Tzigane

Que o Amor seja o único tema de nossas canções


Você, amor, me tem feito ao mesmo tempo o ser mais feliz e o mais infeliz.”

Ao ouvir o som que sua destreza empregava no pequeno instrumento de corda, eu sabia que você não faria mais nada em sua vida que não fosse se dedicar exclusivamente a música. Era tão lindo... você tocava o violino como se estivesse tocando para o próprio Kami. E eu sabia que seu talento não vinha de outro que não fosse ele mesmo.

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Você havia alcançado a perfeição com tão pouca idade... isso era de admirar.

E eu, tão perto de ti, mas ao mesmo tempo, tão distante, apreciava a sua dedicação, sua desenvoltura. Queria, a todo custo, que você visse o quanto eu amava tudo em você. Eu me imaginava sendo tão óbvia quando perguntava qual fora à inspiração de tal músico quando compôs aquela canção e você me dizia, com tamanha simplicidade que “fora um amor não correspondido” ou “ele compôs essa para a Amada Imortal” ou ainda “esse amou apenas uma mulher toda a vida, e por ela compôs essa canção”.

Eu me imaginava sendo óbvia, mas você nunca percebeu quais eram as minhas intenções quando perguntava tais coisas. Quando aprendia os nomes dos compositores, das sonatas, sinfonias, rapsódias e prelúdios. Quando você tocava e não precisava mais me dizer quem compora, antes de terminar eu saltava dizendo todos os dados da composição.

Eu fui tão tola quando me dei conta que eu amava alguém que, no fundo, nunca vira em mim nada além de uma amiga. Pior é que eu sabia. Sabia que você não me via com outros olhos que não fossem os olhos da amizade. Mas eu ainda carregava em mim esperança. Eu acreditava que, com o passar do tempo, você se daria conta que também me amava. E passaríamos nossa vida colegial juntos, vivendo uma história de amor juvenil.

Mas Kami nos prega peças. E você sofreu aquele acidente, que te deixou incapacitado para tocar.

E todos os dias em que esteve no hospital, eu estive lá, com você. Eu, a todo custo, tentava te reconfortar, te animar. Dar a você atenção e carinho.

Mas todo o meu esforço ainda não era o bastante. Você, ainda assim, estava infeliz, sofrendo, e por vezes ainda me culpava de deixá-lo infeliz.

Eu só queria que você voltasse a sorrir, a ser quem era. Mas você não voltaria, não sem um milagre vindo de Kami.

Eu fiz orações por você, eu acreditei que a ajuda viria, e ela veio. Na forma de um pequeno ser com poderes que, a meu ver, se equiparavam aos do próprio Kami.

Ele seria capaz de fazer tal milagre. E fez.

Você recuperou os movimentos de seu braço, e foi um dos momentos mais felizes da minha vida quando você voltou a tocar o violino. Eu me senti realizada.

Senti que tudo havia valido a pena.

Mas você... você.

Eu esperava que você pudesse enfim ver que era eu quem deveria viver a seu lado, a partir de então. Mas eu não podia gritar como eu queria “Me Ame”.

Eu tive que suportar tudo a distância, esperando que você viesse a mim, declarar que estivera enganado e me pedisse para amá-lo.

Mas você não veio.

Você foi à direção oposta a mim, e abriu seu coração para minha melhor amiga. E ela, muito mais forte e corajosa que eu, fez o mesmo.

E eu... ah... eu. Fiquei sozinha. Ao léu. Perdida, sem alma, nem casa, nem um ombro amigo. Ninguém era capaz de entender minha dor. Essa era a cruz que eu haveria de carregar sozinha.

Mas ela era pesada demais. A cada passo, sentia que meus pés eram perfurados por lâminas. Meus pulmões já não recebiam mais o ar da manhã: eu estava me afogando.

E um dia, eu sucumbi a tanta dor e sofrimento.

E antes que eu tomasse uma atitude temerária, a jóia que guardava meu coração se partiu. E dentro dela, tudo o que eu havia escondido de ti se tornou tão claro como água.

Mesmo que em minha psicose eu o visse em meu coração, segurando seu violino, a minha vista você nunca esteve lá.

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“Bom dia! Todavia, na cama se multiplicam meus pensamentos em você, minha amada imortal; tão alegres como tristes, esperando ver se o destino quer ouvir-nos. Viver sozinho me é possível, ou inteiramente com você, ou completamente sem você. Quero ir bem longe até que possa voar para os seus braços e sentir-me num lugar que seja só nosso, podendo enviar minha alma ao reino dos espíritos envolta em você. Você concordará comigo, tanto mais conhecendo minha fidelidade, e que nunca nenhuma outra possuirá meu coração; nunca, nunca...”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.