hina me diz.

- Mas e quando nós descobrimos que eles estavam mortos?

- Você e Yuki tinham acabado de fazer 7 anos, 4 meses já haviam se passado depois daquilo e sua tia começou a fazer drama, dizendo que seus pais tinham morrido de acidente de carro. Ela acolheu vocês e cuidou de vocês duas.

Fico cabisbaixa e ouço o médico dizer "a hora de visitas já acabou".

Naquele momento só digo um "tchau" e saio da sala, sem mais nem menos, depois de descobrir o que realmente havia acontecido com meus pais. Hina deve ter sofrido um grande trauma por causa daquilo. Nunca imaginei que tivesse que ser assim. Bom, ao menos o pior já havia passado, agora eu estava com Hachiro, isso era o que importava. Mas afinal, eu nem conhecia ele direito, quero dizer, nem sequer lembrava dele. "Odeio tudo o que aconteceu comigo, odeio o que minha tia fez com Yuki, Hina, meus pais e com todas as pessoas que ela torturou, odeio ter que lembrar de que perdi as memórias do meu passado!" pensei, inquieta.

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- Miya? Está tudo bem? Parece perturbada. -disse Hachiro.

- Escuta aqui... se você puder me contar... me ajudar a relembrar nossos momentos juntos... por favor... por favor... eu lhe emploro... -digo sem nem olhar para a cara dele.

- Tudo bem.

Levanto a cabeça e olho para ele, não esperava que ele dissesse isso logo.

- Por onde você quer começar? -perguntou ele.

- Onde foi que nos conhecemos?

Ele abre um sorriso enorme, que me deixa muito assustada.

- P-porquê está me olhando assim? -pergunto, assustada.

- Pensei que você não diria isso, aliás, perguntou na hora certa, nessa hora da noite, sem nuvem nenhuma, venha comigo! -ele disse me puxando pela mão e andando rápido para fora do hospital.

- Ei, um pouco mais devagar! -grito.

- Desculpe, suba em minhas costas

- Mas você irá se cansar, alias, está com o braço quebrado...

- Tudo bem, só ter cuidado com ele.

Fico quieta e subo nas costas dele. Hachiro era forte e rápido. Aconcheguei-me ali e apoiei minha cabeça no ombro direito dele. Ele correu algumas quadras até que chegávamos à uma parte da cidade que eu ainda não conhecia.

- Feche os olhos -ele diz, diminuindo a velocidade.

- Ok, já estão fechados -obedeço.

Ele anda mais alguns metros, eu não fazia ideia de para onde estávamos indo, mas, conhecendo o Hachiro, você nunca imagina de para onde ele estará te levando. Ao menos, foi isso que eu deduzi durante os dias que passei com ele.

- Abra-os -ele ordenou.

Quando abri meus olhos, desci das costas dele e fiquei admirando o que havia em minha frente: um campo limpo, com algumas cerejeiras e um rio que percorria bem no meio da paisagem. A lua e as estrelas brilhavam e iluminavam tudo, haviam lindos lírios de diversas cores no campo, só havia visto este lugar em um sonho. Ou seria uma memória?

- Foi aqui que nos conhecemos -disse Hachiro

Continua...